Beto Rockfeller

telenovela brasileira produzida e exibida pela Rede Tupi
 Nota: Se procura o filme de 1970, veja Beto Rockfeller (filme).

Beto Rockfeller é uma telenovela brasileira exibida pela TV Tupi de 4 de novembro de 1968 a 30 de novembro de 1969 em 335 capítulos. Sucedeu Amor Sem Deus e antecedeu Super Plá na faixa das 20 horas.[1]

Beto Rockfeller
Beto Rockfeller
Informação geral
Formato Telenovela
Duração 40–50 minutos
Criador(es) Bráulio Pedroso
Elenco
País de origem Brasil
Idioma original português
Episódios 335
Produção
Diretor(es) Lima Duarte
Walter Avancini
Roteirista(s) Bráulio Pedroso
Eloy Araújo
Ilo Bandeira
Guido Junqueira
Exibição
Emissora original TV Tupi
Transmissão original 4 de novembro de 1968 – 30 de novembro de 1969
Cronologia
A Volta de Beto Rockfeller

Escrita por Bráulio Pedroso, com colaboração de Eloy Araújo, Ilo Bandeira e Guido Junqueira, teve direção de Lima Duarte, posteriormente substituído por Walter Avancini.[1]

Conta com as atuações de Luis Gustavo, Débora Duarte, Bete Mendes, Plínio Marcos, Ana Rosa, Irene Ravache, Walter Forster, Maria Della Costa e Marília Pêra nos papéis principais.[1]

Produção e veiculação editar

A teledramaturgia brasileira se divide em duas fases: antes e depois de Beto Rockfeller, que representou um grande sucesso na época, inovando o estilo de se fazer telenovelas no país. Enquanto a superprodução era a arma da TV Excelsior - principal concorrente da TV Tupi, na época - para segurar a audiência, a Tupi apostava na linha iniciada em 1968, com a novela Antônio Maria, de Geraldo Vietri, no horário das sete. O processo de nacionalização das novelas brasileiras teve início em Beto Rockfeller, às 20 horas, abrindo caminho para um novo formato que passou a ser seguido pelas demais emissoras. A ideia inicial da telenovela surgiu de Cassiano Gabus Mendes, diretor artístico da Tupi, que procurou o dramaturgo Bráulio Pedroso, editor do caderno de literatura do Estadão, que logo aceitou o desafio. Os textos tiveram de ser adaptados por Lima Duarte, pois Bráulio escrevia peças de teatro e pouco entendia de televisão. Cassiano, Bráulio e Lima estavam por trás de uma trama simples, mas que mostrava uma nova proposta de trabalho para a televisão brasileira.[2][3]

Beto Rockfeller abandonava, então, a linha de atitudes dramáticas e artificiais que acompanhavam as telenovelas desde que o gênero havia conquistado o gosto nacional. Na verdade, uma primeira tentativa havia sido feita por Lauro César Muniz, em 1966, com Ninguém Crê em Mim, na TV Excelsior, em que o tom coloquial dos diálogos rompia com os padrões estabelecidos, até então, pelas novelas.[4] Todavia, só mesmo com o trabalho de criação e o posicionamento de modernizar a linha das telenovelas, foi possível adaptar o público às novas exigências, não apenas os diálogos, mas principalmente a estrutura da história, para ganhar mais proximidade com o público. O próprio protagonista da trama representou uma enorme inovação, ao introduzir a imagem de um anti-herói, diferente dos demais apresentados pelas telenovelas anteriores, de um personagem de caráter firme, sensato, absolutamente honesto e capaz de qualquer proeza para a salvar a heroína das adversidades. A sua concepção procurava se aproximar das pessoas comuns, isto é, de ter atitudes boas ou más conforme as situações enfrentadas no dia a dia.

A telenovela revolucionou até o modelo de interpretação dos atores, que passou dos exagerados gestos dramáticos para um forma natural. O próprio Luiz Gustavo, que interpretou o protagonista da trama, fazia questão que o personagem fosse o mais verdadeiro possível. A linguagem era coloquial e os diálogos incorporavam gírias e expressões do cotidiano. Isso fazia com que o público se identificasse com a história. Muitas vezes os atores improvisavam suas falas, inventando diálogos que não estavam no script, o que também era novo na TV. Um dos méritos da novela foi dar ao público uma fantasia com gosto de realidade. As notícias dos jornais da época faziam parte de sua trama. Os fatos mais sensacionais e as fofocas mais quentes eram comentados por seus personagens. Outra inovação foi a trilha sonora, que deixou de trazer temas sinfônicos tocados por orquestras e utilizou sucessos populares da época, como os Rolling Stones, Salvatore Adamo e Bee Gees. A única exceção foi a versão instrumental de Franck Pourcel para a canção "Here, There and Everywhere", dos Beatles. A identificação do público com personagens e seus temas musicais começou com Beto Rockfeller. No entanto, uma trilha sonora "oficial" da novela nunca foi lançada comercialmente.

Mas nem tudo foi perfeito em Beto Rockfeller. O sucesso fez com que a emissora "espichasse" sua história, e Bráulio Pedroso, com grande estafa, abandonou provisoriamente a sua obra, quando foi substituído por três autores liderados por Eloy Araújo. Lima Duarte também se ausentou, sendo substituído pelo diretor Walter Avancini. Alguns atores tiraram férias, e muitos dos capítulos eram preenchidos com qualquer "criação" de emergência: um grupo de jovens dançando numa festinha, um personagem caminhando indeciso ou então uma determinada ação, sem diálogos, era acompanhada por alguma música de sucesso. Com uma mudança tão radical, a novela poderia perder audiência, o que não aconteceu. A novela também foi a primeira a utilizar tomadas aéreas: os técnicos voaram de helicóptero para gravar uma cena do pesadelo do protagonista central da trama.

Foi a primeira novela a usar o merchandising, ainda que não em caráter oficial. Era do medicamento Engov, pois o personagem bebia muito uísque, e Luiz Gustavo faturava cada vez que engolia o comprimido em cena.

Em 1973, Braúlio Pedroso escreveu uma continuação da telenovela (A Volta de Beto Rockfeller) com parte do elenco original, mas não conseguiu a repercussão esperada.

Hoje, não existem mais os capítulos da novela. O pouco que sobrou de suas filmagens está guardado na Cinemateca Brasileira, em São Paulo. Quase todos os capítulos foram apagados pela própria emissora, que usava as fitas para gravar por cima os capítulos seguintes. A Tupi já passava por dificuldades financeiras e todos os projetos que apareciam tinham de ser feitos com baixos custos, mas que trouxessem lucros.

Sinopse editar

Alberto - ou Beto, como é mais conhecido - é um charmoso representante da classe média-baixa que mora com os pais, Pedro e Rosa, e a irmã, Neide, no bairro de Pinheiros, em São Paulo, e trabalha como vendedor em uma loja de sapatos na Rua Teodoro Sampaio.

Com sua intuição, perspicácia e malandragem, o vendedor Beto se transforma em Beto Rockfeller, primo em terceiro grau do magnata norte-americano Nelson Rockefeller, e consegue penetrar na alta sociedade, através de sua namorada rica, Lu, filha dos milionários Otávio e Maitê. Assim, ele consegue frequentar as badaladas festas e as rodas da mais alta sociedade paulistana.

Quem Beto preferirá afinal? A temperamental Lu, garota sofisticada e rodeada de gente importante ou a inocente Cida, a humilde namoradinha da vizinhança? A contradição será explicada através de seu nome: Beto, humilde e trabalhador do bairro simples, e Rockfeller, sofisticado e badalado da Rua Augusta - lugar muito frequentado pela alta roda nos anos 60.

Enquanto vacila entre os dois extremos, a grã-finagem dobra-se ante seu maniqueísmo, e ele tem de fazer toda ordem de trapaça para que sua origem - que já não é segredo para Renata, uma jovem grã-fina decadente - não seja descoberta. Para se safar das confusões, o bicão Beto conta sempre com a ajuda dos fiéis amigos Vitório e Saldanha.

Elenco editar

Ator/Atriz Personagem[1]
Luiz Gustavo Alberto Rocha (Beto Rockfeller)
Bete Mendes Renata
Débora Duarte Luísa (Lu)
Plínio Marcos Vitório
Ana Rosa Maria Aparecida (Cida)
Lima Duarte Domingos / Duarte / Conde Vladimir / Secundino / Manoel Maria
Irene Ravache Neide
Marília Pêra Manuela
Walter Forster Otávio
Maria Della Costa Maitê
Walderez de Barros Mercedes
Pepita Rodrigues Bárbara
Wladimir Nikolaieff Olavo (Lavito)
Rodrigo Santiago Carlucho
Yara Lins Clotilde (Clô)
Gésio Amadeu Gésio
Zezé Motta Josefa (Zezé)
Jofre Soares Pedro
Eleonor Bruno Rosa
Ruy Rezende Saldanha
Luiz Américo Tomás
Márcia Rodrigues Regina
Jaime Barcellos Fernando
Marilda Pedroso Mila
Heleno Prestes Otávio Filho (Tavinho)
Martha Overbeck Dalva
Renato Corte Real Bertoldo
Liana Duval Carmélia
Walter Stuart Sr. Vicenzo
Etty Fraser Madame Waleska
Felipe Donavan Delegado Moreno
Esther Mellinger Tânia
João Carlos Midnight Oswaldo (Vadeco)
Lourdes de Moraes Magda
Luísa di Franco Beatriz (Bia)
Alceu Nunes Polidoro
Francisco Trentini Canuto

Participações especiais editar

Ator Personagem[1]
Othon Bastos Dias Barreto
Iolanda Braga Carolina

Trilha sonora editar

Audiência editar

A trama teve média geral de audiência de 22 pontos (21,69) e foi a última novela das 20 horas da Tupi a competir diretamente com a TV Globo na audiência, pois esta, a partir de Véu de Noiva, ainda em 1969, de Janete Clair, assume a liderança no horário.

Prêmios e indicações editar

Ano Prêmio Categoria Indicado Resultado
1970 Troféu Imprensa Melhor Novela Venceu
Melhor Roteirista Bráulio Pedroso Indicado
Melhor Diretor Lima Duarte Venceu
Melhor Atriz Débora Duarte Venceu
Melhor Ator Luis Gustavo Indicado
Revelação Feminina Bete Mendes Indicado

Referências