Ergue-te

partido político português
(Redirecionado de PNR)

O Ergue-te (E), fundado como Partido Nacional Renovador (PNR), é um partido político português ultranacionalista de extrema-direita.[3][4][7][8][9][5][6] O seu lema é Nação e Trabalho e um dos seus objetivos consiste na valorização de um espírito nacionalista português. O partido resulta legalmente da alteração de estatutos aprovada na VII Convenção Nacional do antigo Partido Renovador Democrático (PRD) requerida em 17 de Março de 2000 e validada pelo Tribunal Constitucional a 12 de abril de 2000. Esta alteração implicou na mudança de nome, sigla e símbolo do partido para os então adotados pelo PNR[11]. O seu presidente é, desde junho de 2005, José Pinto Coelho. Num relatório publicado pela ONG norte-americana GPAHE contra ódio e extremismo, o Ergue-te foi classificado, juntamente com o ADN e o Chega, como um grupo de ódio e extrema-direita.[12]

Ergue-te
Ergue-te
Presidente José Pinto Coelho
Fundação 12 de abril de 2000
Sede Lisboa
Ideologia Extremismo de direita
Ultranacionalismo português
Conservadorismo nacional
Conservadorismo social
Nativismo
Antifeminismo
Euroceticismo[1]
Anti-imigração[2]
Espectro político Extrema-direita[3][4][5][6][7][8][9]
Ala de juventude Ala dos Namorados[10]
Antecessor Partido Renovador Democrático
Movimento de Ação Nacional
Afiliação europeia Aliança dos Movimentos Nacionais Europeus
Cores Preto, Azul e Encarnado
Sigla E
Símbolo eleitoral
Página oficial
www.partidoergue-te.pt

História editar

A 10 de julho de 2020, com vista a alterar a sua imagem pública e a desfazer equívocos decorrentes da confusão de siglas entre PNR e PDR - o antigo Partido Democrático Republicano, atualmente designado Alternativa Democrática Nacional -, passou a designar-se Ergue-te, com a sigla E, alteração que foi aceite e registada pelo Tribunal Constitucional na sequência de deliberação tomada pelo Conselho Nacional do PNR a 23 de novembro de 2019.[13][14]

O partido também é descrito como islamofóbico[15] e oposto à adesão de Portugal à NATO.[16]

Aparições públicas editar

O E tem estado envolvido em várias polémicas. Em 2006, envolveram-se na manifestação dos agentes das forças de segurança contra o governo, levando-a quase à suspensão. A notícia do Diário de Notícias sobre participação do então PNR foi a seguinte:

"Foi a confusão total. Já passavam quase 120 minutos da hora marcada para o início do desfile dos agentes das forças de segurança contra a política do Governo quando os organizadores chegaram ao Marquês de Pombal para avisar que, afinal, não ia haver manifestação. Com o argumento de que os agentes da PSP, da GNR, da Polícia Marítima e dos Serviços de Estrangeiros e Fronteiras se recusavam a "desfilar ao lado dos neonazis" (e representantes do Partido Nacional Renovador) que se tinham concentrado naquele local para participar na manifestação. E com receio de que ocorressem conflitos entre os dois lados. A decisão dos organizadores da manifestação - a Comissão Coordenadora Permanente de Sindicatos e Associações das Forças e Serviços de Segurança - enfureceu os agentes das várias forças policiais. Os protestos aumentaram de tom, a confusão gerou-se e, de repente, quando menos se esperava, os elementos das forças de segurança passaram por cima da decisão da organização e começaram a desfilar. A Comissão Coordenadora tinha perdido o controlo da situação. E o desfile fez-se, de facto, até ao Terreiro do Paço, onde está instalado o Ministério da Administração Interna. Aí, os agentes exigiram mudanças do sistema de saúde, na aposentação e melhores condições de trabalho. Os militantes de extrema-direita, após terem tido um palco para falar aos media começaram a dispersar, vendo-se ao longo do desfile um grupo aqui outro acolá. Mas não seguiram a manifestação atrás das forças policiais."[17]

Juventude Nacionalista editar

Desde o início do ano de 2006, tem procurado recrutar jovens estudantes em escolas secundárias e em estabelecimentos do ensino superior. Esta situação despertou mais uma vez a atenção das autoridades, que enviaram um relatório aos ministros da Educação e da Administração Interna. Segundo o relatório, apesar de o então PNR ser um partido legalizado, existe um risco efetivo de transmissão aos jovens ideias de caráter xenófobo, potenciadoras de violência.[18]

O líder da Juventude confirmou este recrutamento, refutando, no entanto, a transmissão aos jovens de mensagens de natureza criminal ou violenta.[19]

Após a mudança de nome do partido em 2020, a juventude partidária do Ergue-te passou a ser intitulada "Ala dos Namorados", nome inspirado na ala direita do exército português na Batalha de Aljubarrota.[10]

Controvérsias editar

Alguns ex-membros seus foram condenados por discriminação racial e crimes violentos como, entre outros, o assassinato dum dirigente do PSR (José Carvalho) e dum jovem cabo-verdiano (Alcindo Monteiro),[20] depois de terem sido ligados a grupos de extrema-direita armados como a Frente Nacional e os Hammerskin portugueses. No entanto, a forma de atuação destes grupos levou a um afastamento do então PNR em relação aos mesmos.[21][22]

Resultados eleitorais editar

Eleições legislativas editar

Data Líder Cl. Votos % +/- Mandatos +/- Status
2002 António Cruz Rodrigues 10.º 4 712
0,09 / 100,00
0 / 230
Extra-parlamentar
2005 José Pinto Coelho 9.º 9 374
0,16 / 100,00
 0,07
0 / 230
 
2009 12.º 11 628
0,20 / 100,00
 0,04
0 / 230
 
2011 10.º 17 742
0,32 / 100,00
 0,12
0 / 230
 
2015 9.º 27 269
0,50 / 100,00
 0,18
0 / 230
 
2019 13.º 17 126
0,33 / 100,00
 0,17
0 / 230
 
2022 19.º 5 236
0,09 / 100,00
 0,24
0 / 230
 
2024 16.º 6 034
0,09 / 100,00
 
0 / 230
 

Eleições europeias editar

Data Cabeça de lista Cl. Votos % +/- Deputados +/-
2004 Paulo Rodrigues 11.º 8 405
0,25 / 100,00
0 / 24
2009 Humberto Nuno de Oliveira 12.º 13 214
0,37 / 100,00
 0,12
0 / 22
 
2014 12.º 15 036
0,46 / 100,00
 0,09
0 / 21
 
2019 João Patrocínio 13.º 16 165
0,49 / 100,00
 0,03
0 / 21
 

Eleições autárquicas editar

(Resultado que excluem os resultados de coligações envolvendo o partido)
Data Cl. Votos % +/- Presidentes CM +/- Vereadores +/- Assembleias
Municipais
+/- Assembleias de
Freguesias
+/-
2001 16.º 877
0,02 / 100,00
0 / 308
0 / 2 044
0 / 6 876
Não concorreu
2005 11.º 1 752
0,03 / 100,00
 0,01
0 / 308
 
0 / 2 046
  Não concorreu
0 / 34 498
2009 14.º 1 202
0,02 / 100,00
 0,01
0 / 308
 
0 / 2 078
 
0 / 6 946
 
0 / 34 672
 
2013 16.º 3 002
0,06 / 100,00
 0,04
0 / 308
 
0 / 2 086
 
0 / 6 487
 
0 / 27 167
 
2017 16.º 4 740
0,09 / 100,00
 0,03
0 / 308
 
0 / 2 074
 
0 / 6 461
 
0 / 27 019
 
2021 18.º 551
0,01 / 100,00
 0,08
0 / 308
 
0 / 2 064
 
0 / 6 448
 
0 / 26 790
 

Eleições regionais editar

Assembleias legislativas regionais

Região Autónoma da Madeira editar

Data Líder Cl. Votos % +/- Deputados +/- Status Notas
2015 Álvaro Araújo 10.º 1 052
0,82 / 100,00
0 / 47
Extra-parlamentar
2019 Álvaro Araújo 17.º 274
0,19 / 100,00
 0,63
0 / 47
  Extra-parlamentar
2023
Não concorreu

Símbolos do partido editar

Notas e referências

  1. «De Brexit a Pexit: o efeito dominó». Partido Nacional Renovador. Cópia arquivada em 21 de maio de 2020 
  2. «PNR afixa novo cartaz contra imigração». Diário de Notícias. 1 de outubro de 2008. Cópia arquivada em 29 de setembro de 2020 
  3. a b José Mourão da Costa (2011). «O Partido Nacional Renovador: a nova extrema-direita na democracia portuguesa» (PDF). Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa. Análise Social. 46 (201): 765-78. JSTOR 41494872 
  4. a b Silva, Érica Anita Baptista (outubro de 2011). «A Campanha de Cavaco Silva em Portugal: a retórica da direita» (PDF). Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais. Em Debate. 4 (7). Arquivado do original (PDF) em 5 de março de 2016 
  5. a b Ana Paula Tostes (2009). «Razões da intolerância na europa integrada». Dados. 52 (2). doi:10.1590/S0011-52582009000200003 
  6. a b Frederico Pedroso Rocha (2014). «A Direita Radical E As Eleições Europeias Em 2014. Nacionalistas Em Busca De Pontes». Relações Internacionais (41). ISSN 1645-9199 
  7. a b Almeida, Fábio Chang de (2014). A direita radical no Portugal democrático : os rumos após a revolução dos cravos (1974-2012) (Tese de Doutorado). Universidade Federal do Rio Grande do Sul 
  8. a b Cláudia Castelo (2006). «Memórias coloniais: práticas políticas e culturais entre a Europa e a África». Cadernos de Estudos Africanos (9/10): 9-21. doi:10.4000/cea.1195 
  9. a b Nuno Oliveira. «Interculturalidade ou Interculturalismo? O Terceiro "Ismo" das Políticas de Integração de Imigrantes» (PDF). Associação Portuguesa de Sociologia. Consultado em 25 de setembro de 2015. Arquivado do original (PDF) em 15 de março de 2015 
  10. a b Pinto-Coelho, José (11 de julho de 2021). «Ala dos Namorados». Partido "Ergue-te!". Consultado em 24 de setembro de 2022 
  11. «Acórdão Nº 250/00». TC - Tribunal Constitucional de Portugal. 12 de abril de 2000. Consultado em 11 de outubro de 2009. Cópia arquivada em 23 de setembro de 2021 
  12. «Portugal: grupos de ódio e extremistas de extrema-direita». Global Project Against Hate and Extremism (em inglês). Consultado em 29 de junho de 2023 
  13. «ACÓRDÃO Nº 371/2020». Tribunal Constitucional. 10 de julho de 2020. Consultado em 21 de julho de 2020. Cópia arquivada em 26 de abril de 2021 
  14. «PNR muda nome para "Ergue-te" para "refrescar imagem"». Diário de Notícias. 22 de julho de 2020. Consultado em 10 de outubro de 2021. Cópia arquivada em 26 de fevereiro de 2021 
  15. Observador (2 de Agosto de 2016). «PNR faz simulação de decapitações em frente ao Palácio de Belém». Observador. Consultado em 29 de novembro de 2018. O protesto tem o nome de 'Islão, aqui, não' e pode ler-se numa publicação do partido feita numa rede social: Na sequência de mais uma vaga de atentados no continente europeu, o PNR realizou neste sábado uma ação de protesto contra a Islamização da Europa (...). 
  16. «PNR opõe-se à actual NATO». Partido Nacional Renovador. 15 de Novembro de 2010. Cópia arquivada em 26 de maio de 2020 
  17. Inês David, Bastos (8 de junho de 2006). «PNR quase parou a manifestação». DN Online. Arquivado do original em 10 de abril de 2008 
  18. «Bom dia, queres ser um nazi?». PortugalDiário. 29 de julho de 2006. Consultado em 31 de março de 2010. Arquivado do original em 5 de abril de 2008 
  19. «Seguro aconselha "prudência nas palavras" sobre saída da "troika"». Renascença. 8 de março de 2014. Arquivado do original em 9 de março de 2014 
  20. Machado, Henrique (19 de Setembro 2007). «36 skinheads acusados da morte de Alcino Monteiro». Correio da Manhã. Consultado em 19 de setembro de 2007. Arquivado do original em 10 de março de 2014 
  21. «Líder skin quer formar movimento político». Jornal O Crime. Consultado em 8 de fevereiro de 2014. Arquivado do original em 10 de março de 2014 
  22. «A política não é uma ciência exacta, mas uma arte." - a força da extrema direita». Porto Canal. 18 de dezembro de 2013. Consultado em 18 de dezembro de 2013. Cópia arquivada em 10 de março de 2014 

Ver também editar

Ligações externas editar