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Portugal Portugal Barrô 
  Freguesia  
Localização
Localização no município de Resende
Localização no município de Resende
Localização no município de Resende
Barrô está localizado em: Portugal Continental
Barrô
Localização de Barrô em Portugal
Coordenadas 41° 07' 46" N 7° 52' 56" O
Município Resende
Administração
Tipo Junta de freguesia
Presidente Joaquim Manuel Gouveia Tuna
Características geográficas
Área total 10,23 km²
População total (2011) 744 hab.
Densidade 72,7 hab./km²
Outras informações
Orago N.S. Da Assunção

Introdução editar

Barrô ou Santa Maria de Barrô, é uma aldeia situada no concelho de Resende e no Distrito de Viseu . Com uma população de 744 pessoas e uma área de 10km2, esta aldeia debruçada sobre o Rio Douro apresenta um vasto legado cultural e histórico.


História editar

Barrô provém do diminutivo em latim “barriolum” que significa pequeno ou bairrinho. Na documentação mais antiga, nomeadamente no texto das Inquirições de 1258, surge sob a forma “Barriolum” e “Barriolo”. O nome de Santa Maria está relacionado com a igreja. Situada no concelho de Resende, diocese de Lamego e Distrito de Viseu, esta bela aldeia portuguesa encontra-se entre montanhas e vales, sendo banhada pelas águas do Rio Douro. A freguesia de Barrô não apresenta documentação escrita anterior à nacionalidade e o documento mais antigo conhecido até à data, a ela referente, é a escritura de venda de uma quintã em Barrô, abaixo do monte Alvorco (Serra das Meadas), dada por Ermesinda de Viegas a D. Egas Gomes, abade do Mosteiro de Paço de Sousa, a 29 de janeiro de 1116. Sabe-se que a aldeia foi tomada de assalto, quando se apoderaram de Lamego, juntamente com o Ribadouro, Aregos, Resende e São Martinho de Mouros, durante o reinado de Afonso III das Astúrias (886-910). Mais tarde foi resgatada, tal como as outras localidades, por Ordonho II. Com a chegada de Fernando Magno, todas estas pequenas povoações foram libertadas, incluindo Barrô e viria assim a instaurar-se o cristianismo, com a conquista de Lamego em 1057. A toponímia da aldeia conta-nos histórias, como são caso: Coroinha, diminutivo de coroa, topónimo proveniente de alguma eminência ou pequeno castro vizinho; Pardelhas, relacionado com defesas pré-históricas de aglomerado humano. Pertencia à Coroa, negando-se o hospital a pagar-se e outros direitos, com prejuízo do tesouro real; Porcas, nome caricato de origem obscura, por isso muito antigo; Bernardo, nome de possível morador da quintã, hoje terreno com o mesmo nome; Portugens (hoje Portejães), à margem de um pequeno ribeiro que desce de Vila Verde e aqui separa as freguesias de Barrô e São Martinho de Mouros. O nome da localidade é muito debatido, tal como as formas de escrita da povoação ser discutível, uma vez que sofreu várias alterações, porém, aqui existia um porto ou passagem onde se faria a travessia do rio Douro. O Hospital aqui tinha três casais que tinham sido Egas Moniz, possuidor de inúmeras terras em Barrô. Herdadas por seus filhos e netos, que por sua vez os legaram ao Hospital e mosteiros de Salzedas e Paços de Sousa; Setos (hoje Cêtos) nome de origem alemã, sem foro algum, verdadeiro couto do Hospital; Cimo de Vila, Vilar, Vilarinho, Vila Nova e Vila Verde (esta última que na altura pertencia a Barrô), todos nomes arcaicos, com origem em explorações agrícolas. Vilarinho foi honra de Egas Moniz; Lamas foi também honra de Egas Moniz e a Seara pertenceu ao Hospital; a villa de Barrô, local da igreja e arredores, foi de Egas Moniz e passou dos herdeiros ao Hospital. Nas Inquirições de 1258 é dito: Egas Mouro, jurado e interrogado sobre o padroado da igreja de Santa Maria de Barrô, disse que os freires do Hospital apresentavam este padroado. Interrogado donde obtiveram este padroado, respondeu que da parte de D. Sancha Vermudes (nora de Egas Moniz, viúva de Soeiro Viegas, seu filho); ao lado da igreja encontra-se a Comenda, quinta com o mesmo nome e que era o local da sede ou paço dos comendadores de umas das mais remotas e importantes comendas da Ordem do Hospital, mais tarde Ordem de Malta.

Demografia editar

 
Evolução da População 1864 / 2011
1864 1878 1890 1900 1911 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1981 1991 2001 2011
2 033 2 128 2 199 2 162 2 021 1 975 2 372 2 308 2 256 2 114 1 695 1 522 1 197 1 035 744
 
Evolução da População 1864 / 2011
Distribuição da População por Grupos Etários
Ano 0-14 Anos 15-24 Anos 25-64 Anos > 65 Anos 0-14 Anos 15-24 Anos 25-64 Anos > 65 Anos
2001 154 135 525 221 14,9% 13,0% 50,7% 21,4%
2011 68 88 376 212 9,1% 11,8% 50,5% 28,5%

Média do País no censo de 2001: 0/14 Anos-16,0%; 15/24 Anos-14,3%; 25/64 Anos-53,4%; 65 e mais Anos-16,4%
Média do País no censo de 2011: 0/14 Anos-14,9%; 15/24 Anos-10,9%; 25/64 Anos-55,2%; 65 e mais Anos-19,0%

Geografia editar

 
Fig.1 Vista de Barrô

A freguesia de Barrô situada a nordeste de Resende e banhada ao poente pelo rio Douro é circundada pelas freguesias de Penajóia e São Martinho de Mouros. Tem uma área de 10,23 km².


Património Cultural editar

Brasão editar

 
Fig.2 Brasão

No que diz respeito ao brasão, está representado o escudo português clássico que é sobrelevado por uma coroa mural prateada de três torres, como é próprio de uma aldeia. O campo do escudo, em prata, mostra um cacho de uvas púrpuras folhado e troncado de verde e lavrado de negro, acompanhado por dois ramos de oliveira de verde, pintados e lavrados de negro. Em contrapartida, poderá ver-se duas faixas onduladas de azul. No topo, está representado a cruz de Malta, em prata, realçada de vermelho. No fundo do escudo, encontra-se um lintel ou divisa com o nome da freguesia.

As cores: A prata significa eloquência, riqueza e humildade.

Os símbolos: Os cachos de uvas representam a abundância e a ótima qualidade de vinho da freguesia (de realçar que o moscatel temporão é vendido a um bom preço pelos agricultores para os grandes mercados do país) e o facto da freguesia já fazer parte da zona dos vinhos generosos do Alto Douro e de ser a porta de entrada na região do “vinho fino”. As faixas onduladas fazem alusão ao Douro que banha o sul da freguesia visto que, ao longo dos tempos, foi uma grande via de comunicação dos seus habitantes. A Cruz de Malta faz lembrar o facto de a igreja e a paróquia de Barrô terem sido, ao longo da Idade Média e Moderna, uma importante comenda da Ordem do Hospital, igualmente conhecida por Ordem de Malta.

Hino editar

Viemos representar, Barrô nossa Freguesia
Com um sorriso nos lábios, no coração alegria


Terra tão linda, como tu não há igual
Temos a nossa igreja, monumento nacional
Terra tão linda, como tu não há igual
Temos a nossa igreja, monumento nacional

No cimo da freguesia, temos Senhora do Carmo
Que conduz a nossa alma se eu não estiver em pecado


Terra tão linda, como tu não há igual
Temos a nossa igreja, monumento nacional
Terra tão linda, como tu não há igual
Temos a nossa igreja, monumento nacional

No meio da freguesia, temos o nosso Convento
Com a justa fundadora, que nos dá força e alento

Terra tão linda, como tu não há igual
Temos a nossa igreja, monumento nacional
Terra tão linda, como tu não há igual
Temos a nossa igreja, monumento nacional

No fundo da freguesia, temos o rio a correr
Com as águas cristalinas, que ao Douro faz crescer

Terra tão linda, como tu não há igual
Temos a nossa igreja, monumento nacional
Terra tão linda, como tu não há igual
Temos a nossa igreja, monumento nacional

Rapazes e raparigas, cantamos com alegria
Nossa terra é Barrô, terra de Santa Maria

Terra tão linda, como tu não há igual
Temos a nossa igreja, monumento nacional
Terra tão linda, como tu não há igual
Temos a nossa igreja, monumento nacional


Edifícios e Lugares de Relevo editar

Igreja de Santa Maria de Barrô editar

 
Fig. 3 Igreja de Santa Maria de Barrô

A paróquia é anterior à nacionalidade portuguesa e o facto de a titular ser a Nossa Senhora da Assunção, leva-nos ao séc. X, quando se introduziu o culto à Virgem sob tal invocação. A primeira referência documental à igreja de Barrô é de 1258, das Inquirições de D. Afonso III, onde se diz que “Egas Mauro, jurado e interrogado sobre o padroado da igreja de Santa Maria de Barriolo, disse que os Irmãos do Hospital apresentam a dita igreja, e é sua”. A igreja foi declarada Monumento Nacional por decreto de 3 de junho de 1922, a igreja de Santa Maria de Barrô é uma joia de arte e de beleza, e encontra-se situada num local de bela panorâmica sobre o Douro. A porta principal é emoldurada por uma série de arquivoltas de arcos aguçados, quase parecendo ogivais, assentando em colunas cilíndricas encostadas à parte. O tímpano da porta é embelezado por uma cruz vasada que parece ser o melhor exemplar no género, em igrejas nortenhas da mesma época. Em ambos os lados da porta encontram-se a Cruz de Malta. A rosácea, está envolvida por uma arcada de volta inteira, com arquivoltas que assetam em dois pares de colunas, semelhantes às da porta principal. A parede do lado noroeste mostra-nos vinte e quatro cachorros na cornija, seis mísulas a meia altura e uma porta de arco axadrezado. Sobre os cachorros da capela-mor pode ver-se uma cabeça de um homem e um focinho de javali. As mísulas deveriam segurar a trave-mestra de um alpendre lateral que mais tarde caiu ou foi retirado. Nas paredes interiores e exteriores podem observar-se diversas siglas, usuais em construções do românico, a qual faz parte. Trata-se de sinais e marcas dos pedreiros que ali trabalharam e que, sendo pagos muitas vezes pela obra feita, precisavam de assinalar as pedras que obravam, para o capataz poder fazer a contagem e fazer o pagamento. No fundo da parede da fachada, do lado direito, está desenhada uma interessante figura geométrica semelhante à rosa dos ventos. Trata-se de uma cruz lotaríngia, marca deixada possivelmente por algum cavaleiro medieval ou cruzado, vindo da região da Lorena. O pavimento é lajeado de granito. O teto é uma abóbada em granito, quase sem berço, única no género no concelho. Nos capitéis podemos observar um homem de túnica que segura um escudo na mão direita e um machado na esquerda, outro empunhando uma lança e levando à boca uma corneta, e um animal quadrúpede de pernas altas e cabeça grande. No capitel pode ver-se três animais parecidos com o anterior e apresentados em fila. Os restantes capitéis estão ornamentados com folhagem. O teto da igreja é formado por caixotões em madeira de castanho velho. O interior do templo é iluminado por duas artísticas janelas de arco aguçado que abrem em fresta no interior, típico do românico. O altar-mor tem um riquíssimo retábulo em talha barroca (século XVIII) dourada e policromada, encimado por uma interessante representação da Corte Celestial como irradiação da Luz Divina, e um coro de cinco anjos e quatro serafins mais afastados. No retábulo, vêm-se dois pares de colunas salomónicas, dois artísticos dosséis a cobrir as imagens da Virgem e, sobre as duas portas que dão acesso ao trono, dois bonitos florões lateralizados por quatro anjos. O trono termina num belíssimo baldaquino, destinado às celebrações solenes do Santíssimo Sacramento, onde se repete a irradiação da Luz Divina e um coro de anjos.

Convento de Jesus, Maria e José editar

 
Fig.4 Vista Aérea do Convento

Sendo o ex-líbris da aldeia, este convento está datado do século XVII. A sua história começa com Mariana Madre de Deus que ficou órfã de pai e posteriormente convenceu a mãe a fazer da sua casa e quinta, um “Recolhimento para Donzelas”. Uma vizinha juntou-se à ideia e ofereceu os seus bens para a construção do mesmo e nele também viria a professar. O tempo passava e mais mulheres se juntavam à ordem. Mais tarde, abraçaram a regra de S. Francisco das Clarissas, sob obediência do Bispo de Lamego e o convento ficou a chamar-se “de Jesus, Maria e José”. A 26 de abril de 1671, como homenagem à mãe fundadora, foi colocado o Santíssimo Sacramento na igreja do convento. Sete anos depois, obteve faculdade de professar com votos solenes e de viver em clausura com as suas companheiras. Após a morte da fundadora, soror Mariana, o convento ainda manteve funcionamento por muitos anos, mas em 1793, rendimentos a diminuir, as religiosas foram “forçadas” a irem para o Convento da Chagas em Lamego, a convite do Bispo. O convento foi confiscado pelo Estado, devido às Ordens Religiosas em Portugal pela “Lei Aguiar” de 1834 e vendido em hasta pública, sendo arrematado pelo frade crúzio D. Francisco de Nossa Senhora que ali veio a fundar um colégio para meninas, com o mesmo nome do anterior convento. Após a morte do frade, o colégio encerrou e o edifício sofreu um incêndio a 30 de março de 1907.

Capela de Santo Amaro editar

Esta capela recebeu um despacho de D. Nuno Alves Pereira de Melo, a 26 de abril de 1712, para que a missa continuasse a ser lá realizada. Apesar da capela apresentar marcas de que foi construída no século XVII, o culto de Santo Amaro já era antigo e antes desta capela, existia outro local de culto na era medieval.

Capela da Senhora do Carmo editar

Designada de Capela de São João Batista no século XVII, só a 6 de abril de 1723 é que foi benzida. Após essa bênção e a receção de uma provisão de licença é que se poderia realizar a missa na capela. Na dita provisão de licença contava que tinha que se pagar duzentos réis ou dois capões ao visitador diocesano que lá estivesse e ainda meio tostão ao escrivão que o acompanhasse.

Capela de Senhora do Amparo editar

Esta capela não tinha obrigação de dar missas, apesar de possuir licença para isso. Essa licença foi passada por pelo Bispo D. Frei Luís da Silva a 5 de setembro de 1679 e foi renovada a 1717 pelo Visitador diocesano Dr. João Crisóstomo. Nos princípios do século XVIII, a capela era tratada por Sebastião Cardoso, residente da Sé, mas em 1758 passou a ser propriedade do Cónego Joaquim Cardoso.

Capela de São Domingos editar

Uma capela que constava ser do povo, no início do século XVIII, não se podia celebrar a missa “por se encontrar indecente”. Em meados do mesmo século, a capela já era dotada e administrada pelo Pe. José de Azevedo.

Lagar aberto na rocha editar

Situado no lugar da Torre, do lagar restam apenas as plataformas, encaixes, pios, sulcos e reservatórios cavados no granito. Construído por uma plataforma central, zona de espremedura, onde foi rasgado um sulco subcircular, com ligação a um pio de recolha do líquido resultante da operação anterior que daqui seria conduzido, por outros sulcos, até um reservatório retangular, a jusante. Mais acima da área de espremedura foi aberto outro reservatório, também retangular, ligado à estrutura anterior por um orifício que trespassa uma das suas paredes, comum à plataforma central. Nos topos das paredes laterais da mesma foram abertos dois encaixes, possivelmente de estruturas de cobertura ou do sistema de transformação. Por toda a área surgem diversos encaixes. Todos os elementos são cavados num só bloco granítico, diaclasado.

Alminhas editar

 
Fig. 9 Alminhas da Calçada Românica

Consideradas como um pequeno local de culto, eram construídas para quem por lá passava e rezasse em nome das almas que “penam”, de modo a poderem entrar para o reino dos céus. Poderiam também deixar uma esmola na caixinha, para que, de tempos a tempos, pudesse ser oferecido por elas o Santo Sacrifício da Missa, sobretudo “pelas mais abandonadas que não tinham quem delas se lembrasse”.



Gastronomia editar

Pratos Típicos:

Doçaria regional:

  • Cavacas
  • Falachas
  • Rosquinho

Ligações Externas editar

Informação acerca de Barrô da Câmara Municipal de Resende:

Página de Facebook da Freguesia de Barrô

Onde Comer & Onde Dormir editar

  • Restaurante Douro à Vista: Quintela, Resende, Viseu, 4660-202 Resende
  • Gentlemen Restaurante Pizzaria: Rua Egas Moniz, 4660 Resende
  • Quinta de São Bernardo: Caminho do Rio 33, Vila Jusã, 5040-428 Mesão Frio
  • Churrasqueira Filipa: R. das Cerdeiras 34, 5040-412 Mesão Frio


  • Residencial Quinta da Granja: Lugar da Granja, 4660-055 Granja
  • Vald’arêgos Douro Turismo Rural: Quinta de Nadais: São João de Fontoura, 4660-343 Resende
  • Delfim Douro Hotel: Quinta do Loureiro, 5100-758 Samodães
  • Hotel Vil Galé Collection Douro: Lugar dos Varais - Cambres, 5100-426 Lamego

Galeria editar

Bibliografia editar

  • Instituto Nacional de Estatística (Recenseamentos Gerais da População)