Jorge Raul da Silva Preto

diplomata e investigador português

Jorge Raul da Silva Preto (Lisboa, Anjos, 4 de Abril de 1938) é um diplomata de carreira jubilado, professor universitário, investigador e ensaísta português.[1]

Jorge Preto
Jorge Raul da Silva Preto
Nascimento 4 de abril de 1938 (86 anos)
Lisboa, Anjos
Nacionalidade português
Alma mater Universidade de Lisboa
Profissão Diplomata jubilado
Religião Católico

Fez parte do movimento intelectual Filosofia Portuguesa,[2] tendo acompanhado Álvaro Ribeiro no seu magistério filosófico. A propósito de uma referência de Jorge Preto ao filósofo portuense, e num texto sobre o referido mestre inserido na revista Tempo Presente, em 1960, José Maria Alves, editor daquela publicação de cultura, considera o primeiro como um dos nossos mais novos e mais lúcidos pensadores".[3]

Biografia editar

Licenciou-se em Direito na Universidade Clássica de Lisboa[4] havendo sido convidado pela sua antiga Faculdade, em 2017, a colaborar numa colectânea de depoimentos e memórias sobre o seu tempo de estudante, obra colectiva em que participaram alguns notáveis formados naquele mesmo estabelecimento de ensino superior e a que se deu o título de "Testemunhos para o Futuro".[5]

Em 1964, juntamente com João Ameal, Sallès Paes, Horácio de Castro Guimarães, Josué Pinharanda Gomes, entre outros, participou na criação da Liga do Escritores Católicos e na fundação da sua revista.[6]

Como diplomata de carreira, admitido por concurso público em 1962,[7] depois de ter sido nomeado primeiro-secretário da embaixada portuguesa de Otava, no Canadá, onde em 1970 foi encarregado de Negócios Interino.[8] Em 1974 foi chefiar o consulado de São Salvador da Baía.[9][10] Mais tarde, foi nomeado pelo Presidente da República Portuguesa, em 20 de Outubro de 1994, sob proposta XII Governo Constitucional de Portugal, embaixador extraordinário e plenipotenciário em Dakar,[11] cargo que acumulou com o de embaixador não residente em 1995 no Mali[12] e em 1997 na Mauritânia.[13] Posteriormente, sob a proposta do XIII Governo Constitucional de Portugal, em 1 de Março de 1999, foi designado para exercer as funções de chefe da nossa missão diplomática em Riade, Arábia Saudita[14] e acumulando com o lugar de embaixador não residente para os Emirados Árabes Unidos,[15] o Kuwait,[16] o Iémen,[17] o Barém[18] e o Qatar[19] assim como em Oman logo em 2020.[20]

É membro da Academia Portuguesa de História,[21] onde foi elevado a académico de mérito[22] e é académico correspondente da Academia de Letras da Bahia[23] e do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia.[24]

Foi agraciado com a grã-cruz da Ordem de Mérito em 4 de Novembro de 1994 e de oficial da Ordem do Infante D. Henrique em 5 de Janeiro de 1979.[25]

Publicações editar

Dedicou alguns estudos à ciência heráldica e à história da cultura e mítica de Portugal.

Ainda jovem fez o levantamento e análise das pedras de armas de Sesimbra - «Pedras de armas de Sesimbra e seu termo» (1955) e «Sesimbra: no mito e na história da Portugal» (1967).[26] Foi o autor de um ensaio sobre uma temática muito pouco tratada em Portugal e no estrangeiro: «Des armoiries qui parlent: propos sur la science du blason et de la linguistique» (1986).[1] Também se lhe deve um ensaio interpretativo do Sebastianismo com o título de «Messianismo Sebástico. A História entre o mito e a lenda profética».[27]

Amigo de António Quadros e de Afonso Botelho, com quem, entre outros, elaborou e subscreveu um extenso «Manifesto à Nação», assim como colaborou no jornal 57 onde aquele documento foi difundido.[28] Em memória do primeiro dos referidos autores escreveu «Pensador do Tempo que foi e do Tempo que será».[29] Sobre a obra do segundo publicou «Afonso Botelho e o Poder Real».[30]

Outros títulos:

  • «Do Capital ao Mando» (1960).[31]
  • «As insígnias cruciformes das ordens de cavalaria e o seu simbolismo» (1996).[32]

Dados genealógicos editar

Filho de Maria da Conceição (Corrêa da Rocha) Lopes Viegas da Silva e de e Raul de Oliveira Preto, cuja ascendência remonta a João Preto que acompanhou D. João I de Portugal ao cerco de Tui (1398) e onde faleceu em combate.[33][34]

Casou comː

  • Lygia de Toledo Neder, licenciada em Letras Clássicas pela Universidade Católica de Belo Horizonte, Brasil, pós-graduada pela Universidade de Lisboa e pelo Instituto de Cultura Hispânica, em Madrid, antiga professora-adjunta da Universidade de Brasília e docente convidada da Universidade de Dacar.

Filho do casal:

  • Jorge Miguel de Toledo Neder Preto.[33]

Referências

  1. a b A Heráldica do exército na República Portuguesa no século XX, por Paulo Jorge Morais Alexandre, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Coimbra, 2009, pág. 57
  2. António Braz Teixeira e a Escola da Filosofia Portuguesa, por Joaquim Domingues, Instituto de Filosofia Luso‐Brasileira, pág. 2014
  3. [Tempo presente: revista de cultura, por José Maria Alves, Edições 15-20, 1960]
  4. 13 Dezembro | Dia da Faculdade | Testemunhos para o Futuro de Antigos Alunos da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, 13 de Dezembro de 2017
  5. Testemunhos para o Futuro de Antigos Alunos da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa - Volume I, pág. 109 - 111
  6. Pensamento português, Volume 6, por Jesué Pinharanda Gomes, Editora Pax, pág. 145
  7. Testemunhos para o Futuro de Antigos Alunos da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa - Volume I, pág. 111
  8. Canadá - Titulares, Portal Diplomático da Republica Portuguesa
  9. Boletim informativo, Universidade de São Paulo. Centro de Estudos Portugueses, El Centro, 1975, pág. 49
  10. Revista camoniana, 1978, pág. 203
  11. Decreto do Presidente da República n.o 74/94, Diário da Republica — I Série-A N.o 243, 20 de Outubro de 1994.
  12. Mali - Titulares, Portal Diplomático da Republica Portuguesa
  13. Mauritânia - Titulares, Portal Diplomático da Republica Portuguesa
  14. Decreto do Presidente da República n.o 110/99, Diário da Republica — I Série-A N.o 50, 1 de Março de 1999.
  15. Emirados Árabes Unidos - Titulares, História Diplomática, Portal Diplomático da Republica Portuguesa
  16. Kuwait - Titulares, Portal Diplomático da Republica Portuguesa
  17. Iémen - Titulares, Portal Diplomático da Republica Portuguesa
  18. Barein - Titulares, , Portal Diplomático da Republica Portuguesa
  19. Qatar - Titulares, Portal Diplomático da Republica Portuguesa
  20. Oman - Titulares, , Portal Diplomático da Republica Portuguesa
  21. Académicos existentes em 2013 - Academia Portuguesa da História
  22. Académicos de Mérito (por elevação), Academia Portuguesa de História
  23. Academia de Letras da Bahia, Quadro Social, Académicos Correspondentes, revista da, nº57, janeiro de 2019, p. 404
  24. Sócios do IGHB - 2014
  25. Página Oficial do Grão Mestre das Ordens Honorificas Portuguesas - Pesquisa em 4 de maio de 2020
  26. Sesimbra: no mito e na história da portugalidade, por Jorge Preto, Junta Distrital, 1967
  27. Colóquio O Sebastianismo: política, doutrina e mito : (sécs. XVI-XIX), Edições Colibri, 2004, pág. 249
  28. O Jornal 57 : História & Memória, por Álvaro Costa de Matos, pág. 7
  29. António Quadros, Instituto de Filosofia Luso-Brasileira, 1993, pág. 49
  30. O Pensamento e a Obra de Afonso Botelho - Colóquio, Fundação Lusíada, dezembro de 2005
  31. «Do Capital ao Mando», por Jorge Preto, Sep. Livro "I Semana de Estudos Doutrinários", Of. Gráfica de Coimbra, 1960
  32. As insígnias cruciformes das ordens de cavalaria e o seu simbolismo, por Jorge Preto, Sep. Conferências (1989-1993), Ordem Equestre do Santo Sepulcro de Jerusalém, Vila Nova de Famalicão, 1996.
  33. a b Anuário da Nobreza de Portugal, Lisboa, Instituto Português de Heráldica / Dislivro Histórica, sob a direcção de António de Mattos e Silva, 2006, vol. III, tomo IV, pp.1125-1136 (Preto, de Sesimbra).
  34. No século XV, um descendente deste, Gomes Preto, o Velho, teve casa intramuros de Sesimbra medieval e foi tronco, com sua mulher, Brites Gonçalves, de uma das principais e mais antigas famílias daquela vila e seu concelho, de que proveio larga geração de capitães do mar que serviram Portugal em remotas paragens e nos cargos da governança. - Joaquim Preto Guerra (Rumina), Mareantes e Guerreiros de Sesimbra dos séculos XV e XVI, Lisboa, 1942) (Reimpresso in Estudos históricos e outros escritos, juntamente com “Gomes Preto, o Velho”, Câmara Municipal de Sesimbra, 2006, pp.79-90 e 91-98).
  Este artigo é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o. Editor: considere marcar com um esboço mais específico.