Igreja da Trofa

igreja em Trofa, município de Águeda, Portugal

A Igreja da Trofa ou Igreja Matriz da Trofa ou Igreja de São Salvador da Trofa (séc. XVI – séc. XVIII) é um templo católico localizado em Trofa, município de Águeda, Distrito de Aveiro.[1]

Igreja da Trofa
Igreja da Trofa
Nomes alternativos Igreja de São Salvador da Trofa
Tipo
Estilo dominante Gótico; Renascimento; Estilo Chão
Início da construção século XVI
Fim da construção século XVIII
Função atual Igreja Matriz
Património Nacional
Classificação  Monumento Nacional
Ano 1910
DGPC 71204
SIPA 1042
Geografia
País Portugal
Cidade Trofa do Vouga, Águeda
Coordenadas 40° 36' 39" N 8° 28' 43" O

Nesta igreja está localizado o Panteão dos Lemos, um notável conjunto escultórico renascentista datado do século XVI e atribuído a João de Ruão.[2]

A Igreja da Trofa, compreendendo os túmulos dos Lemos, encontra-se classificada como Monumento Nacional (decreto de 16-06-1910, DG, n.º 136, de 23-06-1910).[2]

História; características editar

A presente configuração desta igreja, dedicada a São Salvador, resultou de diversas campanhas de obras de beneficiação realizadas entre a primeira metade do século XVI e finais do século XVIII. Apresenta por isso uma confluência dos estilos que marcaram esse longo período de tempo, integrando elementos herdados do gótico final (abóbada da capela-mor), do renascimento (Panteão dos Lemos), e do chamado estilo chão.[2]

O templo foi construído junto ao antigo palácio dos senhores de Trofa (aproveitando, provavelmente, a capela particular dos Lemos como capela-mor da nova edificação). Com formas austeras e depuradas, apresenta-se predominantemente como uma edificação de tipologia chã. O interior, de nave única e planta retangular, é coberto por uma abóbada de caixotões simples, sem decoração adicional. O coro-alto, em madeira, apoia-se em colunas toscanas e o arco de comunicação entre a nave e a capela-mor é ladeado por dois retábulos de talha.[2]

A fachada principal apresenta um sóbrio portal retangular que integra um nicho com a imagem quinhentista de S. Salvador, sendo delimitada lateralmente por cunhais encimados por pináculos e terminando em empena com cruz. A estrutura original da frontaria foi significativamente alterada no século XVIII com a edificação da torre sineira.[2]

A capela-mor é coberta por abóbada de nervuras (da autoria de Diogo de Castilho), com chaves decoradas com florões, ostentando a do meio o escudo dos Lemos. Possui ao centro um retábulo de talha com telas figurativas de temática franciscana, proveniente do antigo convento de Serém. É aqui que se encontra o notável Panteão dos Lemos, obra de referência do renascimento português.[2]

Panteão dos Lemos editar

 
Panteão dos Lemos (capela-mor, lado da Epístola)

Encomendado por D. Duarte de Lemos em 1534, o Panteão dos Lemos apresenta afinidades com o túmulo de D. Luís da Silveira na Igreja Matriz de Góis e é atribuído a João de Ruão, embora subsistam dúvidas relativamente à autoria da estátua orante de D. Duarte de Lemos, que alguns autores (como Reynaldo dos Santos) atribuem a Hodart[3]. Este é o lugar de sepultamento dos antepassados do terceiro senhor da Trofa. Integra dois grupos tumulares de feição tipicamente renascentista, localizados frente a frente, sendo ambos formados por dois arcos separados por pilastras e rematados por entablamento. Do lado do Evangelho localizam-se os túmulos dos primeiros senhores da Trofa, Gomes Martins de Lemos e seu filho, João Gomes de Lemos, e as respetivas esposas. Do lado oposto (lado da Epístola), foi sepultada D. Joana de Melo, mulher do instituidor e, no arco mais próximo do altar, D. Duarte de Lemos.[2]

Delicadamente gizada a escopro no calcário brando, a escultura funerária de D. Duarte de Lemos tem uma placidez humanística e um sentido de purismo clássico que a afastam estilisticamente da tumultuosidade de formas típica das obras em barro de Hodart, em particular A Última Ceia (MNMC, Coimbra)[3]. A obra "mostra-nos o senhor da Trofa ajoelhado em oração, envergando a sua armadura de cavaleiro, com o elmo aos pés, e um livro aberto sobre uma banqueta decorada com frisos de folhagens. Os frisos e faixas horizontais dos túmulos foram decorados com folhagens e seres híbridos, enquanto as pilastras estão repletas de bucrâneos, elmos, dragões e grifos. Os diversos medalhões esculpidos nos arcossólios são os elementos mais renascentistas do conjunto, denotando-se porém a ausência de temática religiosa".[2]

Referências

  1. Ficha na base de dados SIPA
  2. a b c d e f g h Catarina Oliveira. «Igreja da Trofa, compreendendo os túmulos dos Lemos». DGPC. Consultado em 14 de outubro de 2016 
  3. a b Serrão, Vítor. História da arte em Portugal: o renascimento e o maneirismo. Lisboa: Editorial Presença, 2002, p. 153, 154
 
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Ligações externas editar