Virgínia Moura

política portuguesa

Virgínia Faria de Moura GOL (Guimarães, São Martinho do Conde, 19 de julho de 1915Porto, 19 de abril de 1998) foi a primeira engenheira civil que se formou em Portugal que se tornou conhecida por ser uma ativista política resistente ao Estado Novo.

Virgínia Moura
Virgínia Moura
Virgínia Moura, 1988
Militante do Partido Comunista Português
Dados pessoais
Nome completo Virgínia de Moura
Nascimento 19 de julho de 1915
São Martinho do Conde, Guimarães
Morte 19 de abril de 1998 (82 anos)
Porto
Nacionalidade portuguesa
Alma mater Universidade do Porto
Partido Partido Comunista Português
Profissão Engenheira civil[1]

Biografia editar

Virgínia Moura nasceu a 19 de julho de 1915, em São Martinho do Conde, Guimarães, distrito de Braga.[2]

Juventude editar

A condição de filha de mãe solteira foi um estigma que lhe condicionou a vida, mas que a ajudou a forjar precocemente o seu carácter revolucionário.[2]

Apenas com 15 anos participou, na Póvoa de Varzim, numa greve estudantil em protesto contra o assassinato de um jovem estudante chamado Branco, cometido pela Polícia.[2] Três anos depois já estava ligada ao Partido Comunista Português, quando integrou uma organização de apoio aos presos políticos portugueses e espanhóis, denominada Socorro Vermelho.[2]

Foi no "Socorro Vermelho" que conheceu o então estudante de arquitetura António Lobão Vital. Seria o companheiro de toda a vida, 42 anos até à morte. Apesar de ambos desejarem filhos acabaram por o não ter.[2]

Virgínia Moura licenciou-se na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto tornando-se na primeira mulher portuguesa a obter o título de engenheira civil. Ser-lhe-ia negado o acesso à Função Pública, pois a ficha policial já então a assinalava como séria opositora da ditadura fascista. Cursou ainda Matemáticas e frequentou a Faculdade de Letras de Coimbra.[2]

Oposição ao Estado Novo editar

Antes do 25 de Abril de 1974 participou ativamente em movimentos pró-democráticos.[2] Destacou-se a sua participação e empenhamento no comício de apoio à candidatura de Norton de Matos à presidência da República, na Fonte da Moura, em 1949; foi julgada por "traição à Pátria", em 1951, por assinar uma declaração que exigia a Salazar negociações com o governo indiano relativamente a Goa, Damão e Diu; esteve ligada à candidatura de Humberto Delgado, às movimentações populares estudantis de 1962 e aos congressos da oposição democrática de Aveiro (1969 e 1973); foi presa dezasseis vezes pela PIDE (a primeira das quais em 1949), nove vezes processada, três vezes condenada e foi repetidamente agredida pela polícia em atos públicos.[2] No decurso do seu ativismo político e cívico integrou, também, o Movimento da Unidade Antifascista, o Movimento de Unidade Democrática Juvenil, o Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas e o Movimento Nacional Democrático.[2]

Desenvolveu uma intensa atividade cultural no Porto nos anos quarenta e cinquenta, tendo colaborado (sob o pseudónimo de "Maria Selma") em vários jornais e revistas, promovido a edição da revista Sol Nascente e diversas conferências com a participação de Teixeira de Pascoais, Maria Isabel Aboim Inglês e Maria Lamas.[2][3]

Ainda na clandestinidade, foi membro do Comité Central do Partido Comunista Português.[3]

Após o 25 de Abril editar

Depois do 25 de Abril e nas novas condições de liberdade, Virgínia Moura continuou a luta em defesa e consolidação do regime democrático. Veio então o reconhecimento público da sua ação cívica, tendo sido distinguida com o grau de Grande-Oficial da Ordem da Liberdade e com a Medalha de Honra da Câmara Municipal do Porto.[2] Virgínia Moura morreu a 19 de abril de 1998, no Porto.[2]

Obras publicadas editar

  • Moura, Virgínia (1996). Mulher de Abril: álbum de memórias. Col: Colecção "Resistência". [S.l.]: Editorial Avante! 

Referências

Bibliografia editar