Giulio Andreotti GCC (Roma, 14 de janeiro de 1919 — Roma, 6 de maio de 2013[1][2]) foi um político democrata cristão italiano. Ocupou por diversos mandatos o cargo de primeiro-ministro da Itália. Desde 1991 era senador vitalício por nomeação presidencial.

Giulio Andreotti
Giulio Andreotti
Giulio Andreotti
Primeiro-ministro da Itália
Período 17 de fevereiro de 1972
até 7 de julho de 1973
29 de julho de 1976
até 4 de agosto de 1979
22 de julho de 1989
até 24 de abril de 1992
Antecessor(a) Emilio Colombo
Aldo Moro
Ciriaco de Mita
Sucessor(a) Mariano Rumor
Francesco Cossiga
Giuliano Amato
Senador vitalício da Itália
Período 19 de junho de 1991
até 6 de maio de 2013
Ministro das Relações Exteriores da Itália
Período 4 de agosto de 1983
22 de julho de 1989
Antecessor(a) Emilio Colombo
Sucessor(a) Gianni De Michelis
Ministro da Defesa da Itália
Período 15 de fevereiro de 1959 até 23 de fevereiro de 1966
14 de março de 1974 até 23 de novembro de 1974
Antecessor(a) Antonio Segni
Mario Tanassi
Sucessor(a) Roberto Tremelloni
Arnaldo Forlani
Ministro do Interior da Itália
Período 18 de janeiro de 1954 até 8 de fevereiro de 1954
11 de maio de 1978 até 13 de junho de 1978
Antecessor(a) Amintore Fanfani
Francesco Cossiga
Sucessor(a) Mario Scelba
Virginio Rognoni
Dados pessoais
Nascimento 14 de janeiro de 1919
Roma, Reino da Itália
Morte 6 de maio de 2013 (94 anos)
Roma, Itália
Alma mater Universidade de Roma "La Sapienza"
Cônjuge Livia Danese
Religião Católico
Profissão jornalista

Líder do Partido Democrata-Cristão italiano, foi primeiro-ministro nos períodos de 1972-1973, 1976-1979 e 1989-1992.

Biografia editar

Iniciou a carreira política em 1946 como deputado, embora fosse dirigente da Democracia Cristã desde 1944. Antes, era jornalista de profissão, tendo sido cofundador do Popolo, o jornal do seu partido. Foi colaborador de Alcide De Gasperi, passando por todos os seus governos com as mais variadas funções.[3][4][5]

Em 1954, foi ministro do Interior; em 1955, das Finanças; em 1966, fez parte do terceiro governo de Aldo Moro; entre fevereiro de 1972 e junho do ano seguinte presidiu a um governo democrata-cristão, com o apoio dos partidos de centro; em junho de 1976, após as eleições gerais, assumiu o poder com um gabinete democrata-cristão minoritário, que só pôde governar devido à abstenção do grupo parlamentar comunista.[3][4][5]

Em 1978, Andreotti formou governo com o Partido Comunista Italiano, dispondo assim de uma maioria absoluta parlamentar. No ano seguinte, o gabinete de coligação chegou ao fim devido à polémica adesão da Itália ao sistema monetário europeu, à qual os comunistas se opunham. A forte oposição dos socialistas impediria Andreotti de cumprir à risca o seu programa de luta contra a inflação.[3][4][5]

Em 1983 assumiu o cargo de ministro dos Negócios Estrangeiros e em 1989 formou um governo de coligação, sucedendo a Ciriaco De Mita.[3][4][5]

A 31 de Outubro de 1987 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Mérito, a 12 de Setembro de 1990 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo e a 29 de Junho de 1990 foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.[6]

Até ao ano da sua demissão, em 1992, conduziu governos de centro-direita, centro-esquerda e de unidade nacional. No que diz respeito à política externa, mostrou-se tendenciosamente pró-árabe, mas também atlantista.[3][4][5]

Em 1993, para além de vários escândalos políticos, a Justiça acusou Andreotti de delitos com ligação à Máfia e a esquemas de financiamento ilegal de partidos políticos. O seu julgamento teve início em 1995, mas Andreotti acabou por ser absolvido em 1999. Em 2003 o tribunal de apelação de Palermo rejeitou a sentença de absolvição emitida, estabelecendo que provaram relações com à Máfia até 1980 (crime cometido, mas prescrito); em 2004 a sentença é confirmada pelo Supremo Tribunal.[3][4][5]

Em 2002, Giulio Andreotti foi enfim condenado a 24 anos de prisão, por cumplicidade com os assassinos do jornalista Mino Pecorelli, em 1979.[7] No entanto, não foi preso pois gozava de imunidade, dada a sua condição de senador vitalício. Pecorelli fora assassinado por dois indivíduos, após ter anunciado que tencionava publicar uma reportagem sobre supostas cobranças de comissões ilegais por Andreotti. O repórter baseara-se em documentos do líder da Democracia Cristã, Aldo Moro, morto pelas Brigadas Vermelhas no ano anterior. O tribunal de apelação de Perugia rejeitou a sentença de absolvição emitida, em 1999, por um tribunal de primeira instância - segundo o qual Andreotti, na altura com 83 anos, nada tinha a ver com a morte do jornalista. Em 2003, o Supremo Tribunal anulou a sentença e absolver Andreotti por não ter cometido o crime.[8]

Seus anos no poder foram tratados no filme Il Divo (2008), de Paolo Sorrentino.[3][4][5]

Publicações editar

  • Concerto a sei voci. Storia segreta di una crisi, s.l., Edizioni della bussola, 1946; Milão, Boroli, 2007. ISBN 978-88-7493-103-3.
  • L'eucaristia nella vita sociale. Relazione al XIII Congresso eucaristico Nazionale. Assisi, settembre 1951, Roma, Tip. G. Bardi, 1951.
  • Discorso al congresso. Napoli, 29 giugno 1954, Roma, Tip. del Senato del dott. Bardi, 1954.
  • Pranzo di magro per il Cardinale, Milão, Longanesi, 1954.
  • De Gasperi e il suo tempo. Trento, Vienna, Roma, Milão, A. Mondadori, 1956; 1964; 1969; 1974.
  • Il senso dello stato, Milão, Rizzoli, 1958.
  • Scritti e discorsi.... Da "Concretezza", "Oggi", "Politica", "La discussione", Roma, Tip. A. Garzanti, 1959.
  • La patria e le nuove generazioni nel pensiero dell'on. Giulio Andreotti, ministro della difesa, Roma, Tip. OPI, 1963.
  • La sciarada di Papa Mastai, Milão, Rizzoli, 1967.
  • I minibigami, Milão, Rizzoli, 1971.
  • Ore 13: il Ministro deve morire, Milão, Rizzoli, 1974.
  • De Gasperi e la ricostruzione, Roma, Cinque lune, 1974.
  • La Democrazia cristiana. (1943-1948), Roma, Cinque lune, 1975.
  • Intervista su De Gasperi, Roma-Bari, Laterza, 1977.
  • A ogni morte di Papa. I papi che ho conosciuto, Milão, Rizzoli, 1980.
  • Diari 1976-1979. Gli anni della solidarietà, Milão, Rizzoli, 1981. Vincitore del Premio Il Libro dell'Anno
  • Visti da vicino, Milão, Rizzoli, 1982.
  • Visti da vicino. Seconda serie, Milão, Rizzoli, 1983. ISBN 88-17-85093-4.
  • Visti da vicino. Terza serie, Milão, Rizzoli, 1985. ISBN 88-17-85102-7.
  • Unione europea. Un personaggio in cerca d'autore. Firenze, 23 novembre 1985, Firenze, Istituto universitário europeo, 1985.
  • De Gasperi. Visto da vicino, Milão, Rizzoli, 1986. ISBN 88-17-36010-4.
  • Onorevole, stia zitto, Milão, Rizzoli, 1987. ISBN 88-17-85103-5.
  • Roma. Incanto di uomini e di dei, con Sandra Facchini, Gardolo, Reverdito, 1987. ISBN 88-342-0192-2.
  • L'URSS vista da vicino, Milão, Rizzoli, 1988. ISBN 88-17-85104-3.
  • Gli USA visti da vicino, Milão, Rizzoli, 1989. ISBN 88-17-85087-X.
  • Il potere logora... Ma è meglio non perderlo, Milão, Rizzoli, 1990. ISBN 88-17-85101-9.
  • Governare con la crisi, Milão, Rizzoli, 1991. ISBN 88-17-84135-8.
  • Onorevole, stia zitto. Atto secondo, Milão, Rizzoli, 1992. ISBN 88-17-84206-0.
  • Il mistero dell'uomo in grigio, Petriccione, Giunti Lisciani, 1993. ISBN 88-09-50116-0.
  • Cosa Loro. Mai visti da vicino, Milão, Rizzoli, 1995. ISBN 88-17-84446-2.
  • De (prima) re publica. Ricordi, Milão, Rizzoli, 1996. ISBN 88-17-84486-1.
  • Non ho mai ballato con un presidente. Autobiografia non scritta di Giulio Andreotti, Roma-Viterbo, Stampa alternativa-Nuovi equilibri, 1997. ISBN 88-7226-331-X.
  • Nove appunti di Natale, Roma, Benincasa, 1997.
  • Operazione Via Appia, Milão, Rizzoli, 1998. ISBN 88-17-85987-7.
  • A non domanda rispondo. Le mie deposizioni davanti al tribunale di Palermo, Milão, Rizzoli, 1999. ISBN 88-17-86079-4.
  • I quattro del Gesù. Storia di un'eresia, Milão, Rizzoli, 1999. ISBN 88-17-86221-5.
  • Teneteli su e altri racconti, Roma, Benincasa, 1999.
  • Don Giulio Belvederi, Roma, Trenta giorni, 1999.
  • Piccola storia di Roma. Da Romolo al giubileo del 2000, Milão, Mondadori, 2000. ISBN 88-04-47796-2. vincitore del Premio Cimitile
  • Sotto il segno di Pio IX, Milão, Rizzoli, 2000. ISBN 88-17-86362-9.
  • Volti del mio tempo. Personaggi della storia, della politica, della Chiesa, Cinisello Balsamo, San Paolo, 2000. ISBN 88-215-4245-9.
  • 1 gennaio 2025, Roma, Benincasa, 2000.
  • Un gesuita in Cina, 1552-1610. Matteo Ricci dall'Italia a Pechino, Milão, Rizzoli, 2001. ISBN 88-17-86940-6.
  • I nonni della Repubblica, Milão, Rizzoli, 2002. ISBN 88-17-87026-9.
  • Uno sconto su Mosè, Roma, Trenta giorni, 2002.
  • Continuo ad avere fiducia nella giustizia. La dichiarazione spontanea alla Corte d'appello di Palermo. 28 novembre 2002, Roma, Trenta giorni, 2002.
  • I miei alti e bassi, Roma, Benincasa, 2002.
  • Altri cento nonni della Repubblica, Milão, Rizzoli, 2003. ISBN 88-17-87177-X.
  • La fuga di Pio IX e l'ospitalità dei Borbone, Roma, Benincasa, 2003. ISBN 88-86418-12-4.
  • Nonni e nipoti della Repubblica, Milão, Rizzoli, 2004. ISBN 88-17-00143-0. Premio Procida-Isola di Arturo-Elsa Morante per la saggistica.
  • 1947. L'anno delle grandi svolte nel diario di un protagonista, Milão, Rizzoli, 2005. ISBN 88-17-00718-8.
  • 1948. L'anno dello scampato pericolo, Milão, Rizzoli, 2005. ISBN 88-17-00927-X.
  • 1949. L'anno del Patto Atlantico, Milão, Rizzoli, 2006. ISBN 88-17-01153-3.
  • De Gasperi, Palermo, Sellerio, 2006. ISBN 88-389-2130-X.
  • 1953. Fu legge truffa?, Milão, Rizzoli, 2007. ISBN 88-17-01527-X.
  • 2000. Quale terzo millennio?, Milão, Rizzoli, 2007. ISBN 978-88-17-01960-6.
  • Don Carlo Gnocchi nel ricordo di Giulio Andreotti, Milão, San Paolo, 2009.
  • Giulio. La storia di Andreotti dalla A alla Z, Napoli, Edizioni Cento Autori, 2013. ISBN 978-88-97121-84-8
  • I diari segreti (6 agosto 1979 - 22 luglio 1989), Introdução de Andrea Riccardi, editado por Stefano Andreotti e Serena Andreotti, Milão, Solferino, 2020, ISBN 978-88-282-0447-3.
  • I diari degli anni di piombo, Introdução de Bruno Vespa, editado por Serena e Stefano Andreotti, Milão, Solferino, 2021, ISBN 978-88-282-0732-0.

Ver também editar

Referências

  1. Morre o ex-primeiro-ministro da Itália Giulio Andreotti. Jornal do Brasil, 6 de maio de 2013.
  2. publico.pt. «Morreu Giulio Andreotti, o "divino"». Consultado em 6 de maio de 2013 
  3. a b c d e f g «Andreotti, the 'Beelzebub' of Italian politics, dies at 94». France 24 (em inglês). 6 de maio de 2013. Consultado em 13 de fevereiro de 2024 
  4. a b c d e f g «Read A Dictionary of Political Biography | Questia, Your Online Research Library». web.archive.org. 21 de setembro de 2013. Consultado em 13 de fevereiro de 2024 
  5. a b c d e f g Moraschini, Stefano (13 de janeiro de 2003). «Giulio Andreotti. Il secolo da vicino». Biografieonline (em italiano). Consultado em 13 de fevereiro de 2024 
  6. «Cidadãos Estrangeiras Agraciados com Ordens Nacionais». Resultado da busca de "Giulio Andreotti". Presidência da República Portuguesa (Ordens Honoríficas Portuguesas). Consultado em 28 de fevereiro de 2016 
  7. Corriere della Sera (18 de novembro de 2002). «Delitto Pecorelli, condannati Andreotti e Badalamenti». Consultado em 1 de maio de 2016 
  8. Corriere della Sera (31 de outubro de 2003). «Andreotti, assoluzione definitiva». Consultado em 1 de maio de 2016 

Ligações externas editar

 
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