Anastácia, a Mulher sem Destino
Anastácia, a Mulher sem Destino | |
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Informação geral | |
Formato | Telenovela |
Gênero | |
Criador(es) | Emiliano Queiroz |
Desenvolvedor(es) | Janete Clair |
País de origem | ![]() |
Idioma original | (português brasileiro) |
Produção | |
Diretor(es) | Henrique Martins GT |
Exibição | |
Emissora de televisão original | Rede Globo |
Transmissão original | 28 de junho – 16 de dezembro de 1967 |
N.º de episódios | 125 |
Anastácia, a Mulher sem Destino é uma telenovela brasileira que foi produzida Rede Globo e exibida originalmente pela emissora entre 28 de junho e 16 de dezembro de 1967, com um total de 125 capítulos, Substituindo A Sombra de Rebecca e sendo substituída por Sangue e areia. Foi a 4ª "novela das oito", termo utilizado para se referir às produções veiculadas pela emissora no horário das oito horas da noite.
Baseada no folhetim francês A Toutinegra do Moinho, de Émile de Richebourg, foi escrita por Emiliano Queiroz e dirigida por Henrique Martins, e se tornou conhecida pelo fato de ter a roteirista Glória Magadan – responsável pelo núcleo de teledramaturgia da emissora - contratado Janete Clair para "encerrar" a trama, face a seus decepcionantes índices de audiência. Ainda que telenovelas como O Ébrio e O Rei dos Ciganos tenham sido exibidas anteriormente no horário das oito da noite, a entrada de Clair na trama e na emissora, iniciando uma continuidade na exibição de produções no horário, dá início ao que seria posteriormente convencionado como "novela das oito".[1][2]
ProduçãoEditar
O enredo teve início nos arredores de Paris, França, e a porção da telenovela que foi escrita por Emiliano Queiroz foi protagonizada por Anastácia, uma jovem órfã e pobre, que foi criada por Pierre, um velho lenhador, com o auxílio de Gaby, desconhecendo ser a filha do último czar russo, Nicolau II. O refúgio utilizado por Anastácia para esconder sua identidade - uma ilha vulcânica das Antilhas - foi um elemento-chave para a segunda porção da telenovela, escrita por Janete Clair, em que um terremoto mataria a maior parte do elenco e faria com a trama avançasse mais de vinte anos.[1][2][3][4]
A cadência da trama e o entendimento do público foram prejudicados pelo excesso de personagens criados por Emiliano Queiroz. Com experiência em folhetins escritos para a Rádio Nacional e a TV Tupi, Janete Clair foi chamada para salvar a novela. Além de eliminar mais de 100 personagens usando como recurso um terremoto,[5] promoveu um salto de 20 anos no tempo. Com os sobreviventes, reajustou o enredo e recuperou a audiência. A partir de então, Leila Diniz passou a se alternar em dois papéis, o de Anastácia – sua personagem original – e a filha dela. A novela não foi um sucesso de audiência, mas a solução bem sucedida encontrada por Janete Clair garantiu a permanência da autora na TV Globo, de onde nunca mais sairia.
Hugo Carvana estreou na emissora fazendo uma pequena ponta na telenovela. O seu personagem foi inserido na trama na segunda fase, após o terremoto.[1]
SinopseEditar
Primeira faseEditar
Apesar de baseada em A Toutinegra do Moinho, a trama guarda poucas semelhanças com o original. A história se passa na França, no século XVIII, quando aperta o cerco aos republicanos espalhados por todo o país. Em Paris, Henri Monfort (Henrique Martins) é um dos que lutam contra a monarquia vigente na época. Casado com Anastácia (Leila Diniz), ele planeja a fuga de sua família para o Castelo de Monfort, propriedade que acabara de herdar. Mas, na hora da partida, é preso, fazendo com que Anastácia e a filha recém-nascida do casal, Henriette, sigam sozinhas.
Vítimas de uma emboscada, as duas são separadas: Anastácia acaba prisioneira em um navio corsário; e Henriette passa a ser criada pelos camponeses Pierre (Ênio Santos) e Gaby (Míriam Pires), que desconhecem sua origem. A falta de notícias da filha faz com que Anastácia, aos poucos, enlouqueça.
Paralelamente, se desenrola a trama de Blanche (Aracy Cardoso), filha do Marquês de Serval. Com a morte de Bernard (Hugo Santana), seu grande amor, ela acaba se rendendo ao pedido do pai e casa-se com o comandante Fábio Orsini (Edson França), sem saber que está grávida. O filho de Blanche nasce quando seu marido está em uma expedição em alto mar. Antes de ser entregue a mãe, no entanto, o bebê é raptado pelo marquês e entregue aos camponeses Gaby e Pierre, os mesmos que cuidam de Henriette. Blanche acredita que a criança nascera morta.
Quando retorna de sua longa viagem, Fábio descobre que a mulher tivera um filho durante sua ausência e que, ao contrário do que todos acreditam, ele está vivo. Ao ficar sabendo da verdade, Blanche passa a dedicar sua vida à busca pela criança, indo quase à loucura.
Segunda faseEditar
Quando Janete Clair assume a autoria da novela, acontece uma guinada na história. Para se livrar do excesso de personagens criados por Emiliano Queiroz, que dificultava o entendimento da trama pelo público, a autora usa como recurso uma passagem de tempo de 20 anos. Com a eliminação de grande parte dos personagens por conta de um terremoto, os filhos de Anastácia (Leila Diniz) e Blanche (Aracy Cardoso) – Henriette e Roger, respectivamente – assumem papel de destaque na trama.
No intuito de agradar Blanche, que sempre o tratou com desprezo, Fábio (Edson França) diz à mulher que finalmente encontrou seu filho, Jean-Paul (Cláudio Cavalcanti). Na verdade, trata-se de um impostor. O menino tem um comportamento agressivo, mas Blanche está disposta a conquistar seu amor.
Já mais velhos e cansados, Gaby (Miriam Pires) e Pierre (Ênio Santos) encontram dificuldade para continuarem com as crianças. Henriette é adotada pelos duques de Forestier, assume a identidade de Rose, a filha morta do casal, e cresce sem nunca desconfiar de sua origem. Somente no final da trama, reencontra-se com Henri (Henrique Martins) e Anastácia. Roger, por sua vez, é deixado na porta da casa da família Orsini. Fábio o recebe e, ao descobrir que aquele é o legítimo filho de Blanche, decide esconder a verdade de sua esposa, dizendo tratar-se do neto de um antigo cocheiro. Resistente à idéia no início, Blanche acaba concordando em criá-lo, sempre deixando claro que existe uma diferença entre Roger e Jean-Paul.
Os dois crescem juntos. Roger (José Augusto Branco), preterido pela mãe, torna-se um grande cravista. E o interesse pela música acaba o aproximando de Rose/Henriette. Apesar da identificação quase imediata, eles não se recordam que foram criados juntos por Gaby e Pierre. Os dois se apaixonam e passam a viver um romance cheio de obstáculos, a começar pelos duques de Forestier, que não aprovam o envolvimento da filha com Roger. Jean-Paul, por sua vez, é cercado pelo amor e pelo carinho de Blanche. Mas, ao contrário do irmão, transforma-se num homem de caráter duvidoso. Ele também se encanta com Rose, formando assim um triângulo amoroso. A rivalidade entre Jean-Paul e Roger é o fio condutor da história nessa segunda fase da trama.
O conflito entre os dois jovens é acirrado quando Jean-Paul comete um assassinato, e Roger, atendendo ao pedido de Blanche, assume a culpa no lugar do irmão. Com isso, Rose acaba casando-se com Jean-Paul.
No final, o comandante Orsini revela à mulher que Roger é seu filho legítimo, deixando Blanche transtornada por tê-lo rejeitado durante anos. Jean-Paul confessa ser ele o assassino e, não resistindo ao cerco formado para capturá-lo, acaba se matando. Logo em seguida, Fábio descobre que o rapaz era seu filho, fruto de um relacionamento que tivera antes de casar-se com Blanche. A revelação deixa o comandante atormentado pela culpa de ter provocado a desgraça de seu próprio filho. Diante do sofrimento do marido, Blanche o perdoa por todo o mal que provocara com suas mentiras.
Roger, por sua vez, perdoa a mãe, pois entende que ela fora tão vítima da crueldade de Fábio quanto ele. Roger se transforma no maestro Orsini, conquistando toda a corte com sua música, e casa-se com Rose.
ElencoEditar
A telenovela chegou a ter mais de 100 personagens em seu elenco até Janete Clair assumir os roteiros. Leila Diniz interpretou a protagonista, Anastácia e, após a mudança nos roteiros, também sua filha. Além dela, três atores permaneceram no elenco nas duas "fases" da telenovela: Henrique Martins, Ênio Santos e Miriam Pires.[1][2]
Ator/Atriz | Personagem |
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Leila Diniz | Anastácia Forestier / Henriette (Rose Forestier) |
Henrique Martins | Henri de Monfort |
Aracy Cardoso | Blanche de Serval |
Hugo Santana | Bernard |
Edson França | Fábio Orsini |
Dary Reis | Dunerville |
Neuza Amaral | Helena |
Myriam Pires | Gaby |
Ênio Santos | Pierre |
José Augusto Branco | Roger |
Cláudio Cavalcanti | Jean-Paul |
Paulo Gonçalves | Tomé |
Yolanda Cardoso | Zarolha |
Emiliano Queiroz | Pepe |
Fábio Sabag | Duque Jacques de Forestier |
Lourdes Mayer | Duquesa Ana de Forestier |
Suely Franco | Marie |
Paulo Padilha | Marquês de Seval |
Gilberto Martinho | Garan |
Luís Orioni | Rodésio |
Marieta Severo | |
Hugo Carvana | |
Henriette Morineau |
Referências
- ↑ a b c d http://memoriaglobo.globo.com/Memoriaglobo/0,27723,GYN0-5273-223571,00.html
- ↑ a b c SOUZA, pp.177-178
- ↑ http://www.teledramaturgia.com.br/tele/anastacia.asp
- ↑ http://redeglobo.globo.com/novidades/o-astro/noticia/2011/06/janeteclair-autora-eliminou-100-personagens-de-trama-em-desastre.html
- ↑ http://noticiasdatv.uol.com.br/noticia/televisao/globo-apaga-novela-de-fabio-jr-considerada-maior-fiasco-da-historia-3928
BibliografiaEditar
- SOUZA, Maria Carmem Jacob de. Telenovela E Representaçao Social. ISBN 8587922904. 1ª edição. 2004
Ligações externasEditar
- Anastácia, a Mulher sem Destino (em português) no site "Teledramaturgia.com.br"