Gentão (mestre dos dois exércitos)

 Nota: Para outros significados, veja Gentão.

Gentão (em latim: Gento) foi um oficial bizantino de origem germânica do século VI, ativo no reinado do imperador Maurício (r. 582–602) nas campanhas de Maurício nos Bálcãs contra o Grão-Canato Avar e os eslavos.

Gentão
Nascimento século VI
Nacionalidade Império Bizantino
Ocupação General
Religião Cristianismo

Etimologia editar

Gentão é um nome de origem vândala. Foi registrado em latim como Gento e em grego como Genton (Γέντων), Genzon (Γένζων)[1] ou Gentzon (Γέντζων).[2]

Vida editar

 
Soldo de Maurício (r. 582–602)
 
Soldo de Justino I (r. 518–527)

Gentão foi citado pela primeira vez em 593 quando foi convocado para fazer campanha punitiva aos eslavos pelo raide de 585.[3] Foi nomeado mestre da infantaria da Trácia e foi subordinado do mestre da cavalaria[a] Prisco.[4] O objetivo era cruzar o Danúbio e Durostoro (atual Silistra) e fazer ataque surpresa no próprio território deles; devido ao prolongado período de incursões, os eslavos possuíam muito butim do Império Bizantino. O exército chegou ao acampamento eslavo à meia-noite, os surpreendeu e os fez fugir em confusão. Ardagasto caiu sobre um toco de árvore e quase foi capturado, mas estava próximo dum rio e iludiu os atacantes.[5]

Na escaramuça seguinte, agora no acampamento do rei anta Musócio, os bizantinos conseguiram outra vitória contra os eslavos e, por conseguinte, capturaram seu rei, mas segundo Teofilacto Simocata, se não fosse pela atuação de Gentão, o sucesso podia ter sido revertido: segundo o relato, alguns sentinelas descuidados deixaram alguns eslavos fugirem, e quando os bizantinos estavam para vencer o confronto, os fugitivos retornaram para atacá-los, sendo Gentão quem os parou.[6][7]

Gentão foi citado anos depois, sob o comando do curopalata Pedro. Pedro, que naquele momento estava em campanha contra os eslavos, passou pela cidade de Asemo. Lá, ao notar a guarnição local, projetou usá-la no exército. Porém, tanto os soldados como a população local foram contrárias ao ato, ao alegarem que tal guarnição havia sido concedida como privilégio pelo imperador Justino I (r. 518–527). Além disso, os soldados esconderam-se na igreja local. Pedro ordenou que o bispo removesse-os dali, porém quando este recusou-se a acatar a ordem, convocou Gentão com alguns soldados para forçá-los a sair. Mas Gentão ao considerar sacrilégio profanar um local sagrado, ele negou-se executar a ordem e acabou sendo deposto de seu ofício.[8]

Notas editar

[a] ^ Embora seja considerado como um possível mestre da infantaria, devido a carência de fontes é inconclusiva tal afirmação, pois não se sabe se o ofício ainda existia neste momento. Os autores da Prosopografia do Império Romano Tardio sugeriram que poderia ter sido mestre dos dois exércitos (Magister utriusque militiae) subordinado a Prisco e posteriormente a Pedro.[9]

Referências

Bibliografia editar

  • Bury, John Begnell (1923). History of the Later Roman Empire: From Arcadius to Irene (395 A.D. to 800 A.D.). Nova Iorque e Londres: Macmillan & Company Limited 
  • Curta, Florin (2001). The Making of the Slavs: History and Archaeology of the Lower Danube Region c. 500-700. Cambrígia: Imprensa da Universidade de Cambrígia. ISBN 0-521-80202-4 
  • Hidryma Meletōn Chersonēsou tou Haimou (1996). «Balkan Studies». Universidade de Michigão: The Institute. 37 
  • Martindale, John Robert; Jones, Arnold Hugh Martin; Morris, J. (1992). The Prosopography of the Later Roman Empire Volume III: A.D. 527–641. 3. Cambrígia e Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Cambrígia. ISBN 9780521201605 
  • Schönfeld, M. (1911). Wörterbuch der altgermanischen personen-und völkernamen. Heilderberga: Livraria da Universidade Carl Winter