Maria Dusá é o título do romance do escritor brasileiro Lindolfo Rocha, que trazia por subtítulo (Garimpeiros) – romance de costumes sertanejos e "chapadistas". Com capítulos publicados originalmente em 1908 no Diário de Notícias,[1][nota 1] e como livro no ano de 1910: "Apesar do seu “esquecimento” na literatura, após a 1ª edição do romance Maria Dusá, publicado pela Livraria Chardron (...) outras edições foram publicadas por editoras brasileiras, a saber: Instituto Nacional do Livro, Ática e Ediouro. Dentre as edições, destaca-se a Edição Didática - Ática e a Coleção Prestígio - Ediouro por apresentarem edições preparadas essencialmente à finalidade didática e, consequentemente, constituírem atividades pedagógicas para um público específico", como informam Souza e Barreiros.[2][nota 2]

Maria Dusá
Maria Dusá (Garimpeiros) – romance de costumes sertanejos e "chapadistas"
Maria Dusá
Foto da 1ª edição, no Porto
Autor(es) Lindolfo Rocha
Idioma português brasileiro
País  Brasil
Assunto
  • garimpo de diamantes
  • seca de 1859-1860
Gênero
Linha temporal década de 1860
Localização espacial Chapada Diamantina
Editora Livraria Chardron
Lançamento 1910

Ambientado no hoje povoado de Igatu, então conhecido como Xique-Xique,[1][nota 3] região das "Lavras" (Mucugê, Lençóis e Andaraí, ao que se acresce Rio de Contas) na Chapada Diamantina, a partir do ano de 1860.[2]

Enredo

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A história se desenvolve em torno de um fenômeno comum na literatura, que teve seu ápice no romantismo e se projetou além dele no século XX, do "duplo" - no caso a enorme semelhança entre a personagem-titulo e Maria Alves, uma retirante.[1]

Num ambiente devastado por uma seca prolongada que tivera seu auge em 1859, o jovem tropeiro Ricardo vindo de Minas Gerais hospeda-se em uma fazenda onde a pobreza domina e, em troca de mantimentos, oferecem-lhe como pagamento a filha mais velha, que ele bondosamente liberta. Chegando a Mucugê, com sua tropa, reage a uma tentativa de furto e, receoso de haver praticado um crime, torna-se um fugitivo até ser reabilitado.[3]

Neste momento da estória, conhece uma prostituta que, em razão das risadas, recebera o apelido de "Dusá" ("dos ah"), e confunde-a com aquela outra Maria que recebera por pagamento, o que gera grande confusão e, com a chegada mais tarde, da Maria Alves até a Chapada, as duas mulheres se conhecem e Dusá, apesar de ter-se apaixonado por Ricardo, esforça-se por reconciliar os dois e elucidar a confusão que o moço fizera.[3]

Dusá abandona a vida no meretrício e, com o nome de Maria Emereciana, ajuda o jovem Ricardo que mergulhara na pobreza após os infortúnios da vida de garimpeiro a que se dedicou, até os esclarecimentos e reviravoltas finais, com a solução do caso amoroso entre Dusá e Ricardo.[3]

Personagens principais

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A trama gira em torno de três figuras principais: Ricardo Brandão, e duas Marias: a Alves e Dusá, que dá o título. Além desses tem-se:[3]

  • Raimundo Alves - fazendeiro que hospeda Ricardo e lhe vende a filha Maria;
  • Felipe - empregado e companheiro de Ricardo
  • Manuel Pedro - aliado de Dusá

Crítica

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Em 1953 Aloísio de Carvalho Filho escreveu: "Maria Dusá contém, em número incontável, expressões e ditos sertanejos interessantíssimos. Pena é o sr. LINDOLFO ROCHA, que tão bem os soube arrumar, pelo correr do romance, não tivesse dado, em apêndice, a sua significação, o que duplicaria, por certo, o valor desse livro".[1]

Impacto cultural

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A telenovela Maria, Maria, exibida originalmente em 1978 pela rede Globo, foi baseada no romance e a história foi adaptada por Manoel Carlos (que estreou ali como roteirista de novelas) tendo Nívea Maria no papel de Maria Alves e de Maria Dusá, Cláudio Cavalcanti como Ricardo, além de elenco que contou com Wilson Grey, Haroldo de Oliveira, Léa Garcia entre outros, e as gravações foram no Rio de Janeiro procurando imitar a paisagem do sertão baiano.[4]

Notas e referências

Notas

  1. A fonte diz que essa publicação se dera no Jornal de Noticias, em 1908, mas este jornal circulou entre 1891 e 1898; Rocha, nessa data, era um dos diretores do Diário, de modo que a autora deve ter errado o nome do periódico.
  2. Esse texto está em Creative Commons 3.0, daí a sua citação aqui.
  3. Mais uma imprecisão da autora ao referir-se à "cidade de Xique-Xique", que dá margem a situar-se o romance num outro espaço geográfico; ocorre que, durante o período áureo do garimpo de diamantes Xique-Xique de Igatu conhecera uma grande prosperidade, e hoje suas ruínas são das grandes atrações turísticas na área do Parque Nacional da Chapada Diamantina.

Referências

  1. a b c d Júnia Tanúsia Antunes Meira (2015). «Uma escrita à margem: o romance Maria Dusá, de Lindolfo Rocha» (PDF). Universidade Estadual de Montes Claros. Consultado em 27 de dezembro de 2023. Cópia arquivada em 27 de dezembro de 2023 
  2. a b Damares Oliveira de Souza; Patrício Nunes Barreiros (4 de abril de 2023). «Crenças, atitudes linguísticas e ensino: um olhar sobre o romance Maria Dusá, de Lindolfo Rocha». Revista do GELNE, v. 25, n. 1. Consultado em 27 de dezembro de 2023. Cópia arquivada em 27 de dezembro de 2023 
  3. a b c d Fernando da Silva Monteiro (março de 2018). «Maria Dusá: uma narrativa das Lavras Diamantina (sic)». revistas.uneb.br. Garimpus XXIII - Revista de Linguagens, Educação e Cultura na Chapada Diamantina, vol. 1. Consultado em 31 de julho de 2024. Cópia arquivada em 29 de julho de 2020. Ligação para download automático 
  4. «Maria, Maria». Memória Globo. Consultado em 30 de dezembro de 2020. Cópia arquivada em 23 de outubro de 2021 

Ligações externas

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