Clara Queiroz

escritora, geneticista, foi obrigada a abandonar o cargo de assistente na universidade pela PIDE, foi condecorada com Grau de Comendador da Ordem da Liberdade

Clara Queiroz (Amadora,1933), é uma geneticista e escritora portuguesa, condecorada pelo Estado Português com a Ordem da Liberdade.

Clara Queiroz
Nascimento 1933
Amadora
Cidadania Portugal
Cônjuge Bruno da Ponte
Alma mater
Ocupação geneticista
Prêmios

Biografia editar

Maria Clara de Almeida de Barros Queiroz nasceu na Amadora em 1933, aos oito meses muda-se com os pais para Lisboa.[1]

Estudou Ciência Pedagógicas na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e após ter terminado o curso, inscreveu-se no de biologia da Faculdade de Ciências da mesma universidade. Envolve-se fortemente na associação de estudantes e no primeiro ano apenas faz duas disciplinas. Volta a inscrever-se mas acaba por abandonar o curso.[1]

Conhece o açoriano Bruno da Ponte com quem casa, com quem irá para a Ilha de São Miguel, por este aí ter sido colocado para fazer a tropa. Regressa grávida do primeiro filho e vai dar aulas numa escola para crianças com problemas comportamentais.[1] Após ter o seu segundo filho resolve voltar a estudar biologia e dedica-se ao estudo da genética. Descobre que a Escola de Medicina Veterinária tinha um laboratório de genética financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian e consegue que o professor José Manuel Rosado aceite que ela trabalhe lá. Após dois anos sem receber a fundação atribui-lhe um subsidio.[1][2]

Concorre para o cargo de assistente na Faculdade de Ciências, consegue o lugar e começa a dar aulas. Em Maio de 1966, ao fim de alguns meses sem assinar contrato é obrigada a abandonar o cargo por ter uma má informação da PIDE.[1][3][4][5]

Ganha uma bolsa da Gulbekian e ai estudar na Universidade de Edimburgo, onde faz o doutoramento em genética. Leva consigo os filhos enquanto que o marido fica em Portugal a gerir a editora Minotauro que será fechada pela PIDE por razões politicas em 1967.[2][6][5] Após o encerramento da editora junta-se a ela e aos filhos em Edimburgo.[1]

Lá Clara e o marido envolvem-se na politica e tornam-se nos representantes da CFMAG (Committee for Freedom in Mozambique, Angola and Guinea) na Escócia. Participa numa manifestação que pede a libertação das colónias portuguesas e o fim da ditatura portuguesa, é lhe tirada uma fotografia que é publicada pela imprensa, isto faz com que deixe de ser possivel voltar a Portugal.[1][7]

Regressa a Portugal após o 25 de Abril, em 1975, sendo nesse ano reintegrada na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.[4] Aqui funda, em 1977, a Secção de Genética e Dinâmica de Populações e a coordenação do Centro de Genética e Biologia Molecular da Universidade de Lisboa, entre 1994 e 1999.

Reforma-se como professora catedrática em 2000 e muda-se em definitivo para os Açores.[1][4]

Prémios e reconhecimento editar

Em 2004, o Estado Português condecorou-a com o Grau de Comendadora da Ordem da Liberdade.[8][4][9]

É homenageada em Ponta Delgada, na primeira edição da Mostra de Cinema Imprópria, na qual também foram homenageadas a realizadora Raquel Freire e Clarisse Canha da UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta).[10][11]

Foi uma das mulheres entrevistadas e retratadas na série documental Histórias das Mulheres do meu País, realizada por Raquel Freire e emitida pela RTP em 2021.[12]

Obras seleccionadas editar

Escreveu os livros:[13][14]

  • 2008 - Se Não Puder Dançar Esta Não é a Minha Revolução, Aspectos da vida de Emma Goldman, editora Assírio & Alvim, ISBN: 978-972-37-1312-1

É também autora de vários cientificos na área da genética e de capítulos de livros.[2][15]

Referências

  1. a b c d e f g h Canha, Clarisse; Simões, Maria (2015). Dez histórias de vida de muitas mais mulheres - Açores. Lisboa: UMAR. pp. 14–35 
  2. a b c «Clara Queiroz || CFCUL». cfcul.mcmlxxvi.net. Consultado em 24 de fevereiro de 2022 
  3. «Imprópria - 2021 - MoSTRa De CiNeMa De iGuaLDaDe De GéNeRo». www.impropria.pt. 7 de outubro de 2021. Consultado em 24 de fevereiro de 2022 
  4. a b c d «Prémios e Distinções – CFCUL» (em inglês). Consultado em 22 de fevereiro de 2022 
  5. a b «Obituary - Bruno da Ponte: 1932 - 2018». Esquerda (em inglês). Consultado em 24 de fevereiro de 2022 
  6. Rosa, Vasco. «Bruno da Ponte (1936-2018), um editor a dois tempos». Observador. Consultado em 24 de fevereiro de 2022 
  7. «O Grupo de Democratas Portugueses em Inglaterra» (PDF). Centro de Documentação do 25 de Abril da Universidade de Coimbra 
  8. «ENTIDADES NACIONAIS AGRACIADAS COM ORDENS PORTUGUESAS - Página Oficial das Ordens Honoríficas Portuguesas». www.ordens.presidencia.pt. Consultado em 22 de fevereiro de 2022 
  9. Portuguesas, Presidência Da República-Chancelaria Das Ordens Honoríficas (19 de outubro de 2004). «Alvará 16/2004, de 19 de Outubro». Diários da República. Consultado em 24 de fevereiro de 2022 
  10. SAPO. «Festival sobre igualdade de género nos Açores homenageia cineasta Raquel Freire». SAPO Mag. Consultado em 24 de fevereiro de 2022 
  11. «Mostra "desafia o conservadorismo e revela os Açores contemporâneos" na primeira edição do evento». Correio dos Açores. Consultado em 24 de fevereiro de 2022 
  12. Seixas, Elisa. «Mulheres do meu País». Diário de Noticías Madeira. Consultado em 24 de fevereiro de 2022 
  13. «Clara Queiroz | Wook». www.wook.pt. Consultado em 22 de fevereiro de 2022 
  14. «Clara Queiroz». www.goodreads.com. Consultado em 22 de fevereiro de 2022 
  15. «Clara Queiroz». Researchgate 

Ligações Externas editar