Plantão da Globo

boletim jornalístico extraordinário da TV Globo
(Redirecionado de Plantão JN)
 Nota: Este artigo é sobre o boletim extraordinário da TV Globo. Se procura pelo telejornal da mesma emissora, veja Plantão Globo (telejornal).

A emissora brasileira TV Globo interrompe sua programação esporadicamente para transmitir ao vivo um plantão jornalístico noticiando fatos, de relativa importância local, nacional ou internacional, ocorridos em momentos antecedentes. Os boletins são apresentados por jornalistas da rede que estejam em seus expedientes.

Atual logotipo da vinheta do plantão

História editar

 
Selo de plantão do Jornal da Globo durante a década de 1980

Durante as décadas de 1970 e 1980, a TV Globo interrompia sua programação nacional para exibir boletins extraordinários com locuções identificados com selos de telejornais transmitidos aproximadamente no horário em que as notícias eram dadas junto ao texto "plantão" estilizado.[1][2] Para fatos de importância regional, as emissoras filiadas colocavam no ar selos de seus noticiários locais.[2]

A Globo começou a veicular plantões padrão em 1991.[1][2] O primeiro foi exibido em 21 de maio de 1991, interrompendo o filme Top Gun - Ases Indomáveis, na Sessão da Tarde, e apresentado pelo jornalista Celso Freitas.[2] Na ocasião foi informado o assassinato do primeiro-ministro da Índia Rajiv Gandhi.[2] Meses depois, foi criada uma vinheta com tema do maestro compositor João Nabuco, escolhido em um concurso interno, e animação de Hans Donner, um dos principais designers da emissora.[1][3] Um boletim assim caracterizado foi ao ar em agosto, com William Bonner noticiando uma tentativa de golpe na União Soviética.[2] Alguns extraordinários seguiram sendo feitos em off até 2008.[2]

 
Logotipo do plantão de 2016 a 2021

Em 1994, o plantão da Globo atingiu o maior número de exibições em um único dia, interrompendo a programação nove vezes em primeiro de maio com a cobertura do acidente com o carro de corrida e da morte do piloto brasileiro de Fórmula 1 Ayrton Senna.[2][4] A contagem segue com as oito veiculações de 7 de abril de 2018 sobre os desdobramentos da prisão do então ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.[2]

O ano em que mais houve transmissões do boletim foi 2016, quando 25 destes foram ao ar, tendo alguns levado informações sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff, a morte do ator da emissora Domingos Montagner e o acidente com a aeronave do voo LaMia 2933, a serviço da Associação Chapecoense de Futebol, que trazia a bordo diversos membros de sua equipe.[2]

Até maio de 2021, a jornalista Renata Vasconcellos, titular do Jornal Nacional, havia apresentado o plantão em 34 oportunidades, o maior número de vezes, seguido de William Bonner, também titular do noticiário, que comandou o boletim em 24 ocasiões.[2]

Impacto editar

Devido a ter noticiado, entre diversos acontecimentos de relativa importância, guerras, mortes, fenômenos naturais, acidentes, sequestros, atentados e eventos políticos, no Brasil e no mundo, o plantão da Globo é comumente associado ao prenúncio de fatos que gerem reação negativa no público. Em suas interrupções na programação desde o início da década de 1990, a vinheta que anuncia o boletim, atualizada conforme a emissora modifica seu visual, é considerada a causa de impacto nos telespectadores, uma vez que já tenha historicamente divulgado informações que pudessem remeter a más consequências. Com o crescimento de mídias sociais em território brasileiro, o plantão chega a ser um dos assuntos mais comentados por usuários a partir do momento em que é colocado no ar, seja pela reação à informação ou ao tema musical.[1][2][5][6][7][8][9]

Segundo João Nabuco, compositor da música que antecede a interrupção do boletim, seu impacto é resultado da trilha sonora, inspirada na vinheta do Repórter Esso, noticiário de rádio e televisão transmitido por emissoras do Brasil entre as décadas de 1940 e 1960.[10] O psicanalista, mestre e doutor em psicologia pela Universidade de São Paulo Christian Dunker afirmou, em entrevista ao portal de notícias Universo Online, que existe um contexto histórico associado ao tema e o compara com os alarmes que antecedem o início de uma peça teatral: "Esse sinal representa uma espécie de angústia genérica. A gente não sabe o que vai vir, mas a fantasia ocupa aquilo com uma resposta [...] É uma música que tem a força de evocar um tipo de memória mais subliminar, mais contextual. Isso é um efeito simbólico, é um símbolo cultural".[5]

Bibliografia editar

  • Hanlon, Patrick (2007). O Segredo das Marcas Desejadas. [S.l.]: Editora Gente. ISBN 9788573125573 

Referências

  1. a b c d Castro, Thell de (3 de maio de 2020). «Como foi criada a 'temida' vinheta do plantão da Globo? Conheça a história». Notícias da TV 
  2. a b c d e f g h i j k l Santos, Cleberson (21 de maio de 2021). «Plantão da Globo completa 30 anos de sustos e urgência nos brasileiros». UOL 
  3. Duarte, Marcelo (20 de abril de 2020). «Quem compôs a música da vinheta do "Plantão da Globo"?». Guia dos Curiosos 
  4. Félix, Lucas (8 de abril de 2018). «Na prisão de Lula, Globo usa temida vinheta de Plantão em quantidade histórica». NaTelinha. Consultado em 22 de março de 2020. Cópia arquivada em 8 de abril de 2018 
  5. a b Machado, Guilherme (17 de abril de 2020). «Por que a música do plantão da Globo ainda causa angústia no brasileiro?». UOL TV e Famosos 
  6. Hanlon, p. 45
  7. «Plantão da Globo deixa telespectadores assustados durante a madrugada». Portal do Holanda. 4 de março de 2018. Consultado em 24 de dezembro de 2018 
  8. «"Plantão da Globo" decepciona internautas e comentários inundam redes sociais». iG Gente. 24 de maio de 2016. Consultado em 24 de dezembro de 2018. Cópia arquivada em 28 de maio de 2016 
  9. «Quantidade exagerada de 'Plantão da Globo' vira piada na internet». Catraca Livre. 13 de julho de 2017. Consultado em 24 de dezembro de 2018 
  10. Knoploch, Carol (13 de junho de 2004). «Vinheta do plantão da Globo está há 14 anos no ar». Gazeta Digital. Consultado em 27 de maio de 2013. Arquivado do original em 3 de dezembro de 2013