Palestinos (português brasileiro) ou palestinianos (português europeu) (em árabe: الشعب الفلسطيني, ash-sha`b al-filasTīni), também chamados de árabes palestinos/palestinianos (em árabe: الفلسطينيون, al-filasTīnīyyūn; em árabe: العرب الفلسطينيون, al-`Arab al-filasTīnīyyūn), são os integrantes de um povo mediterrâneo nativo do Levante, com origens familiares na Palestina (Territórios palestinos), ou seja, descendem das populações que habitam essa região há milênios.

Palestinos/Palestinianos(a)
(em árabe) الفلسطينيون / al-Filasṭīniyyūn
Bandeira da Palestina
Crianças palestinas em Jenin
População total

c. 14,3 milhões[1]

Regiões com população significativa
 Palestina 5 350 000 [2]
 – Cisjordânia (inclusive Jerusalém Oriental) 3 190 000 [2]
 – Faixa de Gaza 1 170 000 [2]
 Jordânia 3 240 000 [3][4]
 Israel 1 650 000 [5][6]
 Síria 630 000
 Chile 500 000 [7]
 Líbano 402 582
 Arábia Saudita 280 245
 Egito 270 245
 Estados Unidos 255 000 [8]
 Honduras 250 000
 Emirados Árabes Unidos 170 000
 México 120 000
 Catar 100 000
 Alemanha 80 000 [9]
 Kuwait 70 000
 El Salvador 70 000 [10]
 Brasil 59 000 [11]
 Iraque 57 000 [12]
 Iémen 55 000
 Canadá 50 975 [13]
 Austrália 45 000
 Líbia 44 000
 Reino Unido 20 000 [9]
 Peru
 Colômbia 12 000
 Paquistão 10 500
 Países Baixos 9 000
 Suécia 7 000 [14]
 Guatemala 1 400
Línguas
Territórios Palestinos:
árabe, hebraico, inglês, neo-aramaico e grego
Israel
árabe, hebraico, inglês, neo-aramaico e grego
Diáspora:
Outras variedades do árabe e línguas vernaculares dos países receptores
Religiões
Majoritária: islamismo sunita
Minoritária: cristianismo, islamismo druso, judaísmo
Grupos étnicos relacionados
Outros povos do Levante, povos mediterrâneos, canaanitas, povos do mar, povos do Oriente Médio: semitas: asquenazes, sefardim, mizrahim, samaritanos, árabes, assírios[15][16]

Seu idioma é o árabe, possuindo um dialeto local, e a religião predominante é o islamismo sunita, mas existe uma importante minoria cristã. Boa parte dos palestinos que são cidadãos árabes de Israel são bilíngues, também falando o hebraico.

A identidade nacional palestina tem sido gradualmente afirmada desde a segunda metade do século XX e foi essencialmente esclarecida durante o conflito árabe-israelense, à medida que continuou na forma de um Conflito israelo-palestino. Os atuais palestinos exigem o reconhecimento por parte de Israel do Estado da Palestina.[17]

Etimologia editar

A região histórica da Palestina foi assim denominada pelos gregos e romanos por causa de um dos povos que habitavam essa área, os filisteus.

O primeiro uso mais abrangente do termo "palestino" como um endônimo, para se referir ao conceito nacionalista de um povo palestino, se deu antes do início da Primeira Guerra Mundial, quando a região ainda era dominada pelo Império Otomano,[18] e a primeira manifestação pública exigindo a independência nacional foi manifestada pelo Congresso Sírio-Palestino, em 21 de setembro de 1921.[19] Após a criação do Estado de Israel (1948), o êxodo de 1948 (denominado pelos palestinos de Nakba, que significa "tragédia" em árabe) e, mais ainda, o êxodo após a Guerra dos Seis Dias (1967), o termo passou a significar não apenas um local de origem, mas também o sentido de um passado e um futuro compartilhados, na forma de um Estado Palestino.[18]

Fim do Império Otomano editar

O desenvolvimento do nacionalismo árabe afirmou-se em toda a região principalmente sob os efeitos combinados do fim do Império Otomano e de uma reação ao colonialismo europeu. A primeira reunião significativa das sociedades secretas árabes ocorreu em 1913, no Congresso Geral Árabe, que declarou o necessário reconhecimento do povo árabe pelo Império Otomano.

Para os turcos, qualquer manifestação de arabismo é um ato de traição. As detenções, deportações e execuções estavam a aumentar. Abdelhamid al-Zahraoui, que foi presidente do primeiro Congresso Árabe, foi preso com um dos seus principais colaboradores, Abdelkarim Khalil, e, após um julgamento sumário, ambos foram enforcados. Depois, em 1916, Hussein ben Ali desempenhou um papel decisivo na revolta árabe contra o Império Otomano, então liderada pelo partido Jovens Turcos.

Origem editar

Arnaiz-Villena et. al. (2001) afirmam que "a comparação com outras populações mediterrâneas usando dendrogramas de junção de vizinhos e análises de correspondência revelam que os palestinos são geneticamente muito próximos dos judeus e de outras populações do Oriente Médio, incluindo turcos, libaneses, egípcios, armênios e iranianos. Dados arqueológicos e genéticos apoiam que judeus e palestinos vieram dos antigos cananeus, que se misturaram extensivamente com egípcios, mesopotâmicos e povos da Anatólia nos tempos antigos. Assim, a rivalidade palestino-judaica é baseada em diferenças culturais e religiosas, mas não em diferenças genéticas".[20]

Com a conquista muçulmana da Síria pelo Califado Rashidun, as populações que habitavam as regiões históricas da Palestina e da Síria foram arabizadas e, em grande parte, adotaram o Islã como religião.

Situação recente e atual editar

Na região que inclui Israel, Cisjordânia e Faixa de Gaza, em 2004, os palestinos constituíam 49% de todos os habitantes,[21] alguns dos quais são classificados como deslocados internos, isto é, dentro da Palestina histórica. O restante constituiu a diáspora palestina, sendo mais da metade formada por refugiados apátridas, isto é, desprovidos de cidadania em qualquer país.[22] Destes palestinos exilados, cerca de 1,9 milhão vivem na vizinha Jordânia,[23] 1,5 milhão vivem entre a Síria e o Líbano, 250 mil na Arábia Saudita, enquanto os 500 mil que vivem no Chile formam a maior concentração de palestinos fora do mundo árabe.

A Organização para a Libertação da Palestina (OLP), fundada por Yasser Arafat em 1964, representa o povo palestino perante a comunidade internacional.[24] A Autoridade Nacional Palestina, criada oficialmente como resultado dos Acordos de Oslo, é o organismo administrativo interino responsável, nominalmente, pelo governo dos territórios palestinos.

Estudos genéticos editar

De acordo com um estudo crítico sobre “As origens dos Ashkenazim, dos Judeus Ashkenazi e do Iídiche” conduzido por Ranajit Das, Paul Wexler, Mehdi Pirooznia e Eran Elhaik publicado em junho de 2017 pela Frontiers in Genetics, uma antiga origem levantina seria “ predominante entre os populações modernas do Levante (por exemplo, beduínos e palestinos)” com base na análise de componentes principais (PCA) [de DNA ].[25] Além disso, em estudo realizado por Marc Haber et al. publicado em agosto do mesmo ano pelo The American Journal of Human Genetics , os autores concluíram que "a sobreposição [do DNA] entre a Idade do Bronze e os levantinos contemporâneos sugere um certo grau de continuidade genética na região".[26]

Em um estudo realizado com homens de todo o mundo, o geneticista Michael Hammer, da Universidade do Arizona, em Tucson , descobriu que o cromossomo Y dos árabes do Oriente Médio é “quase indistinguível do dos judeus”. A equipe da geneticista Ariella Oppenheim, da Universidade Hebraica de Jerusalém, realizou um estudo complementar ao anterior, com foco em judeus asquenazes e sefarditas e em árabes israelenses e palestinos; a conclusão é que estes homens têm “ancestrais comuns ao longo dos últimos milhares de anos”.[27] “Estas descobertas coincidem com relatos históricos de que alguns árabes muçulmanos são descendentes de cristãos e judeus que viviam no sul do Levante, uma região que inclui Israel e o Sinai. Seriam descendentes de uma população central que vivia na região desde os tempos pré-históricos[27]

Referências

  1. "Palestinian Central Bureau of Statistics (PCBS) Presents the Conditions of Palestinian Populations on the Occasion of the International Population Day, 11/07/2022" Arquivado em 2023-11-27 no Wayback Machine, Escritório Central de Estatísticas Palestino (ECSP), 7 de julho de 2022
  2. a b c «Palestinian Central Bureau of Statistics». Palestinian Central Bureau of Statistics 
  3. UNRWA
  4. Cordesman, 2005, p. 54. O número baseia-se em uma estimativa para 2005, por extrapolação de uma população de 2.3 milhões em 2001.
  5. «Population, by Population Group» (PDF). Monthly Bulletin of Statistics. Israel Central Bureau of Statistics. 9 de março de 2013. Consultado em 16 de maio de 2013. Arquivado do original (PDF) em 29 de julho de 2013 
  6. Alan Dowty, Critical issues in Israeli society, Greenwood (2004), p. 110
  7. «La Ventana – Littin: "Quiero que esta película sea una contribución a la paz"». Laventana.casa.cult.cu. Consultado em 16 de maio de 2013. Arquivado do original em 13 de maio de 2011 
  8. «American FactFinder». Factfinder.census.gov. Consultado em 12 de maio de 2019. Arquivado do original em 21 de maio de 2008 
  9. a b «The Palestinian Diaspora in Europe». Consultado em 16 de maio de 2013. Arquivado do original em 24 de agosto de 2013 
  10. [1]
  11. «Governo do Estado de São Paulo – Memorial do Imigrante». Consultado em 16 de maio de 2013. Arquivado do original em 23 de março de 2009 
  12. «Cópia arquivada». Consultado em 16 de maio de 2013. Arquivado do original em 20 de julho de 2009 
  13. «Ethnic Origin (247), Single and Multiple Ethnic Origin Responses (3) and Sex (3) for the Population of Canada, Provinces, Territories, Census Metropolitan Areas and Census Agg..». 2.statcan.ca 
  14. «Cópia arquivada». Consultado em 16 de maio de 2013. Arquivado do original em 29 de julho de 2013 
  15. «Hassan et al. (2008)» (PDF). Consultado em 16 de maio de 2013. Arquivado do original (PDF) em 4 de março de 2009 
  16. Cruciani, F; et al. (2007). «Tracing Past Human Male Movements in Northern/Eastern Africa and Western Eurasia: New Clues from Y-Chromosomal Haplogroups E-M78 and J-M12». Molecular Biology and Evolution. 24 (6): 1300–1311. PMID 17351267. doi:10.1093/molbev/msm049  Ver também Supplementary Data Arquivado em 2012-12-05 na Archive.today
  17. Xan Brooks (12 de abril de 2006). «'We have no film industry because we have no country'». The Guardian (em inglês) .
  18. a b «Palestine». Encyclopædia Britannica. 2007. Consultado em 29 de agosto de 2007 
  19. Porath, 1974, p. 117.
  20. Arnaiz-Villena, A.; Elaiwa, N.; Silvera, C.; Rostom, A.; Moscoso, J.; Gómez-Casado, E.; Allende, L.; Varela, P.; Martínez-Laso, J. (outubro de 2001). «The origin of Palestinians and their genetic relatedness with other Mediterranean populations.». Human immunology. 62 (9): 889–900. ISSN 0198-8859. PMID 11543891. Consultado em 10 de novembro de 2010  "The genetic profile of Palestinians has, for the first time, been studied by using human leukocyte antigen (HLA) gene variability and haplotypes. The comparison with other Mediterranean populations by using neighbor-joining dendrograms and correspondence analyses reveal that Palestinians are genetically very close to Jews and other Middle East populations, including Turks (Anatolians), Lebanese, Egyptians, Armenians, and Iranians. Archaeologic and genetic data support that both Jews and Palestinians came from the ancient Canaanites, who extensively mixed with Egyptians, Mesopotamian, and Anatolian peoples in ancient times. Thus, Palestinian-Jewish rivalry is based in cultural and religious, but not in genetic, differences. The relatively close relatedness of both Jews and Palestinians to western Mediterranean populations reflects the continuous circum-Mediterranean cultural and gene flow that have occurred in prehistoric and historic times. This flow overtly contradicts the demic diffusion model of western Mediterranean populations substitution by agriculturalists coming from the Middle East in the Mesolithic-Neolithic transition."
  21. «What is the True Demographic Picture in the West Bank and Gaza? - A Presentation and a Critique». Jerusalem Center for Public Affairs. 10 de março de 2005. Consultado em 6 de fevereiro de 2010 
  22. Arzt, Donna E. (1997). Refugees into Citizens - Palestinians and the end of the Arab-Israeli conflict. [S.l.]: Council on Foreign Relations. p. 74. ISBN 087609194X 
  23. Estatísticas da UNRWA
  24. «Who Represents the Palestinians Officially Before the World Community?». Institute for Middle East Understanding. 2006–2007. Consultado em 27 de julho de 2007. Arquivado do original em 28 de setembro de 2007 
  25. Das, R; Wexler, P; Pirooznia, M; Elhaik, E (2017). «The Origins of Ashkenaz, Ashkenazic Jews, and Yiddish.». Frontiers in genetics (em inglês). p. 87. PMID 28680441. doi:10.3389/fgene.2017.00087 .
  26. Haber, M; Doumet-Serhal, C; Scheib, C; Xue, Y; Danecek, P; Mezzavilla, M; Youhanna, S; Martiniano, R; Prado-Martinez, J; Szpak, M; Matisoo-Smith, E; Schutkowski, H; Mikulski, R; Zalloua, P; Kivisild, T; Tyler-Smith, C (3 agosto 2017). «Continuity and Admixture in the Last Five Millennia of Levantine History from Ancient Canaanite and Present-Day Lebanese Genome Sequences». American journal of human genetics (em inglês). p. 274-282. PMID 28757201. doi:10.1016/j.ajhg.2017.06.013 .
  27. a b i24NEWS (19 de março de 2022). «Génétique: plus de 70% des hommes juifs et arabes partagent des ancêtres paternels communs, selon une étude». www.i24news.tv. Consultado em 4 de junho de 2023 
  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Palestinian people».

Bibliografia editar

Ligações externas editar

 
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