Pátio do Colégio

patrimônio localizado no Brasil
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O Pátio do Colégio[nota 1] é onde foi levantada a primeira construção da atual cidade de São Paulo, quando o padre Manuel da Nóbrega e o então noviço José de Anchieta, bem como outros padres jesuítas a pedido de Portugal e da Companhia de Jesus, estabeleceram um núcleo para fins de catequização de indígenas no Planalto.

Pátio do Colégio
Pátio do Colégio
Pateo do Collegio, com o Museu Anchieta (à esquerda), o Memorial dos Fundadores da Cidade de São Paulo (à direita) e, ao fundo, os edifícios da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo
Pátio do Colégio
Nomes anteriores Pateo Colégio
Inauguração 25 de janeiro de 1554 (470 anos)
Cruzamentos Rua Boa Vista
Rua Anchieta
Rua Roberto Simonsen
Rua Dr. Bittencourt Rodrigues
Rua General Carneiro
Subprefeitura(s)
Bairro(s)

É uma obra apostólica pertencente à Companhia de Jesus. Composto pelo Museu Anchieta, Auditório Manoel da Nóbrega, Galeria Tenerife, praça Ilhas Canárias (Café do Pátio), Igreja São José de Anchieta (abriga o fêmur de José de Anchieta),[1] a Cripta Tibiriçá e a Biblioteca Padre Antônio Vieira. Também integram o complexo Pateo do Collegio o Museu de Arte Sacra dos Jesuítas e o projeto social Oficinas Culturais Anchieta, ambos no município de Embu das Artes.

História editar

 
Palácio do Governo de São Paulo em 1827 (atual Pátio do Colégio), por Jean-Baptiste Debret.
 
O pátio em 1862, mostrando o Palácio do Governo (antigo Convento do Colégio, à esquerda) e a Igreja do Colégio (à direita).
 
O Palácio do Governo (à esquerda, já reformado) e a Igreja do Colégio (à direita), em 1887.
 
O Palácio do Governo, com a Igreja do Colégio já demolida, ca. 1898.
 
Pátio do Colégio em 1902, mostrando parte do Palácio (à esquerda), a Polícia Central na rua do Carmo (ao fundo), e os prédios da atual Secretaria da Justiça (à direita). Foto de Guilherme Gaensly.

O Pátio do Colégio é o marco inicial do nascimento da cidade de São Paulo. O local, no alto de uma colina entre os rios Tamanduateí e Anhangabaú, foi o escolhido para iniciar a catequização dos indígenas.[2]

Em 25 de janeiro de 1554, foi realizada, diante da cabana coberta de folhas de palmeira de cerca de noventa metros quadrados - ou, como descrita por Anchieta, de dez por catorze passos craveiros (passo craveiro era uma medida linear portuguesa) - a missa que oficializou o nascimento do colégio jesuíta. Este conhecido como Real Colégio de São Paulo de Piratininga.[2]

Em 1556, o padre Afonso Brás, precursor da arquitetura brasileira, foi o responsável pela construção em taipa de pilão de um colégio e igreja anexa. Brigas entre os colonos e os religiosos que defendiam os indígenas culminaram na expulsão dos jesuítas do local em 1640, para onde só retornariam treze anos mais tarde. Na segunda metade do século XVII, foi erigida a terceira edificação, de taipa de pilão e pedra.[2]

O Pátio do Colégio foi sede do governo paulista entre os anos de 1765 e 1912, após a apropriação do local pelo Estado, servindo como palácio dos Governadores, devido à expulsão dos jesuítas de terras portuguesas, determinada pelo marquês de Pombal em 1759. Com a mudança, o Pátio do Colégio recebeu o nome de Largo do Palácio, comportando assim o centro cívico e cultural da cidade.[2]

Em 1770, passou a abrigar a sessão inaugural da Academia Paulista de Letras, a chamada “Academia dos Felizes”. Nos arredores foram constituídos a Casa de Ópera, a Casa de Fundição, as feiras da Rua do Carmo, o conjunto de habitações do Solar da Marquesa e o comércio da Ladeira do Palácio.[2]

O antigo casarão colonial foi completamente descaracterizado por profundas reformas durante todo esse período, sobretudo no último quartel do século XIX. Algumas tiveram como objetivo adaptar o Palácio do Governo às repartições provenientes do desenvolvimento dos serviços públicos. Em 1881, Florêncio de Abreu, ao assumir a presidência da província, realizou transformações radicais no palácio. Remodelou-se totalmente a fachada principal; e sua ala perpendicular, local onde funcionou a primeira sede do Correio Geral de São Paulo, foi derrubada.[2]

Em 1896, o palácio dos Governadores foi parcialmente demolido e modificado, e em 1953, foi completamente demolido. Em dezembro de 1936, o último lampião a gás da cidade, para uso operacional, foi desligado.[3] A edificação atual, que tem inspiração na construção original seiscentista, foi construída entre 1954 e 1979. Nela, há fragmentos de uma parede de 1585, remanescente do antigo colégio dos jesuítas.[2] Abriga o Museu Anchieta,[2] que reúne um acervo de aproximadamente setecentos objetos, expostos em seis salas.[4]

Em 2018, o edifício sofreu uma intervenção, feita pelo Coletivo M.I.A. como protesto: "A crítica é geral, para as pessoas olharem umas às outras." diz um dos autores João França.[5][6]

Atividades editar

Religiosas editar

A Bênção das Rosas é uma solenidade que foi introduzida pelos jesuítas no Brasil na solenidade que criou a Congregação de Nossa Senhora do Rosário na Vila de Piratininga em 1583. As rosas foram trazidas para o Brasil pelo Padre Anchieta 1560 e 1570.

São celebradas missas na Igreja.[7] A casa também promove ações religiosas e cursos de temática religiosa.[8]

Culturais editar

A instituição mantém uma programação de concertos com orquestras e corais. O público adulto pode apreciar concertos e apresentações de grupos folclóricos, já as crianças participam de uma série de oficinas de arte e história, teatro de fantoche, caça ao tesouro etc. O museu possui um acervo de arte sacra e diferentes suportes da memória, como iconografia inédita, textos explicativos, mapas e maquete sobre a história do Pátio do Colégio e da cidade de São Paulo no século XVI. A Biblioteca Padre Antônio Vieira é especializada em história do Brasil e da Companhia de Jesus. Possui seis mil títulos catalogados e mais sete mil em catalogação.[9]

Edifícios editar

Ver também editar

Notas e referências

Notas

  1. Para efeitos turísticos, o Pátio do Colégio é denominado Pateo do Collegio, usando grafia arcaizante.

Referências

  1. Igreja São José de Anchieta
  2. a b c d e f g h i j k «Pateo do Collegio – Linha do tempo – Pateo do Collegio». www.pateodocollegio.com.br. Consultado em 8 de abril de 2017 
  3. «Lampiões a gás são revitalizados e voltam a iluminar o Centro de SP a partir de quinta». G1. 12 de setembro de 2023. Consultado em 12 de setembro de 2023 
  4. «Museu Anchieta». www.cidadedesaopaulo.com. Consultado em 26 de abril de 2017 
  5. Stabile, Arthur (11 de abril de 2019). «Foto que retrata obra de artista negro é vendida sem autorização do autor». Ponte Jornalismo. Consultado em 11 de abril de 2024 
  6. Mengue, Priscila (13 de abril de 2018). «Pichador do Pátio do Colégio também atacou Monumento às Bandeiras e Estádio do Morumbi». O Estado de S. Paulo. Arquivado do original em 14 de abril de 2018 
  7. «Missas – Pateo do Collegio». Consultado em 30 de setembro de 2021 
  8. «Missão – Pateo do Collegio». Consultado em 30 de setembro de 2021 
  9. «Pateo do Collegio». www.cidadedesaopaulo.com. Consultado em 26 de abril de 2017 
  10. Prédio erguido por jesuítas no Pátio do Colégio foi primeira sede da Assembleia Divisão de Acervo Histórico da Assembleia Legislativa - Agência de Notícias da ALESP, 25/09/2014
  11. a b c KUHN, João Carlos Santos. Resistências sagradas: Pátio do Colégio, secularização e reconstrução. 2016. Dissertação (Mestrado em História e Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo) - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, University of São Paulo, São Paulo, 2016. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16133/tde-20122016-160918/>. Acesso em: 2017-12-16.
  12. RIBEIRO, A. S. 5 de julho: 80 anos de uma revolução. Agência de Notícias da ALESP, 02/07/2004. [1].

Ligações externas editar

 
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