Friné
Mnesarete (em grego Μνησαρέτη, 'memória da virtude'[1]), (c. 371 aC - depois de 316 aC), foi uma hetera grega (cortesã) mais conhecida pelo apelido de Friné (em grego clássico: Φρύνη; romaniz.: Phrýne: 'sapo') devido à sua tez amarelada. No Brasil também é conhecida como Frineia
Friné | |
---|---|
Nascimento | 371 a.C. Téspias |
Morte | 310 a.C. Atenas Antiga |
Cidadania | Tebas |
Progenitores |
|
Ocupação | hetera, modelo |
Ela nasceu em Téspias, na Beócia, ela foi ativa em Atenas por volta de 400 a.C., onde se tornou uma das mulheres mais ricas da Grécia. Ela é mais conhecida por seu julgamento por impiedade, onde foi defendida pelo orador Hiperides. Segundo a lenda, ela foi absolvida depois de expor os seios ao júri, embora a precisão histórica deste episódio seja duvidosa. Ela também modelou para os artistas Apeles e Praxíteles, e a Afrodite de Knidos foi baseada nela.
Dona de tamanha riqueza por sua extraordinária beleza que se ofereceu para reconstruir os muros de Tebas (Grécia), que haviam sido destruídos por Alexandre, o Grande (336 a.C.), sob a condição de que as palavras "Destruído por Alexandre, restaurado por Friné, a hetera", fossem escritas nos muros. Entretanto as autoridades gregas rejeitaram a oferta.
FamaEditar
Bela e famosa. Por ocasião de um Festival de Posidão em Elêusis, ela colocou de lado suas roupas, soltou os cabelos, e entrou nua no mar, à vista do povo, inspirando o pintor Apeles, em sua grande obra "Afrodite Anadyomène" (às vezes também retratada como "Vênus Anadyomène"), para o qual Friné posou como modelo.
Devido à sua beleza, ela também inspirou mais tarde a pintura do artista Jean-Léon Gérôme, "Friné devant l'Areopage" (Friné ante o Areópago, 1861), bem como outras obras de arte ao longo da história. Ela foi também supostamente o modelo para a estátua da Afrodite de Cnido por Praxiteles,[2] a primeira estátua nua de uma mulher na Grécia Antiga.[3] Segundo Plutarco, em Téspias ela foi declarada pelas autoridades como "compartilhando das honras do templo e santuário de Eros", e ela se tornou parte do conjunto que lá havia com duas estátuas de Praxiteles, o Eros Téspio e a Afrodite de Téspias, modelada também à sua semelhança. A tríade, constituída da estátua de Eros à esquerda, o retrato de Friné ao centro, e Afrodite à direita, é referida por Pausânias e Alcífron.[4]
O poeta brasileiro Olavo Bilac descreve o julgamento da bela Friné no poema "O Julgamento de Frineia" (1888). Charles Baudelaire, em seus poemas "Lesbos" e "La beauté", e Rainer Maria Rilke, em seu poema "Die Flamingos", também foram inspirados pela beleza e fama de Friné.
No cancioneiro popular brasileiro, Nelson Gonçalves, em 1958, lançou o álbum Escultura, em cuja música de mesmo nome, composta por Adelino Moreira[5], "a malícia de Frineia" surge como parte de uma obra perfeita, aludindo ao mito de Pigmaleão.
Na música, Friné foi objeto de uma ópera de Camille Saint-Saëns: Phryne (1893).
No cinema Friné é referida em Altri tempi", série de Alessandro Blasetti (1951) na qual o oitavo e último episódio é intitulado "Il processo di Frine".
Podem-se encontrar outras referências a Friné como o asteroide "1291 Phryne"[6] descoberto em 15 de setembro de 1933 por Eugène Joseph Delporte.
Acusada de profanar os Mistérios de Elêusis foi defendida pelo orador Hipérides, um de seus amantes. O discurso de acusação, de acordo com Diodoro Periegetes, citado por Ateneu [7], foi escrito por Anaxímenes de Lâmpsaco. Quando Hipérides percebeu que o veredito seria desfavorável, rasgou o manto da bela Friné, exibindo seu corpo e conseguindo assim que os juízes a absolvessem. Outra versão diz que ela mesma tirou suas roupas. Mas a mudança no julgamento dos juízes não foi simplesmente porque eles ficaram fascinados pela beleza de seu corpo nu, mas sim porque, naquela Grécia Antiga, o belo era identificado com o bom, como um aspecto da divindade ou um sinal de favor divino.
Leituras adicionaisEditar
- Ateneu, Dipnosofistas pp. 558, 567, 583, 585, 590, 591
- Cláudio Eliano, Varia Historia (Ποικιλη Ιστορια) ix. 32;
- Plínio, o Velho, História Natural xxxiv. 71.
Referências
- ↑ Cavallini, Eleonora (2014). «"Esibizionismo o propaganda politica? Frine tra storia e aneddotica"». Donne che contano nella storia greca (em italiano). Lanciano: Rocco Carabba. ISBN 978-88-6344-367-7 Parâmetro desconhecido
|cid=
ignorado (ajuda) - ↑ Ateneu, Deipnosofistas 590–591
- ↑ Dillon, Matthew (2002). Women and Girls in Classical Greek Religion. [S.l.: s.n.] p. 195
- ↑ Corso, Antonio (2004). The Art of Praxiteles: The Development of Praxiteles' Workshop and Its Cultural Tradition Until the Sculptor's Acme (364-1 BC) (em inglês). [S.l.]: L'Erma di Bretschneider
- ↑ http://adelinomoreira.com/
- ↑ Sobre o asteróide Phryne
- ↑ Ateneu XIII.591e