Tania Rivera

Psicanalista, escritora, curadora e professora brasileira

Tania Cristina Rivera (Brasília, 7 de julho de 1969) é uma psicanalista, escritora, curadora e professora brasileira. Atualmente é professora titular da Universidade Federal Fluminense (UFF) e colaboradora nos programas de Pós-graduação em Estudos Contemporâneos das Artes (UFF), Artes da Cena (UFRJ) e Teoria Psicanalítica (UFRJ). Foi ganhadora do Prêmio Jabuti em 2014.[1]

Tania Rivera
Tania Rivera
Nascimento 7 de julho de 1969
Brasília (Brasil)
Cidadania Brasil
Alma mater
Ocupação psicanalista, escritora, curadora de arte, professora
Principais interesses psicanálise, gênero, arte contemporânea, filosofia,

Biografia editar

Tania se graduou em Psicologia pela Universidade de Brasília (UNB) em 1991. Obteve seu mestrado na mesma área pela Universidade Católica de Louvain (UCLouvain) em 1994, e doutorado na mesma instituição e área em 1996.[2]

A partir de 1998, passou a atuar como professora na Universidade de Brasília, onde trabalhou até 2010. Realizou seu período de pós-doutorado em Artes Visuais na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 2006.[2]

Em 2014 foi vencedora do 56.º Prêmio Jabuti na categoria Psicologia e Psicanálise com sua obra "O avesso do imaginário: Arte contemporânea e psicanálise".[3] [4] Atuou como professora visitante no Departamento de Artes Plásticas da Universidade Paris 8, em março de 2016.[2]

Desde 2019 atua junto ao Programa de Pós-Graduação em Teoria Psicanalítica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGTP - UFRJ).[2] É titular do Departamento de Arte e do Programa de Pós-Graduação em Estudos Contemporâneos das Artes da Universidade Federal Fluminense (UFF).[2] Realiza pós-doutorado desde janeiro de 2023 na Universidade de Buenos Aires, cuja pesquisa resultou na elaboração da página Feminismos Sul-Sur[5], dentro da plataforma digital da editora N-1, dedicada a publicar textos de autoras latinas que se debruçaram sobre temas ligados ao feminismo.

Notabilizou-se ao grande público sobretudo pela publicação de seus livros que refletem sobre as relações entre arte, sujeito e sociedade e pelas curadorias, entrevistas e conferências em instituições museais e educacionais em distintas esferas da cultura.[2]

Lista de Obras editar

  • Arte e Psicanálise - 2002
  • Guimarães Rosa e a Psicanálise. Ensaios sobre Imagem e Escrita - 2005
  • Cinema, Imagem e Psicanálise - 2008
  • Hélio Oiticica e a Arquitetura do Sujeito - 2012
  • O Avesso do Imaginário. Arte Contemporânea e Psicanálise - 2012
  • Fora da Imagem. (Foto)grafias - 2017
  • Psicanálise - Coleção ensaios brasileiros contemporâneos FUNARTE (Organização) - 2018
  • O Livro de Vidro - 2019
  • Psicanálise Antropofágica (identidade, gênero e arte) - 2021
  • Hélio Oiticica - Cartas - 1962 - 1970 (Organização) - 2023

Prêmios e Homenagens editar

Curadoria editar

 
Vista panorâmica da sala 1 da exposição Lugares do Delírio no Museu de Arte do Rio (Fotografia de Elisa Mendes)

Dentre as principais curadorias realizadas por Tania Rivera, destaca-se a exposição Lugares do Delírio[6], concebida a partir do convite de Paulo Herkenhoff, então diretor cultural do Museu de Arte do Rio - MAR. A proposta inicial girava em torno de uma curadoria sobre arte e loucura. A exposição esteve em cartaz no MAR de fevereiro a setembro de 2017, e em seguida foi convidada a ocupar em versão modificada e ampliada o SESC Pompeia, em São Paulo, de abril a julho de 2018. O projeto fazia parte de um dos eixos curatoriais do Museu de arte do Rio, Arte e Sociedade no Brasil, que visa debater questões fundamentais para a sociedade[7].

O objetivo principal de levantar naquele momento o tabu da loucura e retomar o debate em companhia da arte – que teve, como sabemos, papel fundamental para a Reforma Psiquiátrica – mostrou-se importante e mesmo urgente. O termo "delírio" surgiu em substituição à "loucura" por nomear uma espécie de interseção entre arte e psicose, e servir de motor para repensar as relações – historicamente muito ricas – entre esses campos, evitando a idealização simplista do louco como “artista” e o lugar comum que aproxima o artista do “louco”. Além disso, o termo “delírio” toma na língua corrente um sentido muito interessante de excesso, de prazer e transgressão, em uma convocação radical do corpo de cada um e do jogo que ele estabelece com outros corpos em lugares culturais do delírio – como no carnaval, por exemplo[8].

A opção por “delírio”, nomeando a possibilidade de surgirem caminhos desviantes, deslocamentos em relação a padrões já estabelecidos, consiste em uma espécie de noção performativa ou metodológica, que carregaria em si uma potência de subversão política e de defesa radical da singularidade, contra toda padronização autoritária e universalizante. Na expressão Lugares do Delírio, tal dimensão se reforça ainda pela afirmação de uma pluralidade indefinida de “locais” nos quais se encontraria a potência delirante[8].

A mostra contou com a participação dos artistas Ana Linnemann, Anamaria Fernandes e Michel Charron, Anna Maria Maiolino, Arlindo Oliveira, Arthur Bispo do Rosário, Atelier Gaia – Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea, Bernardo Damasceno, Carla Guagliardi e Stella do Patrocínio, Carlos Bevilacqua, Casa Verde e André Abu-Merhy, Cia. Teatral Ueinzz e Pedro França, Cildo Meireles, Cláudio Paiva, Clóvis, Dias & Riedweg, Dora Garcia, Dudu Mafra, Fernand Deligny, Fernando Diniz, Fernando Lima, Geraldo Lúcio Aragão, Gina Ferreira, Gustavo Speridião, Grupo Arte e Cuidado, Jessica Gogan e Daniel Leão, Hélio Carvalho, João Jordão da Silva, José Bechara, Laura Lima, Leonilson, Livia Flores, Luis Guides, Luiz Carlos Marques, Lula Wanderley, Lygia Clark, Marc Pataut, Marcelo Masagão e Andrea Menezes, Mathilde Monnier, Maurício Flandeiro, Miriam Chnaiderman, Natália Leite, Raphael Domingues, Ricardo Alves Júnior, Rodrigo Paglieri, Solon Ribeiro e Wlademir Dias-Pino[9].


Referências

  1. «Entrevistados - Tania Rivera». Narciso21. Consultado em 1 de dezembro de 2021 
  2. a b c d e f «Tania Cristina Rivera | QUEM PESQUISA O QUÊ NA UFF?». pesquisadores.uff.br. Consultado em 9 de agosto de 2021 
  3. Maciel', 'Nahima (27 de outubro de 2006). «Ganhadoras do Prêmio Jabuti reforçam literatura como espaço de liberdade». Acervo. Consultado em 9 de agosto de 2021 
  4. a b «Premiados 2014 - Psicologia e Psicanálise». Prêmio Jabuti. Consultado em 1 de dezembro de 2021 
  5. «Feminismos Sul Sur». Consultado em 3 de agosto de 2023 
  6. «Lugares do delírio». Museu de Arte do Rio – MAR. Consultado em 3 de agosto de 2023 
  7. «- Lugares do Delírio ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤ ㅤㅤ museu de arte do rio». www.artes.uff.br. Consultado em 3 de agosto de 2023 
  8. a b «- Lugares do Delírio, SESC - Pompeia». www.artes.uff.br. Consultado em 3 de agosto de 2023 
  9. «- Lugares do Delírio, SESC - Pompeia». www.artes.uff.br. Consultado em 3 de agosto de 2023