Josias
Josias (em hebraico: יֹאשִׁיָּהוּ, Yôšiyyāhû, hebraico moderno: יאשיהו ; Yoshiyyáhu, cujo significado literal é "curado por YHWH" [ou Jeová cura] ou "sustentado de Yah"; em grego: Ιωσιας; em latim: Josias, c. 649-609 a.C) foi o 16º rei de Judá (641-609 a.C), de acordo com a Bíblia Hebraica, que instituiu grandes reformas. Josias é creditado pela maioria dos historiadores de ter estabelecido ou compilado Escrituras Hebraicas importantes durante a reforma deuteronômica que ocorreu durante seu governo.
Josias | |
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Pintura representando Josias | |
16.º Rei de Judá | |
Reinado | 641/640 a 610/609 a.C |
Antecessor(a) | Amom de Judá |
Sucessor(a) | Joacaz |
Nascimento | c. 648 a.C |
Provavelmente Jerusalém | |
Morte | 609 a.C. (39 anos) Tamuz (Junho/Julho) |
Jerusalém | |
Sepultado em | Túmulos de seus pais |
Zebida Hamutal | |
Casa | Casa de Davi |
Pai | Amom |
Mãe | Jedida |
Josias tornou-se rei de Judá, com a idade de oito anos, após o assassinato de seu pai, o rei Amom, e reinou por 31 anos,[1] a partir de 641/640 à 610/609 a.C.[2]
Ele também é um dos reis mencionados na genealogia de Jesus no Evangelho de Mateus.
Seus antepassados
editarJosias era filho do rei Amom com sua esposa Jedida. Josias descende da linhagem real de Judá, iniciada com o Rei Davi.
Ascensão ao trono
editarApós um reinado de dois anos, seu pai fora assassinado por conspiradores. O próprio povo tratou de eliminar os conspiradores e restaurar a autoridade régia da linhagem davídica, colocando Josias no trono. Josias tinha oito anos de idade nessa época II Reis 22:1)
Teorias
editarHipotese marginal
editarEntre o 12° e 18° ano de seu reinado, Josias embrenhou-se numa batalha contra aquilo que considerava idolatria. Na sua inciativa, destruiu postes sagrados, altares e imagens, tanto no seu território, como na parte setentrional do que fora o Reino de Israel, arrasado pelos Assírios. Segundo Israel Finkelstein, esse combate às idolatrias serviram ao propósito de concentrar o poder de Judá e do destruído reino de Israel nas mãos de Josias. O objetivo principal do Pentateuco era a criação de uma nação unificada entre Israel e Judá, a qual pudesse basear-se num sistema unificado de crenças num Deus único, o que, na verdade, não era comum ao povo camponês de Judá ou Israel. O projeto de Josias marcou a consolidação da ideia monoteísta entre os hebreus e visava a formar um só povo judeu, guiado por um só Deus, governado por um só rei, Josias, com uma só capital, Jerusalém, e um só templo, o de Salomão. Segundo o arqueólogo Finkelstein as histórias bíblicas foram embelezadas para servir ao projeto do rei Josias de tornar um só dois reinos que sempre, ao contrário do que diz a Bíblia encomendada por Josias, foram distintos. Além disso, o sentimento de unidade que a Bíblia deveria trazer aos israelitas e judeus serviria para que os pequenos reinos de Canaã pudessem se defender das grandes potências da época: Assíria, Egito e Mesopotâmia. [3]
“Nós focalizaremos o Judá do final do século VIII e do século VII AEC, quando este processo literário começou para valer, e argumentaremos que a maior parte do Pentateuco é uma criação da monarquia recente, elaborado em defesa da ideologia e necessidades do reino de Judá, e, como tal, está intimamente associado à História Deuteronomista. E nos alinharemos com aqueles estudiosos que argumentam que a História Deuteronomista foi compilada, principalmente, no tempo do rei Josias [640-609 AEC], para oferecer uma legitimação ideológica para ambições políticas e reformas religiosas específicas [...] a maior parte daquilo que é normalmente considerado como história acurada […] são, na verdade, as criativas expressões de um poderoso movimento de reforma religiosa que floresceu no reino de Judá na Idade Recente do Ferro. [...] A saga do êxodo de Israel do Egito não é uma verdade histórica, nem uma ficção literária. Ela é uma poderosa expressão de memória e esperança nascida em um mundo em transformação. O confronto entre Moisés e o faraó espelha o crucial confronto entre o jovem rei Josias e o recém-coroado faraó Necao. Fixar esta imagem bíblica em uma data anterior é subtrair da estória seu mais profundo significado. A Páscoa se revela, assim, não como um simples evento, mas como uma experiência contínua de resistência nacional contra os poderes estabelecidos". [4]
"Era ambição de Josias expandir-se para o norte e tomar posse dos territórios montanhosos que outrora pertenceram ao reino do norte. Assim, a Bíblia legitima esta ambição, explicando que o reino do norte se estabelecera sobre os territórios da mítica monarquia unida, que fora governada a partir de Jerusalém; que havia um reino israelita irmão; que sua população era composta de israelitas que haviam prestado culto em Jerusalém; que os israelitas ainda vivendo nestes territórios deveriam voltar seus olhos para Jerusalém; e que Josias, o herdeiro do trono davídico e da promessa eterna feita a Davi, era o único legítimo herdeiro dos territórios do vencido Israel. Por outro lado, os autores da Bíblia precisavam deslegitimar o culto do norte – especialmente o santuário de Betel – e mostrar que as típicas tradições religiosas do reino do norte eram todas más, que elas deveriam ser eliminadas e substituídas pelo culto centralizado no Templo de Jerusalém”." [5]
Ou seja, a história de Israel e Judá como um reino unido e poderoso na época de Salomão e Roboão durante o século X a.C foi uma história criada pelos escribas de Josias a fim de justificar o domínio desse sobre o enfraquecido reino de Israel, pois "o Judá da Idade do Ferro não viveu uma precoce era de ouro. Davi, seu filho Salomão e os reis seguintes da dinastia davídica governaram uma região rural, marginalizada e isolada, sem nenhum sinal de grande riqueza ou administração centralizada. Esta região não sofreu um súbito declínio, perdendo uma condição de incomparável prosperidade. O que ela experimentou foi um longo e gradual desenvolvimento ao longo dos séculos. A Jerusalém de Davi e Salomão era apenas um entre outros centros religiosos na terra de Israel, e não o centro espiritual de todo o povo desde o começo” [6]
Contra prova
editarA ideia de um rei onipotente como um Deus, capaz de alterar os registros historicos, não é um senso comum em qualquer meio academico. Mesmo que ele tentasse, registros de diversos povos seriam uma contra uma prova solida, o que não ocorre, ja que ate mesmo os arabes antigos, descendentes de esau que mais tarde se tornaram islãos, atestam a origem da torah
O Livro da Lei
editarEnquanto os servos do rei reparavam o templo de Jerusalém, o texto bíblico afirma que eles redescobriram um material muito importante (especialmente no contexto de restauração religiosa): "o Livro da Lei de YHWH pela mão de Moisés". Alguns acreditam que esse material seria uma versão antiga do Deuteronômio; outros postulam que foi um documento composto por sacerdotes javistas com o objetivo de apoiar e dar forma às mudanças religiosas do rei. Josias providenciou que o livro fosse lido em público.
O 18° ano de seu reinado
editarNo 18° ano do seu reinado, Josias providenciou a celebração da Páscoa Judaica em 14 de nisã. Esta ultrapassou todas as Páscoas já celebradas, desde os dias do profeta Samuel. O próprio Josias contribuiu trinta mil vítimas pascoais e três mil cabeças de gado.
Família
editarTendo a Amom por pai e Jedida por mãe, Josias tinha pelo menos duas esposas: Hamutal e Zebida. Eis seus filhos:
- Joanã - Seu primogênito. Não reinou sobre Judá.
- Eliaquim / Jeoaquim - Filho de Zebida. Foi rei em Judá.
- Jeoacaz - Filho de Hamutal. Foi rei antes de Jeoiaquim, destronado pelo faraó Neco II.
- Matanias / Zedequias - Tornou-se rei depois que seu sobrinho Jeconias / Joaquim fora destronado por Nabucodonosor II.
Fim do reinado
editarPerto do fim de seu reinado, o Faraó Neco II foi lutar contra os medos e babilônios, atravessando o território israelita. A coalização medo-babilônica derrotava os outrora dominadores assírios e Neco via aí uma oportunidade para tomar o controle da Ásia.
Josias interceptou a marcha egípcia e procurou rechaçá-los em Megido, apesar de ser alertado pelo faraó a não tentar isso. Na batalha, Josias fora mortalmente ferido, sendo amplamente pranteado por seus súbditos.
Ver também
editarReferências
- ↑ 2 Reis 22:1, 2 Reis 21:23–26, 2 Reis 21:26
- ↑ Edwin Thiele, The Mysterious Numbers of the Hebrew Kings, (1st ed.; New York: Macmillan, 1951; 2d ed.; Grand Rapids: Eerdmans, 1965; 3rd ed.; Grand Rapids: Zondervan/Kregel, 1983). ISBN 0-8254-3825-X, 9780825438257, 217.
- ↑ «Allez savoir! » Au commencement de la Bible était Josias, ce petit roi oublié qui avait un grand rêve». wp.unil.ch. Consultado em 2 de dezembro de 2016
- ↑ FINKELSTEIN, I.; SILBERMAN, N. A. The Bible Unearthed. Archaeology’s New Vision of Ancient Israel and the Origin of Its Sacred Texts. New York: The Free Press, 2001. pp. 23-71
- ↑ Idem, ibidem, pp. 167
- ↑ Idem, ibidem pp. 238
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