Microstilbon burmeisteri

espécie de ave
(Redirecionado de Microstilbon)
Microstilbon burmeisteri
Ilustração por John Gerrard Keulemans
CITES Appendix II (CITES)[2]
Classificação científica
Reino:
Filo:
Classe:
Ordem:
Família:
Subfamília:
Tribo:
Gênero:
Microstilbon

Todd, 1913
Espécies:
M. burmeisteri
Nome binomial
Microstilbon burmeisteri
Distribuição geográfica
Sinónimos[3][4]

Chætocercus burmeisteri Sclater, P.L., 1888
Microstilbon insperatus (Todd, 1913)

O estrelinha-de-cauda-fina,[5][6] também conhecido por colibri-de-cauda-estreita[7] (nome científico: Microstilbon burmeisteri), é uma espécie de ave apodiforme pertencente à família dos troquilídeos, que inclui os beija-flores. É o único representante do gênero Microstilbon, que é monotípico. Por sua vez, também é, consequentemente, a espécie-tipo deste gênero. Pode ser encontrada em altitudes entre 1600 e 2600 metros acima do nível do mar, distribuindo-se desde o centro-sul da Bolívia ao norte da Argentina.[8]

Etimologia editar

Etimologicamente, na nomenclatura binomial, ambos os nomes latinos do gênero e do descritor específico, respectivamente, são derivados de termos da língua grega antiga, originalmente. O nome "microstilbon" se dá pela aglutinação dos termos: μικρος, mikrós, este que significa literalmente "pequeno, curto", referência ao seu comprimento, adicionado da palavra στιλβων, stilbōn, através de outro termo στιλβοντος stilbontos, que significa literalmente "brilhante, cintilante", termo anteriormente utilizado para descrever um planeta de tamanho pequeno, nos dias atuais identificado como Mercúrio. Este último termo, por sua vez um derivado do verbo στιλβω, stilbō, que significa literalmente as palavras "brilhar, cintilar".[9][10]

Seus nomes comuns dentro do português brasileiro e português europeu, respectivamente, se baseiam nas características fisiológicas desta ave: "estrelinha-de-cauda-fina" utilizado para descreve principalmente a largura estreita de sua cauda, que por ser bifurcada e, ainda, constituída por penas mais estreitas e pouco volumosas, aparentaria ser mais fina do que aquelas de outros beija-flores.[5] O nome no dialeto português também destaca a cauda dentro da nomenclatura vernácula, porém usa-se de um sinônimo linguístico: "estreito".[7][11]

Descrição editar

O estrelinha-de-cauda-fina possui uma média variável entre sete até nove centímetros de comprimento. Em tamanho, apresentam cerca de 2,5 gramas, onde por causa do dimorfismo sexual, os machos são maiores que as fêmeas. O representante macho do estrelinha-de-cauda-fina apresenta um tipo gargantilha ou uma gorgeira roxo-avermelhado ou magenta intenso, esta que se inicia na extremidade do bico, por onde segue até a garganta, se assemelhando à um bigode, e que lhe diferencia da fêmea. Ambos sexos apresentam o bico preto curto e ligeiramente curvilíneo, bem como as partes superiores em verde-brilhante e uma faixa esbranquiçada atrás dos olhos, traços marcantes da subfamília dos troquilíneos. No abdômen, plumagem da região inferior majoritariamente branca e com as manchas esverdeadas nas laterais. Na cauda possui coloração escurecida, quase inteiramente preta, com as coberteiras infracaudais castanhas-avermelhadas, ou mesmo canelas. As fêmeas apresentam os lados da face mais escurecidos. A cauda curta e bastante bifurcada possui comprimento de 3 centímetros. Nas partes lisas da plumagem, a garganta do macho têm cor branco pálido. Os beija-flores imaturos são muito similares, pelo menos visualmente, com a fêmea, que têm as partes inferiores mais beges, bem como suas penas centrais da cauda em verdes, com o resto em canela com uma faixa preta perto do final.[12]

Sistemática editar

Esta espécie seria originalmente descrita em meados do ano de 1888, pelo pesquisador inglês Philip Lutley Sclater, que se tornaria conhecido principalmente por suas contribuições à ornitologia. Primeiramente, seu tipo nomenclatural seria coletado algum tempo antes por Hermann Burmeister, que entre o final da década de 1850 até 1860, serviria como um colecionador de espécimes na Argentina, à época na qual se acredita que Burmeister tenha coletado-o. Sua localidade-tipo está atribuída ao Valle de Tafí, província de Tucumán, Argentina, de onde esse espécime seria direcionado ao acervo do Museu Nacional de Buenos Aires, após de ser enviado a Sclater através de correspondência. No seu nome científico original, esta seria atribuída a Chaetocercus. Em meados do século XX, exatamente em 1913, outro ornitólogo, um estadunidense, Walter Edmond Clyde Todd, descreveria a espécie no gênero Microstilbon, onde permanece até atualmente. Sendo o único representante de seu gênero, ele se classifica como um monotipo, no qual a espécie caracteriza-se como a espécie-tipo do gênero Microstilbon.[13][3][4] Não possui nenhuma subespécie reconhecida, sendo uma espécie monotípica.[14][15][16]

Distribuição e habitat editar

O estrelinha-de-cauda-fina pode ser encontrado nos departamentos bolivianos de Cochabamba até Santa Cruz, ao sul, através das províncias argentinas de Jujuy, Salta e Tucumán. Há um registro histórico da área mais ao norte de La Paz, na Bolívia, podendo ser uma atribuição errônea ou uma localização antiga no qual a espécie se extinguiu. Esta ave habita florestas decíduas, áreas arbustivas, arbustos espinhosos e ravinas densamente vegetadas. Em elevação, varia entre 1100 e 2.600 metros acima do nível do mar, no qual pode se encontrar mais frequentemente a partir dos 1600 metros.[12]

Comportamento editar

Embora não existam muitos detalhes, há frequentes suspeitas de que estrelinhas-de-cauda-fina realizem movimentos sazonais de elevação e pode até ser um migrante austral.[12]

Alimentação editar

A estrelinha-de-cauda-fina forrageia bem em grandes altitudes na vegetação, onde suas batidas rápidas de asas lembram as de um zangão. Outros beija-flores a dominam em relação ao território. Possuem registros do mesmo alimentando-se com o néctar de plantas e flores epífitas e supõe-se que néctar em outros tipos de plantas. Também pode se alimentar de artrópodes e insetos.[12]

Reprodução editar

Alguns pouquíssimos ninhos de estrelinha-de-cauda-fina registrados sugerem um possível ciclo estral que inclui dezembro e janeiro. O ninho possui um formato semelhante a de um copo sendo composto por fibras vegetais macias cobertas com líquen, fixado em um galho de árvore com teias de aranha a cerca de seis metros acima do solo. A duração da incubação e do tempo até a emplumação não são conhecidos.[12]

Vocalização editar

Poucas vocalizações do estrelinha-de-cauda-fina são conhecidas. Ele faz "uma série de notas maçantes de 'chip'" enquanto se alimenta e paira.[12]

Estado de conservação editar

A Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas, publicada pela IUCN, considerou estrelinha-de-cauda-fina como espécie "pouco preocupante". No entanto, possui um alcance restrito e as suas tendências populacionais e aumento são desconhecidos. Não seria identificada qualquer ameaça imediata.[1] É considerado bastante comum, embora difícil de observar porque é muito pequeno e reservado. Acredita-se que se adapte em habitats construídos por humanos até certo ponto. É encontrado em pelo menos uma área protegida na Argentina.[1]

Referências

  1. a b c BirdLife International (1 de outubro de 2016). «Slender-tailed Woodstar (Microstilbon burmeisteri. The IUCN Red List of Threatened Species. 2016: e.T22688182A93185714. doi:10.2305/IUCN.UK.2016-3.RLTS.T22688182A93185714.en . e.T22688182A93185714. Consultado em 29 de dezembro de 2022 
  2. «Appendices | CITES». cites.org. Consultado em 22 de dezembro de 2022 
  3. a b Todd, Walter Edmond Clyde (1913). «Preliminary diagnoses of apparently new birds from tropical America». Washington: Biological Society of Washington. Proceedings of the Biological Society of Washington (em inglês). 26: 174. ISSN 0006-324X. Consultado em 29 de dezembro de 2022 
  4. a b Sclater, Philip Lutley (1887). «Description of a supposed new Humming-bird of the genus Chaetocercus, contained in a letter received from Dr. H. Burmeister». Londres: Academic Press. Proceedings of the Zoological Society of London (em inglês). 4: 638–639. ISSN 0370-2774. Consultado em 29 de dezembro de 2022 
  5. a b Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. p. 113. ISSN 1830-7809. Consultado em 25 de agosto de 2022 
  6. «Microstilbon burmeisteri (estrelinha-de-cauda-fina)». Avibase. Consultado em 29 de dezembro de 2022 
  7. a b Alves, Paulo; Elias, Gonçalo; Frade, José; Nicolau, Pedro; Pereira, João, eds. (2019). «Trochilidae». Nomes das Aves PT. Lista dos Nomes Portugueses. Consultado em 26 de dezembro de 2022 
  8. Gill, Frank; Donsker, David; Rasmussen, Pamela, eds. (11 de agosto de 2022). «Hummingbirds». IOC World Bird List (em inglês) 12.1 ed. Consultado em 21 de dezembro de 2022 
  9. Beekes, Robert S. P. (2010). van Beek, Lucien, ed. «Etymological Dictionary of Greek». Brill Academic Pub. Leiden Indo-European Etymological Dictionary Series. 10. ISBN 9789004174207. Consultado em 23 de dezembro de 2022 
  10. Jobling, James A. (1991). A Dictionary of Scientific Bird Names. Oxford: Oxford University Press. ISBN 0-19-854634-3. OCLC 45733860 
  11. Infopédia (2022). «estreito». Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa. Porto: Porto Editora. Consultado em 26 de dezembro de 2022 
  12. a b c d e f Züchner, Thomas; de Juana, Eduardo; Boesman, Peter F. D.; Kirwan, Guy M. (2020). «Slender-tailed Woodstar (Microstilbon burmeisteri), version 1.0». Birds of the World (em inglês). doi:10.2173/bow.sltwoo1.01. Consultado em 29 de dezembro de 2022 
  13. Flower, W.H. (1 de janeiro de 1888). «Societies and Academies». Nature (em inglês). 37 (949): 239–240. ISSN 1476-4687. doi:10.1038/037239a0. Consultado em 29 de dezembro de 2022 
  14. Remsen, J. V., Jr., J. I. Areta, E. Bonaccorso, S. Claramunt, A. Jaramillo, D. F. Lane, J. F. Pacheco, M. B. Robbins, F. G. Stiles, e K. J. Zimmer. (31 de janeiro de 2022). «A classification of the bird species of South America». American Ornithological Society. Consultado em 2 de outubro de 2022 
  15. BirdLife International (2020). «Handbook of the Birds of the World and BirdLife International digital checklist of the birds of the world». Datazone BirdLife International. Consultado em 2 de outubro de 2022 
  16. Clements, J. F., T. S. Schulenberg, M. J. Iliff, S. M. Billerman, T. A. Fredericks, J. A. Gerbracht, D. Lepage, B. L. Sullivan, and C. L. Wood. (2021). «The eBird/Clements checklist of Birds of the World: v2021». Cornell Lab of Ornithology. Consultado em 2 de outubro de 2022 

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