O SMS Leopard foi um cruzador torpedeiro operado pela Marinha Austro-Húngara e a segunda e última embarcação da Classe Panther, depois do SMS Panther. Sua construção começou em janeiro de 1885 nos estaleiros da Armstrong Mitchell e foi lançado ao mar em setembro do mesmo ano, sendo comissionado em março de 1886. Era armado com uma bateria principal composta por dois canhões de 120 milímetros e quatro tubos de torpedo de 356 milímetros, tinha um deslocamento de mais de mil toneladas e conseguia alcançar uma velocidade máxima de dezoito nós.

SMS Leopard
 Áustria-Hungria
Operador Marinha Austro-Húngara
Fabricante Armstrong Mitchell
Homônimo Leopardo
Batimento de quilha janeiro de 1885
Lançamento 10 de setembro de 1885
Comissionamento 31 de março de 1886
Descomissionamento novembro de 1918
Destino Desmontado
Características gerais
Tipo de navio Cruzador torpedeiro
Classe Panther
Deslocamento 1 730 t (carregado)
Maquinário 2 motores compostos
6 caldeiras
Comprimento 73,19 m
Boca 10,39 m
Calado 4,28 m
Propulsão 2 hélices
- 6 380 cv (4 690 kW)
Velocidade 18 nós (33 km/h)
Autonomia 2 800 milhas náuticas a 10 nós
(5 200 km a 19 km/h)
Armamento 2 canhões de 120 mm
10 canhões de 47 mm
4 tubos de torpedo de 356 mm
Blindagem Convés: 12 mm
Tripulação 186

O Leopard ocupou-se principalmente de exercícios durante sua carreira, mas também passou períodos fora do país, servindo na China e também visitando a Espanha, países do Mediterrâneo e Extremo Oriente durante ocasiões especiais. Participou em 1897 de uma demonstração internacional em Creta durante a Guerra Greco-Turca. Com o início da Primeira Guerra Mundial em 1914, foi designado para defesa litorânea, permanecendo durante o conflito como navio de guarda em Pola. Depois da derrota austro-húngara, o Leopard foi entregue ao Reino Unido e desmontado.

Características editar

 Ver artigo principal: Classe Panther

O Leopard tinha 73,19 metros de comprimento de fora a fora, com uma boca de 10,39 metros e calado de 4,28 metros. Seu deslocamento carregado era de 1 730 toneladas. O sistema de propulsão consistia em dois motores a vapor compostos verticais de dois cilindros e seis caldeiras cilíndricas a carvão. Durante seus testes marítimos, o navio alcançou uma velocidade de 18,7 nós (34,6 quilômetros por hora) a partir de 6 380 cavalos-vapor (4 690 quilowatts) de potência, ligeiramente mais rápido que seu irmão SMS Panther. Sua tripulação tinha 186 oficias e marinheiros.[1]

O navio era armado com dois canhões Krupp calibre 35 de 120 milímetros instalados em montagens únicas a meia-nau. A bateria secundária tinha quatro canhões de disparo rápido de 47 milímetros e seis canhões revólver de 47 milímetros. Além disso, era equipado com quatro tubos de torpedo de 356 milímetros instalados individualmente: um na proa, um na popa e um em cada lateral. Sua única proteção era um fino convés blindado de doze milímetros de espessura.[1]

História editar

O Leopard foi construído no Reino Unido pelos estaleiros da Armstrong Mitchell em Newcastle upon Tyne, Inglaterra. Seu batimento de quilha ocorreu em janeiro de 1885 e seu casco completo foi lançado ao mar em 10 de setembro do mesmo ano, sendo finalizado em 31 de março de 1886.[1] O primeiro comandante da embarcação e sua tripulação chegaram no Reino Unido em 1º de abril para levá-lo a Pola, onde chegou no dia 2 de maio. Foi encaminhado para o Arsenal Naval de Pola logo em seguida para ter seu armamento instalado, incluindo seus tubos de torpedo em 1887.[2]

O navio participou das manobras anuais da frota em 1888 junto com os ironclads SMS Custoza, SMS Kaiser Max, SMS Don Juan d'Austria e SMS Tegetthoff, mais seu irmão Panther e o canhoneira-torpedeira SMS Meteor.[3] No mesmo ano, os dois membros da Classe Panther juntaram-se a uma esquadra que incluía os ironclads Tegetthoff, Custoza, Kaiser Max, Don Juan d'Austria e SMS Prinz Eugen, navegando até a Espanha a fim de representarem a Áustria-Hungria nas cerimônias de abertura da Exposição Universal de Barcelona entre 25 de abril e 2 de maio. Esta foi a maior esquadra que a Marinha Austro-Húngara operou fora do Mar Adriático até então. No caminho de volta, o Leopard, Custoza, Kaiser Max e Prinz Eugen pararam em Malta.[4]

O Leopard foi para Gravosa em 9 de junho de 1888. Ele encalhou em 25 de junho enquanto realizava treinamentos na ilha de Curzola, porém conseguiu se libertar por conta própria dois dias depois. A investigação julgou que o comandante da embarcação era responsável e o condenou a trinta dias de prisão domiciliar. Foi descomissionado em Pola em 4 de julho a fim de passar por reparos dos danos sofridos. O navio passou 1889 e 1890 na reserva, retornando ao serviço ativo com a esquadra principal de 8 de maio de 1891 até 28 de junho. O Leopard voltou para a reserva em 1892, mas serviu com a esquadra ativa de 8 de maio de 1893 a 1º de agosto. Permaneceu na reserva entre 1894 e 1896.[2]

O Leopard foi enviado para a ilha de Creta em fevereiro de 1897 para servir na Esquadra Internacional, uma força multinacional composta por navios da Marinha Austro-Húngara, Marinha Nacional Francesa, Marinha Imperial Alemã, Marinha Real Italiana, Marinha Imperial Russa e Marinha Real Britânica que intervieram em uma revolta grega em Creta contra o domínio otomano. O navio chegou como parte do contingente austro-húngaro, que também tinha o ironclad SMS Kronprinzessin Erzherzogin Stephanie, o cruzador blindado SMS Kaiserin und Königin Maria Theresia, os cruzadores torpedeiros SMS Sebenico e SMS Tiger, três contratorpedeiros e oito barcos torpedeiros, o terceiro maior contingente da Esquadra Internacional depois daqueles do Reino Unido e Itália. A Esquadra Internacional operou na área ao redor de Creta até dezembro de 1898, porém a Áustria-Hungria tinha retirado seus navios no fim de março, tendo ficado insatisfeita pela decisão de criar um Estado de Creta autônomo sob a suserania do Império Otomano.[5]

O cruzador viajou pelo Oceano Pacífico de 1º de outubro de 1900 a 1º de outubro de 1901, visitando a Austrália, Polinésia e vários portos dpelo Sudoeste Asiático. A bordo do Leopard estava um grupo de cadetes navais em um cruzeiro de treinamento, com o navio também tendo levado consigo um memorial até a ilha de Guadalcanal, onde tripulantes da canhoneira SMS Albatross tinham morrido durante sua expedição pelo Pacífico. A embarcação ficou temporariamente designada para a esquadra do Sudoeste Asiático durante este período, estando sob o comando do capitão de mar Anton Haus.[2][6] O Leopard voltou para a Áustria-Hungria e serviu com a esquadra principal em 1902 e 1903, passando 1904 na reserva, mas retornou para a frota no ano seguinte. Fez outra passagem pelo Sudoeste Asiático entre 1907 e 1909, partindo em 20 de setembro de 1907. Ele visitou vários portos chineses, russos e japoneses, chegando a navegar pelo rio Yangtzé na China. Foi substituído por seu irmão Panther em 13 de abril de 1909, retornando para casa.[2][7]

 
O Leopard c. 1914

O Leopard ficou na reserva de 1910 a 1913. Neste período foi rearmado, tendo a maior parte de seu armamento original removido e substituído por quatro canhões calibre 45 de 66 milímetros e dez canhões de 47 milímetros. Foi reativado em 14 de fevereiro de 1914 para servir à escola de treinamento de torpedos, função que desempenhou até 15 de maio, quando foi descomissionado novamente. A Primeira Guerra Mundial começou em julho do mesmo ano e o cruzador foi reativado para atuar na defesa costeira, sendo designado para a II Divisão de Defesa Costeira. Foi colocado como navio de guarda em Pola, onde permaneceu por toda a duração do conflito. A Áustria-Hungria foi derrotada pelos Aliados em novembro de 1918 e o Leopard foi entregue ao Reino Unido em 1920 como prêmio de guerra sob os termos do Tratado de Saint-Germain-en-Laye, sendo rapidamente vendido para desmontagem na Itália.[2][8]

Referências editar

  1. a b c Sieche & Bilzer 1979, p. 277
  2. a b c d e Bilzer 1990, p. 39
  3. Brassey 1889, p. 453
  4. Sondhaus 1994, pp. 107–108
  5. Sondhaus 1994, p. 132
  6. Sondhaus 1994, p. 141
  7. Sondhaus 1994, p. 185
  8. Greger 1976, p. 27

Bibliografia editar

  • Bilzer, Franz F. (1990). Die Torpedoschiffe und Zerstörer der k.u.k. Kriegsmarine 1867–1918. Graz: H. Weishaupt. ISBN 978-3-900310-66-0 
  • Brassey, Thomas A. (1889). «Foreign Naval Manoevres». Portsmouth: J. Griffin & Co. The Naval Annual. OCLC 5973345 
  • Greger, René (1976). Austro-Hungarian Warships of World War I. Ann Arbor: University of Michigan Press. ISBN 978-0-7110-0623-2 
  • Sieche, Erwin; Bilzer, Ferdinand (1979). «Austria-Hungary». In: Gardiner, Robert; Chesneau, Roger & Kolesnik, Eugene M. Conway's All the World's Fighting Ships: 1860–1905. Londres: Conway Maritime Press. ISBN 0-85177-133-5 
  • Sondhaus, Lawrence (1994). The Naval Policy of Austria-Hungary, 1867–1918: Navalism, Industrial Development, and the Politics of Dualism. West Lafayette: Purdue University Press. ISBN 978-1-55753-034-9 

Ligações externas editar

  •   Media relacionados com SMS Leopard no Wikimedia Commons