Antão de Almada, 7.º conde de Avranches
Antão de Almada (1573 - Elvas, 17 de dezembro de 1644), 7.º conde de Avranches, 10.º senhor dos Lagares d'El-Rei, 5.º senhor de Pombalinho, comendador de dois terços de São Vicente de Vimioso na Ordem de Cristo e senhor de Reguengos de Aguiar.[1] e também comendador de Fronteira na Ordem de Avis[2].
Antão de Almada, 7.º conde de Avranches | |
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Nascimento | 1573 Portugal |
Morte | 17 de dezembro de 1644 Elvas |
Cidadania | Reino de Portugal |
Ocupação | militar, revolucionário |
Prêmios |
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Foi um dos cinco aclamadores de D. João IV de Portugal e seu embaixador a Inglaterra[2].
Biografia
editarA 13 de Fevereiro de 1597 recebe, de El-Rei Filipe I, uma Carta de mercê do Reguengo de Carnaxide que está no termo da Cidade de Lisboa.[3]
Em Portugal é aceite como herói, tido como o grande impulsionador da Restauração da sua independência,[4] foi o principal ou um dos principais "Quarenta Conjurados" ou "conjuradores" da nobreza que deram início a esse golpe de estado. E o seu nome e do seu filho varão constam, com ambas as presenças, no primeiro "Auto do Levantamento e Juramento d' El-Rei Dom João IV" (de fidelidade) realizado no dia 15 de Dezembro de 1640[5] e assim como no segundo, confirmando o anterior de forma mais solene , em 28 de Janeiro de 1641[6][7].
Depois foi designado para desempenhar uma das mais difíceis missões no estrangeiro, como embaixador a Inglaterra[8] para que aceitassem o Reino de Portugal como independente. Partiu em 28 de Fevereiro de 1641, as suas credenciais só foram aceites em 7 de Abril[9], e conseguindo o que se pretendia em 29 de Janeiro de 1642.
Em Portugal fez parte do Conselho de Estado e da Guerra[10] e teve como missão ser Governador das armas da Estremadura, em 1643, incluindo de Lisboa.[11]
Foi deputado à Junta dos Três Estados representando a nobreza.[1]
Dados históricos
editarFoi líder do golpe de estado bem sucedido em 1 de Dezembro de 1640 que contra o governo castelhano, dito espanhol. Foram várias as reuniões secretas de apoio ao futuro João IV de Portugal, duque de Bragança, nomeadamente a última quatro dias antes dessa data, que se fizeram no seu palácio de S. Domingos, hoje conhecido precisamente por Palácio da Independência. Assim como foi daí, desse palácio no Rossio, em Lisboa, onde se crê que se juntaram todos os que puderam nessa madrugada histórica, antes de seguirem para o Paço da Ribeira de-capitular a governação assumida por estrangeira que estava entregue ao considerado traidor Miguel de Vasconcelos e à duquesa de Mântua, sobrinha de Filipe III de Portugal ou Filipe IV de Espanha. Será um dos que subiram ao quarto da governante espanhola para a prender e, depois que o conseguiram, ficará à sua guarda[12].
Após tais acontecimentos foi o primeiro embaixador português dirigido à Grã-Bretanha. Onde conseguiu, com a ajuda da sua excelente equipe, um grande feito diplomático internacional para a altura que foi o de esse país, através da assinatura do seu rei Carlos I de Inglaterra, reconhecer Portugal como um Estado soberano,[13] contra a poderosa e temida Espanha de então. Tanto mais que havia a consciência que isso podia agravar mais as grandes turbulências internas, jogos para conquista e mudança de poder, que já aí assolavam e que perigavam a corte britânica.
Regressou ao seu Reino de Portugal a 18 de Julho de 1642, após ter concluído aquele tratado de paz e comércio, assumindo pouco tempo depois o cargo de governador de Armas da Estremadura.[14]
Como morreu cedo, em Dezembro de 1644, no cerco de Elvas.[1] Apenas teve a infelicidade de não ver pelos seus próprios olhos afastado o perigo do reino de Portugal ser novamente conquistado pela dominação filipina, perigo real por estar a decorrer ainda a Guerra da Restauração entre as duas facções. A vitória portuguesa e patriota só aconteceu em 13 de Fevereiro de 1668.
Toponímia
editarO seu nome pode ser identificado em vária toponímia local, nomeadamente na:
- Praça Dom Antão de Almada, freguesia do Laranjeiro, no concelho de Almada.[15]
- Rua Antão de Almada, na freguesia de Rio Tinto, no concelho de Gondomar.[16]
- Rua Dom Antão de Almada, na freguesia de Santa Justa, no concelho de Lisboa.[17][18]
Dados genealógicos
editarAntão de Almada (10.º senhor dos Lagares d' El-Rei) (5.º senhor de Pombalinho (Soure). Morreu a 17 de Dezembro de 1644, sepultado na igreja do convento de S. Francisco de Elvas[19] na sua nave.[20]
Filho de Lourenço Soares de Almada (6.º Conde de Avranches) (9.º senhor dos Lagares d´El-Rei) (4.º senhor de Pombalinho) e de Francisca de Távora.
Sobrinho neto do jesuíta André de Almada, governador e reformador da Universidade de Coimbra, de quem foi um dos herdeiros.
Casou com (sua prima) Isabel da Silva, filha de Lucas de Portugal, mestre-de-sala, comendador de Fronteira[21] e do prazo de Alvarinha[22]), e de Antónia da Silva (filha de Antão Soares de Almada e Vicência de Castro). Está sepultada na Igreja de Nossa Senhora da Graça, em Lisboa.[23]
Dessa união nasceram 18 filhos:
- Lourenço de Almada, que morreu na costa de França no naufrágio da Armada, em 1627, com 22[24] anos, sob o comando de Manuel de Meneses.[25]
- Luís de Almada, 11.º senhor dos Lagares d' El-Rei, 6.º senhor de Pombalinho, casado com Ana de Vilhena e Luísa de Menezes.
- André de Almada, religioso na Ordem de Cristo em Tomar.[24]
- Francisco Lourenço Vaz de Almada, capitão da infantaria nos Exércitos do Alentejo ms licenciado em teologia na Universidade de Coimbra.[26] Em 1644 foi feito prisioneiro na batalha do Montijo.[27] Nessa altura retoma estudos e tira Cânones.[28] Depois, seguindo as pisadas do seu tio-avô, foi sacerdote jesuíta (padre da Companhia de Jesus) trabalhando como professor de Prima de Teologia na Universidade de Coimbra e escrevendo algumas prosas místicas em latim.[29][30] Morreu em Roma, como assistente da sua Província, no ano de 1683.[31] Esteve numa embaixada a Inglaterra.[24]
- Manuel de Almada. Morreu em criança.
- Álvaro de Almada. Morreu em criança.
- Fernando de Almada. Morreu em criança.
- Antónia da Silva casada com Tristão da Cunha Ribeiro, senhor do morgado de Paio Pires e das Cachoeiras, filho de Luís da Cunha, senhor do dito morgado, e de Joana de Meneses, senhora do morgado das Cachoeiras. Pais de Matias da Cunha, governador-geral do Brasil.
- Luísa Maria da Silva, dama da rainha Luísa, casada com Diogo de Almeida, 2.º comendador de Santa Maria de Mesquitela, de S. Salvador de Ribas de Basto e das Duas Igrejas, filho de Francisco de Almeida, comendador das mesmas comendas, governador e capitão general de Mazagão e de Ceuta.
- Catarina de Távora casada com António de Eça de Castro.
- Vicente de Almada. Morreu em criança.
- Lucas de Almada. Morreu em criança.
- João de Almada. Morreu em criança.
- Francisca da Silva. Morreu em criança.
- Maria da Silva. Morreu em criança.
- Vicência de Castro. Morreu em criança.
- Joana da Silva. Morreu em criança.
- Ana da Silva, freira
Ver também
editarReferências
- ↑ a b c Affonso de Ornellas, «Os Almadas na História de Portugal», Lisboa, 1942, p. 21
- ↑ a b Manuel José da Costa Felgueiras Gaio, Nobiliário das Famílias de Portugal, Carvalhos de Basto, 2ª Edição, Braga, 1989. vol. I-pg. 236 (§1 N11 Almadas).
- ↑ CONJUNTO DOCUMENTAL CARTAS DE PADRÃO, DE TENÇAS, MERCÊS E DOAÇÕES, ESCRITURAS E ALVARÁS, Cota 10, pág. 1
- ↑ Antão Vaz de Almada, In Infopédia, Porto Editora, Consulta em 2012-05-20
- ↑ «Auto do Levantamento e Juramento d' El-Rei Dom João IV». Consultado em 15 de julho de 2010. Arquivado do original em 2 de abril de 2015
- ↑ Cronicas e Vidas dos Reys de Portugal ... , por Duarte Nunez do Lião, e autos de Levantamento e Juramentos a El-Rey João IV, Tomo II, compilação de Rodrigo da Cunha, em Lisboa, na oficina de José de Aquino Bolhões, de 1780, pág. 471
- ↑ Auto da Retificacam de Livramento que os Tres Estados destes Reinos fizerão a elRei Nosso Senhor Dom João o IV deste nome e do Juramento, preito e menagem, que os mesmos tres Estados fizeram ao Sereníssimo Príncipe Dom Theodosio N. Senhor na Cidade de Lisboa a 28 de Janeiro de 1641
- ↑ Reino Unido - Titulares, Portal Diplomático da Republica Portuguesa
- ↑ «Genealogias das Famílias de Portugal», por Afonso Torres e continuada por Luís Vieira da Silva, capitulo dos Almadas, ano de 1694
- ↑ Antão de Almada, roglo
- ↑ "Documento (datado de 1643-08-25 - 1644-07-28) de consulta sobre o pedido feito pelo senado para que os cidadãos que prestem serviço nas companhias da cidade não sejam obrigados a outros serviços nas companhias do governador de armas, D. Antão de Almada", Arquivo Municipal de Lisboa, Cota: AML-AH, Chancelaria Régia, Livro 1º de consultas e decretos de D. João IV, f. 140 a 144v.
- ↑ https://books.google.pt/books?id=SxdUAAAAcAA «Portugal Restaurado», por D. Luís de Meneses (Conde da Ericeira), edição Galrao, tomo I, 1679, p. 102 e 103
- ↑ «Antão de Almada, Personagens Históricas - RevelarLX». Consultado em 5 de maio de 2010. Arquivado do original em 26 de novembro de 2015
- ↑ «Antropónimos ALMADA, D. Antão Vaz de (15731644), por Pedro Nobre, Faculdade de Ciência Humanas, Universidade Nova de Lisboa, consulta a 27/11/2016». Consultado em 27 de novembro de 2016. Arquivado do original em 28 de novembro de 2016
- ↑ [1]
- ↑ [2]
- ↑ [3]
- ↑ Um Restaurador de 1640 numa rua junto ao seu palacete, Toponímia de Lisboa, 2 de Novembro de 2015
- ↑ Conde de Almada, Relação dos Feitos de Antão Dalmada, 1940, pág.s 70
- ↑ Convento de São Francisco / Igreja de São Francisco / Arquivo Histórico Municipal de Elvas, SIPA - Sistema de Informação para o Património Arquitectónico
- ↑ «Aviso para Lucas de Portugal enviando-lhe um papel da forma que sua majestade queria ser servido no quarto do forte, Manuscritos da Livraria, n.º 167 (205), ANTT». Consultado em 12 de janeiro de 2014. Arquivado do original em 3 de outubro de 2015
- ↑ António Carvalho da Costa, Corografia portugueza e descripçam topografica do famoso reyno de Portugal, na Off. de Valentim da Costa Deslandes, 1708, pág. 60
- ↑ Conde de Almada, Relação dos Feitos de Antão Dalmada, 1940, pág.s 17-19
- ↑ a b c Affonso de Ornellas, «Os Almadas na História de Portugal», Lisboa, 1942, p. 22
- ↑ Na altura já devia ser um militar experiente pois, sob as ordens do mesmo general, a 22 de novembro de 1624, foi um dos soldados que partiu de Lisboa na armada que foi socorrer e recuperar a Baía, no Brasil, do poder dos holandeses. - História do Brasil, por Frei Vicente do Salvador, Bahia, 20 de Dezembro de 1627, Capítulo XXXIV
- ↑ Francisco Lourenço de Almada (dom), 1639-10-20 a 1640-05-20, referência PT/AUC/ELU/UC-AUC/B/001-001/A/002091, Universidade de Coimbra
- ↑ Os castelhanos ao tomar o Forte de São Cristóvão aprisionaram-no pois desenfreou-lhe o cavalo indo ao seu encontro. Depois mandaram-o para Madrid e a seguir foi trocado depois pelo Marquês de la Puebla - «Portugal Restaurado», por D. Luís de Meneses (Conde da Ericeira), edição de 1751, p. 418
- ↑ Francisco Vaz de Almada, 1643-10-07 a 1648-10-23, referência PT/AUC/ELU/UC-AUC/B/001-001/A/002100, Universidade de Coimbra
- ↑ Prosa, em latim, do jesuíta Francisco de Almada a respeito de Deus. Data: 1664, Acervo: Alberto Lamego, Código de Ref.: AL-140-001, Unidade de Armazenamento: Caixa 21 - Códices 140 e 143 (Sala 1), revista eletrônica Almanack Braziliense, Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo
- ↑ Prosa, em latim, do jesuíta Francisco de Almada a respeito de Cristo. Data: 1665, Acervo: Alberto Lamego, Código de Ref.: AL-140-002, Unidade de Armazenamento: Caixa 21 - Códices 140 e 143 (Sala 1), revista eletrônica Almanack Braziliense, Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo
- ↑ Francisco de Almada, Portugal - Dicionário Histórico, Corográfico, Heráldico, Biográfico, Bibliográfico, Numismático e Artístico, Volume I, pág. 219
Bibliografia
editar- «Relação de tudo o que passou na felice Aclamação do mui Alto & mui Poderoso Rei Dom João o Quarto, nosso Senhor, cuja Monarquia prospere Deos por largos anos». Texto publicado em 1641, sem indicação do autor, impresso à custa de Lourenço de Anveres e na sua oficina (atribuído ao Padre Nicolau da Maia de Azevedo)
- Luís de Menezes, Conde da Ericeira, “História de Portugal Restaurado", Lisboa, 1751-1759
- António Caetano de Sousa, "História genealógica da Casa Real Portuguesa”, Atlântida, Coimbra, 1946-1955
- Rocha Martins, “Os grandes vultos da Restauração de Portugal”, Editora da Emprêsa Nacional de Publicações, Lisboa. 1940
- “Os Restauradores de 1640 e a sua descendência”, Gabinete de Estudos de Publicor - Edições de Artes Gráficas, L.da, Lisboa, 1990
- direcção Affonso de Dornellas, “Os Restauradores de 1640 e seus actuais representantes”, Archivo do Conselho Nobiliarchico de Portugal, Lisboa, 1925
- Lourenço Vaz de Almada (Conde de Almada). “Relação dos feitos de Dom Antão Dalmada”, Lito nacional, Porto, 1940
- Ana Maria Homem de Mello, "Oito séculos de Portugal na cultura europeia", Sociedade Histórica da Independência de Portugal, Lisboa, 1995
- Jorge Pereira Sampaio e Ana Maria Homem de Mello, “Antão de Almada na Restauração”., Sociedade Histórica da Independência de Portugal, Lisboa, 1995
- Teresa Ferrer Passos, “A Restauração da Independência em 1640 e Antão de Almada”, Universitária Editora, Lisboa, 1999
- Felgueiras Gayo, «Nobiliário de Famílias de Portugal», Braga, 1938-1941, Tomo II p. 36 ("Almadas")
Ligações externas
editarControvérsia
editarSegundo alguns, não terá sido conde de Avranches ou Abranches, tal como tinham sido seus antepassados, apesar de representar a varonia do último que há a certeza de ter usado o respectivo título nobiliárquico.