Carano da Macedónia

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Carano ou Caranus (em grego clássico: Κάρανος; romaniz.: Káranos) foi, segundo alguns historiadores antigos, o primeiro rei da Macedónia. Contudo, de acordo com Heródoto, esse título teria pertencido a Pérdicas I. Carano foi relatado pela primeira vez por Teopompo[1] e é o mítico fundador da Dinastia argéada. O seu reinado prolongou-se desde 808 a.C. até 778 a.C..

Carano da Macedónia
Carano da Macedónia
Trihemióbolo de Egas (c. 500 a.C.), associado ao oráculo de Carano.
Rei da Macedônia
Reinado 808 a.C. - 778 a.C.
Antecessor(a) Nenhum (Primeiro Rei)
Sucessor(a) Ceno
 
Nascimento antes de 808 a.C.
  Argos (Grécia)
Morte 778 a.C.
  Egas
Dinastia Argéada
Pai Temeno
Religião Politeísmo grego
Estátua do rei Carano, Escópia, Macedónia do Norte
Rota de Carano do Peloponeso

De acordo com um mito grego, Carano era filho de Temeno, Rei de Argos, que por sua vez seria um Heráclida, ou seja, um descendente de Héracles. O filósofo Plutarco apoia esta ideia de uma linhagem heráclida de Carano e argumenta ainda que Alexandre, o Grande, é descendente de Hércules por meio de Carano.[2] Temeno, juntamente com Cresfontes e Aristodemo foram os três líderes Dóricos que invadiram a região do Peloponeso micénico, dividindo os territórios conquistados entre si. Assim, Cresfontes recebeu Messénia e Esparta, Aristodemo tomou a região da Lacónia e, por fim, Temeno recebeu Argos. Após Temeno ter morrido, houve discussões entre os príncipes para decidir quem deveria ser proclamado o novo rei. Sem chegar a consenso, um dos príncipes, Fédon, derrotou os seus outros irmãos em batalha e assumiu a realeza. Deste modo, Carano decidiu ir à procura de um outro reino, onde pudesse ser rei. No entanto, antes de o fazer, terá ido ao Oráculo de Delfos para pedir o conselho de Pítia. Posteriormente, Carano acabou por encontrar um vale verde, com muita caça e cabras, tal como Pítia lhe teria dito. Aí, Carano construiu uma cidade, a que chamou de Aigai (em grego clássico: Αἰγαί), atual Vergina, um local de atividade arqueológica substancial, onde numerosos achados importantes foram desenterrados.

Visão de historiadores

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A Macedónia inicialmente chamava-se Emácia, devido ao rei Emácio. Os seus habitantes eram chamados de pelasgos, e a região de Peônia.[3]

De acordo com Justino[3], citando Márcias de Pela:

Carano foi para Emacia com um grande bando de gregos, tendo sido instruído por um oráculo a procurar um lar na Macedônia. Aí, seguindo um rebanho de cabras a correr de um aguaceiro, apoderou-se da cidade de Edessa, tendo os habitantes sido apanhados de surpresa por causa de chuva forte e nevoeiro denso. Lembrando-se da ordem do oráculo em seguir o exemplo das cabras na sua procura por um império, Carano estabeleceu a cidade como a sua capital e, a partir de então, tornou-se uma observância solene, onde quer que levasse o seu exército, para manter essas mesmas cabras para ter como líderes das suas façanhas os animais que o trouxera consigo para fundar o reino. Carano deu à cidade de Edessa o nome de Aegae e ao seu povo o nome de Aegeads em memória a esse serviço.

Carano foi sucedido por Pérdicas, e Pérdicas pelo seu filho Argeu.[4]

De acordo com Crónica (Eusébio)[5]:

Antes da primeira Olimpíada, Carano foi movido pela ambição a reunir forças provenientes dos argivos e do resto do Peloponeso, a fim de liderar um exército ao território dos macedónios. Naquela época, o rei de Oréstia estava em guerra com os seus vizinhos, os Eordeus, e chamou Carano para ajudá-lo, prometendo dar-lhe metade do seu território em troca, se tivessem sucesso. O rei manteve a sua promessa e Carano tomou posse do território; reinou lá por 30 anos, até que morreu de idade. Foi sucedido pelo seu filho Ceno, que foi rei por 28 anos.

De acordo com Tito Lívio:[6]:

De Carano, o primeiro rei, vinte monarcas são enumerados até Perseu.

Análise

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Segundo James Ussher, Carano, um heráclida, estabeleceu o reino da Macedónia em 794 a.C..[7]

Segundo Heródoto, o fundador do reino da Macedónia foi Pérdicas;[8] Isaac Newton, ao fazer uma análise da mitologia e história gregas, apresentou duas hipóteses e uma síntese:

  • que Pérdicas era o sucessor de Carano (Juniano Justino, citado por Newton[9])
  • que Carano era o sucessor de Pérdicas (Caio Júlio Solino, citado por Newton[9])
  • que Pérdicas e Carano eram contemporâneos e fundaram pequenos principados; depois da morte de Carano, o reino foi unificado sob Pérdicas (Newton[9])

Pelos cálculos de Newton, Pérdicas e Carano reinaram por volta da 46.a ou 47.a Olimpíada.[10]

Referências

  1. Teopompo, página 270 por Gordon Spencer Shrimpton ISBN 0-7735-0837-6
  2. Plutarch, Alexander, 2.1
  3. a b Juniano Justino, Epítome das Histórias de Pompeu Trogo, 7.1 [em linha]
  4. Juniano Justino, Epítome das Histórias de Pompeu Trogo, 7.2 [em linha]
  5. Diodoro Sículo, citado por Eusébio de Cesareia, Crônica, 86, Os reis dos macedônios
  6. Tito Lívio, A História de Roma, 45.9.3
  7. James Ussher, The Annals of the World [em linha]
  8. Heródoto, Histórias, Livro VIII, Urânia, 138 [pt] [el] [el/en] [ael/fr] [en] [en] [en] [es]
  9. a b c Isaac Newton, The Chronology of Ancient Kingdoms, 1.119
  10. Isaac Newton, The Chronology of Ancient Kingdoms, 1.120

Precedido por
fundador
Rei da Macedónia
808 a.C. - 778 a.C.
Sucedido por
Ceno