Thomas N'Kono

futebolista camaronês
(Redirecionado de Thomas Nkono)

Thomas N'Kono (Dizangue, 20 de julho de 1955) é um ex-futebolista camaronês que atuava como goleiro. Teve destacada passagem pelo Espanyol, clube que defendeu por 9 anos, além de representar a seleção dos Camarões entre 1976 e 1994.

Thomas N'Kono
Thomas N'Kono
Informações pessoais
Nome completo Thomas N'Kono
Data de nasc. 20 de julho de 1955 (68 anos)
Local de nasc. Dizangue, Camarões Franceses
Nacionalidade camaronês
Altura 1,83 m
Apelido Tommy
Informações profissionais
Clube atual Espanyol
Posição Treinador de goleiros (Ex-goleiro)
Clubes de juventude
1971–1972 Éclair Douala
Clubes profissionais
Anos Clubes Jogos (golos)
1974–1975
1975–1976
1976–1982
1982–1991
1991–1993
1993–1994
1994–1997
Canon Yaoundé
Tonnerre Yaoundé
Canon Yaoundé
Espanyol
Sabadell
Centre d'Esports L'Hospitalet
Bolívar
0003 0000(0)
0017 0000(0)
00102 0000(0)
00303 0000(0)
0070 0000(0)
0020 0000(0)
0092 0000(0)
Seleção nacional
1976–1994 Camarões 0112 0000(0)
Times/clubes que treinou
1998–2003
2003–2009
2009
2009
2009–
Camarões (treinador de goleiros)
Espanyol (treinador de goleiros)
Camarões
Camarões (treinador interino)
Espanyol (treinador de goleiros)

Carreira editar

Revelado pelo Éclair Douala, N'Kono despontou para o futebol em 1974, ao dezoito anos de idade, quando jogava no Canon Yaoundé. Um ano depois, foi para o rival Tonnerre, passagem essa que durou apenas uma temporada, retornando ao Canon em 1976. Até 1982, foi titular incontestável dos Kpa-Kum. Em 1979, foi agraciado com o prêmio de melhor jogador da África, sendo o primeiro goleiro a fazê-lo. Repetiu a dose em 1982, ano em que disputou a primeira de suas 3 Copas.

As atuações de N'Kono, embora não tivessem evitado a eliminação camaronesa na primeira fase (perdeu a vaga no saldo de gols), despertaram o interesse do Espanyol de Barcelona, que assegurou sua contratação após a competição. Foram oito anos como titular da equipe catalã, tendo como características destacadas a segurança e agilidade debaixo das traves, e também por jogar sempre de calças compridas. Ele deteve também um recorde pessoal ao não levar gol durante 496 minutos.

Sem espaço no Espanyol após a contratação do hispano-brasileiro Vicente Biurrun, N'Kono deixou o clube em 1991, mas continuou na Catalunha, atuando por duas equipes de pequena expressão; no Sabadell, jogou 70 partidas entre 1991 e 1993, e pelo Centre d'Esports L'Hospitalet, disputou 20 jogos na temporada 1993-94.[1]

Contratado pelo Bolívar em 1994, N'Kono jogaria 92 partidas pela Academía, antes de encerrar sua carreira de jogador três anos depois, aos 40 anos de idade, com mais um recorde: o de goleiro com mais tempo sem levar gols: na temporada 1995, foram 761 minutos de invencibilidade no gol do Bolívar, superando Jorge Battaglia (que também defendeu o clube de La Paz), que havia permanecido 694 minutos sem ser vazado.

Seleção Camaronesa editar

A estreia de "Tommy" (apelido do ex-goleiro) com a camisa dos Leões indomáveis deu-se em 1976, aos 20 anos. Em alta após a premiação de melhor jogador africano em 1982, foi convocado para defender Camarões em sua primeira Copa, a de 1982. Dois anos mais tarde, conquistou o único título com a seleção, na Copa Africana de Nações.

Embora os Leões não tivessem conseguido obter classificação para a Copa de 1986, N'Kono e os Camarões se consagrariam três anos mais tarde, ao se qualificarem à fase de grupos da Copa de 1990.

A Seleção chegou às quartas-de-final, vendendo cara uma derrota por 3 a 2 para a Inglaterra, após chegarem a estar vencendo por 2 a 1, sofrendo a virada após dois pênaltis, convertidos pelo artilheiro inglês Gary Lineker. O ciclo de N'Kono com a Seleção Camaronesa parecia chegar ao final, quando Henri Michel deu uma nova chance ao veterano goleiro, que aos 37 anos de idade e em excelente forma física, foi agraciado com a convocação para a Copa de 1994. Quando N'Kono parecia estar pronto para disputar o terceiro Mundial como titular, Michel preferiu dar uma oportunidade ao também veterano Joseph-Antoine Bell (ironicamente, reserva de N'Kono nas últimas duas Copas), que era o mais velho dos 3 goleiros convocados - tinha 39 anos na época, e já encontrava-se em final de carreira.

A escolha de Michel não foi das mais satisfatórias: com Bell, os Leões venciam a Suécia por 2 a 1 até os 29 minutos do segundo tempo, quando Martin Dahlin empatou para os suecos. Contra o Brasil, os Camarões sucumbiram aos futuros tetracampeões mundiais com uma derrota por 3 a 0.

N'Kono ainda tinha esperanças de jogar a partida contra a Rússia, depois que Michel, decepcionado com a fraca atuação de Bell contra Suécia e Brasil, resolveu sacá-lo do gol camaronês. Mas o francês não quis presenteá-lo com uma última partida internacional, dando uma chance ao segundo reserva, Jacques Songo'o. No entanto, o então jogador do Metz teve um desempenho pior que Bell: levou seis gols da Rússia (cinco marcados por Oleg Salenko, artilheiro da Copa juntamente com Hristo Stoichkov), e ainda levou um cartão amarelo. De forma nada brilhante, a carreira internacional de N'Kono chegara ao seu término. Em 18 anos, foram 112 partidas com a camisa dos Leões indomáveis.

Pós-aposentadoria editar

Com a carreira de jogador encerrada, N'Kono passou a ser treinador de goleiros da seleção camaronesa, tendo trabalhado até 2003. Em 2002, envolveu-se numa polêmica: na semifinal da Copa Africana de Nações daquele ano, entre Camarões e Mali, o ex-goleiro foi acusado de praticar magia negra e foi preso.[2]

Voltaria ao Espanyol em 2003, também como treinador de goleiros, função que exerceria até 2009, em paralelo com a seleção dos Camarões. Na segunda passagem pela comissão técnica dos Leões, foi auxiliar-técnico entre 2007 e 2009, quando teve sua primeira experiência como treinador no mesmo ano, após a demissão do alemão Otto Pfister.[3] Em julho do mesmo ano, regressaria ao Espanyol, novamente para ser o preparador de goleiros da agremiação, função que exerce até hoje.

A homenagem de Buffon editar

O goleiro italiano Gianluigi Buffon declarou que decidiu ser goleiro após acompanhar as atuações de N'Kono na Copa de 1990. Anos mais tarde, o arqueiro italiano batizou seu filho como Thomas, em homenagem ao camaronês.[4]

Títulos editar

Canon Yaoundé
Camarões
Bolivar

Individual editar

  • Duas vezes eleito o melhor jogador da África no ano
  • Premiado com a Bola de Ouro africana em 1979 e em 1982.

Referências

  1. «N'Kono: "Estoy preparado para jugar el Mundial"» [N’Kono: "I am ready to play the World Cup"]. Mundo Deportivo (em espanhol). 30 de janeiro de 1994. Consultado em 11 de julho de 2015 
  2. «Goleiro dos Camarões faz macumba e vai preso». Portal Terra. 7 de fevereiro de 2002. Consultado em 7 de fevereiro de 2002 
  3. Nkono is Cameroon caretaker; BBC Sport, 2 de junho de 2009
  4. «Difficile de garder notre titre» («Hard to defend our title»); Sport24, 14 de junho de 2010 (em francês)