Todos os Olhos
Todos os Olhos | |||||||
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Álbum de estúdio de Tom Zé | |||||||
Lançamento | 1973 | ||||||
Gravação | 1973 | ||||||
Gênero(s) | MPB | ||||||
Formato(s) | LP | ||||||
Gravadora(s) | Continental; Warner Music | ||||||
Cronologia de Tom Zé | |||||||
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Todos os Olhos é um álbum do cantor brasileiro Tom Zé, lançado em 1973.
RecepçãoEditar
Todos os Olhos é um dos dois álbuns lançados por Tom Zé na década de 1970, juntamente com Estudando o Samba. Apesar de inserido no movimento do tropicalismo, o álbum foi considerado experimental demais, levando Tom Zé ao esquecimento pela mídia e pelo público. Somente no final da década de 2000 o álbum passou a ter reconhecimento.[1]
CapaEditar
O conceito da capa do álbum partiu de Décio Pignatari, poeta e sócio da agência de publicidade E=mc2, e amigo próximo de Tom Zé. A ideia original era fotografar um ânus feminino com uma bola de gude no centro, como uma afronta à censura imposta, na época, pela ditadura militar. Reinaldo Moraes, então com 22 anos, era sócio de Décio na agência, onde também trabalhava como assistente de estúdio, e coube a ele encontrar a modelo e realizar as fotos. Reinaldo entrou em contato com uma namorada ocasional que era fã do tropicalismo, e ela topou servir de modelo. Tom Zé, ao saber de Décio que tinham conseguido uma modelo, ficou aflito com a situação por sequer cogitar a ideia de pedir algo do tipo a uma moça.
Reinaldo e a moça foram, num Fusca, a um motel de caminhoneiros – sob a placa de "Retiro Rodoviário" – nas margens da Rodovia Raposo Tavares, e com uma câmera fotográfica Praktika com lente 50mm e duas lâmpadas de 100W, tentaram realizar as fotos durante vários minutos e em diversas posições, dada a dificuldade em manter a bolinha de gude parada em seu ânus. Após várias tentativas, ela ficou constrangida, mas Reinaldo insistiu contra a vontade dela até obter as fotos. Por fim, foram embora sem se falar.
De volta ao estúdio, Décio e Marcão, diretor de arte da agência, viram que as fotos estavam explícitas demais. Chico Andrade, também sócio de Décio, chegou a realizar fotografias com uma prostituta, na própria agência, onde testaram a bola de gude na boca e no ânus, mas estas fotos não fizeram parte da arte final. Foi pedida uma nova tentativa a Reinaldo, que teve que entrar em contato novamente com a moça. Foram à casa de uma amiga para fotografar, mas ao invés de colocar a bola de gude no ânus, pediu que a moça deitasse no chão e a colocasse na boca, com uma leve maquiagem, contraindo ligeiramente os lábios. As fotos ficaram perfeitas logo na primeira tentativa, e foram impressas na capa do álbum. Tom Zé só soube que se tratava de uma boca algum tempo depois.[2][3][4]
Polêmica sobre a foto realEditar
Chico Andrade publicou uma das fotos originais da época, tiradas da prostituta, em seu blog em 2011, alegando que a imagem da capa era mesmo a de um ânus, e não de uma boca de mulher. A imagem postada por ele, entretanto, mostra que a bola de gude no ânus não teria como ficar na mesma posição em que é mostrada na capa do álbum, onde ela fica envolvida pela pele como em uma boca. O próprio Tom Zé, em entrevista a Charles Gavin, confirmou que a foto final foi a de uma boca, apesar da ideia original ser de um ânus:[2][5]
“ | Um rapaz [Reinaldo Moraes] que trabalhava com ele [Décio Pignatari] chamou a namorada, a namorada topou e lá foi ele com uma máquina fotográfica. E aí começaram todo um trabalho que terminou com aquela coisa. Mas aí é que entra uma história. Acabaram desistindo e botando uma boca com uma bola de gude dentro. Agora, não adianta contar. Hoje eu estou contando isso, amanhã todo mundo vai dizer que é mentira porque a história do cu é muito mais interessante. | ” |
FaixasEditar
Lado A | ||||||||||
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Nº | Título | Compositor(es) | Duração | |||||||
1. | "Complexo de Épico" | Tom Zé | 1:19 | |||||||
2. | "A Noite do Meu Bem" | Dolores Duran | 3:08 | |||||||
3. | "Cademar" | Augusto de Campos, Tom Zé | 0:45 | |||||||
4. | "Todos os Olhos" | Tom Zé | 3:32 | |||||||
5. | "Dodô e Zezé" | Odair Cabeça de Poeta, Tom Zé | 3:59 | |||||||
6. | "Quando Eu Era sem Ninguém" | Tom Zé | 3:19 |
Lado B | ||||||||||
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Nº | Título | Compositor(es) | Duração | |||||||
7. | "Brigitte Bardot" | Tom Zé | 2:56 | |||||||
8. | "Augusta, Angélica e Consolação" | Tom Zé | 3:45 | |||||||
9. | "Botaram Tanta Fumaça" | Tom Zé | 2:49 | |||||||
10. | "O Riso e a Faca" | Tom Zé | 2:43 | |||||||
11. | "Um "Oh" e um "Ah"" | Tom Zé | 1:02 | |||||||
12. | "Complexo de Épico" | Tom Zé | 6:47 |
Referências
- ↑ «Tom Zé reencontra o clássico "Todos os Olhos"». Sesc SP. 5 de dezembro de 2013. Consultado em 5 de maio de 2015
- ↑ a b «Inédito, foto original da capa do disco de TomZé». Blog do Chico Andrade. 15 de novembro de 2011. Consultado em 11 de maio de 2015
- ↑ «Não é o que parece». Substantivo Plural. 2010. Consultado em 11 de maio de 2015
- ↑ «O Dono da Capa - Todos os Olhos». Espaço f/508 de fotografia. 26 de setembro de 2010. Consultado em 11 de maio de 2015
- ↑ «Desmistificando a Lenda de "Todos os Olhos" de Tom Zé». Música em Prosa. 8 de maio de 2012. Consultado em 11 de maio de 2015