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Bajazeto I (em turco otomano: بايزيد اول‎; romaniz.:Bayezid, Bajezid, Bajazed; c.13548 de março de 1403), também chamado de Bajazeto, o Relâmpago (em turco: Yıldırım Bayezid), foi o quarto sultão do Império Otomano de junho de 1389 até 1402, filho de Murade I, neto de Orcano I e bisneto do fundador da dinastia, Osmã I.[1] Sua mãe foi uma mulher grega que adotou o nome de Giultsitseque Hatuna após convertida ao Islão.

Bajazeto I
Bajazeto I
sultão otomano
Reinado 16 de junho de 1389-20 de julho de 1402
Consorte de Daulate Hatuna
Hafessa Hatuna
Hatuna
Despina Hatuna
Maria Hatuna
Sultana Hatuna
Outras duas esposas
Antecessor(a) Murade I
Sucessor(a) Interregno otomano
 
Nascimento c.1354
Morte 8 de março de 1403
Sepultado em Bursa
Pai Murade I
Mãe Giultsitseque Hatuna
Religião islão sunita
Assinatura Assinatura de Bajazeto I

Ascensão editar

Bajazeto ascendeu ao sultanato em 1389, após o assassinato do pai, Murade I, por um nobre sérvio no Cossovo. Uma das suas primeiras medidas é assassinar todos prisioneiros sérvios capturados na primeira batalha do Cosovo, como vingança pelo assassinato do pai, muito embora o próprio Bajazeto tivesse mandado matar seu irmão Iacube, popular herói das campanhas balcânicas e um virtual postulante ao trono otomano.

Paz com a Sérvia editar

Apesar de sua falta de piedade com os prisioneiros de guerra sérvios, e da redução daquele país à condição de vassalo dos Otomanos, Bajazeto consegue uma aliança de paz com o rei Lázaro da Sérvia, ao tomar em casamento sua filha Olivera Despina, e ao conceder aos sérvios uma autonomia considerável sob a governança de Stefan Lazarević, filho do rei Lázaro. É possível que os sérvios tenham preferido o protetorado otomano porque os Húngaros já faziam incursões em território da Sérvia, planejando conquistar o país e usar seu território como trincheira antiotomana.

Conquistas no sudoeste, norte e oeste da Anatólia editar

Durante seus últimos quinze anos, Murade I manteve uma guerra contra uma aliança de cinco beilhiques turcos do sudeste da Anatólia: Germyian (sul/sudoeste da antiga Frígia), Beilhique de Saruhan (norte e centro da antiga Lídia), Aidim (Sul da antiga Lídia e norte da antiga Cária), Mentexe (antigas Cária e Lícia) e Hamidali (Pisídia e Panfília). Entre 1389 e 1390, Bajazeto destroça esses estados e os anexa ao Império Otomano.

Voltando-se então para o norte da Anatólia, Bajazeto conquista e anexa Castamonu (1391), antigo estado aliado de Murade I que havia caído sob poder do Sultanato de Candaroğlu (correspondente aos territórios da Paflagônia e ao oeste do antigo Ponto). Em virtude desta vitória, outro estado vassalo de Candaroğlu, Isfendiar (na costa do mar Negro), coloca-se sob vassalagem otomana.

Entre 1397 e 1399, Bajazeto conquista os estados turcos de Eretna (sul do Ponto e norte da Capadócia, Caramânia (Isáuria), Elbistã e Malatya (ambos parte da antiga Capadócia, que todavia seriam perdidos para Tamerlão em 1402.

Cerco a Constantinopla, conquista parcial da Bulgária e derrota para os Romenos editar

Quando da ascensão de Bajazeto ao trono, a Bulgária se resumia a um estreito polígono entre o mar Negro, a cordilheira do Haimos, as fronteiras com a Sérvia e o rio Danúbio; e a Romênia se dividia em dois reinos: o da Valáquia (entre os Cárpatos e o Danúbio) e o da Principado da Moldávia (dos Cárpatos ao Rio Bug do Sul).

Na tentativa de conquistar Constantinopla e desejando eliminar os dois estados cristãos ao norte, de onde poderiam partir expedições de socorro, Bajazeto impõe um cerco à capital bizantina em 1391, e dois anos depois, invade a Bulgária, tomando a capital Tarnovo e a maior parte daquele país, restando livres apenas o Czarado de Vidin e o Despotado de Dobruja. Todavia, ao cruzar o Danúbio em 1394, é derrotado por Mircea I, comandante das forças romenas, na Batalha de Rovine. Mircea ocupa temporariamente a Dobruja até esta ser conquistada por Bajazeto em 1396.

Vitória sobre Sigismundo I e avanço até a foz do Danúbio editar

Entusiasmado pela vitória romena em 1394, João VII Paleólogo de Constantinopla convoca o auxílio dos cruzados — ditos "latinos" pelos gregos — formados, então, por uma coalizão de alemães, húngaros e romenos liderados por Sigismundo I, imperador do Sacro Império Romano-Germânico.

Em 1396, as forças de Sigismundo cruzam o Danúbio em direção a Adrianópolis (atual Edirne); mas, acabam derrotadas por Bajazeto em Nicópolis da Bulgária. Bajazeto, contra-atacando, conquista as províncias remanescentes da antiga Bulgária e dá ao Império Otomano a margem direita do Danúbio como sua fronteira natural de Vidin até o mar Negro. João VII Paleólogo, vendo Constantinopla ilhada no meio de um agora vasto império inimigo, e prevendo a catástrofe iminente, chegou a fugir da cidade. Data aliás desta época o início do êxodo grego-bizantino em direção à Itália ou à Moscóvia. Os emigrantes bizantinos na Itália teriam grande influência nas origens do Renascimento cultural do fim da Idade Média.

Deus ex Machina editar

Tudo indicava que pouco faltava para que Bajazeto conquistasse Constantinopla e procedesse seu avanço em direção ao coração da Europa. Todavia, em 1401 levanta-se na Ásia um novo império mongol, liderado por Tamerlão. Este já havia conquistado boa parte da Ásia Central, todo o Irã e o Cáucaso, e invadira o leste da Anatólia, alcançando os Otomanos pela retaguarda. Bajazeto é obrigado a abandonar o assédio a Constantinopla e voltar todas as suas forças para a defesa da Anatólia. Em 20 de julho de 1402, Bajazeto é derrotado e capturado pelos mongóis na Batalha de Ancara. Morre no cativeiro em 1403, deixando um vazio no trono. Teve início uma fase de caos, que durou onze anos e quase resultou na divisão do império em três estados distintos (Trácia e Bulgária ao norte, Zona do Egeu ao sudoeste, e Anatólia ao leste).

Referências editar

  1. «Bajazeto I». Encyclopædia Britannica Online (em inglês). Consultado em 25 de novembro de 2019 


Precedido por
Murade I
Sultão Otomano
1389–1402
Sucedido por
Maomé I, o Cavalheiro
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