Romualdo Suriani, capitão músico da Banda Sinfônica da Polícia Militar, foi um importante compositor no Paraná e apadrinha a cadeira musical número 13 na Academia Paranaense da Poesia.[1]

Capitão Romualdo Suriani
Polícia Militar do Paraná

Banda da Polícia Militar do Paraná, sob o comando do maestro Romualdo Suriani, década de 1920.
Nome completo Romualdo Suriani
Dados pessoais
Nascimento 12 de junho de 1880
 Itália
Morte 2 de fevereiro de 1943 (62 anos)
 Brasil Paraná
Nacionalidade  Brasil
Vida militar

Biografia editar

Romualdo Suriani nasceu na região de Vêneto, Itália, em 12 de Junho de 1880, como filho de Giovanni Suriani e Trojano Suriani. Ainda jovem emigrou para o Brasil, Campinas, e em 1903 mudou-se para o Paraná, Paranaguá; ingressando na fanfarra da Escola de Aprendizes-marinheiros. Em 1911 passou a residir em Curitiba, sendo contratado em 1912 como Contramestre (1º Sargento) da Força Militar do Estado, atual Polícia Militar do Paraná. E em 06 de Junho de 1913 foi nomeado Ensaiador da Banda, comissionado no posto de alferes.[2]

Banda Sinfônica da Polícia Militar do Paraná editar

Em 1913 Romualdo Suriani transformou a banda militar em orquestra sinfônica. Na banda militar predominam os naipes de sopro e percussão, e na orquestra sinfônica são inseridos instrumentos, como: diversas espécies de saxofones e clarinetes, instrumentos de percussão de teclas, como marimbas, vibrafones, além da percussão tradicional, como bumbos e caixas.[3] A Banda se apresentava frequentemente ao ar livre, nas praças de Curitiba, especialmente nas praças Osório e Tiradentes, evento conhecido como "retreta". Nesse período as retretas eram eventos constitutivos da rotina dos curitibanos, sendo os coretos os principais pontos para a realização desta prática musical.[3]

 
Herma de Carlos Gomes. Obra de João Turin.
 
Placa da herma a Carlos Gomes.

Herma de Carlos Gomes editar

Em 1917 a Banda da Força Militar iniciou uma campanha para a construção de uma herma em homenagem ao grande músico brasileiro, Carlos Gomes. Foi então criada uma comissão constituída por Gabriel Ribeiro, presidente; Octávio Secundino, secretário; Attilio D'Alo (maestro antecessor), tesoureiro; Arthur Santos, orador; e Romualdo Suriani, diretor artístico. Em 11 de Julho foi realizado o primeiro concerto no Teatro Guaíra, com objetivo de angariar fundos para a obra. A campanha durou longos oito anos até que em 26 de Janeiro de 1925 o monumento foi oficialmente inaugurado na Praça Carlos Gomes, área central de Curitiba. Em agradecimento, a filha de Carlos Gomes, Ítala Gomes Vaz de Carvalho, presenteou Romualdo Suriani com algumas partituras de 1890 e alguns rascunhos da ópera Condor.[2]

Jazz em Curitiba editar

Em 1923, Romualdo Suriani, juntamente com Luiz Eulógio Zilli, foram os responsáveis pela introdução da música jazz em Curitiba.

Movimento Paranista editar

O Movimento Paranista (1927 e 1930) tinha como marca o cultivo de tudo aquilo que fazia referência ao Paraná, através do paranismo de Romário Martins, cujo enfoque eram as lendas indígenas. Ele acontecia entre poetas, escritores e artistas de vários setores nos salões de arte, no café Belas Artes, situados na Rua XV de Novembro e nos saraus realizados no Clube Curitibano. Nesse período Romualdo Suriani escreveu um poema sinfônico sobre a terra paranaense chamado Gôio-Covó, nome que os Caingangues davam ao Rio Iguaçu.[4]

Sociedade Sinfônica de Curitiba editar

Em 07 de Abril de 1930 Romualdo Suriani, em conjunto com os músicos Ludovico Zeyer e Antonio Melillo, fundou a Sociedade Sinfônica de Curitiba[5]

Revolução de 1930 editar

Com a vitória da Revolução de 1930 a Força Militar do Estado do Paraná foi enviada à Capital Federal, Rio de Janeiro; retornando a Curitiba em 11 de Novembro. Entretanto a Banda de Música permaneceu na Capital e em 03 de Novembro tocou na posse do governo revolucionário, Getúlio Vargas. No dia 15 de Novembro participou do desfile cívico-militar, compondo o Batalhão Patriótico Voluntários do Paraná. Em 19 de Novembro realizou uma apresentação pública no Cemitério São João Batista, em homenagem a João Pessoa. Em 20 de Novembro apresentou-se no Jardim da Glória. E em 26 de Novembro apresentou-se no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, executando a "plotofonia" de O Guarani, de Carlos Gomes. Todas as apresentações foram executadas de cor, sem o uso de partituras.[2]

Conservatório de Música do Paraná editar

O Conservatório de Música do Paraná foi criado em 1913 sob a direção do maestro Leonard Kessler e, posteriormente, de Antônio Melillo, e logo no primeiro ano de funcionamento atraiu mais de duzentos alunos. Os grandes músicos da época foram convidados para formarem o corpo docente: a pianista Amélia Henn dirigia a classe de piano; o professor Seyer, a classe de violino; o professor Wucherpfenning, canto; e o professor Barletta, violoncelo. E mais: o maestro Romualdo Suriani, as jovens Ruth Pimentel, Maria José Assumpção, Ignez Colle, Margarida Silva, entre outros. Com a ida do maestro Kessler para Santa Catarina, a direção do conservatório passou para o professor Seyer. E, após a morte de Kessler, assumiu o professor Antônio Melillo, ficando como diretor até a extinção a casa de ensino. Em 1956 o Conservatório de Música serviu de base para a criação do Conservatório Estadual de Canto Orfeônico.[6]

Produções artísticas editar

Romualdo Suriani empenhou-se no objetivo de cultuar o amor ao civismo.[7] Dentre suas diversas composições, Suriani deixou muitos hinos militares e escolares; tais como:

Cântico de Natal editar

O Cântico de Natal foi o primeiro hino da Polícia Militar do Paraná. Em 1980 o município da Lapa apropriou-se do hino, que então deixou de ser usado pela PMPR. Em 1982 foi oficializado na corporação a Canção 10 de Agosto como canção oficial da PMPR.[8]

Hino: Cântico de Natal
Letra: Júlio Perneta
Melodia: Capitão PM Romualdo Suriani

Viagem à Europa editar

Em 14 de Maio de 1938 o Interventor Federal no Estado do Paraná, Manuel Ribas, autorizou que Romualdo Suriani viajasse à Itália para divulgar a música brasileira na Europa. Na Itália ele estabeleceu contato com a Banda dos Carabineros, na Legione Alliene Carabeniense Reali Di Roma; o que posteriormente lhe trouxe amargos dissabores.[2]

Ocaso e morte editar

Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial e o subsequente rompimento das relações diplomáticas do Brasil com os países do Eixo, foram tomadas várias medidas contra estrangeiros, especialmente alemães, italianos e japoneses. Em 29 de Janeiro de 1942, devido sua origem italiana, o capitão Suriani foi sumariamente excluído da Polícia Militar.[9] Após trinta anos de serviço, Suriani saiu sem receber qualquer auxílio pecuniário ou direito de defesa. Entrou em profunda depressão, ficou doente, e faleceu em 02 de Fevereiro de 1943.

Em 30 de Março de 1944 foi cancelada sua exclusão da corporação. E ao ser reconstruido o edifício da Banda de Música (recentemente demolido) pelo coronel Dagoberto Dulcídio Pereira, a sala de ensaios recebeu a denominação de Romualdo Suriani como homenagem.[2]

Notas e referências

  1. Blog Simultaneidades - criado com o objetivo de difundir a poesia, a trova, o poeta e o trovador paranaense.
  2. a b c d e Histórico da Banda Sinfônica da Polícia Militar do Paraná. Obra inédita do Capitão João Alves da Rosa Filho, arquivada no Departamento de Cultura da Associação da Vila Militar.
  3. a b A Sociedade de Cultura Artística Brasílio Itiberê (SCABI) e a criação de sua Orquestra Sinfônica (1946 - 1950) Alan Rafael de Medeiros e Álvaro Carlini, Departamento de Artes, Universidade Federal do Paraná.
  4. Frederico Lange de Morretes, liberdade dentro de limites: trajetória do artista-cientista, de Luis Afonso Salturi - Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre, pelo curso de Pós-Graduação em Sociologia, do Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2007.
  5. Blog Fragmentos Musicais - Curitiba, de Antonio Melillo (1900 - 1966).
  6. O Conservatório Nacional de Canto Orfeônico como Instituição Modelo e a Experiência no Paraná. Autoria de Wilson Lemos Junior (IFC / PUC-PR) e Maria Elisabeth Blanck Miguel (PUC-PR).
  7. VII Seminário Nacional de Estudos e Pesquisas História, Sociedade e Educação no Brasil - Campinas; Anos 20 - Identidades e Nacionalidade em Discussão no Paraná, autoria de Valquiria Elita Renk, PUCPR / UFPR.
  8. Portaria do Comando Geral n° 995, de 20 de dezembro de 1982.
  9. Decreto Estadual N° 107, de 29 de Janeiro de 1942.