Maria (filha de Maurício)

Maria ou Mariã foi uma grega cristã do Império Bizantino do fim do século VI e começo do VII, que se casou em data desconhecida com o xá do Império Sassânida Cosroes II (r. 590–628). Inúmeras fontes não bizantinas dizem que era filha do imperador Maurício (r. 582–602) e que o casamento teria sido realizado aquando da restauração de Cosroes ao seu trono, que havia sido usurpado por Vararanes VI (r. 590–591) e foi recuperado com apoio bizantino. Nenhuma fonte bizantina, porém, confirma tal genealogia. Seja como for, é sabido que era mãe de Siroes,[1] o filho mais velho,[2][3] e Borana.[4] Apesar de sua senioridade, Cosroes preferiu nomear como sucessor Merdasas, filho de Sirém. Num golpe de Estado, Siroes derrubou seu pai e matou todos os seus irmãos e meio-irmãos.[5] O Xanamé de Ferdusi contradiz sua senioridade, alegando que Cosroes e Sirém já eram casados antes do exílio no Império Bizantino em 590.[6]

Maria
Bambišn do Império Sassânida
com Sirém e Gordia
Reinado 590 - ?
Antecessor(a) Incerto
Sucessor(a) Incerto
 
Nascimento Desconhecido
Morte Desconhecido
Cônjuge Cosroes II
Descendência
Dinastia sassânida
Pai Maurício
Mãe Constantina
Religião Cristianismo

Para Wilhelm Baum, que concorda com a genealogia das fontes, o casamento de Cosroes e Maria pretendia estabelecer uma aliança matrimonial da dinastia sassânida com a dinastia justiniana.[6] Dentre as fontes que a citam estão os relatos da Crônica de Edessa, de Dionísio I de Tel Mare  (conforme preservado na Crônica de 1234), de Atabari, do patriarca grego Eutíquio de Alexandria, de Ferdusi, a Crônica de Sirte, de Miguel, o Sírio, de Bar Hebreu e do Mir-Quevande. Tomando por certo que era filha legítima de Maurício, e tendo em conta que se casou com sua esposa Constantina em agosto de 582, em 590 Maria teria menos de oito anos. Teofilacto Simocata, a fonte mais completa sobre o reinado de Maurício, nunca a menciona.[7]

O Xanamé coloca a história de Maria morrendo, envenenada por Sirém. Histórias posteriores as caracterizando como rivais. Em vários casos, sua luta é baseada na tentativa de elevar diferentes herdeiros ao trono (Siroes e Merdasas).[8] Baum considera Sirém uma figura histórica, e Maria sendo uma figura lendária, talvez originada com uma Maria histórica do Império Bizantino, que era membro do harém de Cosroes, mas não era uma rainha, nem uma princesa imperial.[9]

Referências

  1. Martindale 1992, p. 827.
  2. Teófanes, o Confessor 1997, p. 453-455.
  3. Martindale 1992, p. 276.
  4. Tabari 1999, p. 404 (nota 996).
  5. Howard-Johnston 2010.
  6. a b Baum 2004, p. 24-26.
  7. Baum 2004, p. 26-27.
  8. Baum 2004, p. 28.
  9. Baum 2004, p. 27-28.

Bibliografia editar

  • Baum, Wilhelm (2004). Christian, queen, myth of love, a woman of late antiquity, historical reality and literary effect. Piscataway, Nova Jérsei: Gorgias Press LLC. ISBN 1-59333-282-3 
  • Howard-Johnston, James (2010). «Ḵosrow II». Enciclopédia Irânica. Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Colúmbia 
  • Martindale, John R.; Jones, Arnold Hugh Martin; Morris, John (1992). «Maria (Mariam) 6». The Prosopography of the Later Roman Empire - Volume III, AD 527–641. Cambrígia e Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Cambrígia. ISBN 0-521-20160-8 
  • Tabari (1999). Bosworth, C.E., ed. The History of al-Tabari Vol. V - The Sasanids, The Byzantines, the Lakhmids and Yemen. Nova Iorque: Imprensa da Universidade Estadual de Nova Iorque 
  • Teófanes, o Confessor (1997). The Chronicle of Theophanes Confessor - Byzantine and Near Easter History AD 284-813. Traduzido por Mango, Cyril; Scott, Roger. Oxônia: Imprensa Clarendon