Irving Shulman

escritor, roteirista e professor universitário norte-americano

Irving Shulman (Brooklyn, 21 de maio de 1913Los Angeles, 23 de março de 1995) foi um escritor, biógrafo, professor universitário e roteirista norte-americano, cujos trabalhos foram adaptados em diversos filmes. Seus livros mais famosos incluem The Amboy Dukes, Cry Tough e The Square Trap, todos adaptados para o cinema.

Irving Shulman
Nascimento 21 de maio de 1913
Brooklyn, Nova Iorque, Estados Unidos
Morte 23 de março de 1995 (81 anos)
Los Angeles, Califórnia, Estados Unidos
Nacionalidade norte-americano
Cônjuge Julia Shulman
Alma mater
Ocupação Escritor, biógrafo, professor universitário e roteirista

Considerado um dos mais influentes escritores norte-americanos, Shulman ficou conhecido por escrever sobre a juventude e seus problemas.[1]

Biografia editar

Shulman nasceu no Brooklyn, em Nova Iorque, em 1913. Seus pais eram judeus lituanos que imigraram anos antes. Preocupados com a educação dos filhos, eles se esforçaram para garantir boas escolas e para enviar os filhos à universidade. Shulman estudou na Universidade de Ohio, com mestrado pela Universidade de Columbia, antes que a eclosão da Segunda Guerra Mundial atrapalhasse seus planos de continuar seu doutorado na Universidade da Califórnia em Los Angeles. Nessa época, ele se mudou para Washington, D.C., onde trabalhava para o Departamento de Guerra, no programa de educação das novas tropas, escrevendo para o jornal Army Talk.[1]

Carreira editar

Na década de 1940, escreveu seu primeiro romance, The Amboy Dukes, livro controverso, na época, pois a história se passava nas seções operárias e de classe baixa do centro de Brooklyn que Shulman conhecia bem, e tratava de um lado da vida que raramente era discutido em meio à turbulência maior da guerra: o deslocamento das famílias e o crescimento da delinquência juvenil que se desenvolveu nesse período.[1]

Ainda mais surpreendente para os leitores, o livro se concentrava em adolescentes que atingiram a maioridade durante a guerra sem uma forte presença dos pais para orientá-los, modelos que não existiam ou, mais frequentemente, trabalhavam muito em seus empregos e não passavam tempo suficiente em casa. Nomeado para a gangue à qual os personagens principais do livro pertenciam, The Amboy Dukes descreveu seus membros como sendo capazes de cometer assaltos, estupros e assassinato.[1]

Bem recebido nos círculos literários, o romance, no entanto, levantou algumas questões preocupantes. A ideia de gangues de rua urbanas foi uma revelação para muitos americanos de classe média, e embora ninguém discutisse a precisão do livro, o autor teria sido instruído a editar a maior parte de sua linguagem crua, violência e cenas de sexo surpreendentemente explícitas para a edição de bolso, que posteriormente foram restauradas.[1]

Seus dois livros seguintes foram Cry Tough (1949) e The Big Brokers (1951), que seguiram os delinquentes sobreviventes do livro anterior em suas vidas de crime na idade adulta. Nesta época, com o fim da guerra, ele se mudou para Los Angeles onde, em 1948, começou a trabalhar na Warner Bros.. Os direitos de adaptação de The Amboy Dukes foram vendidos para a Universal Studios, onde o produtor Howard Christie e o diretor Maxwell Shane o transformaram em City Across the River (1949), um filme que, mantendo um pouco da intensidade e brutalidade do livro original, abrandou ou eliminou muitas de suas representações mais preocupantes de violência. Este foi o primeiro papel de Tony Curtis no cinema.[1]

O próximo livro de Shulman, The Square Trap, foi dedicado à situação da juventude atingida pela pobreza no gueto mexicano-americano de Los Angeles. Ainda mais bem recebido pela crítica, que saudou a presença de certo humor e leveza de tom em algumas passagens, o romance foi adaptado para The Ring, em 1952.[1]

No ano seguinte, uma série de eventos na Warner Bros. levou Shulman a desempenhar um papel fundamental na carreira de James Dean. O estúdio tinha adquirido anteriormente os direitos de uma obra de não ficção do autor que tratava da delinquência juvenil urbana. Intitulado Rebel Without A Cause, foi finalmente definido para ser transformado em filme com o diretor Nicholas Ray. Mas ele já havia feito um filme sobre delinquentes urbanos pela Columbia Pictures, Knock on Any Door (1949). O roteiro passou por várias mãos e não vinha chamando muita atenção, tendo sido planejado apenas como uma produção com orçamento modesto. Nesse meio tempo, James Dean veio para a Warner Bros. e completou East of Eden (1955), que estava testando tão bem com o público que ele foi imediatamente escalado como Jett Rink, em Giant. Mas então o estúdio soube que Elizabeth Taylor estava grávida e a produção de Giant foi adiada por sete meses.[1]

Ansiosa para lucrar com a popularidade do jovem ator, a Warner Bros. escalou Dean para Rebel Without a Cause e, graças à sua presença, o filme foi repentinamente re-concebido como um lançamento de grande orçamento para ser filmado em cores e Cinemascope. Para Shulman, o filme também rendeu outro livro, Children of the Dark (1956). Entre as primeiras novelizações do roteiro, a obra refletia a visão mais dura e menos higiênica de Shulman da delinquência retratada no filme; também foi amplamente revisto e tratado com seriedade pelos críticos, em contraste com a forma como as novelizações mais tarde passaram a ser vistas.[1]

Nesse mesmo ano, Shulman publicou Good Deeds Must Be Punished, uma história sobre preconceito em uma pequena faculdade da Virgínia Ocidental. Seus outros projetos do final dos anos 1950 incluíram a história dos dramas policiais Terror at Midnight (1957) e Baby Face Nelson (1958) e, em 1960, ele escreveu a novelização de West Side Story. Cry Tough foi filmado em 1959 pela United Artists, mas sua influência começou a diminuir com a chegada da década de 1960 e uma mudança geracional tanto no gosto do público quanto no gerenciamento do estúdio. Seu último roteiro foi para o filme de exploração de Albert Zugsmith, College Confidential, em 1960. Mas seus livros mais antigos (especialmente The Amboy Dukes) permaneceram populares em reimpressões, e ele passou a escrever biografias durante os anos 1960, mais notavelmente Harlow: An Intimate Biography (1964) e Valentino (1967).[1]

Paralelamente à carreira de escritor, Shulman deu aulas na Universidade George Washington, na Universidade da Califórnia em Los Angeles e na Universidade do Estado da Califórnia, em Los Angeles. Em 1972, aos 69 anos, Shulman finalmente conseguiu concluir o doutorado que tinha sido interrompido pela Segunda Guerra 30 anos antes. Aos 70 anos, ele fez seBar Mitzvá]], 57 anos depois da idade normal.

Vida pessoal editar

Irving foi casado por 57 anos com Julia Shulman, com quem teve duas filhas, Joan Alexander e Leslie Bratspis.[2]

Morte editar

Shulman morreu em 23 de março de 1995, em Los Angeles, aos 81 anos, devido a complicações desencadeadas pela Doença de Alzheimer.[1][3][4]

Obras editar

  • The Amboy Dukes (1947)
  • Cry Tough (1949)
  • The Big Brokers (1951)
  • The Square Trap (1953)
  • Good Deeds Must Be Punished (1956)
  • Children of the Dark (1956)
  • The Velvet Knife (1959)
  • Harlow: An Intimate Biography (1964)
  • The Devil's Knee (1973)

Referências

  1. a b c d e f g h i j k Rovi Bruce Eder (ed.). «Irving Shulman biography». Fandango. Consultado em 16 de fevereiro de 2022 
  2. Myrna Oliver, ed. (28 de março de 1995). «Irving Shulman, 81; Scriptwriter, Novelist». Los Angeles Times. Consultado em 16 de fevereiro de 2022 
  3. Mel Gussow, ed. (29 de março de 1995). «Irving Shulman Is Dead at 81; Wrote of City Life's Tough Side». New York Times 
  4. «Irving Shulman». Variety. 3 de abril de 1995. Consultado em 16 de fevereiro de 2022 

Ligações externas editar