Vardanes III Mamicônio

Vardanes III (em latim: Vardanes III), também chamado Bardanes (Bardanes; em grego: Βαρδάνης, Bardánes), Vardânio (em latim: Vardanius), Bardânio (em latim: Bardanius; em grego: Βαρδάνιος, Bardánios), Bardas (Βάρδας, Bárdas), Uardanes (Ουαρδάνης, Ouardánes), Ordanes (Ὀρδάνης, Ordánes) ou Ordones (Ὀρδώνης, Ordónes; em persa médio: Wardān; em armênio: Վարդան; romaniz.: Vardan), foi um príncipe armênio do século VI da família Mamicônio (em latim: Mamiconius; em armênio: Մամիկոնյան; romaniz.: Mamikonyan) que ostentou o título de asparapetes (comandante-em-chefe).
Vardanes III Mamicônio | |
---|---|
Nacionalidade | Armênio |
Progenitores | Mãe: irmã de Artabanes Pai: Bassaces |
Ocupação | General |
NomeEditar
Vardanes (ou Bardanes) ou Vardanius (ou Bardanius[1]) é a latinização do antropônimo em persa médio Wardān, que significa rosa. Foi transliterado no armênio como Vardan, no aramaico de Hatra como wrdn e no grego como Ordanes, Ordones[2] e Uardanes.[3] Durante o Império Bizantino, o nome foi abreviado como Bardas e Vardas.[4][5] Vardanes III foi especificamente chamado ainda de Wardon (Ւարդոն) por Sebeos, Bartan por João de Éfeso e Uardaamanes (Ουαρδααμάνης) por Nicéforo Calisto, que o confundiu com o general persa Adarmanes.[3]
FamíliaEditar
Vardanes era filho de Bassaces e irmão de Gregório.[6] O irmão e o pai eram nobres de origem armênia citados por Procópio. O autor, na verdade, fala de Artabanes, general da família arsácida que era cunhado de Bassaces, um general entre 539 e 542, e tio de Gregório, um capitão em 546. Bassaces é a forma helenizada do armênio Vasak e Christian Settipani identifica Bassaces e Gregório, respectivamente, como pai e irmão de Vardanes.[7] Também se sabe que era irmão de Manuel II.[3]
BiografiaEditar
Vardanes aparece pela primeira vez numa carta do católico Narses II (r. 548/9–557/8), onde estão listados os inscritos ao segundo concílio de Dúbio em 555. No verão de 571[8][9] (ou início de 572[10]), após o marzobã Surena assassinar seu irmão Manuel, rebelou-se abertamente com Vardes contra a autoridade do Império Sassânida sobre a Armênia. Foram apoiados pelos ibérios de Gurgenes I e pelo imperador Justino II (r. 565–578), com quem os persarmênios haviam firmado uma aliança secreta em 570. Em 2 de fevereiro de 572, Vardanes assassinou Surena em Dúbio[11] e enviou sua cabeça ao general bizantino Justiniano em Teodosiópolis.[12]
Justiniano participou na defesa de Dúbio contra a investida persa, mas apesar dos esforços rebeldes, a fortaleza caiu[13] e Vardanes e seus apoiantes foram obrigados a se refugiar em Constantinopla, onde comungaram com os bizantinos em Santa Sofia.[14][15] Ainda em 572, Dúbio foi recuperada pelos rebeldes após uma investida bizantino-armênia bem-sucedida liderada por Justiniano e Vardanes. Logo, contudo, atritos surgiriam entre Justiniano e armênios, pois os bizantinos incendiaram a Igreja de São Gregório, o Iluminador de Dúbio, que estava sendo utilizada pelos persas como armazém.[12][13]
Em 573, lutou com o exército de 20 000 persas liderado por Mirranes, o Servo de Mitra na Batalha de Calamaque, em Taraunitis, onde saiu vitorioso e conseguiu capturar os elefantes inimigos.[16] No outono de 575, lutou ao lado de Justiniano e Curs contra o próprio xá Cosroes I (r. 531–579) perto de Melitene e o derrotou.[12][17] No mesmo ano, quando um armistício foi selado, a Armênia voltou para o controle persa e Vardanes e seus aliados (incluindo o católico João II) foram obrigados a se assentar na Anatólia Ocidental.[8][18] É possível que tenha havido várias tensões, já que inúmeras vezes nas fontes gregas menciona-se personagens de nome Vardanes.[19]
Referências
- ↑ Lilie 2013, #770 Bardanios.
- ↑ Marcato 2018, p. 55.
- ↑ a b c Martindale 1992, p. 1365.
- ↑ Ana Comnena 1882, p. 70.
- ↑ Lilie 2013, #Bardas 773.
- ↑ Settipani 2006, p. 131-135.
- ↑ Settipani 2006, p. 112.
- ↑ a b Garsoian 1997, p. 108.
- ↑ Greatrex 2002, p. 137-138.
- ↑ Hewsen 2001, p. 82.
- ↑ Greatrex 2002, p. 138.
- ↑ a b c Martindale 1992, p. 745.
- ↑ a b Greatrex 2002, p. 149.
- ↑ Dédéyan 2007, p. 203.
- ↑ Greatrex 2002, p. 138-142.
- ↑ Grousset 1947, p. 242-245.
- ↑ Greatrex 2002, p. 154, nota 21; 155-156.
- ↑ Dédéyan 2007, p. 204.
- ↑ Settipani 2006, p. 217.
- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em francês cujo título é «Vardan III Mamikonian», especificamente desta versão.
BibliografiaEditar
- Ana Comnena (1882). Hovgård, O. A., ed. Alexíada. Copenhague: Karl Schønsberg
- Dédéyan, Gérard (2007). Histoire du peuple arménien. Tolosa: Privat. ISBN 978-2-7089-6874-5
- Garsoian, Nina (1997). Hovannisian, Richard G., ed. The Armenian People From Ancient To Modern Times Vol. I - The Dynastic Periods: From Antiquity to the Fourteenth Century. Nova Iorque: St. Martin's Press
- Greatrex, Geoffrey; Lieu, Samuel N. C. (2002). The Roman Eastern Frontier and the Persian Wars (Part II, 363–630 AD). Londres: Routledge. ISBN 0-415-14687-9
- Grousset, René (1947). História da Armênia desde suas origens até 1071. Paris: Payot
- Hewsen, Robert H. (2001). Armenia: A historical Atlas. Chicago e Londres: The University of Chicago Press. ISBN 0-226-33228-4
- Lilie, Ralph-Johannes; Ludwig, Claudia; Zielke, Beate et al. (2013). Prosopographie der mittelbyzantinischen Zeit Online. Berlim-Brandenburgische Akademie der Wissenschaften: Nach Vorarbeiten F. Winkelmanns erstellt
- Marcato, Enrico (2018). Personal Names in the Aramaic Inscriptions of Hatra. Veneza: Edizioni Ca' Foscari. ISBN 9788869692314
- Martindale, John R.; Jones, Arnold Hugh Martin; Morris, John (1992). «Vardan Mamokonian». The Prosopography of the Later Roman Empire - Volume III, AD 527–641. Cambridge e Nova Iorque: Cambridge University Press. ISBN 0-521-20160-8
- Settipani, Christian (2006). Continuité des élites à Byzance durant les siècles obscurs. Les princes caucasiens et l'Empire du vie au ixe siècle. Paris: de Boccard. ISBN 978-2-7018-0226-8