Mariano Feio

professor e cientista português (1914-2001)

Mariano Joaquim de Oliveira Feio GCIH (Beja, 3 de Junho de 1914 — Ferreira do Alentejo, 16 de Março de 2001), foi um professor e cientista português.

Mariano Joaquim de Oliveira Feio
Nascimento 3 de junho de 1914
Beja
Morte 16 de março de 2001 (86 anos)
Ferreira do Alentejo
Nacionalidade português
Alma mater Instituto Superior Técnico
Faculdade de Letras de Lisboa
Ocupação Professor e cientista

Biografia editar

Nascimento e formação editar

Nasceu em 3 de Junho de 1914, na cidade de Beja, filho de Pedro de Sequeira Feio, descendente do 1.º Visconde da Boavista e 1.º Conde da Boavista, e de sua mulher Maria Margarida da Fonseca Acciaioli de Avillez de Oliveira, descendente do 1.º Conde de Avilez e 1.º Visconde do Reguengo.[1] Em 3 de Maio de 1923, a sua mãe faleceu devido à gripe pneumónica, e no mesmo ano também morreu o seu pai, pelo que o tutor de Mariano Feio passa a ser o seu avô materno, o médico Joaquim Alberto de Carvalho e Oliveira.[1] Estudou no Colégio Portugal, no Dafundo, até aos dezasseis anos, passando as férias na sua casa em Beja, no número 3 da rua posteriormente denominada de Dr. Augusto Barreto, ou em Idanha-a-Nova e São Vicente da Beira, região onde a sua mãe nasceu.[1]

Mariano Feio frequentou primeiro o Instituto Superior Técnico da Universidade Técnica de Lisboa, onde concluiu a Licenciatura em Engenharia, e, depois, a Universidade de Berlim, onde iniciou os cursos de especialização em Geologia e Paleontologia, mas que não chegou a terminar devido ao deflagrar da Segunda Guerra Mundial.[2] Esteve igualmente na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde se doutorou em Geografia Física.[2]

Carreira profissional editar

Mariano Feio exerceu como professor, tendo ensinado nas Universidades de Évora e Federal de Paraíba, e na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, onde durante vários anos dirigiu um seminário sobre Clima e Agricultura.[2] Destacou-se pela sua forma de ensinar, e ajudou muitos alunos, tanto portugueses como estrangeiros, nas suas pesquisas e nas teses de doutoramento.[2]

Também se distinguiu como cientista, tendo investigado principalmente a geografia, paleontologia e antropologia cultural.[3] Fez parte de várias missões de estudo nas zonas tropicais e do Mediterrâneo, cujos resultados foram de grande importância, e que foram publicados em livros e relatórios.[2] Após a sua jubilação forçada, continuou a trabalhar como investigador, através da publicação de livros ou em colaboração com várias entidades internacionais, como a Direcção-Geral dos Serviços Hidráulicos, a Junta Nacional de Investigação Científica e a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura.[2] Deixou uma vasta bibliografia, com certa de duzentas obras sobre vários temas, principalmente de teor científico como agricultura e morfologia, embora também tenha escrito sobre filosofia e ética.[2] Um dos seus livros mais destacados foi As Castas Hindus de Goa, de 1979, para o qual estou a geografia humana na Índia e em Angola, sob a orientação de Orlando Ribeiro.[3]

Também foi empresário da agricultura, tendo possuído pelo menos uma propriedade, o Monte do Outeiro.[2]

Destacou-se pela sua actividade benemérita, tendo oferecido à Escola Superior Agrária de Beja uma herdade.[2] Também financiou o Centro de Idosos de Canhestros,[3] e o forno crematório na vila de Ferreira do Alentejo.[4]

Falecimento editar

Mariano Feio faleceu na vila de Ferreira do Alentejo,[4] em 16 de Março de 2001.[2] Apoiante da cremação como meio mais higiénico e ecológico, o seu foi o primeiro corpo a ser cremado no forno de Ferreira do Alentejo, tendo as suas cinzas sido depois depositadas no Cemitério daquela localidade.[4]

Homenagens editar

Em 18 de Setembro de 1998 foi agraciado com a grã cruz da Ordem do Infante Dom Henrique.[5] A cerimónia teve lugar em 22 de Setembro, na sua propriedade do Monte do Outeiro, tendo a distinção sido entregue pelo presidente da república, Jorge Sampaio.[2]

O lar que ajudou a construir em Canhestros recebeu o nome de Lar Professor Mariano Feio.[6] O nome de Professor Mariano Feio também foi colocado numa rua em Ferreira do Alentejo.[7]

Obras editar

  • O Porto de Sines: prejuízos dos temporais e reparações
  • A Serra de S. Mamede (com Graça Almeida)
  • O relevo do Alto Alentejo: traços essenciais (com António Almeida)
  • Notes sur la morphologie du Portugal méridional (com Pierre Birot)
  • O relevo da serra de Ossa: uma interpretação tectónica
  • Um historiador no campo
  • O curso subterrâneo do rio Negunza: Angola
  • As cartas agrícolas dos finais do século XIX (com Maria José Roxo)
  • Os principais tipos de utilização do solo no Alentejo meridional. Evolução de 1885 a 1951
  • O Rio Cunene: estudo geomorfológico
  • Notas geomorfológicas: a depressão de Régua-Verin
  • Uma grande lavoura de Serpa na segunda metade do século XIX: a cultura dos cereais e dos legumes
  • Notícia àcerca do quaternário no vale do Guadiana (1946) (com Amílcar Patrício)
  • Note sur un gisement de fossiles viséens dans les environs de Mértola (1946)
  • Os terraços do Guadiana a jusante do Ardila (1947)
  • Bibliografia geográfica de Portugal (1948) (com Hermann Lautensach, Hermann e Ilídio do Amaral)
  • Le Bas Alentejo et l'Algarve (1949)
  • A evolução do relevo do Baixo Alentejo e Algarve: estudo de geomorfologia (1952)
  • O plano rega do Baixo Alentejo (1959)
  • A evolução do relevo da bacia endorreica do Cuanhama (1966)
  • Problemas da lavoura alentejana (1972)
  • Latifúndio, cultura intensiva e teorias agrárias: polémica com o Prof. Henrique de Barros e alguns comentários esclarecedores (1973)
  • As castas hindus de Goa (1979)
  • Planaltos e montanhas do Norte da Beira: recensão e discussão do estudo de A. de Brum Ferreira (1980)
  • O relevo do Sudoeste de Angola: estudo de geomorfologia (1981)
  • Alguns elementos para um banco de dados económicos do ordenamento rural do Alentejo: vacadas de criação (1982)
  • Le Bas Alentejo et l'Algarve (1983)
  • As secas de 1980-81 e de 1982-83 e as principais secas anteriores: intensidade e distribuição regional (1986) (com Virgínia Henriques)
  • Clima e agricultura: exigências climáticas das principais culturas e potencialidades agrícolas do nosso clima (1991)
  • As causas do fracasso da colonizaçäo agrícola de Angola (1998)
  • A evolução da agricultura do Alentejo Meridional: as cartas agrícolas de G. Pery (1998)
  • Pierre Birot em Portugal (1998) (com Pierre Birot)
  • Deficiências do ensino agrícola português postas em evidência pelo fracasso da colonização portuguesa de Angola (2001)
  • O relevo de Portugal: grandes unidades regionais (2004) (com Suzanne Daveau)

Referências

  1. a b c «Clima e Agricultura». Ateneu Livros. 27 de Fevereiro de 2013. Consultado em 7 de Agosto de 2019 
  2. a b c d e f g h i j k BRITO, Raquel Soeiro de. «In Memoriam: Mariano Feio (3/6/1914 – 16/3/2001)» (PDF). Revista do Departamento de Geografia e Planeamento Regional da Universidade Nova de Lisboa. Consultado em 6 de Agosto de 2019 
  3. a b c MELO, António (5 de Dezembro de 1999). «Mariano Feio, 85 anos, um aristocrata filantrópico». Público. Consultado em 6 de Agosto de 2019 
  4. a b c VILAR, Elisabete (26 de Março de 2001). «Uma morte "higiénica e ecológica"». Público. Consultado em 6 de Agosto de 2019 
  5. «Entidades nacionais agraciadas com ordens portuguesas». Presidência da República Portuguesa. Consultado em 6 de Agosto de 2019 
  6. «Caraterização da Instituição». Lar Professor Mariano Feio. Consultado em 7 de Agosto de 2019 
  7. «Igreja de Nossa Senhora da Conceição». Câmara Municipal de Ferreira do Alentejo. Consultado em 7 de Agosto de 2019 

Ligações externas editar

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