Raul Ferrão

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Raul Ferrão (Lisboa, Santos-o-Velho, 25 de outubro de 1890 — Lisboa, Lapa, 30 de abril de 1953) foi um militar e compositor português. Entre seus trabalhos mais conhecidos estão as canções Coimbra (1947), Lisboa Não Sejas Francesa e Adeus, a Marcha de Alfama de 1935, entre outros.

Raúl Ferrão
Informação geral
Nascimento 20 de Outubro de 1890
Local de nascimento Lisboa
Portugal
Morte 30 de Abril de 1953

Biografia editar

Raul Ferrão nasceu em 25 de outubro de 1890, em Lisboa, onde foi batizado na freguesia de Santos-o-Velho, a 1 de janeiro de 1891. Era filho de António Ferrão, segundo sargento de Infantaria 2, natural de Mangualde, e de Maria da Conceição Afonso, natural de Lisboa.[1][2]

Frequentou o Colégio Militar entre 1901 e 1907. Em 1907, com 17 anos de idade, ingressou na carreira militar. Foi professor da Escola de Guerra em 1917 e 1918, depois de ter cumprido comissões de serviço em África durante a I Guerra Mundial. Chegou a tenente-coronel do Exército e foi professor na Academia Militar. A música era um hobby.[3]

Casou com Lídia Esperança da Silva Azinhais, de quem teve três filhos, que o auxiliou na carreira musical pois era professora de piano.[4] Divorciaram-se a 15 de julho de 1936, por sentença judicial. Raul Ferrão casou segunda vez, a 15 de agosto de 1936, na casa da noiva - Avenida João Crisóstomo, 134, R/C, área da 3.ª Conservatória do Registo Civil de Lisboa, com Ercilda da Fonseca Quaresma, natural de Luanda, filha de Eduardo César Augusto Guerra Quaresma e de Amélia Dias da Fonseca Quaresma, ambos naturais de Elvas. Ercilda morreu a 6 de fevereiro de 1953.[5][6]

Ferrão, formado em engenharia química, começou a compor durante os anos vinte e chegou a ser representante da antecessora da Sociedade Portuguesa de Autores, a Sociedade de Escritores e Compositores Teatrais, em congressos internacionais de direitos de autor.

Escreveu música para centenas de peças de teatro e revistas e para alguns dos mais aclamados filmes portugueses. A ele se deve o maior êxito mundial da música portuguesa: "Coimbra", também conhecida como "Avril au Portugal" e "April in Portugal", celebrizada em todo o mundo por Amália Rodrigues, "Cochicho",[3] "Camélias", "Burrié", "Velha Tendinha",[3] "Rosa Enjeitada",[3] "Ribatejo". Escreveu música para operetas como A Invasão, Ribatejo, Nazaré, Colete Encarnado ou Senhora da Atalaia.

Em 1932, foi feito Comendador da Ordem do Mérito Industrial, a 29 de outubro, e Comendador da Ordem Militar de Avis em 12 de outubro de 1935.[1][7][8][9]

Raul Ferrão recebeu, juntamente com José Galhardo (letra) e Mirita Casimiro (canto), o "Prémio Filipe Duarte " (1945/1946) do SNI, atribuído a autores da letra e da música e artista intérprete do melhor número de canto de opereta, por "Menina Lisboa" incluída no espectáculo A Invasão.[10]

No ano seguinte, Raul Ferrão recebeu, juntamente com Fernanda Baptista, o "Prémio Del Negro" (1946/1947) do SNI, atribuído a autores da letra e da música e artista intérprete do melhor número de canto de revista, por "Trapeiras de Lisboa" incluída da peça Canções Unidas.[10]

No cinema escreveu canções para, entre outros, os filmes A Canção de Lisboa (1933), Maria Papoila (1937), A Aldeia da Roupa Branca (1939) ou A Varanda dos Rouxinóis (1939).[11]

Raul Ferrão morreu em 30 de abril de 1953, na sua residência na Rua João de Deus, 17, 1.º Dto., freguesia da Lapa, em Lisboa.[1][6]

Foi o pai de Ruy Ferrão, realizador e produtor televisivo. O seu nome perdura na toponímia portuguesa, em nomes de arruamentos.


Composições editar

Canções

  • Cochicho
  • As Camélias
  • Burrié
  • Velha Tendinha
  • Rosa Enjeitada
  • Ribatejo
  • 1933 - Fado do Estudante, para o filme A Canção de Lisboa
  • 1937 - Maria Papoila, para o filme Maria Papoila
  • 1947 - Coimbra , para o filme Capas Negras
  • Lisboa Não Sejas Francesa, originalmente composta para a opereta A Invasão


Marchas

  • 1935 - Marcha de Alfama de 1935
  • 1935 - Marcha da Mouraria
  • 1935 - Là Vai Lisboa - Grande Marcha de Lisboa de 1935


Operetas

  • A Invasão
  • Ribatejo
  • Nazaré
  • Colete Encarnado
  • Senhora da Atalaia


Discografia editar

  • O melhor de Raul Ferrão (2004, EMI - Valentim de Carvalho)[12]
  1. Alberto Ribeiro - "Coimbra"
  2. Amália Rodrigues - "Só à Noitinha"
  3. Carlos Ramos - "Fado do Marinheiro"
  4. Hermínia Silva - "Fado da Melância"
  5. Vicente da Câmara - "Fado das Caldas"
  6. Maria Teresa de Noronha - "Rosa Enjeitada"
  7. Max - "Carta de Um Soldado"
  8. Lucília do Carmo - "Não Gosto de Ti"
  9. Fernando Farinha - "Velho Friagem"
  10. Maria da Fé - "Fado da Madragoa"
  11. Nuno da Câmara Pereira - "Fado do Ribatejo"
  12. Maria Clara - "Maria Severa"
  13. Carlos Ramos - "Campino"
  14. Júlia Barroso - "Adeus"
  15. Xico Jorge - "Somos Poucos"
  16. Maria Fernanda Soares - "Camélias"
  17. Nicolau Breyner - "Solidó dos Boleiros"
  18. Beatriz Costa - "O Balãozinho"
  19. Amália Rodrigues - "Lisboa Não Sejas Francesa"
  20. Hermínia Silva - "A Tendinha"

Referências

  1. a b c Ramos, Jorge Leitão (2012). Dicionário do Cinema Português 1895-1961. Lisboa: Caminho. OCLC 820786431. Consultado em 15 de setembro de 2017 
  2. «Livro de registo de batismos da Paróquia de Santos-o-Velho, Lisboa (1891)». digitarq.arquivos.pt. Arquivo Nacional da Torre do Tombo. p. fls. 1, assento 1 
  3. a b c d Euricomendes (7 de maio de 2008). «Expressamendes». Portuguese Times. Consultado em 13 de Fevereiro de 2016. Arquivado do original em 28 de novembro de 2010 
  4. Perfil de Raul Ferrão - Museu do Fado
  5. «Livro de registos de casamento da 3.ª Conservatória do Registo Civil de Lisboa (16-07-1936 a 16-10-1936)». digitarq.arquivos.pt. Arquivo Nacional da Torre do Tombo. p. fls. 186 e 186v, assento 486 
  6. a b «Livro de registos de óbito da 5.ª Conservatória do Registo Civil de Lisboa (01-01-1953 a 06-05-1953)». digitarq.arquivos.pt. Arquivo Nacional da Torre do Tombo. p. fls. 168, assento 335 
  7. «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Raul Ferrão". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 18 de setembro de 2017 
  8. «Condecoração com o grau de Comendador da Ordem do Mérito - Classe de Mérito Industrial». Arquivo Histórico da Presidência da República Portuguesa. Consultado em 18 de setembro de 2017 
  9. «Condecoração com o grau de Comendador da Ordem Militar de Avis». Grafado "Raúl Ferrão". Arquivo Histórico da Presidência da República Portuguesa. Consultado em 18 de setembro de 2017 
  10. a b Moura, Nuno Costa (2007). «Apêndice 7 : Prémios Artísticos (entre 1959 e 1973)». "Indispensável dirigismo equilibrado" : O Fundo de Teatro entre 1950 e 1974 : (Volume II) (PDF) (Tese de Mestrado). Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. p. 39, 40. Consultado em 18 de maio de 2016 
  11. Raul Ferrão. no IMDb.. Consultado em 13 de fevereiro de 2016
  12. «Detalhes do registo de "O melhor de Raul Ferrão"». Centro Virtual Camões, Instituto Camões. 2004. Consultado em 13 de Fevereiro de 2016. Arquivado do original em 5 de maio de 2010 

Ligações externas editar

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