Carlos Daniel (ator)

Carlos Daniel da Silva Gonçalves Fernando (Lisboa, 11 de maio de 1952 - Lisboa, 9 de abril de 1996), conhecido como Carlos Daniel, foi um ator de teatro, cinema e televisão português.[1][2]

Carlos Daniel
Nome completo Carlos Daniel da Silva Gonçalves Fernando
Nascimento 11 de maio de 1952
Lisboa, Portugal
Morte 9 de abril de 1996 (43 anos)
Lisboa, Portugal
Nacionalidade português

Biografia editar

Nasceu na freguesia da Ajuda, em Lisboa, a 11 de maio de 1952.

Apesar de ter inicialmente considerado seguir uma carreira eclesiástica, ainda estudante, com apenas 17 anos, estreou-se oficialmente nos palcos do Teatro Popular de Lisboa com a peça Antígona de Sófocles, sob encenação de António Pedro, do Grupo Cénico da Associação de Estudantes do Instituto Superior Técnico de Lisboa,[3] onde recebeu vários louvores,[1] e de seguida em O Baile dos Mercadores com encenação de António Manuel Couto Viana.[4] Decidido a enveredar pelas artes cénicas, diplomou-se com o 1º prémio, pelo Conservatório Nacional de Lisboa, no curso superior de Teatro e Encenação, integrando pouco depois vários grupos e companhias teatrais, como a Companhia Metrull, a Casa da Comédia, o Teatro Villaret, o Teatro Experimental de Cascais e o Teatro de Animação de Setúbal, do qual foi um dos fundadores ao lado de António Banha, Carlos César e António Assunção, entre outros, realizando durante o mesmo período várias digressões pelo Canadá, Estados Unidos da América, França, Espanha ou ainda em alguns países africanos de língua portuguesa.

Catorze anos após o incêndio que quase destruiu o Teatro Nacional D. Maria II, em 1978, Carlos Daniel integrou a companhia, tornando-se num dos mais jovens atores contratados por Francisco Ribeiro.[5] Nela atuou em 17 peças, tais como O Alfageme de Santarém, Felizmente há Luar!, As Alegres Comadres de Windsor, Ricardo II, A Tragédia da Rua das Flores, Pedro o Cru, O Gebo e a Sombra ou As Fúrias.

No teatro, destacou-se pelo seu desempenho como protagonista em Hamlet, encenado por Carlos Avilez para a Fundação Calouste Gulbenkian, Les Galanteries du Duc d’Ossone, de Jean-Marie Villégier, apresentada no Théâtre Municipal de Caen e no Théâtre National de Chaillot em 1988, ou ainda em Amor de Perdição, encenado por Ricardo Pais para a exposição Europália de 1991. Trabalhou com Peter Brook, Geofrey Reeves, Roger Blin e Jean-Marie Villégier.[6]

Na televisão participou sobretudo em telenovelas, não só em Portugal como no Brasil, integrando o elenco de êxitos como Pedra sobre Pedra da TV Globo[7] ou Desencontros e Passerelle da RTP, programas de poesia e teatro, telefilmes e séries, como Alentejo sem Lei, Major Alvega, A Dama do Mar (1993), O Rosto da Europa (1994), Os Melhores Anos e O Café do Ambriz.

No cinema português integrou o elenco de Os Emissários de Khalôm (1988), A Maldição de Marialva (1989) e Chá Forte com Limão (1993), de António de Macedo, O Processo do Rei (1990) e O Fim do Mundo (1993), de João Mário Grilo, ou Terra Fria (1992), de António Campos, entre outros. Participou também em filmes espanhóis e franceses, tais como La tómbola de la muerte de Guillermo Inclán, Muertes violentas e El Francoatirador fenómeno de Ángel Sancho, El día de las sirvientas de René Cardona III, Un femme dans la tourmente de Serge Moati e Contrainte par corps de Serge Leroy.

Faleceu de ataque cardíaco fulminante a 9 de abril de 1996, em Lisboa, com apenas 43 anos de idade.[8]

Teatro editar

Televisão editar

  • O Caso Rosenberg (telefilme, 1976), realização de Oliveira e Costa - como David;
  • Os Fantasmas (telefilme, 1976), realização de Eduardo de Filippo;
  • Os Três Milagres (telefilme, 1980);
  • Auto dos Enfatriões (telefilme, 1980), realização de Herlander Peyroteo;
  • Entre Giestas (telefilme, 1980), realização de Ruy Ferrão;
  • Sabadabadu (programa de televisão, 1981), realização de César de Oliveira e Melo Pereira;
  • Chuva na Areia (telenovela, 1985), autoria de Luís de Sttau Monteiro - como Herculano Carvalho (85 episódios)
  • Mãe Coragem e Seus Filhos (telefilme, 1987) - como Cronista
  • Octávio (telefilme, 1988), realização de Artur Ramos - como Octávio
  • Le Masque (série de televisão, 1989) - como Gilles;
  • Le triplé gagnant (série de televisão, 1989) - como Primo de Maguy;
  • Rua Sésamo (programa de televisão, 1989);
  • A Birra do Morto (telefilme, 1989), realização de Oliveira e Costa;
  • Passerelle (telenovela, 1989), autoria de Ana Zanatti e Rosa Lobato de Faria - como Vasco (120 episódios);
  • Dulcineia (telefilme, 1990), realização de Artur Ramos - como D. Roberto;
  • Alentejo sem Lei (série de televisão, 1990), realização de João Canijo - como Major Giraldes "Zarolho" (3 episódios);
  • O Café do Ambriz (série de televisão, 1991), autoria de Ângela Caires - como Vítor Mendes (3 episódios);
  • Por Mares Nunca Dantes Navegados (série de televisão, 1991), autoria de Carlos Avilez e Zita Rocha;[12]
  • A Árvore (série de televisão, 1992) - como Alain (3 episódios);
  • Os Melhores Anos (série de televisão, 1992) - como Carlos (8 episódios);
  • Pedra sobre Pedra (telenovela, 1992) - como Ernesto (178 episódios)
  • Festival RTP da Canção (programa de televisão, 1993);
  • A Chamada Sagrada (telefilme, 1993), autoria de Bento Pinto da França - como Maurice Tabret;
  • Felizmente Há Luar! (telefilme, 1993), realização de Artur Ramos - como Beresford;
  • A Dama do Mar (telefilme, 1993), realização de Maria João Rocha - como Arnholm;
  • O Rosto da Europa (série de televisão, 1994) - como D. Fernando;
  • Un femme dans la tourmente (telefilme, 1994), realização de Serge Moati - como Paulo da Silva;
  • Desencontros (telenovela, 1995), autoria de Luís Filipe Costa e Francisco Moita Flores - como Miguel Serpa (145 episódios);
  • Tordesilhas - o Sonho do Rei (telefilme, 1995), realização de Walter Avancini;[13]

Postumamente:

Cinema editar

Homenagens editar

O seu nome faz parte da toponímia de Cascais (freguesia de São Domingos de Rana), Gondomar (freguesia de Fânzeres), Lisboa (freguesia de Santa Maria dos Olivais), Sesimbra, Setúbal e Vila Franca de Xira.[14]

Referências editar

  1. a b Nascimento, Guilherme; Lopes, Frederico; Oliveira, Marco. «Carlos Daniel». CinePT - Cinema Português. Consultado em 9 de abril de 2023 
  2. Sheren, Paul (1974). The Portuguese and Brazilian Theatre (em inglês). [S.l.]: Motley Books 
  3. Lopes, Óscar; Castro, Francisco Lyon de (2002). História da literatura portuguesa: As correntes contemporâneas. [S.l.]: Publicações Alfa 
  4. Morais, Carlos. A Antígona de António Pedro: liberdades de uma glosa (PDF). [S.l.]: Universidade de Aveiro 
  5. «Carlos Daniel - Pessoas Cinema Português». cinemaportuguesmemoriale.pt. Consultado em 10 de abril de 2023 
  6. Paps, A. Bruxa Das (7 de abril de 2008). «Carlos Daniel». O Inferno. Consultado em 10 de abril de 2023 
  7. «Entrevista a Susana Borges e Carlos Daniel». Consultado em 10 de abril de 2023 
  8. «Folha de S.Paulo - Morre ator português de 'Pedra Sobre Pedra'; Museu reconhece desenho de Van Gogh - 11/4/1996». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 10 de abril de 2023 
  9. Escenarios de dos mundos: inventario teatral de Iberoamérica (em espanhol). [S.l.]: Centro de Documentación Teatral. 1988 
  10. jb (1 de setembro de 1977). «Medida por Medida». Centro Dramático de Évora. Consultado em 10 de abril de 2023 
  11. l'Europe, Odéon-Théâtre de. «D. João - Spectacles». Odéon-Théâtre de l'Europe (em francês). Consultado em 10 de abril de 2023 
  12. «Por Mares Nunca Dantes Navegados – Parte I». Consultado em 10 de abril de 2023 
  13. Portugal, Rádio e Televisão de. «TORDESILHAS, O SONHO DO REI - Filmes - Histórico - RTP». www.rtp.pt. Consultado em 10 de abril de 2023 
  14. «O Actor Carlos Daniel, deixou-nos, faz hoje 20 anos». Ruas com história. 9 de abril de 2016. Consultado em 9 de abril de 2023