Omã

país do médio oriente
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Omã (em árabe: عمان, lit. 'ʻUmān'), ou, mais raramente, Omão, oficialmente Sultanato de Omã (em árabe: سلطانة عمان; romaniz.:Saltānat 'Umān), é um país árabe na costa sudeste da Península Arábica. Com uma posição de importância estratégica na foz do Golfo Pérsico, o país faz fronteira com os Emirados Árabes Unidos a noroeste, Arábia Saudita a oeste, e Iémen ao sul e sudoeste, e compartilha fronteiras marítimas com o Irão e Paquistão. A costa é formada pelo Mar da Arábia, no sudeste, e pelo Golfo de Omã no nordeste. Os enclaves de Mada e Moçandão estão rodeados pelos Emirados Árabes em suas fronteiras terrestres, com o Estreito de Ormuz (que partilha com o Irã) e o Golfo de Omã formando os limites costeiros de Moçandão. O Omã é o único país do mundo cujo nome, na língua portuguesa, começa com a letra O.


Sultanato de Omã
سلطانة عمان
Saltānat 'Umān
Bandeira de Omã
Brasão de armas de Omã
Brasão de armas de Omã
Bandeira Brasão de armas
Hino nacional: Nashid as-Salaam as-Sultani
Gentílico: omanense; omaniano; omani

Localização de Omã
Localização de Omã

Localização de Omã na Península Arábica
Capital Mascate
Cidade mais populosa Mascate
Língua oficial Árabe
Religião oficial Islamismo
Governo Monarquia absoluta
• Sultão Haitham bin Tariq Al Said
• Vice-primeiro-ministro Fade ibne Mamude Alçaíde
Independência  
• de Portugal 1650 
• do Reino Unido 1971 
Área  
  • Total 309 500 km² (70.º)
 • Água (%) desprezível
 Fronteira Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Iêmen.
População  
  • Estimativa para 2016[1] 4 424 762 hab. (139.º)
 • Censo 2010 2,773,479 hab. 
 • Densidade 9,2 hab./km² (219.º)
PIB (base PPC) Estimativa de 2008
 • Total US$ 66,889 biliões (79.º)
 • Per capita US$ 24 674 (36.º)
IDH (2019) 0,813 (60.º) – muito alto[2]
Moeda Rial (OMR)
Fuso horário UTC (UTC+4)
 • Verão (DST) UTC (UTC+4)
Cód. ISO OMN
Cód. Internet .om
Cód. telef. +968

A partir do final do século XVII, o Sultanato de Omã foi um poderoso império, competindo com Portugal e Grã-Bretanha pela influência no Golfo Pérsico e no Oceano Índico. Em seu auge, no século XIX, a influência e controle de Omã se estendia através do Estreito de Ormuz aos atuais Irão e Paquistão, e até o sul de Zanzibar (hoje parte da Tanzânia, também sua antiga capital). Como o seu poder declinou no século XX, o sultanato ficou sob a influência do Reino Unido. Historicamente, Mascate foi o principal porto comercial da região do Golfo Pérsico. Mascate também esteve entre os portos comerciais mais importantes do Oceano Índico. A religião oficial de Omã é o Islã.

Omã é uma monarquia absoluta. O Sultão Qabus bin Said Al Said foi o líder hereditário do país desde 1970. Foi o governante mais antigo no Oriente Médio e o sétimo monarca cujo reinado foi o mais longo do mundo. Ele morreu em 2020 aos 79 anos, sendo sucedido por seu primo, Haitham bin Tariq Al Said,[3] já que não deixou herdeiros diretos.

Omã possui modestas reservas de petróleo, ficando em 25º a nível mundial. No entanto, em 2010, o PNUD classificou Omã como a nação mais aprimorada no mundo em termos de desenvolvimento durante os últimos 40 anos. Uma parcela significativa de sua economia vem do turismo e do comércio de peixes, e de certos produtos agrícolas. Isso o diferencia de seus vizinhos com suas economias majoritariamente dependentes do petróleo. Omã é classificado como uma economia de alta renda e ocupa a posição 74º de países mais pacíficos do mundo, de acordo com o Índice Global da Paz. A situação dos direitos humanos é pobre,[4] e o país é classificado como não livre pela Freedom House.[5]

História editar

 Ver artigo principal: História de Omã

Antiga satrapia do Império Aquemênida, e posteriormente, do Império Sassânida, o Omã só ficou livre desse poder em 632. Em 751, os ibaditas criaram o Imamado do Omã, sendo governado por imames. Durante séculos o Omã não passava de um mero país incrustado no deserto, até que os portugueses o invadiram em 1508. Em 1659, os Omanitas recuperam a independência tomam o Omã e expulsam os portugueses. Inicia-se a era de ouro do sultanato, que expande suas fronteiras e obtém várias colônias no Oceano Índico (Zanzibar e Comores, na África e o Baluchistão, na Ásia) que foram perdidas no colapso que o país sofreu, em 1891, quando virou um mero protetorado britânico, tornando-se novamente independente em 1971.

Independência editar

No século XIX, Omã era uma grande potência que dominava grandes áreas da Pérsia, Baluchistão e Zanzibar, mas a sua força gradualmente foi diminuindo. A terra era dividida em duas, com a área interior sendo governada pelos Imames, cuja autoridade religiosa se tornava hereditária, enquanto as costas litorâneas permaneciam sob o poder do sultão. O sultão, Saíde ibne Taimur, juntou-se ao país com a ajuda dos britânicos em 1959.[6]

Em 1970, o sultão Qabus bin Said Al Said depôs seu pai, Saíde ibne Taimur, que foi exilado para Inglaterra, após um golpe sem derramamento de sangue, apoiado pelos ingleses. No ano seguinte, Omã declarou-se completamente independente. Várias melhorias significativas foram registradas desde então no país, como o crescimento da esperança de vida, o atendimento médico gratuito a todos os cidadãos, a educação escolar para homens e mulheres e o desenvolvimento da economia. Ao mesmo tempo, o país tem estado em uma política pacífica com seus vizinhos.[7]

Em janeiro de 2005, 100 pessoas foram detidos e 31 presas por planejarem um golpe de estado. Elas foram perdoadas depois de seis meses. Em 2007, o furacão tropical Gonu causou a morte de 50 pessoas e a destruição de várias áreas. Em fevereiro de 2011, manifestações da Primavera Árabe também se espalharam para Omã. Em outubro de 2015, uma mulher é eleita, pela primeira vez, para a Assembleia Consultiva do Omã.[8]

Geografia editar

 Ver artigo principal: Geografia de Omã

Um vasto e plano deserto cobre o centro do território de Omã, com uma cadeia montanhosa que percorre do centro-leste ao norte, chamada Montanhas Hajar, onde encontra-se o maciço Jabal Acdar. Neste maciço encontra-se o ponto mais elevado do país, Jabal Xemece, com seus 2 980 m, e outra a sudoeste do país. As principais cidades omanis estão no litoral. Destaca-se a capital e a proximidade com os centros internacionais de Dubai e Abu Dabi, nos Emirados Árabes Unidos.

Política editar

 Ver artigo principal: Política de Omã
 
Sultão Qabus bin Said Al Said

Em Omã, o Chefe de Estado — e também de Governo — é o sultão, que funciona como monarca absoluto. No início da década de 1990, o sultão instituiu um conselho eleito, o Majlis ash-Shura que, no entanto, tem apenas funções consultivas.

 
Portugueses no Golfo pérsico e golfo de Omã no século XVI, XVII e XVIII.

O sufrágio universal para os maiores de 21 anos foi instituído em outubro de 2003 e teve uma participação de 190 mil votantes (74% dos eleitores) para escolher os 83 membros dos conselhos. A dinastia Abuçaíde, a qual o sultão (Qabus bin Said Al Said, que governou de 1970 até 2020) pertence, governa o país há mais de 250 anos.


Direitos Humanos editar

A prática da tortura é generalizada nas instituições penais do Estado de Omã e tornou-se a reação típica do Estado à expressão política independente.[9][10] Os métodos de tortura utilizados em Omã incluem a execução simulada, o espancamento, o encapuzamento, o isolamento, a sujeição a temperaturas extremas e ao ruído constante, o abuso e a humilhação.[9] Há numerosos relatos de torturas e outras formas desumanas de punição aplicadas pelas forças de segurança a manifestantes e detidos.[11] Vários prisioneiros detidos em 2012 queixaram-se da privação do sono, temperaturas extremas e confinamento solitário.[12] As autoridades de Omã mantiveram o Sultão al-Saadi, um ativista das redes sociais, em confinamento solitário, negaram-lhe acesso a seu advogado e família, forçaram-no a usar um saco preto sobre sua cabeça quando saía de sua cela, inclusive ao usar a casa de banho., e disseram-lhe que sua família o tinha "abandonado" e pedido que ele fosse preso.[12]

Os actos homossexuais são ilegais em Omã.[13]

Os trabalhadores estrangeiros são habitualmente abusados pelos empregadores e pelo próprio regime. O sistema de kafala vigora.[14]

Subdivisões editar

 Ver artigo principal: Subdivisões de Omã

O Omã está dividido em 11 províncias (muhafazat), cada qual subdividida em vilaietes (distritos):

Nome População Área (km2) Vilaietes Capital Mapa Ref.
Batina Setentrional 483 582 7 628 6 Soar   [15]
Batina Meridional 289 008 5 323 6 Rustaque   [16]
Buraimi 72 917 7 460 3 Buraimi   [17]
Central 42 111 82 470 4 Haima   [18]
Daira 151 664 35 881 3 Ibri   [19]
Dofar 249 729 62 232 10 Salalá   [20]
Interior 326 651 31 805 8 Nizua   [21]
Mascate 775 878 3 797,3 6 Mascate   [22]
Moçandão 31 425 1 619,7 4 Caçapo   [23]
Nordeste 162 482 21 136 6 Ibra   [24]
Sudeste 188 032 12 039 5 Sur   [25]

Demografia editar

 Ver artigo principal: Demografia de Omã

Em 2014, a população total de Omã era de mais de 4 milhões, sendo 2,150 milhões naturais do país e 1,680 milhão de estrangeiros.[26] A taxa de fecundidade total em 2011 foi estimada em 3,70.[27] 43% da população tem menos de 15 anos de idade.[28] Cerca de 50% da população vive em Mascate e a planície costeira de Batina, no noroeste da capital; cerca de 200 000 habitantes vivem na região de Dofar (sul) e cerca de 30 000 habitantes vivem na Península de Moçandão e no Estreito de Ormuz.


Economia editar

 Ver artigo principal: Economia de Omã
 
Mascate, capital do país

Até meados do século XIX, Omã era um entreposto de escravos e armas. Com o fim da escravidão em 1970,[29][30] a região perdeu muito de sua prosperidade, e a economia ficou reduzida à agricultura, ao comércio de camelos e caprinos, à pesca e o artesanato tradicional. Hoje, graças ao petróleo, a economia tem apresentado grande desenvolvimento nos últimos 30 anos.

O governo prossegue com a privatização de serviços públicos e com o desenvolvimento de leis comerciais que facilitem o investimento externo e organizem o orçamento do país. O Omã continua a liberalização de seu mercado para se adequar às regras da Organização Mundial do Comércio. Para reduzir o desemprego, o governo vem encorajando a substituição de mão de obra estrangeira por trabalhadores do próprio país. Cursos de tecnologia de informação, técnicas de administração e língua inglesa para cidadãos do país apoiam este objetivo.

Infraestrutura editar

Educação editar

A taxa de alfabetização da população adulta omanense foi de 86,9%, em 2010.[31] Até 1970, apenas três escolas formais existiam em todo o país, com menos de 1 000 alunos recebendo educação em suas dependências. Desde que o sultão Cabus chegou ao poder, em 1970, o governo deu prioridade à educação como meio de desenvolver uma força de trabalho nacional, considerada pelo governo um fator vital para o progresso econômico e social do país. Hoje, existem mais de 1 000 escolas estaduais e cerca de 650 000 alunos em Omã.

Em 1986, foi criada a primeira universidade do Omã, a Universidade do Sultão Cabus. A partir de então, outras instituições de ensino superior e técnico também surgiram no país, como a Universidade de Nizua e a Escola Superior de Tecnologia. Há, ainda, outras seis faculdades de tecnologia, seis faculdades de ciências aplicadas, uma faculdade de economia e estudos financeiros, um instituto de ciências da Xaria, e vários institutos de enfermagem. Cerca de 200 bolsas são concedidas a cada ano para estudantes omanenses no exterior.

De acordo com o Webometrics Ranking of World Universities, as universidades de maior prestígio no país são a Universidade Sultão Cabus, Universidade de Nizua e a Universidade de Dofar, que ocupam as posições 1 924, 7 090 e 8 160 entre as universidades mundiais, respectivamente.[32]

Cultura editar

 Ver artigo principal: Cultura de Omã

Apesar de Omã ser um país bastante moderno, a influência ocidental é reduzida: o islamismo tradicional, ibadita, possui mais restrições que o islamismo sunita e o xiita.

A música tradicional acompanha vários aspetos da vida, incluindo nascimentos, cerimônias fúnebres, casamentos e circuncisões.

Desporto editar

 
Estádio principal do Complexo Esportivo Sultão Qaboos em Mascate.

As corridas de camelos são um desporto tradicionalmente popular de Omã. Além disso, o futebol, râguebi e basquetebol aumentaram sua popularidade no país. Omã participa dos Jogos Olímpicos desde 1984. Os desportos olímpicos mais populares são o tiro e atletismo. A única mulher que representou Omã nas Olimpíadas é Buthayna Al-Yaqoubi. O país ainda não recebeu medalhas.[33][34]

A Seleção Omanense de Futebol não conseguiu competir nas finais da Copa do Mundo, mas foi duas vezes ao Campeonato Asiático (2004 e 2007), caindo na primeira rodada. Em setembro de 2011, ficou em 105º lugar na classificação da FIFA, com 43 clubes de futebol no país, que jogam um total de 8 610 jogadores registrados.[35]

Ver também editar

Referências

  1. «Sultanate of Oman Ministry of National Economy». Consultado em 13 de novembro de 2010. Arquivado do original em 13 de novembro de 2010 
  2. «Human Development Report 2019» (PDF) (em inglês). Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas. Consultado em 17 de dezembro de 2020 
  3. «Omã anuncia ministro de Cultura como sucessor do sultão Qaboos». G1. Consultado em 25 de maio de 2021 
  4. Avenue, Human Rights Watch | 350 Fifth; York, 34th Floor | New; t 1.212.290.4700, NY 10118-3299 USA | (12 de julho de 2016). «Horror and Heartbreak in Oman». Human Rights Watch (em inglês). Consultado em 12 de janeiro de 2020 
  5. «Oman». freedomhouse.org (em inglês). Consultado em 12 de janeiro de 2020 
  6. «History - Coastal vs interior: isolation» (em inglês). Lonely Planet. Consultado em 1 de dezembro de 2018 
  7. The World Factbook. «Middle East: Oman» (em inglês). CIA. Consultado em 1 de dezembro de 2018 
  8. «Oman profile - Timeline» (em inglês). BBC News. 25 de abril de 2018. Consultado em 1 de dezembro de 2018 
  9. a b «Gulf Centre for Human Rights». www.gc4hr.org (em inglês). Consultado em 19 de agosto de 2019 
  10. «Gulf Centre for Human Rights». www.gc4hr.org (em inglês). Consultado em 19 de agosto de 2019 
  11. «Country Reports: Transformationsindex». web.archive.org. 28 de dezembro de 2014. Consultado em 19 de agosto de 2019 
  12. a b «Oman». U.S. Department of State. Consultado em 19 de agosto de 2019 
  13. «The 74 countries where it's illegal to be gay». The Independent (em inglês). 17 de maio de 2016. Consultado em 19 de agosto de 2019 
  14. Avenue, Human Rights Watch | 350 Fifth; York, 34th Floor | New; t 1.212.290.4700, NY 10118-3299 USA | (12 de julho de 2016). «Horror and Heartbreak in Oman». Human Rights Watch (em inglês). Consultado em 19 de agosto de 2019 
  15. CP 2018c.
  16. CP 2018d.
  17. CP 2018e.
  18. CP 2018f.
  19. CP 2018b.
  20. CP 2018i.
  21. CP 2018a.
  22. CP 2018j.
  23. CP 2018.
  24. CP 2018g.
  25. CP 2018h.
  26. «Oman population hits 3.83mn mark» (em inglês). Muscat Daily. 23 de abril de 2013. Consultado em 30 de agosto de 2014 
  27. «Major Economic & Social Indicators» (PDF) (em inglês e árabe). National Center for Statistics & Information. 2011. Consultado em 30 de agosto de 2014. Arquivado do original (PDF) em 14 de maio de 2014 
  28. «Oman's Sultan Qaboos: a classy despot» (em inglês). The Guardian. 4 de março de 2011. Consultado em 30 de agosto de 2014 
  29. «Things We Don't Talk About - Muscat Daily». muscatdaily.com. Consultado em 19 de agosto de 2019 
  30. «Omani history slavery». www.histclo.com. Consultado em 19 de agosto de 2019 
  31. «National adult literacy rates (15+), youth literacy rates (15–24) and elderly literacy rates (65+)» (em inglês). Instituto de Estatística da UNESCO. Consultado em 23 de abril de 2014 
  32. «Oman» (em inglês). Ranking Web das Universidades. Consultado em 23 de abril de 2014. Arquivado do original em 21 de fevereiro de 2014 
  33. Oman (em inglês)
  34. Oman (em inglês)
  35. Associações: Oman FIFA (em inglês)

Bibliografia editar