Universidade de Salamanca

A Universidade de Salamanca (em castelhano: Universidad de Salamanca) é uma instituição de ensino superior pública, situada na cidade de Salamanca, na Espanha. É a universidade mais antiga daquele país e a quarta fundada na Europa, posterior somente às universidades de Bolonha, Oxford e Paris.

Universidade de Salamanca
Universidade de Salamanca
Universidade de Salamanca
USAL
Lema «Omnium scientiarum princeps Salmantica docet»
Fundação 1218 (806 anos)
Tipo de instituição Pública
Localização Salamanca, Espanha
Reitor(a) Ricardo Rivero Ortega
Total de estudantes 38 137
Campus Patio de Escuelas, 1
Salamanca, Espanha
Página oficial www.usal.es

História editar

Excluindo-se a efémera Universidade de Palência nos anos de 1175 a 1180 (que nunca foi reconhecida efetivamente com o título de universidade), a Universidade de Salamanca é a mais antiga da Península Ibérica.

Como conjunto de escolas catedrais, foi criada em 1134 por el-rei Afonso VII. A fundação da Universidade, como tal, data do ano 1218 por el-rei Afonso IX, com a categoria de Estudo Geral do seu reino. O título de Estudo Geral indicava a diversidade das disciplinas ensinadas, a sua condição de estabelecimento público, isto é, sem o carácter privado de colégios anteriores, sendo uma instituição aberta a todos que para ela tivessem merecimento (no conceito da época). A condição de Estudo Geral garantia também o reconhecimento real dos títulos que fossem concedidos. Em 1255, recebeu o título de universidade pelo Papa Alexandre IV.[1]

A instituição levou cerca de dois séculos para conseguir contar com edifícios próprios onde ministrar a docência. Até ter edifício próprio, as aulas eram ministradas no claustro catedralício do templo magno da cidade, em casas arrendadas ao cabido e na igreja de San Benito.

 
Sala da Biblioteca Antiga

Durante o reinado de Afonso X, o Sábio, o Estudo Geral foi transformado em Universidade. O cardeal aragonês Pedro de Luna, que, depois, seria o papa de Avinhão Bento XIII, foi um grande protector da instituição, impulsionando a compra dos primeiros edifícios e a construção das Escuelas Mayores, o edifício histórico da Universidade, a partir do ano 1411.

Para além das Escolas Universitárias (o equivalente às actuais Faculdades), o ensino eram ministrado em Colégios Mayores, para licenciaturas e doutoramentos, e Colégios Menores, para bacharelato. Os colégios eram, em geral, organizados segundo a origem maioritária dos seus estudantes. De entre os mais importantes, destacam-se os colégios de Oviedo, de Cuenca, dos Nobres Irlandeses, de Anaya e de San Bartolomé, entre outros.

Entre muitas outras questões pioneiras em diversos ramos do saber, coube, ao claustro desta Universidade, discutir a viabilidade do projecto de Cristóvão Colombo e as consequências que adviriam da veracidade das suas afirmações. Uma vez descoberta a América, nele se discutiu sobre o direito dos indígenas ameríndios a serem reconhecidos com plenitude de direitos pessoais, algo revolucionário para a época. Nele, também se analisaram, pela primeira vez de forma sistematizada, os processos económicos, e se procedeu ao desenvolvimento da ciência do direito.

Para além das contribuições pioneiras para a ciência, a Universidade de Salamanca foi um importante foco humanista e a principal fonte de que se nutria a administração da monarquia hispânica para criar e manter o seu Estado e a administração imperial que lhe estava associada.

Matemáticos de Salamanca estudaram a reforma do calendário por encargo do papa Gregório XIII e propuseram a solução que, posteriormente, se adoptou.

 
Fachada das Escolas Maiores da Universidade de Salamanca

O auge da fama da instituição atingiu-se em finais do século XVI, período em que, nela, conviveram alguns dos intelectuais mais brilhantes da Península Ibérica, formando o que ficou conhecido como a escola de Salamanca. Por volta de 1580, a Universidade salamantina admitia cerca de 6 500 estudantes novos em cada ano, fazendo, dela, uma das maiores do mundo de então.

A influência da Universidade de Salamanca ultrapassou em muito as fronteiras de Castela, atraindo numerosos estudantes e investigadores estrangeiros. Foram muitos os portugueses que nela cursaram, incluindo alguns dos mais brilhantes intelectuais portugueses do Renascimento.

Durante a Invasão Francesa (1807-1814), muitos dos seus Colegios Mayores foram destruídos, não porque tivesse ocorrido qualquer batalha em Salamanca, antes por simples espírito destruidor e também para utilizar as pedras para construir defesas.

Naqueles incidentes, as bibliotecas da Universidade foram espoliadas dos seus melhores fundos. Os livros foram recapturados na bagagem do rei José I após a batalha de Vitoria (1813), e uma parte dos fundos foram oferecidos por Fernando VII a Lord Wellington, como agradecimento. A parte restante foi integrada na Biblioteca do Palácio Real. Este último fundo foi recuperado pela Biblioteca da Universidade em 1954.

Com mais de 35 000 alunos, a Universidade de Salamanca é, hoje, uma das instituições universitárias mais prestigiadas da Europa, atraindo estudantes de toda a Espanha e do mundo de língua castelhana.

A 18 de abril de 2018, foi feita Membro-Honorário da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, de Portugal.[2]

Personalidades editar

Por esta Universidade, passaram, na qualidade de alunos ou professores, algumas das personalidades dominantes da intelectualidade espanhola, e não só, dos últimos seiscentos anos:

Portugueses editar

 
Commons
O Commons possui imagens e outros ficheiros sobre Universidade de Salamanca

Ver também editar

Referências

  1. Universidade de Salamanca. «A BRIEF HISTORY OF THE UNIVERSITY OF SALAMANCA». Universidade de Salamanca. Consultado em 26 de abril de 2015 
  2. «Cidadãos Estrangeiros Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Universidade de Salamanca". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 26 de maio de 2018 

Ligações externas editar