Liberdade para José Diogo

filme de 1975 dirigido por Luís Galvão Teles

Liberdade para José Diogo (1975) é um documentário português de longa-metragem de Luís Galvão Teles, um dos filmes que definem o cinema militante, praticado em Portugal durante o PREC. Insere-se no movimento do Novo Cinema do pós 25 de Abril. Existe deste filme uma versão TV de quarenta e oito minutos.

Liberdade para José Diogo
Portugal Portugal
1975 •  cor •  66 min 
Direção Luís Galvão Teles
Lançamento 1975

Ficha sumária editar

Sinopse editar

A câmara explora o caso de José Diogo, um camponês alentejano 36 anos, tratorista, que, sentindo-se reprimido e ofendido pelo patrão, um latifundiário alentejano, de trato violento e de convicções fascistas, o mata, no dia três de Setembro de 1974. O gesto não escapa ao sentir dominante da época e serve de motivo para o debate político, num dos pontos sensíveis da governação: a justiça. José Diogo é condenado. É encarcerado na prisão de Évora.

Erguem-se as vozes, clamasse-se que injustiça foi feita. José Diogo torna-se caso mediático. Reflecte o espírito da uma época em que a sede de justiça se junta à sede de vingança, coisas inseparáveis perante a premência de derrotar de vez o fascismo.

Gera-se um forte movimento de solidariedade. A velha Justiça vê-se a contas com o poder popular, o PREC não permitirá que ela se faça. O discurso torna-se radical. José Diogo é libertado sob caução. É julgado em tribunal popular. É absolvido e o patrão, depois de morto, acaba condenado.

Enquadramento histórico editar

Liberdade para José Diogo é, desde que foi concluído, um dos filmes mais polémicos do cinema português. Surge em pleno PREC, é um dos seus produtos mais genuínos, na área das imagens animadas. Não obstante a banalização da linguagem radical que se institucionaliza, é tabu. A RTP, que co-produz a obra, suspende a sua emissão: sendo de esquerda, é considerada ideologicamente sectária, perigosamente tendenciosa no delicado processo em curso. Não é este, aliás, o único filme cuja emissão a televisão pública decide suspender.

«José Diogo ameaça tornar-se num Sacco e Vanzetti português». O que está em causa é «a luta do direito burguês contra a emancipação do proletariado, da ideologia burguesa contra a teoria revolucionária», O assassinato do latifundiário Columbano legitima-se assim por motivos políticos, com fundamentos “legítimos”. Justifica-se por um imperativo histórico, mau grado as razões invocadas para condenar o acto pelo moralismo conformista de quem invoca as Tábuas da Lei.

Sensibilidade ética versus sensibilidade política e isto equaciona-se para além daquilo que está em jogo, na teoria ou na ideologia. Cabe a José Diogo a última palavra: «… não há nada a fazer, há que obedecer às leis, sabem bem que estamos em democracia, já não é o fascismo. (Fontes: IPC, fichas de filmes, 1975).

Intérpretes editar

  • João Diogo
  • Sua mulher
  • José Auguto Rocha
  • Amadeu Lopes Sabino

Ficha técnica editar

Ver também editar