Usuário(a):PreSuffix/Seiva de bétula

Extração de seiva de bétula

Seiva de bétula, água de bétula ou suco de bétula é a seiva extraída diretamente de árvores do gênero bétula, especificamente Betula pubescens (bétula branca), Betula pendula (vidoeiro-branco), Betula lenta, Betula papyrifera, e Betula fontinalis.

Seiva de bétula pode ser consumida fresca ou como bebida fermentada. Quando fresca, é um líquido transparente e incolor, muitas vezes levemente doce com uma textura sedosa. Após dois ou três dias, a seiva começa a fermentar e fica mais ácida.

Seiva de bétula é uma bebida tradicional em regiões boreais e hemiboreais do Hemisfério Norte[1] além de partes do norte da China.

Colheita editar

Seiva de bétula só é coletado entre o inverno e a primavera quando a seiva move-se intensamente.

A colheita de seiva de bétula é feita cavando um buraco no tronco da árvore e guiando a seiva para um recipiente por um canal (um tubo ou simplesmente um fino galho); a seiva vai fluir pelo cano por tensão superficial. A ferida então é coberta para minimizar infecções.[2]

Seiva de bétula tem que ser coletada no início da primavera antes que quaisquer folhas verdes cresçam, já que no final da primavera a seiva fica com gosto amargo. O período de colheita é apenas um mês por ano.

Não existe evidência publicada para quantificar os impactos à longo prazo da colheita de seiva na árvore ou na saúde do ecossistema.[2] Entretanto, as feridas causadas por escavar bétulas consistentemente levam a manchas escuras aparecendo na árvore.[2] Em um estudo, infecções e apodrecimento da madeira havia se espalhado de mais da metade dos buracos escavados.[2]

Em comparação com árvores bordo, árvores de bétula são consideradas muito menos tolerantes a feridas causadas por escavações, então práticas de colheita mais conservadoras foram recomendadas por órgãos de comércio como a Associação de Fabricantes de Xarope de Bétulas do Alasca.[2]

Regiões Tradicionais editar

Antigos Bálticos, Eslavos e Finlandeses consideravam a bétula como uma de suas árvores mais sagradas[3][4] e fizeram uma bebida tradicional dela.

Regiões eslavas editar

Em regiões eslavas, a seiva é conhecida como suco de seiva, como na Rússia (em russo: берёзовый сок), Bielorrússia (em bielorrusso: бярозавы сок, Byarozavik), Bulgária (Bulgarian: брезов сок, romanized: brezov sok), Polónia (em polonês/polaco: sok z brzozy, oskoła), Eslováquia (em eslovaco: brezová šťava), e na Ucrânia (em ucraniano: березовий сік).

Regiões bálticas editar

Estônia (em estoniano: kasemahl), Finlândia (em finlandês: mahla), Letónia (em letão: bērzu sula), Lituânia (em lituano: beržo sula, beržų sula).

Outras regiões editar

França, Escócia, Noruega,[5] Suécia (em sueco: björksav)[6] e em outros locais da Europa Setentrional[7] além de partes da China Setentrional e de ambos Hokkaido e Aomori.

Também é amplamente usado por descendentes holandeses na Pensilvânia, tanto como uma bebida tradicional e como um ingrediente essencial em cerveja de bétula.[8]

Composição editar

PreSuffix/Seiva de bétula
Valor nutricional por 100 g (3,53 oz)
Energia 4.6 kcal (20 kJ)
Carboidratos
 • Açúcares 1.1g
 • Fibra dietética 0g
Gorduras
Gorduras totais menos de 0.1g
Minerais
Cálcio 60 mg (6%)
Ferro 0.1 mg (1%)
Magnésio 11 mg (3%)
Manganês 1.1 mg (52%)
Fósforo 6.4 mg (1%)
Potássio 120 mg (3%)
Percentuais são relativos ao nível de ingestão diária recomendada para adultos.
Source: https://doi.org/10.2478%2Fprolas-2013-0069

Seiva de bétula contém heterosídeos (rododendrina e monotropitoside),[9] 17 aminoácidos incluíndo ácido glutâmico,[10] além de minerais, enzimas, proteínas, ácido betulínico e beutlina,[11][12][13] antioxidantes,[14] açúcar (frutose, glicose e pequenas quantidades de sacarose) e vitaminas (C e grupo B ).[14] Ao contrário do que muitos pensam, não existe xilitol em seiva de bétula (xilitol é um álcool de açúcar que é produzido industrialmente usando-se de altas temperaturas e ácido sulfúrico, ou por fermentação).[15]

Usos nutricionais e medicinais editar

Usos folclóricos editar

Usos folclóricos já foram documentados que incluem uso medicinal, suplemento nutricional, e como cosméticos para pele e cabelo.[7]

Região Uso medicinal tradicional Uso cosmético
Bielorrússia doenças respiratórias, gota, resfriados lavar o cabelo
Bulgária crescimento capilar
República Checa saúde debilitada, infertilidade contra sardas
Estónia (prevenção de) doenças oculares, doenças de pele, fonte de vitaminas lavar o cabelo, contra sardas e para clarear a pele
Hungria doenças de estômago e respiratórias contra sardas
Letónia “revitaliação” lavar o cabelo
Polónia “revitaliação”, (prevenção de) cálculo renal lavar o cabelo para fortalece-lo
Romênia (prevenção de) cálculo renal, icterícia, como leite coalho, sarna, diurético hair colouring, to remove sunspots and moles
Rússia externamente contra feridas, para ajudar crianças durante a dentição lavar o rosto
Suécia escorbuto, cólera
Ucrânia tratamento de doenças de pele, fonte de vitamínas, diurético contra sardas
Reino Unido tônico, reumatismo, primeiro alimento para recém-nascidos prevenção de calvíce
Estados Unidos saúde debilitada

Seiva de bétula comercial e produtos derivados editar

 
Garrafa de seiva de bétula comercial russa

Seiva de bétula pode ser consumida fresca ou fermentada naturalmente. Seiva de bétula fresca é altamente perecível; mesmo se refrigerada. A validade pode ser extendida via congelamento ou técnicas de preservação. Tais técnicas incluem:[16]

  • Nada (validade: 2–5 dias refrigerado)
  • Filtrado com uma rede de 0.22μm (validade: 3 semanas refrigerado)
  • Coletado sob condições anaeróbicas (validade: 1 ano)
  • Açúcar adicionado (3 g por100 ml)[7]
  • Pasteurizado sob calor, pasteurização deve ser conduzida sob temperaturas específicas (validade: 1 ano). Mesmo que o nível de Vitamina C seja menor que em seiva fresca, todos os outros benefícios são preservados.
  • Congelado a −25 °C (validade: 2 anos)

Seiva de bétula também pode ser utilizada como ingrediente em comidas ou bebidas, como cerveja de bétula ou doce de sabor gaultéria.

Seiva de bétula concentrada também pode ser usado para fazer xarope de bétula, um tipo de xarope extremamente caro feito principalmente com Betula papyrifera do Alaska[17] e Canadá e de várias espécias na Letónia, Rússia, Bielorrússia, e Ucrânia.

Referências editar

  1. Svanberg, Ingvar; et al. (2012). «Uses of tree saps in northern and eastern parts of Europe». Acta Soc Bot Pol. 81 (4): 343–357. doi:10.5586/asbp.2012.036  
  2. a b c d e Trummer, Lori; Malone, Tom (Maio de 2009). «Some impacts to paper birch trees tapped for sap harvesting in Alaska» (PDF) (em inglês). Us Forest Service. R10-S&PF-FHP-2009-3 
  3. Chepaitis, Barbara (14 de abril de 2016). «Tapping Trees, Drinking Lighting: Baltic Birch Juice» (em inglês). Deep Baltic. Consultado em 24 de setembro de 2018 
  4. Hopman, Ellen Evert (9 de junho de 2008). A Druid's Herbal of Sacred Tree Medicine (em inglês). [S.l.]: Simon and Schuster. ISBN 9781594777240 
  5. Planter og tradisjon: Floraen i levende tale og tradisjon i Norge, Ove Arbo Høeg, Universitetsforlaget, 1974, ISBN 8200089304.
  6. Övre Dalarnes bondekultur 3, Lars Levander, Lund, 1947
  7. a b c Svanberg, Ingvar; et al. (2012). «Uses of tree saps in northern and eastern parts of Europe». Acta Soc Bot Pol. 81 (4): 343–357. doi:10.5586/asbp.2012.036  
  8. «Pennsylvania Birch Beer Recipe». www.grouprecipes.com (em inglês) 
  9. Sosa, A (1935). «Un glucoside nouveau de Betula Alba L. Le bétuloside et son aglycone, le bétuligénol». Paris Masson ed 
  10. Ahtonen, S; Kallio, H (1989). «Identification and seasonal variation of amino acids in birch sap used for syrup production». Food Chemistry. 33 (2): 125–132. doi:10.1016/0308-8146(89)90115-5 
  11. «Bouleau à papier (BOP)». www2.publicationsduquebec.gouv.qc.ca (em francês) 
  12. Bouchet, Jérome (2007). «Les Stratégies en Thérapeutique Antivirale». 24 páginas 
  13. «Cure de sève de bouleau et ses bienfaits multiples» (em francês). 10 de março de 2014 
  14. a b Demirci, B; Demirci, F; Hüsnü Can Baser, K; Franz, G (2004). «Essential oil of Betula pendula Roth. Buds». Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine. 1 (3): 301–303. PMC 538512 . PMID 15841263. doi:10.1093/ecam/neh041 
  15. Kallio, H; Ahtonen, S (1985). «Identification of the Sugars and Acids in Birch Sap». Journal of Food Science. 50 (1): 266–269. doi:10.1111/j.1365-2621.1985.tb13328.x 
  16. Nicole & Olivier Lhomme. «La sève de bouleau» (PDF). Le Biologis (em francês). Consultado em 5 de janeiro de 2023 
  17. «Petition to US Food and Drug Administration for establishment of Standard of Identity for birch syrup, including the Alaska Birch Syrupmakers' Association Best Practices» (PDF). FDA. Alaska Birch Syrupmakers Association. 18 de julho de 2005. Arquivado do original (PDF) em 11 de julho de 2009 

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