Nacionalismo étnico
Nacionalismo étnico é uma forma de nacionalismo onde a "nação" é definida em termos da etnicidade. Seja qual for a etnia envolvida, o nacionalismo étnico sempre inclui alguns elementos de descendência das gerações anteriores e uma afirmação implícita de nacionalismo étnico, ou seja, a compreensão de etnicidade como uma essência que não se altera com o passar do tempo.

O tema central dos nacionalistas étnicos é que "[...] nações são definidas por uma herança, que normalmente inclui uma linguagem comum, uma religião em comum, e uma descendência em comum."[1] Ele também inclui idéias de uma cultura compartilhada entre membros de um grupo, e entre seus ancestrais, e usualmente uma língua em comum; porém isso é diferente da definição puramente cultural da "nação" (que permite as pessoas se tornarem membros de uma nação por assimilação cultural) e uma definição puramente linguística (que vê uma nação como todos os falantes de uma mesma língua). Heródoto foi o primeiro que estabeleceu as principais características de etnicidade, com a sua famosa obra onde ele difine a identidade Grécia, onde ele cita "descendência" (Grego: ὅμαιμον - homaimon, "do mesmo sangue"[2]), linguagem (Greek: ὁμόγλωσσον - homoglōsson, "falantes da mesma língua"[3]), modos e costumes (Greek: ὁμότροπον - homotropon, "mesmos hábitos ou vida").[4][5][6]
IdeologiaEditar
O princípio político do nacionalismo étnico é que os grupo étnicos podem ser definidos inequivocadamente, e que cada um deles tem o direito de autodeterminação.
o resultado desse direito a autodeterminação pode variar, da solicitação de corpos auto-administrativos em uma sociedade já estabelecida, para uma entidade autônoma separada da sua sociedade, para um estado soberano removido dessa sociedade. Em relações internacionais, isso também leva a políticas e movimentos por irredentismo — para clamar uma nação baseada em sua etnicidade.
Na literatura acadêmica, o nacionalismo étnico normalmente é diferenciado do nacionalismo cívico. O nacionalismo étnico diz que a adesão a uma nação deve acontecer em base na descendência ou na hereditariedade, muitas vezes articulado em cima na idéia de parentesco, em vez de uma adesão política. Portanto, Estados-Nação com fortes tradições de nacionalismo étnico tendem a definir a nacionalidade ou a cidadania por jus sanguinis (a lei do sangue, por descendência duma pessoa dessa nacionalidade) enquanto nações com forte tradição de nacionalismo cívico tendem a definir a nacionalidade por jus soli (a lei do solo, por nascimento dentro do território do referido Estado). Nacionalismo étnico é, portanto, exclusivo, enquanto o nacionalismo cívico tende a ser inclusivo, tendendo a enfatizar a ascendência e a origem comum.
O teórico Anthony D. Smith usa o termo 'nacionalismo étnico' para não-Ocidentais conceitos de nacionalidade ao contrário da visão ocidental de uma nação definida pelos seus limítes geográficos. Estudiosos sobre diáspora estendem esse conceito não-geográfico de nação entre comunidades diasporicas, às vezes usando o termo etnonação ou etnonacionalismo para descrever um conceito coletivo de etnias dispersas.[7]
O nacionalismo etnico está presente em muitos Estados com políticas de imigração na forma de leis de repatriação. Estados como Armênia, Bulgária, Croácia, Finlândia, Alemanha, Grécia, Hungria, Itália, Irlanda, Israel, Romênia, Sérvia, e Turquia dão automática e rápida cidadania aos membros de diásporas do seu principal grupo étnico, se desejar.[1] Por exemplo, a Itália concede a cidadania quase sempre baseada no princípio jus sanguinis (ascendência italiana). A Lei do retorno garante a cada judeu, o direito de se estabelecer em Israel e, automaticamente, adquirir cidadania.[8] Na Alemanha, a cidadania é aberta aos "Alemães étnicos" (por exemplo, descendentes de alemães que viviam na ex-União Soviética). De acordo com a lei de nacionalidade grega, gregos nascidos fora do país podem transmitir a nacionalidade grega de geração em geração por tempo indeterminado.
No Peru, o movimento etnocacerista delineia uma doutrina caracterizada pelo nacionalismo étnico.[9]
Referências
- ↑ a b Muller, Jerry Z. "Us and Them." Current Issue 501 Mar/Apr 2008 9-14
- ↑ ὅμαιμος, Henry George Liddell, Robert Scott, A Greek-English Lexicon, on Perseus
- ↑ ὁμόγλωσσος, Henry George Liddell, Robert Scott, A Greek-English Lexicon, on Perseus
- ↑ ὁμότροπος, Henry George Liddell, Robert Scott, A Greek-English Lexicon, on Perseus)
- ↑ Herodotus, 8.144.2: "The kinship of all Greeks in blood and speech, and the shrines of gods and the sacrifices that we have in common, and the likeness of our way of life."
- ↑ Athena S. Leoussi, Steven Grosby, Nationalism and Ethnosymbolism: History, Culture and Ethnicity in the Formation of Nations, Edinburgh University Press, 2006, p. 115
- ↑ Safran, William (January 2008). "Language, ethnicity and religion: a complex and persistent linkage." Nations and Nationalism 14(1) 171–190. DOI:10.1111/j.1469-8129.2008.00323.x
- ↑ Hadary, Amnon. "Reclaiming Zionism." Judaism Vol. 48. Issue 1Winter 1999 1-14.
- ↑ «DOCTRINA FILOSÓFICA ETNONACIONALISTA – Etnocacerismo». web.archive.org. 22 de outubro de 2019. Consultado em 7 de dezembro de 2020