Simulador de Escravidão

Simulador de Escravidão foi um jogo desenvolvido para Android onde o jogador poderia possuir escravos ou lutar contra a escravidão. Um pouco mais de um mês de seu lançamento, o jogo foi retirado da Play Store após denúncias e gerou uma série de investigações.

Simulador de Escravidão
Simulador de Escravidão
Captura de tela mostrando a jogabilidade do simulador
Produtora(s) MagnusGames
Plataforma(s) Android
Lançamento 20 de abril de 2023
Gênero(s) Simulação

Jogo editar

Histórico editar

O Simulador de Escravidão foi desenvolvido pela MagnusGames, que afirmava ter criado o jogo “para fins de entretenimento”, e que a empresa era contra a escravidão.[1] Em sua descrição, está que este é “o melhor simulador de proprietários de escravos e comércio de escravos”.[2] Ele esteve disponível para download na Play Store desde 20 abril de 2023. O jogo estava disponível em 16 idiomas.[3]

O jogo gerou repercussão negativa nas redes sociais, [2] e foi retirado da loja virtual no dia 24 de maio.[4] Até a data, o jogo possuía um pouco mais de mil downloads e 70 avaliações, sendo que em parte delas, havia reclamações das poucas possibilidades de agressão contra os escravos. Apesar disso, as pessoas que já possuíam o jogo em seus celulares podiam continuar jogando.[1]

Jogabilidade editar

O jogo possuía duas modalidades, a tirana e a libertadora. No modo tirano, o jogador deveria aumentar seus lucros e impedir fugas e rebeliões. Já no modo libertador, o jogador deveria lutar pela liberdade e chegar à abolição.[1] No modo tirano, era possível lutar contra o fim da escravidão subornando parlamentares que discutiam legislações do tipo.[3] Entre as ações possíveis estavam a compra e venda de escravos, redução de comida, punições e recompensa por obediência.[2] Há três tipos de escravos, os trabalhadores, que geram lucro, os guardiões, que servem para proteção, e as cortesãs, que eram usadas para tarefas sexuais.[3]

Denúncias e investigações editar

Em 26 de maio, a Educafro Brasil enviou à Justiça Federal uma ação contra a Google por ter disponibilizado o jogo na Play Store. A indenização pedida foi de R$ 100 milhões por danos morais coletivos.[5] Em 24 de maio, a Procuradoria Regional do Cidadão no Rio Grande do Sul, do Ministério Público Federal (MPF), abriu inquérito para apurar a oferta do jogo na Play Store.[6] Em 29 de maio, Grupo Especial de Combate aos Crimes Raciais e de Intolerância (Gecradi) do Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) passou a investigar o Google, a MagnusGames e os jogadores que deixaram avaliações consideradas racistas.[7] Representantes da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro (OAB-RJ) também afirmaram ter adotado medidas legais contra o desenvolvedor e a Google.[8] O Ministério da Igualdade Racial (MIR) entrou em contato com o Google para a elaboração de um filtro para não permitir a disseminação de discurso de ódio, intolerância e racismo.[6]

Entre outras pessoas que apresentaram denúncias, estão os deputados federais Orlando Silva (PCdoB) e Ivan Valente (PSOL), e as vereadoras Elaine Mineiro (PSOL) e Thais Ferreira (PSOL).[3][6]

Referências editar

  1. a b c Poliana Casemiro e Artur Nicoceli (24 de maio de 2023). «Google tira do ar jogo 'Simulador de Escravidão', que permitia castigar e torturar pessoas negras». G1. Consultado em 11 de julho de 2023. Cópia arquivada em 11 de julho de 2023 
  2. a b c Fernanda Tubamoto (24 de maio de 2023). «'Simulador de escravidão': jogo 'ensinava' a comprar e punir escravos». Estado de Minas. Consultado em 11 de julho de 2023. Cópia arquivada em 11 de julho de 2023 
  3. a b c d Marcella Duarte (24 de maio de 2023). «'Simulador de Escravidão': jogo revolta brasileiros e é acusado de racismo». Tilt. Consultado em 11 de julho de 2023. Cópia arquivada em 11 de julho de 2023 
  4. «Google retira da Play Store jogo que simula escravidão». Poder360. 25 de maio de 2023. Consultado em 11 de julho de 2023. Cópia arquivada em 11 de julho de 2023 
  5. «Educafro cobra R$ 100 mi do Google por jogo que simula escravidão». Poder360. 27 de maio de 2023. Consultado em 11 de julho de 2023. Cópia arquivada em 11 de julho de 2023 
  6. a b c Bruno Bocchini (24 de maio de 2023). «MPF e MPSP vão investigar aplicativo simulador de escravidão». Agência Brasil. Consultado em 11 de julho de 2023. Cópia arquivada em 11 de julho de 2023 
  7. «MP-SP investiga comentários racistas em jogo que simula escravidão». Poder360. 29 de maio de 2023. Consultado em 11 de julho de 2023. Cópia arquivada em 11 de julho de 2023 
  8. Francisco Lima Neto (25 de maio de 2023). «Jogo Simulador de Escravidão continua funcionando nos aparelhos em que foi baixado». Folha de S.Paulo. Consultado em 11 de julho de 2023. Cópia arquivada em 11 de julho de 2023