Madragana Ben Aloandro

Madragana Ben Aloandro, depois de baptizada como Mor Afonso (Faro, Algarve, 1230 -1270?), foi uma nobre muçulmana da cidade de Faro, no fim do período da "Reconquista Portuguesa". Foi companheira do rei D. Afonso III de Portugal e sua descendência faz parte de muitas famílias reais e nobres da Europa.

Madragana Ben Aloandro
Nascimento 1230
Faro
Morte 1270
Portugal
Cidadania Portugal
Progenitores
Filho(a)(s) Martim Afonso Chichorro, Urraca Afonso de Portugal, Margarita de Castro e Souza

Biografia

editar

Era filha de Aloandro Ben Bakr, o governador militar do Castelo de Faro e alcaide (cádi) da cidade, que pertencia ao Reino Muçulmano do Algarve (Algarbe Alandalus).

Por via das relações de Madragana com o rei Afonso III, de quem teve cinco filhos, resultou uma numerosa família que tornou-se antecessora de centenas das famílias reais e aristocráticas da Europa.

Depois de a paixão do rei desaparecer, Madragana casou-se com Fernão Rei, de quem teve uma filha chamada Sancha Fernandes. Devido suas relações com o rei Afonso III de Portugal, um rei católico, foi baptizada, tendo recebido um nome cristão e passando a chamar-se "Maior Afonso" ou "Mor Afonso" (sendo que o termo Mor era uma abreviatura de Maior, nome bastante comum entre as mulheres do Portugal medieval). O nome Afonso foi-lhe atribuído e significa "A filha de Afonso", o que segundo alguns historiadores pudera querer dizer que depois de ter filhos reais de D. Afonso III tornou-se ele seu padrinho por baptismo, transformando-a assim numa protegida sua.

Existe alguma controvérsia sobre o facto de ela ser de origem moura, pois existem historiadores que afirmam o contrário, Duarte Nunes de Leão, cronista real do Reino de Portugal durante o século XVI, assegura que Madragana era de origem muçulmana. Este facto no entanto é negado no século XVIII por António Caetano de Sousa, na sua obra História Genealógica da Casa Real Portuguesa. Deve no entanto ser dito que António Caetano estava a ser pago pelo rei D. João V de Portugal para escrever a referida história genealógica da casa real portuguesa pelo que esta informação, por ser pouco conveniente pode ter sido omitida, pondo assim a família Sousa a descender de Mor Afonso, que pertencia à linhagem real e se encontrava ligada às famílias aristocráticas mais importantes da corte.

Relações familiares

editar

Foi filha[1] de Aloandro Ben Bakr ou Aloandro Ben Bekar ou Ben Bakr, vulgarmente conhecido como Aloandro ou Aldroando Gil depois de se proceder ao seu baptismo. Aloandro e Bekar são as únicas formas portuguesas conhecida do seu nome no árabe original. Segundo os dados existentes foi um muladi dos Banu Harune.

Madragana é chamada nas antigas crónicas de Mourana ou Mourana Gil.

Madragana teve do rei D. Afonso III de Portugal:

  1. D. Martim Afonso Chichorro (1250 - 1313), casado com Inês Lourenço de Valadares (ou de Sousa) (1250 -?), filha de Lourenço Soares de Valadares (1230 -?) e de Maria Mendes de Sousa (c. 1230 -), de quem descendem as famílias Sousa (Sousa de Arronches e Sousa do Prado) assim como as famílias Machado, Silveira Ramos e Faria Blanc.
  2. D. Urraca Afonso de Portugal (c. 1260 -?), que foi casada por duas vezes, a primeira em 1265 com Pedro Anes Gago de Riba de Vizela (1240 - 1286) (seu primo, já que ambos descendiam de uma filha do rei D. Afonso I de Portugal e de sua amante Elvira Guálter, e de D. Sancho Nunes de Celanova (1070 - 1130) e da infanta Sancha Henriques, irmã desses mesmo rei), e cuja descendência se encontra extinta. D. Urraca foi casada segunda vez com D. João Mendes de Briteiros (c. 1250 -?), sendo que deste matrimónio existe una numerosa descendência, encontrando-se entre elas os Figueiredo, Loureiro, Bandeira, Cota, entre outras.

De Urraca Afonso descendem grande parte da aristocracia e grande parte das famílias reais europeias, seja por entremeio da Casa de Sousa por via dos condes de Miranda do Corvo, ou dos marqueses de Arronches e dos duques de Lafões, da família real portuguesa.

Entre os seus descendentes mais ilustres encontra-se D. Rui de Sousa, que corria o ano de 1494 negociou, escreveu e assinou o Tratado de Tordesilhas, em nome do rei, João II de Portugal. D. Rui foi acompanhado à corte castelhana pelo seu filho, D. João de Sousa, que também assinou o referido tratado.

Igualmente notáveis foram D. Martim Afonso de Sousa, Senhor de Mortágua, que participou na Batalha de Aljubarrota em 1385 e D. Martim Afonso de Sousa, que exerceu o cargo de governador do Brasil e de governador da Índia portuguesa durante o século XVI.

Algumas das famílias reais europeias que descendem de D. Urraca vão buscar a sua linhagem a Carlota de Mecklemburgo-Strelitz, avó da rainha Vitória I de Inglaterra por via dos casamentos dos membros da família real inglesa com outras casa reais europeias.[2][3][4][5][6][7]

Referências

  1. BRANDAO, António (1632). Quarta parte da Monarchia lusitana : que contem a historia de Portugal desdo tempo del Rey Dom Sancho Primeiro, até todo o reinado delRey D. Afonso III. Lisboa: Mosteiro de S. Bernardo. pp. 220 verso 
  2. Luís Suárez Fernández, (1976). Historia de España Antigua y media. Editorial Rialp. ISBN 84-321-1883-4
  3. Anselmo Braamcamp Freire, (1973). Brasões da Sala de Sintra. Imprensa Nacional-Casa de Moeda.
  4. António Caetano de Sousa, (1946). História Genealógica da Casa Real Portuguesa. Atlântida. I Vol.
  5. Felgueiras Gaio, (1940). Nobiliário das Famílias de Portugal. Braga.
  6. José Augusto Sotto Mayor, (1999). Linhagens Medievais Portuguesas. Porto, Universidade Moderna.
  7. Manuel Abranches de Soveral, (2000), "Origem dos Souza ditos do Prado", em Machado de Vila Pouca de Aguiar. Ascendências e parentescos da Casa do Couto d'Além em Soutelo de Aguiar, Porto.