Lista de filmes banidos e censurados no Brasil
Esta é uma lista de filmes banidos e censurados no Brasil em ordem cronológica e seguindo os períodos da história.
Consta-se o nome do filme, ano de lançamento e período de censura, ressaltando as razões que levaram para tal. Alguns apenas sofreram censuras e distribuídos normalmente.
Era Vargas (1930-1945)
editarAno | Título | Motivações |
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1940 | The Great Dictator | Exibição proibida pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), que considerou o filme como "comunista e desmoralizador das Forças Armadas".[1] Proibição foi anulada em 1945, após o fim da ditadura varguista.[2] |
República Populista (1945-1964)
editarAno | Título | Motivações |
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1955 | Rio, 40 Graus | Banido por ser acusado de ser "propaganda comunista" e por apresentar fatos negativos do Brasil.[3] Tentando justificar o veto, o governo brasileiro alegou que "no Rio de Janeiro, a temperatura nunca passou dos 39,6º C".[1] |
Ditadura Militar (1964-1985)
editarAno | Título | Motivações |
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1964 | À Meia-Noite Levarei Sua Alma | Banido em alguns estados sob a premissa de "extrema violência e que era ofensivo ao público". Também foi usado como motivação um diálogo do filme acerca da transição para a ditadura vivida naquele momento.[4] |
1967 | Terra em Transe | Banido em seu lançamento inicial por "criticas ao governo e à Igreja Católica". Foi liberado pouco tempo depois e apresentado como "sátira às esquerdas". O personagem do ator Jofre Soares também teve de trocar de nome no longa e passou a ser chamado de Padre Gil.[4] |
1968 | O Bandido da Luz Vermelha | Banido por alguns anos por conter cenas de sexo e nudez. |
1969 | El Justicero | Banido pelo regime militar e teve suas cópias destruídas. O filme esteve perdido até 2017, quando uma versão sem censura e original foi encontrada.[5][6][7] |
Macunaíma | Banido em seu lançamento inicial e liberado pouco depois com cenas de sexualidade e palavrões. A versão sem censura foi liberada a partir da década de 1980.[4] | |
1971 | A Clockwork Orange | Banido por sua extrema violência e por exibir "conteúdo promiscuo" e "obscenidade". Uma versão com bolinhas pretas cobrindo os genitais dos personagens em cenas de nudez foi disponibilizada em 1978.[8][1] |
1972 | Last Tango in Paris | Banido por cenas de extremo teor sexual e por "atentar contra a moral e os bons costumes". Foi liberado em 1979. [9][10] |
1974 | Emmanuelle | Banido durante a ditadura militar por obscenidade e cenas de sexo explícito. Proibição levantada em 1980.[11] |
1974 | The Texas Chain Saw Massacre | Banido por cenas de extrema violência e sanguinolência. Foi considerado pela Censura Federal como um "atentado contra a moral e os bons costumes". Liberado em 1980.[12][13] |
1975 | Iracema - Uma Transa Amazônica | Banido por conteúdo sexual e nudez explícita. Proibição anulada em 1981.[14] |
1976 | Ai no Korīda | Banido por conter conteúdo pornográfico e cenas de sexo explícito. Proibição levantada em 1980.[15] |
1979 | Di-Glauber | Banido após um processo judicial movido por Elizabeth Di Cavalcante, filha do pintor Di Cavalcanti, alegando que a imagem do pai foi violada em função do filme com cenas do funeral e sepultamento do pintor.[16][17] Em 2004, a família do diretor do filme Glauber Rocha disponibilizou uma versão sem cortes do filme na internet, hospedada em um servidor fora do Brasil.[18] |
1982 | Pra Frente, Brasil | Banido por críticas políticas à ditadura militar brasileira. Foi liberado no ano seguinte.[8] |
1984 | Cabra Marcado para Morrer | Foi banido por ser "manifesto ao comunismo". Durante a produção do filme, em 1984, o roteiro, fotografias e outros materiais foram apreendidos e membros da produção do filme chegaram a ser presos.[19] O filme conta a biografia de João Pedro Teixeira, líder sindical paraibano assassinado em 1962.[4] Liberado em 1984.[20] |
República Nova (1985-presente)
editarAno | Título | Motivações |
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1985 | Je vous salue, Marie | Banido no governo de José Sarney, sob a alegação de que insultava a fé cristã (embora o Brasil fosse oficialmente um Estado laico).[21] Foi liberado após a promulgação da Constituição de 1988.[22][21] |
1993 | Beyond Citizen Kane | Banido devido a uma ação judicial do empresário Roberto Marinho.[23][1] |
2011 | Srpski film | Banido por ser considerado como "apologia à pornografia infantil e violência extrema".[24] O filme foi exibido no VII Festival de Cinema Fantástico de Porto Alegre e selecionado para o Festival de Cinema Fantástico do Rio de Janeiro.[25] No entanto foi retirado por ordem da Caixa Econômica Federal, principal patrocinadora do evento. Uma nova exibição foi planejada fora do festival,[26] mas a cópia do filme foi apreendida atendendo a uma ação ajuizada pelo diretório regional do Democratas.[27] Foi liberado em 2012.[28] |
2015 | Love | Não chegou a ser proibido, no entanto, muitas cenas de sexo explícito e nudez foram cortadas durante a exibição no Brasil.[1] |
2022 | Como se Tornar o Pior Aluno da Escola | Proibido por ordem do Ministério da Justiça e Segurança Pública, que alegou que o filme faz apologia à pedofilia. A decisão foi recebida com protestos e severas críticas de Fábio Porchat, que atuou no filme, e de Danilo Gentili, que atuou, produziu e roteirizou o filme.[29] O serviço de vídeo sob demanda do Grupo Globo, Globoplay, desafiou a proibição, afirmando que não cumprirá a ordem por se tratar de uma censura inconstitucional que viola o direito à liberdade de expressão consagrado na Constituição brasileira.[30] |
Ver também
editarReferências
- ↑ a b c d e «Filmes que foram censurados no Brasil». CineClick. Consultado em 14 de agosto de 2021
- ↑ Justa, Ticiana Sá da. «O consumo de filmes em cinemas no Brasil: uma análise de florestas aleatórias». Consultado em 14 de agosto de 2021
- ↑ Eduardo, Cléber. «Rio, 40 Graus faz 50 anos». Época. Consultado em 21 de outubro de 2021
- ↑ a b c d «Sexo, religião e Rede Globo: 10 filmes que foram censurados no Brasil». br.noticias.yahoo.com. Consultado em 14 de agosto de 2021
- ↑ «Untitled Document». www.contracampo.com.br. Consultado em 14 de agosto de 2021
- ↑ «Caixa reúne cinco filmes restaurados de Nelson Pereira dos Santos - Cultura». Estadão. Consultado em 14 de agosto de 2021
- ↑ Pereira, Tamires dos Santos. «Filmes multicamadas para materiais fertiliberadores baseados em carboximetilcelulose/quitosana/zeólitas-fertilizantes». Consultado em 14 de agosto de 2021
- ↑ a b Azevedo, Fabiano Cataldo (24 de junho de 2021). «O Silêncio dos Livros Censurados pela Ditadura Militar: uma abordagem a partir da perspectiva do Patrimônio Bibliográfico». Revista Conhecimento em Ação (1): 159–186. ISSN 2525-7935. doi:10.47681/rca.v6i1.43588. Consultado em 14 de agosto de 2021
- ↑ «Após 7 anos proibido, censura liberou 'Último Tango em Paris' - Notícias». Estadão. Consultado em 14 de agosto de 2021
- ↑ «Aquele tango em Paris que não acaba nunca». ISTOÉ Independente. 28 de dezembro de 2019. Consultado em 14 de agosto de 2021
- ↑ «Símbolo sexual, atriz e modelo Sylvia Kristel viveu a eterna Emmanuelle». O Globo. 13 de outubro de 2017. Consultado em 24 de janeiro de 2022
- ↑ «Drawing up a Shortlist». Palgrave Macmillan. ISBN 978-1-137-41294-2. Consultado em 14 de agosto de 2021
- ↑ «'O massacre da serra elétrica' completa 40 anos e será exibido dentro e fora do Brasil». Divirta-se mais. 21 de maio de 2014. Consultado em 14 de agosto de 2021
- ↑ Brazilian Road Movie : Journeys of (Self) Discovery. Sara Brandellero. Cardiff, UK: University of Wales Press. 2013. OCLC 854708652
- ↑ «Cinco filmes que incomodaram a censura durante a ditadura militar no Brasil». GZH. 16 de janeiro de 2013. Consultado em 24 de janeiro de 2022
- ↑ Souza, Arthur Arantes (2019). «Glauber Rocha: campo de estudos sobre um cineasta». Universidade do Porto. Faculdade de Letras: 382–401. ISBN 978-989-8969-18-7. Consultado em 14 de agosto de 2021
- ↑ «Veja Di Cavalcanti Di Glauber, o "filme proibido" de Glauber Rocha». Vermelho. Consultado em 14 de agosto de 2021
- ↑ «Curta de Glauber dribla proibição e ganha a internet». O Estado de S.Paulo. 29 de abril de 2004. Consultado em 26 de maio de 2020
- ↑ Lins, Consuelo (2004). O documentário de Eduardo Coutinho : televisão, cinema e vídeo. Rio de Janeiro: Zahar. ISBN 978-8571107694. OCLC 57029046
- ↑ «Triunfo e tormento». revista piauí. Consultado em 21 de outubro de 2021
- ↑ a b Silva, Eumano (10 de janeiro de 2020). «Sarney tentou impedir brasileiros de ver um filme do Godard». Metrópoles. Consultado em 21 de outubro de 2021
- ↑ Pellegrini Grinover, Ada (1 de dezembro de 2000). «O código modelo de processo penal para Ibero-América 10 anos depois». Derecho PUCP (53): 949–959. ISSN 2305-2546. doi:10.18800/derechopucp.200001.030. Consultado em 14 de agosto de 2021
- ↑ «Documentário polêmico sobre a Globo completa dez anos». Estadão. 8 de agosto de 2003. Consultado em 14 de agosto de 2021
- ↑ «NETWATCH: Botany's Wayback Machine». Science (5831): 1547d–1547d. 15 de junho de 2007. ISSN 0036-8075. doi:10.1126/science.316.5831.1547d. Consultado em 14 de agosto de 2021
- ↑ «VII Festival Internacional de Cinema Fantástico de Porto Alegre». Fantaspoa. Consultado em 14 de agosto de 2021
- ↑ «Censurado na Europa, filme sérvio tem sessão proibida em evento no Rio». G1. 21 de julho de 2011. Consultado em 21 de outubro de 2021
- ↑ «Abraccine repudia veto a filme no Festival de Cinema Fantástico do Rio». Correio do Povo. 23 de julho de 2011. Consultado em 21 de outubro de 2021. Arquivado do original em 11 de janeiro de 2012
- ↑ «Juiz libera exibição de "A Serbian Film"». UOL. 6 de julho de 2012. Consultado em 14 de agosto de 2021
- ↑ Inoue, Giovanna; Galvani, Giovanna; Figueiredo, Carolina (15 de março de 2022). «Ministério da Justiça determina remoção do filme "Como se tornar o pior aluno da escola"». CNN Brasil. Consultado em 16 de março de 2022
- ↑ Cunha, Gustavo (15 de março de 2022). «Streamings do Grupo Globo dizem que ordem do governo para tirar do ar filme com Porchat e Gentili é inconstitucional e manterão exibição». O Globo. Consultado em 16 de março de 2022