Simtek (Simulation Technology) foi uma firma de consultoria de engenharia e uma equipe de Fórmula 1 fundada pelo projetista Nick Wirth e por Max Mosley (então presidente da FIA), que competiu entre os anos de 1994 e 1995.

Reino Unido Simtek
Nome completo MTV Simtek Ford
Sede Banbury, Reino Unido
Fundador(es) Nick Wirth
Max Mosley
Pessoal notável Charlie Moody
Pilotos
Pilotos de teste Itália Andrea Montermini
Japão Hideki Noda
Chassis Simtek S941
Simtek S951
Motor Ford
Pneus Goodyear
Histórico na Fórmula 1
Estreia Brasil GP do Brasil, 1994
Último GP Mónaco GP de Mônaco, 1995
Grandes Prêmios 20
Campeã de construtores 0 (13° lugar em 1994 e 1995)
Campeã de pilotos 0 (27° lugar em 1995, com Domenico Schiattarella)
Vitórias 0 (9° lugar no GP da França de 1994 e no GP da Argentina de 1995)
Pole Position 0 (14° no GP da Argentina de 1995, com Jos Verstappen)
Voltas rápidas 0
Pontos 0
Posição no último campeonato
(1995)
13° (0 pontos)

Simtek Research editar

Nick Wirth e Max Mosley fundaram a Simtek Research em 1989, com a intenção de criar designs automobilísticos com um melhor custo-benefício e uma empresa de desenvolvimento de serviços de alta qualidade[1]. Inicialmente, a sede da equipe era na própria casa de Wirth, a companhia cresceu rapidamente e conseguiu construir suas instalações em uma zona industrial da cidade de Banbury, no condado de Oxfordshire (centro-sul da Inglaterra). Ela começou seus serviços com um moderno túnel de vento. FIA, Ligier e equipes das fórmulas 3000 e Indy já eram clientes da Simtek.

Em 1990, a empresa projetou um carro de Fórmula 1 para a BMW, que pretendia reestrear na categoria com equipe própria após fornecer motores para Brabham e Arrows nos anos 1980. Mas a empresa alemã desistiu e foi para o turismo alemão. Com isso o projeto foi abortado, e mesmo assim a Simtek continuou com a BMW para desenvolver seu carro de turismo. O projeto do carro de Fórmula 1 foi reativado, atualizado e vendido para a Andrea Moda, equipe que correu em 1992 na categoria. A equipe só conseguiu se qualificar para um Grande Prêmio (Mônaco) e abandona a Fórmula 1 no mesmo ano.

Em 1993, eles são contratados para desenhar um carro de Fórmula 1 para a equipe Bravo, que seria estreante. Mas a morte do fundador Jean-François Mosnier põe um fim repentino à equipe recém-criada.

Entrada na Fórmula 1 editar

Em agosto de 1993, Wirth decide entrar na Fórmula 1 com a Simtek no ano seguinte. Jack Brabham, tricampeão mundial da categoria, vira acionista da equipe e esta contrata seu filho, David, para correr como primeiro piloto na equipe[2]. Andrea de Cesaris e Gil de Ferran, com bons patrocinadores, foram cotados para segundo piloto, mas a equipe acabou contratando o novato austríaco Roland Ratzenberger, então com 33 anos (ele alegava ter 31 para parecer mais novo). Charlie Moody, ex-chefe de equipe da Leyton House Racing, exerceria a mesma função na recém-fundada escuderia[3].

Já em 1994, a Simtek, patrocinada pela emissora musical MTV, estreia na Fórmula 1, no Grande Prêmio do Brasil. Ratzenberger não se classificou, ao contrário do companheiro David Brabham. A equipe trocou um espaço de anúncio no carro, por alimentação. No Grande Prêmio do Pacífico, Ratzenberger, aproveitando sua experiência no automobilismo japonês, se classificou em 22°, e David Brabham, em penúltimo. O austríaco chegou em 11°, mas não imaginava que esta seria sua única (e última) corrida na Fórmula 1.

A tragédia editar

 
Roland Ratzenberger antes de sofrer seu acidente fatal, no treino classificatório do GP de San Marino de 1994.

Em 30 de abril, Ratzenberger morreu quando a asa dianteira do S941 se soltou, arremessando-o no muro da curva Villeneuve[4]. Ele morreu na pista, embora tenham anunciado que havia sido no hospital. O brasileiro Ayrton Senna, da Williams, ao ver o austríaco recebendo massagem cardíaca na pista, não se conformou e pediu o cancelamento da prova[5]. Apesar da situação, a Simtek e todas as outras equipes correram o Grande Prêmio de San Marino[6]. Embora o austríaco tivesse conquistado o penúltimo tempo do grid, sua posição ficou vaga em sinal de respeito, deixando apenas David Brabham competir.

Desempenho pós-Ratzenberger editar

Após a etapa de San Marino, o alemão Marco Werner (que disputava o Campeonato Alemão de Super Turismo) chegou a negociar para assumir o #31 após o GP de Mônaco[7], onde David Brabham novamente corre sozinho, em homenagem a Ratzenberger, esperando quem seria seu parceiro de equipe. No carro do australiano, foi colocada a frase "For Roland" ("Para Roland")[8].

O italiano Andrea Montermini, piloto de testes da Simtek, ocupou o lugar do falecido piloto austríaco, mas quase teve o mesmo destino ao bater violentamente seu carro no muro do Circuito da Catalunha, em Barcelona. Felizmente, ele teve ferimentos leves e um tornozelo fraturado. No Canadá, David Brabham correu sozinho pela terceira vez. O francês Jean-Marc Gounon, que correu na Minardi em 1993 e que havia sido um dos nomes cogitados para assumir o #31 antes de Ratzenberger, esteve presente em sete corridas, completando quatro e não terminando três, sendo seu melhor resultado um nono lugar em Magny-Cours. No Grande Prêmio de Portugal, Gounon é substituído pelo italiano Domenico Schiattarella, que chega em 19° lugar no Grande Prêmio da Europa, em Jerez de la Frontera, e é substituído pelo japonês Taki Inoue em Suzuka. Schiattarella regressa ao time na Austrália, onde abandona.

1995: cinco corridas e final das atividades editar

No ano de 1995, a Simtek mantém Schiattarella e contrata o holandês Jos Verstappen, "emprestado" pela Benetton[9]. O japonês Hideki Noda (ex-Larrousse), foi contratado para ser piloto de testes, mas com sua situação definida: iria disputar a segunda metade da temporada, em substituição ao italiano. No Brasil, os 2 carros não terminam, por problemas de direção e na caixa de câmbio, respectivamente. O melhor desempenho do time veio no Grande Prêmio da Argentina: Verstappen largaria em 14°, a melhor posição da história da Simtek, enquanto Schiattarella largaria em vigésimo. Nas primeiras voltas, o holandês roubaria a cena ao estar em 6° lugar, com uma ultrapassagem sobre a Ferrari de Gerhard Berger. Mas, na volta 23, o motor Ford estoura e Verstappen abandona a prova. Schiattarella chegou em 9° (e último) lugar. Na Espanha, Mimmo chega em 15º após largar em 22º, e Verstappen cruzou a linha de chegada em 12º lugar

Em Mônaco, a Simtek disputaria uma corrida de F-1 pela última vez. Schiattarella não alinha seu carro no grid após bater no warm-up, e Verstappen, após largar em 23º, deixa a prova em decorrência de problemas na caixa de câmbio. Depois da corrida, a MTV, principal patrocinador da Simtek, retirou o patrocínio, e desta maneira a escuderia encerraria as atividades.

Pilotos editar

  • Roland Ratzenberger - Austríaco com bem-sucedida carreira no automobilismo japonês, disputou apenas o Grande Prêmio do Pacífico. Faleceu após violento acidente no treino classificatório do GP de San Marino, aos 33 anos.
  • David Brabham - Filho de Jack Brabham, foi o único piloto da Simtek a correr todas as etapas de 1994. Com passagem pela equipe Brabham, saiu da Fórmula 1 no mesmo ano.
  • Andrea Montermini - Reserva da Simtek em 1994, não chegou a correr pela equipe, por conta de um grave acidente em Barcelona.
  • Jean-Marc Gounon - Substituiu Christian Fittipaldi na Minardi no final da temporada de 1993, graças a seu suporte financeiro superior ao do piloto brasileiro. Pela Simtek, disputou sete corridas, tendo um nono lugar como melhor resultado.
  • Taki Inoue - O japonês disputou o GP do Japão, sendo esta a única corrida dele pela Simtek. Correndo pela Footwork em 1995, tornou-se conhecido pelo bizarro atropelamento por um carro de resgate na Hungria.
  • Domenico Schiattarella - O italiano correu sete etapas da F-1 entre 1994 e 1995, não pontuando em nenhuma delas.
  • Jos Verstappen - Emprestado pela Benetton à Simtek, foi o responsável pela melhor posição de largada do time. Chegou a ultrapassar a Ferrari de Berger no GP da Argentina antes do motor estourar. Com o encerramento das atividades da escuderia, o holandês passaria ainda por Footwork, Tyrrell, Stewart, Arrows e Minardi até encerrar sua trajetória na Fórmula 1 em 2003.

Carros editar

Ano Nome Oficial Modelo Motor Pneu Principal Patrocinador Pilotos Pilotos de testes Classificação pilotos Classificação construtores
1994 MTV Simtek Ford S941 Ford HBD6 3.5 V8 G MTV 31.  David Brabham
32.  Roland Ratzenberger
  Andrea Montermini
  Jean-Marc Gounon
  Mimmo Schiattarella
  Taki Inoue
  Andrea Montermini Gounon - 29º (0 PT)
D. Brabham - 31º (0 PT)
Ratzenberger - 33º (0 PT)
Schiattarella - 37º (0 PT)
Inoue - 44º (0 PT)
Montermini - 46º (0 PT)
14º lugar (0 pt)
1995 MTV Simtek Ford S951 Ford EBD6 3.0 V8 G MTV 11.  Mimmo Schiattarella
12.  Jos Verstappen
  Hideki Noda Schiattarella - 27º (0 PT)
Verstappen - 31º (0 PT)
13º lugar (0 pt)

Referências

  1. «CONSTRUCTORS: SIMTEK GRAND PRIX». GrandPrix.com. Inside F1, Inc. 
  2. Saward, Joe (1 de janeiro de 1994). «The Formula 1 Silly Season». GrandPrix.com. Inside F1, Inc. 
  3. «People: Charlie Moody». GrandPrix.com. Inside F1, Inc. 
  4. Flávio Gomes (1 de maio de 1994). «Austríaco da F-1 bate a 314 km/h e morre». Folha Online. Consultado em 13 de fevereiro de 2022 
  5. Flávio Gomes (1 de maio de 1994). «Senna desiste de treinar após o acidente». Folha Online. Consultado em 13 de fevereiro de 2022 
  6. Flávio Gomes (2 de maio de 1994). «Dirigentes forçam Simtek a correr». Folha Online. Consultado em 13 de fevereiro de 2022 
  7. «Alemão terá vaga de Ratzenberger». Folha Online. 3 de maio de 1994. Consultado em 13 de fevereiro de 2022 
  8. «Remembering Roland». Formula One Rejects. 2004. Cópia arquivada em 10 de maio de 2007 
  9. «Verstappen signs for Simtek». GrandPrix.com. Inside F1, Inc. 20 de fevereiro de 1995 
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