Jobbik

partido político na Hungria

O Jobbik – Movimento por uma Hungria Melhor é o principal partido político nacionalista radical em atividade na Hungria. O partido se descreve como "conservador e radicalmente cristão e nacionalista", cujo "propósito fundamental" é a proteção dos "valores e interesses húngaros".[27] O movimento rejeita o "capitalismo global",[28][29] a integração europeia[30] e o sionismo.[31][32] É aderente do turanismo húngaro, ideologia que afirma que os húngaros têm origem na "raça ural-altaica".[12][33] O partido tem sido classificado por acadêmicos e pela mídia como fascista,[34] neo-fascista,[35] neo-nazista,[36] extremista,[37] racista,[38] antissemita,[39][40] anti-cigano[41] e homofóbico,[42] apesar de negar oficialmente essas acusações.[43] Atualmente goza de amplo e crescente apoio popular, constituindo-se na terceira maior força política húngara, após ter recebido 1.020.476 votos nas eleições parlamentares húngaras de 2014, conquistando 20,54% dos assentos. Recentemente, o tribunal de última estância húngaro proibiu a imprensa de o chamar de extrema-direita, pois o Jobbik rejeita o termo e prefere a expressão "direita radical".[44]

Jobbik-Movimento por uma Hungria Melhor
Jobbik Magyarországért Mozgalom
Líder Péter Jakab[1]
Vice-presidente Márton Gyöngyösi
Vice-Presidentes
Assistentes
Balázs Ander
Róbert Dudás
Anita Potocskáné Kőrösi
György Szilágyi
László György Lukács
Dániel Z. Kárpát
Fundação 24 de outubro de 2003
Sede 1113 Budapeste, Villányi út 20/A,  Hungria
Ideologia
Atualmente:
Conservadorismo social
Pró-europeísmo

Até 2015:
Nacionalismo húngaro[2][3]
Populismo de direita[4][5]
Conservadorismo nacional[6]
Conservadorismo social[7]
Euroceticismo[8]
Nacionalismo econômico[9]
Antiglobalização[10][11]
Turanismo húngaro[12][13]
Pega-tudo[14]
Agrarianismo[15]

Espectro político
Atualmente:
Centro-direita a Direita

Até 2015:
Direita[16][17][18] a Extrema-direita[3][19][20][21]

Ala de juventude Seção Jovem Jobbik
Ala paramilitar Magyar Gárda (2007-2009)[22][23][24][25]
Membros (2016) 17.927[26]
Grupo no Parlamento Europeu Não Inscritos
Assembleia Nacional
10 / 199
Parlamento Europeu
1 / 21
Condados da Hungria
40 / 419
Cores Verde, Branco e Vermelho

O seu deputado no Parlamento Europeu Csanad Szegedi, que era acusado de antissemitismo, descobriu em 2012 que era judeu.[45]

Antes das eleições parlamentares de 2014 uma nova tendência política, os chamados néppártosodás (transição para um partido do povo) apareceram no Jobbik. O partido adotou um novo estilo de comunicação enquanto invertia muitos elementos radicais de seu programa anterior.[46][47] Os líderes do Jobbik declararam que ele se transformou de um partido radical de direita em um partido do povo moderado e conservador. O presidente Gábor Vona, em uma entrevista, prometeu "cortar os selvagens", os radicais de uma vez.[48]

Em 2016, o partido prosseguiu sua estratégia de de-demonização, abandonando partes do seu corpus ideológico original e excluindo certos elementos extremistas, a fim de tornar sua imagem mais respeitável e encarnar uma oposição credível ao governo conservador de Viktor Orbán.[49][46] Apesar das promessas de Jobbik, particularmente à comunidade judaica na Hungria, muitos intelectuais de esquerda e figuras políticas dizem que querem manter distância de uma organização considerada antidemocrática.[50][51] Pelo contrário, a filósofa Ágnes Heller, sobrevivente do Holocausto, considera que é necessário aliar-se a todos os partidos da oposição, incluindo Jobbik, para derrotar o Fidesz de Orbán.[52] Segundo ela, o Jobbik nunca foi um partido neo-nazista, embora acredite que continua sendo um partido de extrema-direita e mantém um discurso racista.[53] No nível local, entretanto, alianças implícitas foram formadas entre partidos de esquerda e Jobbik em eleições municipais parciais para derrotar o partido do governo.[54]

Embora o partido seja comumente descrito como de extrema direita pelos observadores e pela imprensa internacional, alguns meios de comunicação consideram agora que é mais difícil classificar o Jobbik como está atualmente na extrema direita, por causa de sua de-demonização[55][56][57][58] e a sempre crescente retórica de direita de Fidesz,[59] ou mesmo que Jobbik seja atualmente um partido de direita.[16][60]

A estratégia do Jobbik, afastando-se de suas raízes de extrema-direita e estabelecendo uma posição mais centrista, também resultou no surgimento de formações dissidentes mais radicais, como o novo partido Força e Determinação.[61]

Após as eleições legislativas de 2018, em face do fracasso da estratégia de reorientação do partido (Jobbik ganhou apenas mais uma cadeira em comparação com a eleição anterior), seu presidente Gábor Vona renunciou.[62] Em 12 de maio de 2018, Tamás Sneider sucedeu-lhe a este cargo.[63] O novo presidente quer continuar com a estratégia de moderação do partido.[64] No final de abril, o comitê central do partido havia votado por unanimidade a favor da continuação da mudança para uma ala conservadora de direita moderada, apesar da derrota eleitoral de Jobbik nas eleições legislativas.[65]

Atualmente, o partido se descreve como um partido moderno e conservador. A pesquisa de opinião recente (28/02/2020) da IDEA para a Euronews foi analisada pelo principal cientista político Balázs Böcskei e ele interpretou que o ex-partido nacionalista Jobbik concluiu sua transformação em um partido popular centrista e sua base de votos foi alterada, e agora é um eleitorado pró-UE predominantemente moderado.[66]

Resultados Eleitorais editar

Eleições legislativas editar

Data CI. Votos % +/- Deputados +/- Status
2006 5.º 119 007
2,2 / 100,0
0 / 386
Extra-parlamentar
2010 3.º 855 436
16,7 / 100,0
 14,5
47 / 386
 47 Oposição
2014 3.º 985 029
20,5 / 100,0
 3,8
23 / 199
 24 Oposição
2018 2.º 1 092 669
19,1 / 100,0
 1,4
26 / 199
 3 Oposição
2022 Unidos pela Hungria
10 / 199
 16 Oposição

Eleições europeias editar

Data CI. Votos % +/- Deputados +/-
2009 3.º 427 773
14,8 / 100,0
3 / 22
2014 2.º 340 287
14,7 / 100,0
 0,1
3 / 21
 
2019 5.º 220 184
6,3 / 100,0
 8,4
1 / 21
 2

Ver também editar

Referências

  1. https://index.hu/belfold/2020/01/25/jakab_peter_lett_a_jobbik_elnoke/
  2. Nationalist Jobbik Party Doubles Voter Base In Hungary, xpatloop.com, 25 de junho de 2009, consultado em 5 de junho de 2018, arquivado do original em 29 de fevereiro de 2012 
  3. a b Nordsieck, Wolfram (2018). «Hungary». Parties and Elections in Europe 
  4. Hungary's far-right Jobbik party wins key seat
  5. Aalberg, Toril (2016). Populist Political Communication in Europe. [S.l.]: Routledge. p. 375 
  6. Pytlas, Bartek (2015). Radical Right Parties in Central and Eastern Europe: Mainstream Party Competition and Electoral Fortune. [S.l.]: Routledge. p. 36 
  7. Garnett, Mark (2017). Political Ideologies. [S.l.]: Oxford University Press. p. 212 
  8. Dunai, Marton. «Hungary's Jobbik supports EU deepening with voters' blessing» 
  9. «Hungary's Rebranded Far-Right Eyes Election Success». Israel National News. 3 de abril de 2014 
  10. A Jobbik szembefordul a globális kapitalizmussal, mandiner.hu, 26 de outubro de 2013 
  11. Vona megmondta: befellegzett a globális kapitalizmusnak, nol.hu, 26 de janeiro de 2013 
  12. a b Ghosh, Palash (December 06 2013) "Strange Bedfellows: Hungarian Far-Right Jobbik Party Embraceas Muslim Nations, Seeks 'Eurasian' Ideal Of Statehood" International Business Times. Retrieved August 31, 2014
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  21. Kirton, Gill; Greene, Anne-Marie (2010). The Dynamics of Managing Diversity: A Critical Approach 3rd ed. [S.l.]: Butterworth-Heinemann 
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  27. «Jobbik confident of winning EP seat, party leader says». politics.hu (source: MTI). 13 de maio de 2009. Consultado em 8 de setembro de 2015. Arquivado do original em 10 de agosto de 2011. Jobbik describes itself as “a principled, conservative and radically patriotic Christian party. Its fundamental purpose is protecting Hungarian values and interests.” 
  28. A Jobbik szembefordul a globális kapitalizmussal, mandiner.hu, 26 de outubro de 2013 
  29. Vona megmondta: befellegzett a globális kapitalizmusnak, nol.hu, 26 de janeiro de 2013 
  30. Mazurczak, Filip (27 de maio de 2014). «Euroscepticism and the emergence of East-Central Europe's far-right». Visegrad Insight. Consultado em 24 de outubro de 2014 
  31. Jobbik "anti-Zionist" demo goes ahead in Budapest, politics.hu, 5 de maio de 2013, consultado em 8 de setembro de 2015, arquivado do original em 30 de julho de 2017 
  32. «Hungary's Jobbik party hold anti-semitic rally in Budapest after ban attempts fail», Telegraph, 4 de maio de 2013 
  33. Ungváry, Krisztián (5. February 2012) "Turanism: the 'new' ideology of the far right Arquivado em 30 de maio de 2015, no Wayback Machine." BZT Media Kft. Retrieved August 31, 2014
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  36. «Jobbik Deputy Campaigns Against 'Israeli' MP». Israel National News. 30 de novembro de 2012. Consultado em 25 de agosto de 2013 
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  44. Court rules Jobbik cannot be called 'far-right', por Eszter Zalan, EUobserver, 06.06.14
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  51. Ildikó Lendvai (8 de junho de 2017). «« Pourquoi nous ne devons pas nous allier au Jobbik »». Le Courrier d'Europe centrale (em francês). Consultado em 17 de fevereiro de 2018 
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  53. «„Fogják be az orrukat!" – Heller Ágnes a Jobbikról és a 2018-as választások tétjéről». m.magyarnarancs.hu (em húngaro). Consultado em 5 de abril de 2018 
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  59. «Jobbik, l'ancien parti paria qui veut détrôner Viktor Orban». Libération (em francês). 27 de março de 2018. Consultado em 11 de abril de 2018 
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  65. «Vona Gábor a háttérbe vonul, csak a tanácsaival segíti a Jobbikot, de még visszatérhet» (em húngaro). 168ora.hu. Consultado em 23 de abril de 2018 
  66. https://hu.euronews.com/2020/02/27/ketteszakadt-a-kozvelemeny-magyarorszag-szovetsegeseivel-kapcsolatban  Em falta ou vazio |título= (ajuda)

Ligações externas editar