Júlia Steinbruch

política brasileira

Júlia Vaena Steinbruch (Rio de Janeiro, 28 de maio de 1933) é uma advogada e política brasileira que foi deputada federal pelo Rio de Janeiro.[1]

Júlia Steinbruch
Júlia Steinbruch
Júlia Steinbruch
Deputada federal pelo Rio de Janeiro
Período 1967-1969
Dados pessoais
Nascimento 28 de maio de 1933 (90 anos)
Rio de Janeiro, RJ
Alma mater Universidade Federal do Rio de Janeiro
Cônjuge Aarão Steinbruch
Partido MDB, PTB
Profissão advogada

Dados biográficos editar

Filha de Luciano Vaena e Clara Vaena. Advogada formada em 1956 na Universidade Federal do Rio de Janeiro com Doutourado em Direito Penal em 1958, foi procuradora do Serviço de Assistência Médica Domiciliar de Urgência (SAMDU)[2] até ingressar na política como deputada federal pelo Rio de Janeiro em 1966[3] graças ao apoio de seu marido, o senador Aarão Steinbruch.

O primeiro caso de Júlia Vaena foi a defesa do marinheiro norueguês Olav Hoffshaken, acusado de ter assassinado um taxista no Rio de Janeiro em agosto de 1956. O caso foi encerrado em outubro de 1957, com a vitória de Vaena em convencer o juri popular da inocência do marinheiro sob a alegação de legítima defesa.[4][5][6]

Em 1959 se casou com o deputado federal Aarão Steinbruch. A cerimônia foi realizada no Grande Templo Israelita do Rio de Janeiro, sendo celebrada pelo rabino Jacob Fink. Entre os presentes se encontravam o vice-presidente João Goulart, o presidente da Câmara dos Deputados Ranieri Mazzilli e os deputados Bocaiuva Cunha, Fernando Ferrari, Sérgio Magalhães e Augusto de Gregório.[7][8]

Câmara dos Deputados editar

Lançada pelo esposo em agosto de 1966, a candidatura de Júlia Steinbruch foi construída na promessa de apoio aos trabalhadores, às mulheres e na proteção das crianças.[9] A proposta principal era a criação do 14º salário para as trabalhadoras gestantes.[10] Júlia foi eleita, sendo uma das mais votadas do estado do Rio de Janeiro, com cerca de quarenta mil votos.[11]

Logo no início do mandato, Júlia defendeu que as esposas dos trabalhadores fossem incluídas no Salário-família.[12] Em novembro de 1967 Júlia fez um discurso criticando a diferença de tratamento entre os funcionários públicos civis e militares do estado. Os militares recebiam o dobro de aumento salarial em relação aos civis e os generais recebiam salários acima dos ministros do governo. Júlia chamou os generais de os "novos Nababos dos cofres públicos".[13] Ao final de 1967 foi incluída pelos jornalistas na lista dos dez parlamentares mais atuantes na Câmara dos Deputados.[14][15]

Tanto ela quanto o esposo eram do MDB e foram cassados pelo Ato Institucional Número Cinco em 1969 e tiveram os direitos políticos suspensos por dez anos.[1]

Graças a Lei da Anistia sancionada pelo presidente João Figueiredo em 1979 ela ingressou no PTB de Ivete Vargas e retornou à procuradoria-geral do Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social (IAPAS) e em 1985 foi nomeada presidente da 6ª turma do Conselho de Recursos da Previdência Social aposentando-se do serviço público em 1990.

Referências

  1. a b «Câmara dos Deputados do Brasil: deputada Júlia Steinbruch». Consultado em 7 de dezembro de 2013 
  2. «Pediatra dá ênfase à orientação das mães». Correio da Manhã, ano LXIV, edição 21806, página 3/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 8 de maio de 1964. Consultado em 24 de outubro de 2022 
  3. «Banco de dados do Tribunal Superior Eleitoral». Consultado em 2 de fevereiro de 2017 
  4. «Absolvido:termina o drama do marinheiro Olav-...Brilhou, em sua estréia, a advogada Júlia Vaena». Última Hora, ano VII, edição 2236, página 6/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 12 de outubro de 1957. Consultado em 24 de outubro de 2022 
  5. «Talento e beleza defenderam Olav». Última Hora, ano VII, edição 2241, página 2/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 18 de outubro de 1957. Consultado em 24 de outubro de 2022 
  6. Elias Nasser (1957). «O Diabo no caminho de Deus:com a bíblia e a Dra. Júlia Vaena». O Cruzeiro, ano XXIX, edição 47, página 130-133/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 24 de outubro de 2022 
  7. «Povo botou chapéu para ver Aarão casar». Diário Carioca, ano XXXI, edição 9436, página 12/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 17 de abril de 1959. Consultado em 24 de outubro de 2022 
  8. «Credo de Moisés une Aarão a Júlia». Diário Carioca, ano XXXI, edição 9438, Seção Revista da Sociedade, página 3/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 19 de abril de 1959. Consultado em 24 de outubro de 2022 
  9. «Votação de Salvador dá vitória a MDB na Bahia». Correio da Manhã, ano LXVI, edição 22591, página 18/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 27 de novembro de 1966. Consultado em 24 de outubro de 2022 
  10. Quatro Cantos (24 de novembro de 1966). «14 Salário». Correio da Manhã, ano LXVI, edição 22588, página 10/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 24 de outubro de 2022 
  11. Sérgio Ross, Jânio de Freitas e Raul Caldas (1966). «A vitória das mulheres». Manchete, ano 14, edição 764, página 14-16/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. Consultado em 24 de outubro de 2022 
  12. «Deputada defende mulheres». Correio da Manhã, ano LXVI, edição 22684, página 3/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 18 de março de 1967. Consultado em 24 de outubro de 2022 
  13. «"Generais são os novos Nababos" : Júlia Steinbruch é quem diz». Diário de Notícias, ano XXXVIII, edição 13799, página 3/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 12 de novembro de 1967. Consultado em 24 de outubro de 2022 
  14. «Posto de Escuta». Manchete, ano XV, edição 816, página 46/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 9 de dezembro de 1967 
  15. «As mais importantes de 67». Manchete, ano XV, edição 820, página 85/republicado pela Biblioteca Nacional-Hemeroteca Digital Brasileira. 6 de janeiro de 1968. Consultado em 24 de outubro de 2022