Partido da Refundação Comunista
O Partido da Refundação Comunista (em italiano Partito della Rifondazione Comunista, PRC ou simplesmente Rifondazione Comunista) é um partido político da esquerda reformista italiana, pacifista e ligado aos movimentos sociais. Foi fundado em 1991, por antigos membros do extinto Partido Comunista Italiano.
Partido da Refundação Comunista Partida della Rifondazione Comunista | |
---|---|
Líder | Maurizio Acerbo |
Fundação | 1991 |
Ideologia | Comunismo Socialismo Marxismo Ecossocialismo Pacifismo |
Espectro político | Extrema Esquerda |
Antecessor | Partido Comunista Italiano (minoria) |
Membros (2015) | 17.053 |
Afiliação nacional | Poder para o Povo |
Afiliação europeia | Partido da Esquerda Europeia |
Grupo no Parlamento Europeu | Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Nórdica Verde |
Camera dei Deputati | 0 / 650 |
Senado | 0 / 315 |
Parlamento Europeu | 1 / 73 |
Parlamentos Regionais | 1 / 917 |
Cores | Vermelho |
Seu principal representante é Fausto Bertinotti, atual presidente da Câmara dos deputados, que foi secretário do partido por 12 anos (1994 - 2006). O atual secretário nacional, desde 2 de abril de 2017, é Maurizio Acerbo.[1]
Fundação e primeiros anos
editarEm fevereiro de 1991, quando o Partido Comunista Italiano (PCI) transformou-se no Partido Democrático da Esquerda (PDS) sob a liderança de Achille Occhetto, dissidentes contrários à dissolução do PCI, liderados por Armando Cossutta, lançaram o Movimento pela Refundação Comunista. No mesmo ano, o partido Democracia Proletária (DP), de extrema-esquerda, dissolveu-se, e seus membros se juntaram aos dissidentes do PCI, formando uma frente communista. Em dezembro, o PRC foi constituído oficialmente, e Sergio Garavini foi eleito seu secretário. Nas eleições gerais de 1992, o partido obteve 5,6% dos votos.
Garavini renunciou ao cargo de secretário em junho de 1993 e foi substituído, em janeiro de 1994, por Fausto Bertinotti, um sindicalista da Confederação Geral Italiana do Trabalho (CGIL), que havia deixado o PDS alguns meses antes. Nas eleições de 1994 o PRC integrou a coligação Aliança dos Progressistas, liderada pelo PDS, e obteve 6,1% dos votos. Em junho de 1995, um grupo de dissidentes, liderados por Lucio Magri e Famiano Crucianelli, formou o Movimento dos Comunistas Unitários (MCU), que acabou por se fundir com o PDS, sendo um dos membros fundadores do partido Democratas de Esquerda (DS), em fevereiro de 1998.
A liderança de Bertinotti foi um ponto de virada para o PRC, que saltou para 8.6% dos votos nas eleições de 1996, as quais o partido disputou em uma frouxa aliança com a coalizão de centro-esquerda L'Ulivo. Após as eleições, o PRC decidiu apoiar o primeiro gabinete Prodi, mas logo aumentou a tensão dentro da coalizão e do partido. Em outubro de 1998, o PRC ficou dividido entre aqueles que queriam retirar o apoio ao governo Prodi, liderados por Bertinotti, e aqueles que desejavam manter a aliança, liderados por Cossutta, o presidente do partido. O comitê central apoiava a linha de Bertinotti, mas Cossutta e seus seguidores decidiram apoiar Prodi. Os votos dos aliados não foram suficientes, e o governo perdeu um voto de confiança no Parlamento. Os dissidentes, que controlavam a maioria dos deputados e senadores, acabaram se dividindo e formando um agrupamento comunista rival - o Partido dos Comunistas Italianos (PdCI), que imediatamente se juntou ao primeiro gabinete liderado por Massimo D'Alema, líder dos Democratas de Esquerda e primeiro pós-comunista a exercer o cargo de Presidente do Conselho de Ministros (equivalente a primeiro-ministro).
Consolidação e crescimento
editarDepois de firmar-se como o maior partido comunista da Itália, o PRC começou a ampliar seu escopo visando tornar-se um catalisador de movimentos sociais e o principal representante do movimento antiglobalização na Itália. O partido também forjou novas alianças, no âmbito continental, e contribuiu decisivamente para a fundação do Partido da Esquerda Europeia, em maio de 2004. Depois de perder a maior parte da sua representação parlamentar, o PRC lutou por sua existência e foi afinal recompensado pelos eleitores, superando o PdCI, tanto nas eleições parlamentares europeias de 1999 (4.3% a 2.0%) como nas eleições gerais italianas de 2001 (5.0% a 1.7%).
Em 11 outubro de 2004, foi constituída uma coalizão de centro-esquerda (mais uma vez liderada por Romano Prodi) denominada Grande Alleanza Democratica (depois rebatizada, mais sobriamente, como L'Unione),[2] uma ampliação de L'Ulivo que incluía Italia dei Valori (partido de orientação liberal) e também o PRC. Em abril de 2005, Nichi Vendola, um político abertamente gay e um dos líderes emergentes do partido, elegeu-se presidente da região da Apúlia, tendo sido o único presidente regional ligado ao PRC.
Nas eleições gerais de 2006, o PRC era parte de L'Unione, uma coalizão de partidos de centro-esquerda que superou, por estreita margem, a Casa da Liberdade, de centro-direita, tendo obtido 5,8% dos votos. Após a eleição, Bertinotti, eleito presidente da Câmara dos Deputados, foi substituído por Franco Giordano na secretaria do partido. Foi a primeira vez que o PRC participou de um governo, integrando o Gabinete Prodi II, com Paolo Ferrero como ministro da Solidariedade Social e mais sete vice-ministros. A decisão de participar do governo de coalizão de centro-esquerda e, principalmente, de votar pelo refinanciamento da presença militar italiana no Afeganistão, além do envio de tropas ao Líbano, atraiu críticas de setores da extrema-esquerda europeia,[3] provocando a cisão de vários grupos, incluindo o Partito Comunista dei Lavoratori (Partido Comunista dos Trabalhadores), o Partito di Alternativa Comunista (Partido da Alternativa Comunista) e a Sinistra Critica (Esquerda Crítica). Prodi, cuja maioria era fraca e fragmentada, acabou por renunciar em janeiro de 2008.
Resultados Eleitorais
editarEleições legislativas
editarCâmara dos Deputados
editarData | CI. | Votos | % | +/- | Deputados | +/- | Status | Coligação |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|
1992 | 5.º | 2 204 641 | 5,6 / 100,0 |
35 / 630 |
Oposição | |||
1994 | 6.º | 2 343 946 | 6,1 / 100,0 |
0,5 | 39 / 630 |
4 | Oposição | |
1996 | 5.º | 3 213 748 | 8,6 / 100,0 |
2,5 | 35 / 630 |
4 | Apoio parlamentar | |
2001 | 5.º | 1 868 659 | 5,0 / 100,0 |
3,6 | 11 / 630 |
24 | Oposição | |
2006 | 5.º | 2 229 464 | 5,8 / 100,0 |
0,8 | 41 / 630 |
30 | Governo | |
2008 | 6.º | 1 124 298 | 3,1 / 100,0 |
2,7 | 0 / 630 |
41 | Extra-parlamentar | A Esquerda - O Arco-Íris |
2013 | 7.º | 765 172 | 2,3 / 100,0 |
0,8 | 0 / 630 |
Extra-parlamentar | Revolução Civil | |
2018 | Poder para o Povo |
Senado
editarData | CI. | Votos | % | +/- | Deputados | +/- | Status | Coligação |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|
1992 | 5.º | 2 171 950 | 6,5 / 100,0 |
20 / 315 |
Oposição | |||
1994 | Aliança dos Progressistas | 18 / 315 |
2 | Oposição | ||||
1996 | 4.º | 934 974 | 2,9 / 100,0 |
10 / 315 |
8 | Apoio parlamentar | ||
2001 | 3.º | 1 708 707 | 5,0 / 100,0 |
2,1 | 4 / 315 |
6 | Oposição | |
2006 | 5.º | 2 518 361 | 7,4 / 100,0 |
2,4 | 27 / 315 |
23 | Governo | |
2008 | 6.º | 1 053 228 | 3,2 / 100,0 |
4,2 | 0 / 315 |
27 | Extra-parlamentar | A Esquerda - O Arco-Íris |
2013 | 8.º | 549 987 | 1,8 / 100,0 |
1,4 | 0 / 315 |
Extra-parlamentar | Revolução Civil |
Eleições europeias
editarData | CI. | Votos | % | +/- | Deputados | +/- | Coligação |
---|---|---|---|---|---|---|---|
1994 | 6.º | 2 004 716 | 6,1 / 100,0 |
5 / 87 |
|||
1999 | 7.º | 1 391 595 | 4,3 / 100,0 |
1,8 | 4 / 87 |
1 | |
2004 | 4.º | 1 969 776 | 6,1 / 100,0 |
1,8 | 5 / 78 |
1 | |
2009 | 6.º | 1 037 862 | 3,4 / 100,0 |
2,7 | 0 / 72 |
5 | Lista Comunista e Anticapitalista |
2014 | 6.º | 1 108 457 | 4,0 / 100,0 |
0,6 | 1 / 73 |
1 | A Outra Europa com Tsipras |
Referências
- ↑ Rifondazione comunista, Maurizio Acerbo segretario è un investimento sul futuro. Il Fatto Quotidiano, 5 de abril de 2017.
- ↑ Treccani. Partiti politici. Por Leonardo Rapone. Enciclopedia Italiana. VII Appendice (2007).
- ↑ Megan Trudell (4 de janeiro de 2007). «Rifondazione votes for war». International Socialism