Microalga
Em biologia aquática (biologia marinha e limnologia) chamam-se microalgas as algas unicelulares que crescem em água doce ou salgada. O termo microalga não está ligado a taxonomia dos seus integrantes, esse termo designa um grupo polifilético de características metabólicas semelhantes, ou seja, elas surgiram e evoluíram em tempos diferentes, mas o mecanismos dentro das células é semelhante[1]. Neste grupo podemos incluí as algas verde, que são eucariontes, e as cianobactérias, que são procariontes. Elas podem estar associadas em colónias, por vezes de grandes dimensões.[2] Seu tamanho pode variar de alguns a poucas centenas de micrômetros (1µm = 10-6m).
As microalgas, não só perfazem uma grande parte do plâncton e têm sido consideradas responsáveis pela maior parte do oxigênio da atmosfera terrestre, mas também são a base da cadeia trófica do bentos. Foi estimada a existência de 200 000 a 800 000 espécies, das quais apenas cerca de 35 000 estão descritas.
Usa-se este termo em oposição a macroalga, que refere normalmente as algas com órgãos diferenciados, como as algas vermelhas e as algas castanhas.
O grupo de microalgas mais importante é o das diatomáceas, mas em certos sistemas, principalmente em água doce, as clorofíceas ou cianofíceas podem ser dominantes.
AplicaçõesEditar
Algumas microalgas podem ser cultivadas para uso em aditivos alimentares, ou ainda no uso de seu próprio conteúdo, como óleos, pigmentos e alguns carboidratos especiais e pela produção do ácido graxo como Omega-3, que é passado na cadeia alimentar.
Produto | Aplicações | |
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Alimentos naturais “health food” | ||
Alimentos funcionais | ||
Biomassa | Biomassa | Aditivos alimentares |
Aqüicultura | ||
Condicionador do solo | ||
Biocombustíveis | ||
Xantofilas (astaxantina e cantaxantina) | ||
Corantes e | Luteína | Cosméticos |
antioxidantes | Aditivos alimentares | |
Beta-caroteno | ||
Vitamina C e E | ||
Ácido araquidônico - ARA | ||
Ácido eicosapentaenóico - EPA | ||
Ácidos graxos | Ácido docosahexaenóico - DHA | Aditivos alimentares |
Ácido gama-linolênico - GCA | ||
Ácido linoléico - LA | ||
Superóxido dismutase –SOD | Alimentos naturais | |
Enzimas | Fosfoglicerato quinase – PGK | Pesquisa |
Luciferase e Luciferína | Medicina | |
Enzimas de restrição | ||
Polissacarídeos | Aditivos alimentares | |
Polímeros | Amido | Cosméticos |
Ácido poli-beta-hidroxibutirico - PHB | Medicina | |
Peptídeos | ||
Toxinas | ||
Produtos especiais | Isótopos | Pesquisa |
Aminoácidos (prolina, arginina, ácido aspártico) | Medicina | |
Esteróis |
Abaixo está alguns exemplos de empresas que utilizam microalgas para produzirem aos produtos para medicina.
Empresa | País | Microalga (gênero) | Produto | Atividade biológica |
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Martek/Omegatech | USA | Crypthecodinium | DHA | Desenvolvimento cerebral |
Cyanotech | USA | Haematococcus | Astaxantina | Tratamento da Síndrome do Túnel do Carpo |
MERA | USA | Haematococcus | Astaxantina | Antiinflamatório, tratamento de lesões musculares |
OceanNutrition | Canadá | Chlorella | Extrato de carboidratos | Melhora da resposta imunológica, antigripal (“anti-flu”) |
InnovalG | França | Odontella | Ácido eicosapentaenóico - EPA | Antiinflamatório |
Panmol/Madaus | Áustria | Spirulina | Vitamina B12 | Melhora da resposta imunológica |
Nutrinova/Celanese | Alemanha | Ulkenia | Ácido docosahexaenóico - DHA | Tratamento de doenças cerebrais e cardíacas |
Produção de bioetanol a partir de biomassa de microalgasEditar
Devido à preocupação com o esgotamento das fontes de energia não-renováveis, novas alternativas para o desenvolvimento de biocombustíveis como o bioetanol vem sendo buscadas. A fermentação de bioetanol através de amido ou cana-de-açúcar (conhecido como etanol de primeira geração) é muito utilizada, contudo, o bioetanol de primeira geração baseado em culturas alimentícias causa questões morais do uso de alimentos na produção de combustível.[4]
A utilização de biomassa de microalgas para a fermentação de bioetanol (etanol de terceira geração) vem cada vez ganhando mais espaço pois estas apresentam algumas vantagens em relação à métodos convencionais. Tais como a eficiência elevada de conversão fotossintética, o alto teor lipídico armazenado em sua biomassa, rápido crescimento e a não utilização de terras agrícolas destinadas à culturas alimentícias. [4]
A produção do bioetanol, se dá basicamente por três etapas: Pré-tratamento, sacarificação e fermentação.
· Pré-tratamento: Primeiramente pelo cultivo das microalgas em fotobiorreatores por uma forma de cultivo chamada de Aquicultura. Após a secagem, a biomassa obtida é triturada afim de se obter um rompimento da parede celular de suas células;
· Sacarificação: A etapa de sacarificação baseia-se na hidrólise dos carboidratos presentes nas células da biomassa, geralmente através de algum produto químico como os ácidos, por exemplo;
· Fermentação: O hidrolisado obtido na etapa de sacarificação, rico em monossacarídeos, é utilizado por fim, na fermentação do bioetanol . mediante a ação de um microrganismo, como a levedura Saccharomyces cerevisiae, por exemplo, que é comumente utilizada na fermentação alcoólica.
Através desta última etapa, o etanol é produzido através da fermentação e separado do restante da solução.[5]
Ver tambémEditar
Referências
- ↑ Andersen, Robert A. (12 de abril de 2013). «The Microalgal Cell». Oxford, UK: John Wiley & Sons, Ltd: 1–20. ISBN 978-1-118-56716-6. Consultado em 24 de setembro de 2020
- ↑ «O QUE SÃO ALGAS ?». Consultado em 22 de fevereiro de 2016. Arquivado do original em 15 de janeiro de 2013
- ↑ a b Microalgas, produtos e aplicações
- ↑ a b OK, LEE; AL, KIM; DH, SEONG; CG, LEE; YT, JUNG (19 de janeiro de 2013). «Chemo-enzymatic saccharification and bioethanol fermentation of lipid-extracted residual biomass of the microalga, Dunaliella tertiolecta.». US National Library of Medicine National Institutes of Health. Consultado em 13 de novembro de 2019
- ↑ MAGRO, F. G.; DECESARO, A.; BERTICELLI, R.; COLLA, L. M.. Produção de Bioetanol Utilizando Microalgas: Uma Revisão. Semina: Ciências Exatas e Tecnológicas, Londrina, v. 37, n. 1, p. 159-174. 2016. Universidade de Passo Fundo – RS. 2016.
Ligações externasEditar
- «Atlas de cianobactérias e microalgas de águas continentais brasileiras» (PDF)
- «Estudo da Viabilidade de Microalgas para Produção de Biodiesel»
- «Cultivo de microalgas para produção de bioetanol de terceira geração»
- Cientistas Portugueses participam na descoberta de nova família de microalgas, por Inês Sequeira,, Wilder, 22.06.2020