Mendo Gonçalves I de Sousa

Aristocrata e político português

Mendo Gonçalves de Sousa o Sousão (por vezes grafado Mem Gonçalves) (1140-1192) foi um rico-homem que exerceu os cargos de alferes-mor (1173-1176) e depois mordomo-mor entre 1186 e 1192 do rei Sancho I[1] ao lado de quem esteve em combate, nomeadamente durante a conquista de Silves, foi também padroeiro do Mosteiro de Pombeiro. Ficou conhecido como conde D. Mendo, e viria a ser um dos membros mais ilustres da sua família.

Mendo Gonçalves I de Sousa
Rico-Homem
Conde de Sousa
Mendo Gonçalves I de Sousa
Senhor da Casa de Sousa
Reinado 1167-1192
Predecessor(a) Gonçalo Mendes I de Sousa
Sucessor(a) Gonçalo Mendes II de Sousa

Alferes-mor do Reino de Portugal
Reinado 1173-1176
Predecessor(a) D. Fernando Afonso de Portugal
Sucessor(a) D. Pedro Afonso de Portugal

Mordomo-mor do Reino de Portugal
Reinado 1186-1192
Predecessor(a) Vasco Fernandes de Soverosa
Sucessor(a) Gonçalo Mendes II de Sousa
Tenente régio
Reinado
Nascimento 1140
Morte 1192
Cônjuge Maria Rodrigues Veloso
Descendência Gonçalo Mendes II, Senhor de Sousa
Guiomar Mendes, Senhora da Maia
Garcia Mendes II, Senhor de Eixo
Vasco Mendes, Senhor de Panoias
Rodrigo Mendes, Alferes-mor de Portugal
Urraca Mendes II, Senhora de Gusmão
Henrique Mendes, Mordomo-mor de Portugal
Dinastia Sousa
Pai Gonçalo Mendes I de Sousa
Mãe Urraca Sanches de Celanova
Religião Catolicismo romano
Brasão

Primeiros anos

editar

Filho de de Gonçalo Mendes de Sousa o Bom e de Urraca Sanches, que estava aparentada com a casa real, uma vez que era filha de Sancho Nunes de Celanova e de Sancha Henriques, da dinastia de Borgonha, filha de Henrique de Borgonha, conde de Portucale e de Teresa de Leão, e portanto irmã de Afonso I de Portugal. O pai não lhe dera uma ascendência de menor consideração: os Sousas eram a família nobre mais importante do reino e que estivera sempre ao lado de Afonso.

Mendo terá sido armado cavaleiro por Fernão Peres de Trava, em época posterior à Batalha de S. Mamede, quando este reatou relações com Portugal, e claramente antes de 1155, data da morte do cavaleiro galego.

A esfera do poder

editar

A ascensão e o apoio régio

editar

Mendo surge pela primeira vez a exercer um cargo importante em 1173, quando toma o posto de Alferes-mor, que já fora do tio, Garcia Mendes de Sousa, em 1141.

É nesta altura que o pai falece e Mendo ocupa por inteiro a sua função na corte: em 1176 deixou a alferesia para se tornar, uma década mais tarde, o posto de Mordomo-mor. Estes postos adicionavam claramente um prestígio e influência maiores à já prestigiante e influente Casa de Sousa, cujo chefe era o próprio Mendo. Infelizmente, a longa vida do pai não permitiu, quando chegou a sua vez de assumir a chefia da família, de desfrutar da influência que lhe estava destinada.[2]

A mordomia

editar

No posto de mordomo-mor, sucedia a seu cunhado Vasco Fernandes de Soverosa (esposo de sua meia-irmã Teresa Gonçalves de Sousa) e na época em que foi nomeado era tenente de Lisboa. Este seu cargo de governo está comprovado numa doação de 1186 que Sancho I de Portugal faz ao Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra.[2]

A tomada e a perda de Silves

editar

Foi um nobre com uma extensa ação guerreira, na qual se destaca a tomada da praça de Silves, em 1189. No início deste ano, com o auxílio de uma frota de cruzados Dinamarqueses e Frísios, a conquista começou com a tomada do Castelo de Alvor. No Verão do mesmo ano, com um auxílio de uma nova frota de cruzados, agora de Ingleses e Alemães, Sancho I, a partir da segunda quinzena de julho, tenta a conquista de Silves, à qual impôs um duro sítio. Embora não haja provas documentais, é possível que logo que os portugueses chegaram às imediações da cidade, Mendo enviou as instruções aos cruzados estrangeiros que vinham auxiliar os portugueses, mas do assalto conjunto não teria resultado a queda da praça.

Passados alguns dias, os cristãos arremeteram novamente contra Silves, comandando desta vez Mendo as tropas aliadas. Da conquista conhece-se a narrativa de um de seus participantes, que descreve a violência do cerco, assim como o emprego de uma variedade de máquinas de guerra, tais como torres de madeira, catapultas e de um "ouriço" (esfera de madeira armada com pontas de ferro), que destruíram várias torres e troços da muralha, conduzindo à rendição da povoação a 2 de setembro, violentamente saqueada na ocasião. Mendo, por seu lado, praticou grandes feitos que encorajaram os aliados e acabaram por levar à conquista, ainda nesse ano de 1189.[2]

A povoação de Silves e seu castelo mantiveram-se na posse de Portugal até à contra-ofensiva almóada que, sob o comando do califa Iacube Almançor, em 1191, que culminou com a perda de todas as conquistas cristãs nos territórios ao sul do rio Tejo, com excepção da cidade de Évora.

Desconhecendo-se se estava relacionada ou não com a derrota, Mendo abandona o cargo em 1192, e não terá sobrevivido muito depois.[2]

Poder fundiário

editar

Graças à sua grande influência e poderosa ascendência, possuía diversos bens (honras, casais, vilas, padroados de igrejas e mosteiros) de diversas proveniências: de heranças, de doações de outros membros da família, de mosteiros, de vilas, de lavradores particulares, e terá feito ainda um não menor número de compras.[3][4]

Em 1258 uma boa parte destes bens estava na posse dos seus netos,[3][4] o que reflete a tentativa de retenção de património por parte desta família, iniciada provavelmente pelo seu pai e por ele continuada, acabando os Sousas por ser um caso de sucesso deste método de proteção de bens familiares. Porém não impediu que Mendo também dispusesse de alguns bens para outras entidades, sobretudo igrejas e mosteiros.[2]

Matrimónio e descendência

editar

Foi casado com Maria Rodrigues Veloso de quem teve:[1]

Fora de matrimónio, de uma mulher de Guimarães, teve a:[1]

  • Martim Mendes Conde, de quem vem os Moelas.[10]

Ver também

editar

Referências

Bibliografia

editar
Mendo Gonçalves I de Sousa
Casa de Sousa
Herança familiar
Precedido por
Gonçalo Mendes I
Senhor de Sousa
Senhor de Eixo
Senhor de Panoias
1179-1192

Sucedido por
Gonçalo Mendes II (Sousa)
Garcia Mendes II (Eixo)
Vasco Mendes (Panoias)

Ofícios políticos
Precedido por
Infante Fernando Afonso de Portugal
 
Alferes-mor do Reino de Portugal
1173-1176

Sucedido por
Infante Pedro Afonso de Portugal
Precedido por
Vasco Fernandes de Soverosa
 
Mordomo-mor do Reino de Portugal
1186-1192

Sucedido por
Gonçalo Mendes II