Colônia Augusta Vitória

Colônia Augusta Vitória é um bairro rural, no município de Ortigueira, na região dos Campos Gerais, no Paraná.[1][2][3][4]

Colônia Augusta Vitória
  Bairro do Brasil  
Vista parcial da Colônia Augusta Vitória, em Ortigueira.
Vista parcial da Colônia Augusta Vitória, em Ortigueira.
Vista parcial da Colônia Augusta Vitória, em Ortigueira.
Localização
Unidade federativa Paraná
História
Criado em 1933

Localização editar

 
Estrada Velha da Colônia Augusta Vitória.
 
Localização do município de Ortigueira no estado do Paraná, onde está a Colônia Augusta Vitória.

O bairro está localizado à margem direita do arroio Bonito,[5] a cerca de 12 km do centro da cidade de Ortigueira, a 38 km do centro da cidade de Telêmaco Borba e a aproximadamente 138 km da cidade de Ponta Grossa.[6][7] O bairro é cortado pela rodovia estadual PR-340, conhecida regionalmente como Estrada Velha.[8][9]

A localidade é caracterizada como uma colônia agrícola, localizada na região do vale do rio Tibagi, ao sul do município de Ortigueira, na região dos Campos Gerais do Paraná.[10][11] A sede da colônia está dentro dos limites do distrito administrativo de Lajeado Bonito.[12]

História editar

Entre 1932 e 1933 foi idealizada uma colônia agrícola na região de Ortigueira e que receberia o nome de Colônia Augusta Vitória. A colônia Augusta Vitória foi fundada em 1933, pelo pastor Wilhelm Fugmann e pelo empreendedor Brasílio França. França foi um latifundiário e comerciante que atuou no Paraná e Fugmann era pastor protestante nascido na Baviera e que veio para o Paraná prestar serviço religioso entre a comunidade germânica.[4]

Augusta Vitória é tipicamente uma colônia particular, pois foi criada a partir de uma iniciativa privada, tendo como pretensão ocupar o sertão da região norte dos Campos Gerais.[4] A compra de uma fazenda na estrada de Ponta Grossa a Apucarana, no município de Tibagi, pretendia desenvolver empreendimentos agrícolas e pecuários com investimentos privados, favorecidos pela localização. Foi idealizada então para ser habitada por famílias de origem alemã, mas que também abrigou famílias brasileiras.[4]

O governo brasileiro não teve a menor interferência no assunto. Apesar disso, o governo alemão, por intermédio do seu cônsul no Paraná, esteve diretamente envolvido na criação da colônia incentivando a vinda de colonos devido a fatores políticos que ocorriam na Alemanha.[4][1][13][14] A terra da localidade era de uma antiga fazenda pertencente ao Sr. França, e, na ocasião da compra pelos colonos, já estava totalmente transformada em capoeira.[15]

 
Paisagem rural na Colônia Augusta Vitória.

Os primeiros colonos que chegaram receberam 20 alqueires cada um (48,4 hectares), mas os demais, que são a grande maioria, receberam cerca de 10 alqueires (24,2 ha), somente. No planejamento da colônia não foi adotado o loteamento disperso, mas o concentrado. Os lotes dividiam-se em urbanos e rurais. Alguns colonos receberam dois lotes: um urbano, de um alqueire (2,42 ha), para nele construir sua casa de madeira[3] e um rural, de 9 alqueires (quase 22 ha), a 2 ou 3 km do outro. Na propriedade rural ficavam os paióis. Os colonos eram quase todos de origem alemã, sendo 23 famílias de imigrantes. A colônia foi criada com duas sedes, onde as ruas foram denominadas com nomes de cidades da Alemanha, como Munique, Hamburgo, Leipzig, Berlim. Na sede central moravam 13 famílias de origem alemã e 11 de brasileiros; na segunda viviam 10 famílias alemãs e uma de caboclos. As famílias de imigrantes vieram de diversas localidades, como, por exemplo, Joinville, em Santa Catarina, e Cândido de Abreu, no Paraná.[4] As famílias brasileiras vieram da região, como de Tibagi, Castro e Ponta Grossa.[3] As famílias eram em sua maioria cristãs, divididos entre os protestantes alemães e brasileiros católicos.[16][17]

Em 15 de novembro de 1951, pela Lei Estadual nº 790, foi criado o município de Ortigueira, sendo que a colônia passou a integrar este município.[1][18]

Economia e cultura editar

Cemitério Colônia Augusta Vitória, Ortigueira, Área de Alto Valor de Conservação.
Cemitério da Colônia Augusta Vitória.
Entrada da Colônia Augusta Vitória.
Estabelecimento agrícola na Colônia Augusta Vitória.

Os principais produtos comerciais de Augusta Vitória eram o porco, o milho e o feijão. O porco era vendido para compradores de frigoríficos, que trabalhavam em Ortigueira. Além disso, os colonos vendiam lenha, frutas e legumes. O porco era vendido para compradores de frigoríficos, que atuavam em Ortigueira.[19] O município contribuiu com o ciclo histórico dos porcadeiros na região.[4][20] Havia em Ortigueira vários criadores de porcos que desenvolveram a suinocultura. Os chamados safristas ou "tropeiros de porcos", levavam os animais para as cidades como Guarapuava, Ponta Grossa e Jaguariaíva, onde produziam a gordura animal e depois revendiam para outros mercados consumidores, como Curitiba e São Paulo.[4][21][22]

A colônia ainda permanece com o objetivo agrícola e pecuário, apesar de ter sofrido uma descaracterização do modelo inicial.[4] Culturalmente também teve modificações,[3] tendo algumas famílias de origem alemã indo morar nas cidades e recebendo outras famílias de brasileiros que compraram sítios para investimentos privados.[1]

Na religião, basicamente a comunidade se divide entre a comunidade de protestantes e católicos. A comunidade protestante frequentam, por exemplo, os cultos da Igreja Luterana, da Igreja de Confissão da Fé Evangélica ou da Igreja Cristianismo Decidido.[23] A comunidade católica mantém a capela de Nossa Senhora do Carmo, pertencente a Paróquia São Sebastião, de Ortigueira.[24]

Igreja evangélica da comunidade da Colônia Augusta Vitória.
Capela de Nossa Senhora do Carmo, na Colônia Augusta Vitória.

Referências

  1. a b c d issuu.com (7 de novembro de 2019). «Edição 41 Ortigueira». Consultado em 5 de novembro de 2020 
  2. (uma pesquisa do projeto TERNOPAR) / Maria del Carmen M.H. Calvante; Wladimir Cesar Fuscaldo; Angelo Spoladore (organizadores). (2010). «Turismo em pequenos municípios: Ortigueira - Paraná» (PDF). Midiograf. Consultado em 5 de novembro de 2020. Cópia arquivada (PDF) em 31 de outubro de 2020 
  3. a b c d Tatiana Colasante (2010). «A relação entre patrimônio histórico-cultural e memória no município de Ortigueira-PR e sua pontencialidade para o turismo.» (PDF). Universidade Estadual de Londrina. Consultado em 5 de novembro de 2020. Cópia arquivada (PDF) em 3 de novembro de 2020 
  4. a b c d e f g h i José Alves (2004). «A dinâmica agrária do município de Ortigueira (PR) e a reprodução social dos produtores familiares: uma análise das comunidades ruais de Pinhalzinho e Vila Rica.» (PDF). Universidade Estadual Paulista. Consultado em 5 de novembro de 2020. Cópia arquivada (PDF) em 3 de novembro de 2020 
  5. «Vocabulário geográfico do Estado do Paraná: contribuição para o Dicionario geográfico brasileiro». Conselho Nacional de Geografia (Brazil). Serviço Gráfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 1950. Consultado em 5 de novembro de 2020 
  6. «Luso-Braz. Rev». University of Wisconsin Press. 1976. Consultado em 5 de novembro de 2020 
  7. Orlando Valverde (1957). «Planalto meridional do Brasil: guia da excursão no. 9, realizada por ocasião do XVIII congresso internacional de geografia». Conselho Nacional de Geográfia. Consultado em 5 de novembro de 2020 
  8. «Mapa Multimodal Paraná» (PDF). DNIT. 2013. Consultado em 6 de novembro de 2020 
  9. Câmara Municipal de Ortigueira (2010). «Lei complementar nº 121/2020». Leis Municipais. Consultado em 6 de novembro de 2020 
  10. Hellê Vellozo Fernandes (1973). «Monte Alegre Cidade-Papel». Klabin. Consultado em 5 de novembro de 2020. Cópia arquivada em 12 de novembro de 2016 
  11. Vania Porto Tavares, Cláudio Monteiro Considera, Maria Thereza L. L. de Castro e Silva (1979). «Colonização dirigida no Brasil: suas possibilidades na região amazônica». Instituto de Planejamento Econômico e Social, Instituto de Pesquisas. Consultado em 5 de novembro de 2020 
  12. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (16 de novembro de 2011). «Sinopse por setores». Consultado em 5 de novembro de 2020 
  13. «Guia da excursão ... realizada por ocasião do XVIII Congresso Internacional de Geografia: Planalto meridional do brasil, por O. Valverde. Página 202». Conselho Nacional de Geografia. 1957. Consultado em 5 de novembro de 2020 
  14. Luso-Brazilian Review Vol. 14, No. 1 (1977). «Colonization in Paraná: Lessons from the South». University of Wisconsin Press. Consultado em 5 de novembro de 2020 
  15. «Guia da excursão ... realizada por ocasião do XVIII Congresso Internacional de Geografia: Planalto meridional do brasil, por O. Valverde. Página 200 (2)». Conselho Nacional de Geografia. 1957. Consultado em 5 de novembro de 2020 
  16. Norbert Schmidt (1991). «Von der Evangelisation zur Kirchengründung: die Geschichte der Marburger Brasilienmission». Francke. Consultado em 5 de novembro de 2020 
  17. Lutherischen Kirche in Brasilien (1955). «Lutherische Kirche in Brasilien: Festschrift zum 50 [i.e. fünfzig] jährigen Bestehen der lutherischen Synode am 9. Oktober 1955». Consultado em 5 de novembro de 2020 
  18. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. «Ortigueira - História». Consultado em 5 de novembro de 2020 
  19. «Guia da excursão ... realizada por ocasião do XVIII Congresso Internacional de Geografia: Planalto meridional do brasil, por O. Valverde. Página 200». Conselho Nacional de Geografia. 1957. Consultado em 5 de novembro de 2020 
  20. Nilson Cesar Fraga; Mateus Galvão Cavatorta; Cleverson Gonçalves (2017). «Tropeiros de porcos: a importância dos porcadeiros e da suinocultura na formação socioespacial de Pitanga (PR).». Revista Tamoios. Consultado em 5 de novembro de 2020. Cópia arquivada em 1 de novembro de 2020 
  21. Governo do Paraná. «Lazer e diversão em meio a natureza exuberante». Viaje Paraná. Consultado em 5 de novembro de 2020. Cópia arquivada em 18 de setembro de 2020 
  22. «Sabor de Ortigueira é apresentado à AMCG Cultura». A Rede. 27 de abril de 2018. Consultado em 5 de novembro de 2020. Cópia arquivada em 31 de outubro de 2020 
  23. «Histórico da IECDPG». Igreja Evangélica Cristianismo Decidido de Ponta Grossa. Consultado em 6 de novembro de 2020 
  24. «Paróquia São Sebastião». Diocese de Ponta Grossa. Consultado em 6 de novembro de 2020 
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