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O movimento dos nacionais bolcheviques existiu na Alemanha durante a República de Weimar. Os integrantes desse movimento, defendiam uma aproximação entre a União Soviética e a Alemanha, entre a ditadura do proletariado e o militarismo alemão, simpatizavam com os soviéticos - em contraste com o "liberalismo e a degeneração do mundo anglo-saxão".

Dentre os líderes dos nacionais bolcheviques alemães, destacaram-se: Ernst Nikish, Karl Otto Petel, Werner Lass, Paul Elzbacher, Hans von Henting, Friedrich Lenz, Bodo Uze, Beppo Remer, Hartmut Plaas, Karl Treger e Kryufgan.

Os adeptos dessa doutrina, tentaram conciliar ideias típicas da:

Todas essas forças se opunham à civilização ocidental, descrita como uma associação entre: liberalismo, humanismo e democracia.

Diferentemente de Spengler (e depois Goebbels) que descreviam o socialismo como uma herança prussiana e o marxismo como uma "armadilha judaica" para distrair o proletariado de seu dever para com a nação alemã, os "revolucionários nacionais" atribuíram os aspectos negativos do socialismo a Leon Trotsky, mas não a Lênin e Stálin. Eram pessoas que valorizavam a experiência soviética dos primeiros cinco anos da Revolução Russa e a centralização da gestão econômica.

Posteriormente, muitos dos participantes do movimento revolucionário nacional se juntaram aos nazistas. Outros, se opuseram “aristocraticamente” ao nazismo, como, por exemplo: Ernst Jünger. Um terceiro setor se juntou aos comunistas. Um quarto setor se congregou nos bolcheviques nacionais.

A ideia de autossuficiência econômica era popular e foi vividamente defendida no livro "Das Ende des Kapitalimus"[1] de Ferdinand Freed.

A. Kukhof, um integrante do círculo que se organizava em torno da revista revolucionária nacional "Di Tat", escreveu que: "O único meio de mudar a condição social e política predominante da Alemanha é a violência das massas - o caminho de Lenin e não o caminho da Internacional Socialista.".

Os revolucionários nacionais alemães, na tradição russo-prussiana, sustentavam a ideia de um "nacionalismo proletário", que dividia os povos entre oprimidos e dominantes - "jovens" e "velhos". Os jovens seriam os alemães, russos e outros povos do "Leste", que teriam uma "vontade de luta".

Os bolcheviques nacionais declararam que a libertação nacional deveria ser alcançada antes da libertação social, e que somente a classe trabalhadora alemã poderia concretizar tal tarefa. Essas pessoas chamavam o liberalismo de "o sofrimento moral dos povos" e viam a URSS como aliada na luta contra a Entente. Seus heróis eram: Frederico II da Prússia, Hegel, Carl von Clausewitz e Otto von Bismarck.

Os pontos de vista dos nacionalistas revolucionários alemães coincidiam, em grande parte, com os programas do movimento de uma parte dos emigrados russos, como os integrantes da Smenovekha e especialmente os eurasianos. Depois de se separarem dos nacionalistas revolucionários, os nacionalistas bolcheviques tomaram a lista de nomes ilustres de Lenin, Stalin e alguns marxistas. Eles condenaram o fascismo "renascido" e o nacional-socialismo depois de 1930, defendiam a luta de classes, a ditadura do proletariado, o sistema soviético e o Exército Vermelho em vez do Reichswehr.

O postulado básico do bolchevismo nacional não era inferior em sua determinação às formulações favoritas do Partido Nazista. Eles enfatizavam o papel histórico mundial da nação oprimida (revolucionária) na luta para construir o nacionalismo totalitário no interesse da futura grandeza nacional da Alemanha.

Os bolcheviques nacionais defendiam:

História editar

No dia 2 de abril de 1919, Paul Eltzbacher (1868-1928), Deputado no Reichstag pelo Partido Popular Nacional Alemão (PPNA) ("Deutschnationale Volkspartei"), publicou o que é considerada como a primeira apresentação das ideias do nacional-bolchevismo. Nesse artigo, Paul Eltzbacher defendeu:

  1. a combinação entre o bolchevismo e os valores prussianos para a implantação de um sistema soviético na Alemanha;
  2. uma com a União Soviética e com a Hungria para combater a Entente.

Elzbacher também defendeu que:

  1. a aliança com a União Soviética deveria libertar a China, a Índia e todo o Oriente da opressão ocidental para construir uma nova ordem mundial, na qual ocorreria a preservação de culturas antigas que estariam sendo destruídas pela "civilização superficial da Inglaterra e da América";
  2. a "punição impiedosa de trabalhadores preguiçosos e indisciplinados".

Nesse contexto, sustentava que o bolchevismo não significa a morte cultura alemã, mas a sua salvação.

O artigo recebeu uma ampla resposta. Otto Gotch, um dos líderes do (PPNA) e, também, um proeminente historiador e especialista no Oriente, também defendia uma estreita cooperação com a União Soviética. O Ministro dos Correios, I. Gisberts, declarou que, para destruir o Sistema de Versalhes, era necessário convidar imediatamente as tropas soviéticas para a Alemanha.

Ainda em 1919, Paul Eltzbacher publicou o artigo "Der Bolschewismus und die deutsche Zukunft" (O bolchevismo e o futuro da Alemanha) e deixou o PPNA depois que o partido condenou sua publicação.

Também em 1919, Hans von Henting (1887-1970) publicou o panfleto: "Einführung in die deutsche Revolution" (Introdução à Revolução Alemã). Dois anos depois, Henting publicou "Deutsche Manifest" (Manifesto Alemão), que sofisticou as ideias do bolchevismo nacional alemão.

Em 1922, von Henting fez contato com Heinrich Brandler, o líder da ala nacionalista dos comunistas.

Posteriormente, as ideias do bolchevismo nacional foram adotadas por um grupo de ex-comunistas liderados por Heinrich Laufenberg e Fritz Wolfheim.

Laufenberg, era um historiador do movimento operário e Wolfheim, seu jovem assistente. Durante a Primeira Guerra Mundial, Laufenberg visitou os Estados Unidos e passou por uma escola de combate da organização anarco-sindicalista Industrial Workers of the World. Ambos foram líderes da ala esquerda do Partido Social-Democrata da Alemanha em Hamburgo.

No início da Revolução Alemã de 1918-1919, Laufenberg chefiou o Conselho de Trabalhadores, Soldados e Marinheiros de Hamburgo e, juntamente com Wolfheim, ele participou da organização do Partido Comunista da Alemanha ("Kommunistische Partei Deutschlands" - KPD).

Em 1920, Laufenberg e Wolfheim juntaram-se ao Partido Comunista Operário da Alemanha ("Kommunistische Arbeiterpartei Deutschlands" - KAPD) uma cisão que se colocava à esquerda do KPD e defendia que os trabalhadores alemães travassem uma guerra popular para criar uma república comunista soviética. Esses indivíduos se referiam às "forças patrióticas" como camadas nacionalistas da burguesia, inclusive as mais "reacionárias".

Entretanto, em pouco tempo, ambos foram expulsos do KAPD e, três meses depois, fundaram a "União dos Comunistas", juntamente com F. Wendel, que adotou o programa econômico no sentido de uma "economia socializada", conceito elaborado por Silvio Geisel, que já havia participado da República Soviética da Baviera. Gradualmente, parte dos nazistas de esquerda e dos bolcheviques nacionais se juntaram à União dos Comunistas.

Também em 1920, Laufenberg e Wolfheim começaram a formar a "Freie Gesellschaft zum Studium des deutschen Kommunismus" (Sociedade Livre para o Estudo do Comunismo Alemão) que aglutinou oficiais que serviram nas unidades coloniais do General Lettov-Vorbek. Entre os apoiadores desse grupo, estavam personalidades como Müller van den Broek e Ernst zu Reventlov um dos líderes do movimento nazista de esquerda na República de Weimar.

Se juntaram a esse grupo várias pessoas com formação acadêmica e muitos antigos oficiais, a maioria da geração mais jovem. Em agosto de 1920, F. Kryufgans, um integrante do grupo, publicou um panfleto amplamente divulgado sobre o comunismo como uma necessidade nacional para a Alemanha.

Entre 1920 e 1921, as ideias bolcheviques nacionais se espalharam entre os comunistas bávaros.

O primeiro pico de influência das ideias nacional-bolcheviques se manifestou durante a ocupação do Ruhr pelas forças franco-belgas (1923 - 1925), que gerou desemprego, fome e anarquia. Naquele contexto, o KPD adotou uma política de aliança com os nacionalistas alemães, formulada por Karl Radek.

Em 1923, Karl Radek fez um discurso dedicado à memória de Albert Leo Schlageter, um integrante do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (PNSTA) executado pelos franceses, em 26 de maio de 2022, e que se tornou um mártir para os alemães da época. Nesse contexto, Radek defendeu uma aliança entre comunistas e fascistas contra a "Entente Capitalista".

Em 1927, os grupos revolucionários nacionais saudaram a fundação da "Liga Contra o Imperialismo".

Em 1931, Ernst Jünger escreveu o ensaio "Total Mobilization"[3], no qual sustentou que "Pela primeira vez os planos quinquenais soviéticos mostraram ao mundo a possibilidade de unir e dirigir todos os esforços de uma grande potência em um único canal.".

Durante a década de 1920, os nacionais bolcheviques se organizavam em torno de publicações como "Di Tat", "Komenden", "Formarch".

No início da década de 1930 o nacional-bolchevismo foi fortalecido em decorrência da crise econômica global iniciada em 1929, desse modo passaram a se organizar em torno de publicações como:

  • "Umtürz", dirigida por Werner Lassa;
  • "Der Opponent", dirigida por de Harro Schulz-Boyzen;
  • "Socialist Natson", dirigida por Karl-Otto Petel; e
  • "Vorkampfer", ditigida por Hans Ebeling.

No total, essas organizações chegaram a congregar cerca de 10 mil pessoas.

Além disso os nacionais bolcheviques exerceram considerável influência em organizações como:

  • "Deutsche Sozialistische Kampfbewegung" (Movimento Socialista Alemão de Combate), dirigida por Gotthard Schild;
  • "Mladoprusky Union" (Sindicato Mladoprusky), dirigido por Jupp Hoven"; e
  • "Deutsche Sozialistische Arbeiter und Bauernunion" (Sindicato Socialista Alemão de Trabalhadores e Camponeses), dirigido por Karl Baade.

Com a repressão desencadeada após o Incêndio do Reichstag (27 de fevereiro de 1933) o movimento nacional-bolchevique na Alemanha foi rapidamente eliminado[2].

Contexto editar

Para entender o bolchevismo nacional, é necessário mencionar que no Reichswehr, existia um grupo que defendia a cooperação germano-soviética, inspirada pelo Comandante-em-Chefe do Reichswehr, General Hans von Seeckt. Seus apoiadores ativos eram o Ministro da Guerra Otto Gessler e o chefe de gabinete de fato Otto Hasse.

Durante a Guerra Polaco-Soviética (1919-1921), Seeckt manteve contato com Leon Trotsky, então presidente do Conselho Militar Revolucionário da República Soviética, acreditando ser possível eliminar o sistema imposto pelo Tratado de Versalhes em aliança com o Exército Vermelho.

Em abril de 1922, esse processo resultou na assinatura do Tratado de Rapallo, que instaurou relações diplomáticas entre a Alemanha e a União Soviética. Esta foi uma confirmação da tradição russófila prussiano-alemã.

Por outro lado, no jornal do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (PNSTA) "Völkischer Beobachter" (Observador Popular), o Tratado de Rapallo foi descrito como um "uma união pessoal da oligarquia financeira judaica internacional com o bolchevismo judaico internacional".

Depois de 1923, começaram a ocorrer acordos militares entre a Alemanha e a União Soviética. O General Blomberg declarou-se satisfeito pela manutenção de laços militares estreitos entre o Reichswehr e Kliment Vorochilov.

Antes de 1933, Von Seeckt continuava a defender uma reaproximação entre a Alemanha e a União Soviética.

Antes da invasão da União Soviética (Operação Barbarossa), em junho de 1941, alguns generais e teóricos do Reichswehr eram favoráveis à continuidade do pacto de não agressão (Pacto Molotov-Ribbentrop), assinado em 1939[2].

  1. Das ende des kapitalismus / Ferdinand Fried [ pseud., i.e. Friedrich Zimmermann ], em inglês, acesso em 25/05/2022.
  2. a b c Was ist National-Bolschewismus in Deutschland? 1920-30's, em alemão, acesso em 24/05/2022.
  3. TOTAL MOBILIZATION, em alemão, acesso em 25/05/2022.
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