Moraes Moreira
Antônio Carlos Moraes Pires (Ituaçu, 8 de julho de 1947 — Rio de Janeiro, 13 de abril de 2020), mais conhecido como Moraes Moreira, foi um músico brasileiro.[1] Durante a década de 1970, ele foi membro do grupo Novos Baianos,[1][2] entrando mais tarde numa carreira solo que rendeu 29 álbuns.[3] Moraes esteve envolvido na gravação de 40 álbuns completos com os Novos Baianos e o trio elétrico Dodô e Osmar, além de mais dois álbuns com o guitarrista Pepeu Gomes.[4]
Moraes Moreira | |
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Moraes em 2010. | |
Nome completo | Antônio Carlos Moraes Pires |
Nascimento | 8 de julho de 1947 Ituaçu, BA, Brasil |
Morte | 13 de abril de 2020 (72 anos) Rio de Janeiro, RJ, Brasil |
Nacionalidade | brasileiro |
Ocupação | |
Carreira musical | |
Período musical | 1969–2020 |
Gênero(s) | |
Instrumento(s) | |
Afiliações |
Tornando-se um dos compositores mais versáteis do Brasil,[4] sintetizou gêneros como rock, samba, choro, frevo, baião e música erudita.[5] Em 2012, foi eleito como o 57º maior artista da música brasileira pela revista Rolling Stone Brasil.[6] Acabou Chorare, lançado pelos Novos Baianos em 1972, foi classificado pelo mesmo periódico como o maior álbum brasileiro de todos os tempos.[7]
Biografia e carreiraEditar
Novos BaianosEditar
Moraes começou tocando sanfona de doze baixos em festas de São João e em outros eventos de sua cidade-natal, Ituaçu, como no "Portal da Chapada Diamantina". Em sua adolescência, enquanto concluía um curso de ciências na cidade de Caculé, Bahia, aprendeu a tocar violão. Mudou-se para Salvador, conhecendo Tom Zé e entrando em contato com o rock.[1] Ao conhecer Baby Consuelo, Pepeu Gomes, Paulinho Boca de Cantor e Luiz Galvão, formou o conjunto Novos Baianos, em 1969.[8] Em sua parceria com Galvão, compôs quase todas as canções interpretadas pelo grupo.[9] Em dezembro de 2015, anunciaram um retorno com a formação original.[10]
Carreira soloEditar
Iniciou sua carreira solo em 1975 como vocalista do trio elétrico Dodô e Osmar e gravou várias músicas populares associadas ao carnaval, no estilo que era convencionalmente chamado de "frevo trieletrizado". "Pombo Correio", "Vassourinha Elétrica" e "Bloco do Prazer", são exemplos de sucessos desta fase de sua carreira.[8][11] Na década seguinte, distanciou-se do carnaval baiano, devido a sua comercialização para a indústria do turismo.[12][13]
Em 1994, gravou O Brasil Tem Concerto, influenciado pela música erudita, e no ano seguinte gravou o especial televisivo Acústico MTV Moraes Moreira, mais tarde transformado em CD e DVD. Em 1997, gravou um álbum carnavalesco em que comemora seus 50 anos, 50 Carnavais e dois anos depois lançou o álbum 500 Sambas, em homenagem aos 500 anos do descobrimento do Brasil.[12][13]
Em 2000, lançou Bahião com H, performando o baião com seu característico sotaque baiano. Em 2003, com o lançamento de Meu Nome é Brasil, completou sua trilogia temática no Brasil, que também incluía Lá Vem o Brasil Descendo a Ladeira, de 1979 e O Brasil Tem Concerto, de 1994.[14] Em 2005, lançou independentemente o álbum De Repente, misturando o hip hop com influências do repente nordestino.[15]
Em 2008, lançou o livro A História dos Novos Baianos e Outros Versos, em que conta a história do grupo em literatura de cordel, incluindo no mesmo curiosidades sobre as músicas de sua carreira solo.[15] O livro resultou em uma turnê nacional homônima, na qual interpretou seus maiores sucessos e recitou trechos do livro. Em 2009, foi transformada em DVD e CD. Em 2012, gravou A Revolta dos Ritmos,[16] e em 2018, Ser Tão, ambos com composições inéditas.[1]
Em março de 2020, durante a pandemia de COVID-19, postou um cordel em sua conta oficial do Facebook sobre a quarentena aderida no Brasil e em outros países. O músico planejava um concerto no qual iria incluir mais de 20 canções não publicadas.[1]
Morte e reaçõesEditar
Em 13 de abril de 2020, Moraes morreu dormindo, no Rio de Janeiro, após sofrer um infarto agudo do miocárdio.[17][18] Várias homenagens foram feitas por famosos em redes sociais e entrevistas.[1][19][20]
Menino do sertão da Bahia, ouviu encantado a música do mundo e fez dela seu universo expressivo. Deixa saudade e uma grande obra.— Gilberto Gil, músico e ex-Ministro da Cultura do Brasil
Lembro, vejo, ouço. A alma não pode acabar de chorar.— Caetano Veloso, músico
Está junto com os maiores compositores do Brasil e do mundo (...) e tinha uma risada maravilhosa que vai deixar saudade.— Dadi Carvalho, músico e parceiro musical no grupo Novos Baianos
O Moraes Moreira era um grande timoneiro, com aquele violão que não existia nada igual (...) Viveu intensamente, a música, a festa, a alegria, o Carnaval.— Paulinho Boca de Cantor, músico e parceiro musical no grupo Novos Baianos
A notícia de sua morte foi uma porrada. Nós somos quatro irmãos (na família Macedo, de Dodô e Osmar) e nós considerávamos Moraes o quinto irmão.— Armandinho, músico
Ele fazia um violão que deixava todo mundo de queixo caído. Esse Moraes Moreira, nem em cem anos pra nascer outro.— Baby do Brasil, cantora, pastora e parceira musical no grupo Novos Baianos
Moraes Moreira foi um músico genial, um dos maiores nomes da nossa música popular, compositor de muitos clássicos.
Regina Duarte, atriz e Secretária Especial da Cultura do Brasil à época, não se pronunciou sobre a morte do músico, nem sobre a do escritor Rubem Fonseca, que ocorreu dois dias depois, em 15 de abril de 2020.[21]
DiscografiaEditar
- 1975 – Moraes Moreira (Som Livre)
- 1977 – Cara e Coração (Som Livre)
- 1978 – Alto Falante (Som Livre)
- 1979 – Lá vem o Brasil Descendo a Ladeira (Som Livre)
- 1980 – Bazar Brasileiro (Ariola)
- 1981 – Moraes Moreira (Ariola)
- 1982 – Coisa Acesa (Ariola)
- 1983 – Pintando o Oito (Ariola)
- 1984 – Mancha de Dendê Não Sai (Ariola)
- 1985 – Tocando a Vida (CBS)
- 1986 – Mestiço é Isso (CBS)
- 1988 – República da Música (CBS)
- 1988 – Baiano Fala Cantando (CBS)
- 1990 – Moraes e Pepeu (Warner Music)
- 1990 – Moraes e Pepeu no Japão (Warner Music)
- 1991 – Cidadão (Sony Music)
- 1993 – Terreiro do Mundo (Polygram)
- 1993 – Tem um Pé no Pelô (Som Livre)
- 1994 – O Brasil tem Conserto (Polygram)
- 1995 – Acústico MTV Moraes Moreira (EMI-Odeon)
- 1996 – Estados (Virgin)
- 1997 – 50 Carnavais (Virgin)
- 1999 – 500 Sambas (Abril Music)
- 2000 – Bahião com H (Atração Fonográfica)
- 2003 – Meu Nome é Brasil (Universal)
- 2005 – De Repente (Rob Digital)
- 2009 – A História dos Novos Baianos e Outros Versos (Biscoito Fino)
- 2012 – A Revolta dos Ritmos (Biscoito Fino)
- 2015 – Nossa Parceria - com Davi Moraes (Deckdisc)
- 2018 – Ser Tão (Discobertas)
Ver tambémEditar
- José Walter Pires, escritor e irmão de Moraes Moreira[22]
Notas
- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Moraes Moreira», especificamente desta versão.
Referências
- ↑ a b c d e f Pareles, Jon (17 de abril de 2020). «Moraes Moreira, 72, Dies; Brazilian Songwriter and 'Cowboy of Sound'». The New York Times (em inglês). ISSN 0362-4331. Consultado em 22 de abril de 2020
- ↑ Dunn, Christopher (13 de outubro de 2016). Contracultura: Alternative Arts and Social Transformation in Authoritarian Brazil (em inglês). [S.l.]: UNC Press Books. ISBN 9781469628523
- ↑ Pereira, Ianá Souza. Axé-axé: o megafenômeno baiano. Revista África e Africanidades, Rio de Janeiro, ano 2, n. 8, fevereiro de 2010, p.02
- ↑ a b «Moraes Moreira». Polysom. 24 de agosto de 2018. Consultado em 17 de abril de 2020
- ↑ «Moraes Moreira - New Songs, Playlists & Latest News - BBC Music». BBC (em inglês). Consultado em 17 de abril de 2020
- ↑ «Lista dos 100 maiores da MPB: Clementina de Jesus, cadê você?». Gazeta do Povo. 19 de outubro de 2008. Consultado em 31 de outubro de 2020
- ↑ «Listas - os-100-maiores-discos-da-musica-brasileira - Rolling Stone Brasil». Consultado em 20 de maio de 2017
- ↑ a b Oliveira, Joana (13 de abril de 2020). «Morre Moraes Moreira, o eterno novo baiano». El País. Consultado em 14 de abril de 2020
- ↑ a b «Artista : Moraes Moreira». Cliquemusic
- ↑ Sene, Adaíra (18 de dezembro de 2015). «Acabou o chorare: Novos Baianos voltam aos palcos após hiato de 16 anos». Diário de Pernambuco. Consultado em 20 de dezembro de 2015
- ↑ a b «Relembre os maiores sucessos da carreira de Moraes Moreira». iBahia. 13 de abril de 2020. Consultado em 14 de abril de 2020
- ↑ a b «Moraes Moreira». Enciclopédia Itaú Cultural. Consultado em 14 de abril de 2020
- ↑ a b «Moraes Moreira». Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira. Consultado em 14 de abril de 2020
- ↑ a b «Moraes Moreira: dez fatos que você (provavelmente) não sabia sobre o cantor». UOL. 13 de abril de 2020. Consultado em 14 de abril de 2020
- ↑ «Morre o cantor e compositor Moraes Moreira». Bem Paraná. 13 de abril de 2020. Consultado em 14 de abril de 2020
- ↑ Martins, James; Simoni, Matheus; Curcino, Lara (13 de abril de 2020). «Morre Moraes Moreira - eterno, novo e baiano». Metro1. Consultado em 13 de abril de 2020
- ↑ Tokarnia, Mariana (13 de abril de 2020). «Moraes Moreira morre de infarto, aos 72 anos». Agência Brasil
- ↑ «'Deixa saudade e uma grande obra', diz Gilberto Gil sobre Moraes Moreira». Folha de S.Paulo. 13 de abril de 2020. Consultado em 22 de abril de 2020
- ↑ «'Nem em cem anos para nascer outro Moraes Moreira', diz Baby do Brasil». Folha de S.Paulo. 17 de abril de 2020. Consultado em 22 de abril de 2020
- ↑ Capuano, Amanda; Branco Cruz, Felipe (16 de abril de 2020). «O silêncio eloquente de Regina Duarte sobre Rubem Fonseca e Moraes Moreira». Veja. Consultado em 22 de abril de 2020
- ↑ «Em entrevista a TV Bahia, José Walter, irmão de Moraes Moreira, fala de seu último contato com o músico». 97news. 14 de abril de 2020. Consultado em 20 de abril de 2020
Ligações externasEditar
- Moraes Moreira no Facebook
- Moraes Moreira nos anos 80 (português e inglês)