Gustavo Dahl
Gustavo Dahl (Buenos Aires, 8 de outubro de 1938 - Trancoso, 26 de junho de 2011[1]) foi um cineasta, crítico e gestor público de cinema brasileiro, naturalizado. Foi casado com a atriz Maria Lúcia Dahl.
Gustavo Dahl | |
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Nascimento | 8 de outubro de 1938 Buenos Aires |
Morte | 27 de junho de 2011 (72 anos) Trancoso |
Cidadania | Brasil |
Cônjuge | Maria Lúcia Dahl, Ana Maria Magalhães |
Ocupação | crítico de cinema, diretor de cinema |
Distinções |
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Período de formação
editarFilho de pai argentino e mãe brasileira (gaúcha), Gustavo Dahl passou parte da infância em Montevidéu e mudou-se com a família para São Paulo em 1947. A partir daí, estudou no Colégio Pais Leme (secundário) e na Faculdade de Direito Mackenzie, interrompida.
Em 1958, a convite de Paulo Emílio Salles Gomes, passou a colaborar no Suplemento Literário de O Estado de S. Paulo. No mesmo período, foi presidente do cineclube do Centro Dom Vital e começou a trabalhar na Cinemateca Brasileira.
Em 1960, com bolsa recebida do governo da Itália, foi cursar o Centro Sperimentale di Cinematografia, em Roma. Neste curso conheceu Paulo César Saraceni, e através dele ligou-se ao movimento do Cinema Novo. No mesmo curso, conviveu com os cineastas italianos Marco Bellochio, Bernardo Bertolucci e Gianni Amico. Em 1963, em Paris, freqüentou o curso de cinema etnográfico do Musée de l´Homme, ministrado por Jean Rouch, tendo presenciado o início do cinema-verdade.
Cineasta e crítico
editarDe volta ao Brasil em 1964, fixou-se no Rio de Janeiro, iniciando sua carreira de montador de filmes, em paralelo ao seu trabalho de documentarista. Já em 1965 recebeu os prêmios Coruja de Ouro e Saci pela montagem de A Grande Cidade, de Cacá Diegues. Mais tarde, em 1974, voltaria a receber a Coruja de Ouro pela montagem de Passe Livre, de Oswaldo Caldeira. Montou ainda "Integração Racial" de Paulo César Saraceni (1964) e "Soledade", de Paulo Thiago (1976).
Em 1969, foi lançado seu primeiro longa como diretor, "O Bravo Guerreiro", que juntamente com "O Desafio" (de Saraceni) e "Terra em Transe" (de Glauber Rocha) formou a trilogia de filmes políticos da segunda fase do Cinema Novo.
No período de 1958 a 1975, desenvolveu também a atividade de crítico e ensaísta, tornando-se um dos teóricos do grupo do Cinema Novo. Colaborou nas revistas Civilização Brasileira e Cahiers du Cinéma, bem como nos semanários Opinião e Movimento e nos diários Jornal do Brasil, Correio Braziliense e Folha de S.Paulo.
Gestor público
editarA partir da finalização de "Uirá, um Índio em Busca de Deus", seu filme de 1975, Gustavo Dahl deu uma guinada em sua atividade profissional, aceitando assumir, a convite de Roberto Farias, a superintendência de comercialização da Embrafilme. Iniciando seu trabalho de gestor público de cinema, reformulou a área de distribuição da empresa, formando uma equipe de profissionais que conseguiu transformá-la na segunda maior distribuidora do país, trabalhando exclusivamente com filmes brasileiros. Graças a esse esforço, no período de 1975 a 1979 o cinema brasileiro chegou a ocupar cerca de um terço de seu próprio mercado, uma marca histórica que até hoje não se repetiu.
Saindo da Embrafilme, Dahl foi presidente da Associação Brasileira de Cineastas (1981-1983) e realizou em 1983 o seu terceiro longa-metragem, "Tensão no Rio". Em seguida, voltou a dedicar-se à gestão institucional e em 1985 tornou-se presidente do Concine (1985-1987). Ainda no final do governo Sarney, foi presidente do Conselho Nacional de Direitos Autorais.
Em 1998, retomou a sua atividade pública através de uma série de artigos no Jornal do Brasil, questionando o modelo de intervenção estatal no cinema brasileiro, chamando atenção para a falta de "visão sistêmica" e ao mesmo tempo defendendo a "repolitização do cinema brasileiro". Propôs a criação de uma Secretaria Nacional de Política Audiovisual, ligada à Presidência da República.
Em conseqüência de suas posições, foi chamado para presidir o III Congresso Brasileiro de Cinema, ocorrido em Porto Alegre no ano 2000, tornando-se o primeiro presidente da entidade criada com o mesmo nome do evento. Ainda em 2000 foi convocado pelo governo a participar do Grupo Executivo da Indústria Cinematográfica – GEDIC. Tornou-se seu relator, e em conjunto com a Casa Civil da Presidência da República, produziu o plano estratégico Nova Política Cinematográfica, que contemplava a criação da Agência Nacional do Cinema. Em 2001, com a criação da ANCINE, foi nomeado seu primeiro diretor-presidente, dedicando-se à sua implantação até o final do mandato, em dezembro de 2006.
Até sua morte, era diretor do Centro Técnico Audiovisual (CTAv) do Ministério da Cultura.
Morte
editarNo dia 26 de junho de 2011 Gustavo Dahl sofreu um infarto fulminante em Trancoso, na Bahia, enquanto assistia a um filme.
Filmografia como diretor
editar- 1982: "Tensão no Rio"
- 1981: "Missão Artística Francesa" (documentário)
- 1974: "O Tempo e a Forma" (documentário)
- 1973: "Uirá, um Índio em Busca de Deus"
- 1972: "O Som do Povo" (documentário, TV Globo)
- 1971: "Lady Festival" (documentário, RAI)
- 1971: "Museu Nacional de Belas Artes" (curta)
- 1970: "Il Cinema Brasiliano: Io e Lei" (documentário, RAI)
- 1969: "Aprendendo a Trabalhar" (documentário)
- 1969: "O Bravo Guerreiro"
- 1965: "Em Busca do Ouro" (curta)
- 1962: "Dança Macabra" (curta)
Referências
- ↑ «Gustavo Dahl morre aos 72 anos - Cultura». Estadão. Consultado em 3 de outubro de 2021
Precedido por — |
Diretor-presidente da ANCINE 2001-2006 |
Sucedido por Manoel Rangel |