Oranjekoek (Frísio: Oranjekoeke) é uma iguaria típica da Frísia, no norte dos Países Baixos. Apesar do nome (oranje, laranja em Neerlandês e em Frísio), o bolo é cor-de-rosa, e recebe o nome pelas fatias de casca de laranja cristalizadas que são assadas na massa. A receita é distinta do roze koek, outro tipo de doce holandês glaceado no mesmo tom de rosa.

Oranjekoek
Oranjekoek
Nome(s)
alternativo(s)
Oranjekoeke
Categoria Bolo
País Países Baixos
Região Frísia
Ingrediente(s)
principal(is)
Farinha de trigo, ovos, manteiga, cascas de laranja cristalizada, anis
Receitas: Oranjekoek   Multimédia: Oranjekoek

Tradicionalmente, o oranjekoek consiste em um bolo plano, com uma camada de glacê no seu topo que é decorada com creme de manteiga ou creme chantili. Frutas cristalizadas e outras decorações também podem ser aplicados ao bolo.

História editar

Os povos germânicos que habitavam a região já tinham rituais com bolos festivos. Bolos assados para celebrar nascimentos eram feitos com sementes de anis.

Na época, as massas eram feitas a partir de farinha de centeio, pelo baixo custo; hoje em dia, se usa majoritariamente a farinha de trigo. Além do anis, mel e potash, uma espécie de fermento à base de potássio usado pelos germanos antigos, eram utilizados na receita. Os bolos tinham a vantagem de terem uma vida útil longa e poderem ser cortados no tamanho desejado. A forma tradicional se tornou o retângulo ao longo do tempo.

O nome oranjekoek pode ter se originado após a Idade Média, porque as laranjas só se tornaram mais comuns na Holanda no século XVII. A receita mais antiga conhecida para o bolo data de 1753.[1][2][3] Em 1830, registros mencionam o oranjekoek como um doce típico da Frísia preparado principalmente por padeiros em torno de Leeuwarden e Heerenveen. Ambos eram residências da Casa de Orange-Nassau, então acredita-se que o nome também foi associado à família (na escrita original, Oranje-Nassau).[4]

O bolo consta em registros da "Feira Internacional Colonial e de Exportação" realizada em Amsterdã em 1883; ela foi apresentada e vendida por dois padeiros frísios, S. Taconis e Siebrand Toen.[4][5] Acredita-se que a receita foi apresentada pelo padeiro Ype Wigersma na Exposição Universal de 1900, em Paris.

Em 1938, a escritora Simke Kloosterman lançou seu livro De Fryske petiele, que contém uma receita para a oranjekoek.[6][7] Registros de 1943 apontam para o consumo do bolo como alimento comemorativo, durante as festas de Sint-Piter, um feriado regional da cidade frísia de Grou.[8]

O maior oranjekoek já feito foi assado em em 27 de maio de 2006 por padeiros de Sneek. O bolo tinha uma área de 117,5 metros quadrados.[9] Desde 2007, um campeonato de confecção do oranjekoek da Frísia é realizado.[10][11]

Características editar

O oranjekoek é feito de uma massa de farinha de trigo, ovo, manteiga, açúcar (normalmente mascavo) e fermento, combinadas com sementes de anis e cascas de laranja cristalizada.[12] Para a cobertura, geralmente utilizam-se framboesas, que dão ao glacê a cor rosa característica. Tradicionalmente, o creme adicionado por cima da cobertura era um tipo de creme de manteiga que leva licor em sua composição; hoje em dia, é mais comum que chantili seja utilizado para finalizar. Uma pasta feita de amêndoas também é utilizada nas versões modernas da receita como recheio do bolo.[13]

Cada padeiro tinha sua própria receita, geralmente regional, que era passada de pai para filho. As especiarias, num geral, variam de região para região: no oeste da Frísia, os padeiros usam mais anis; no noroeste da Frísia, é mais comum usar canela e gengibre. [14] O oranjekoek, portanto, tem muitas distinções na quantidade das especiarias usadas em sua confecção. Isso também se aplica a outros produtos de panificação da Frísia, como keallepoat, sûkerlatte, ontbijtkoek de gengibre e spekkoek com casca cristalizada.[15]

Até o século XVIII, um fondant de açúcar cor-de-rosa era espalhado na cobertura. A partir do século XX, a cobertura começou a ser feita em creme de manteiga, e o bolo passou a ser recheado com uma camada de amandelspijs. O bolo, assado inteiro, era posteriormente cortado para venda; como resultado, as peças cortadas eram frequentemente irregulares. A partir dos anos 1970, a produção em larga escala se intensificou e se tornou mais comum encontrá-los cortados em retângulos regulares. Hoje em dia, é comum encontrá-lo para venda em grandes redes de supermercados em todo o território dos Países Baixos.[15][16][17][18] O oranjekoek, feito em casa ou industrializado, é comumente consumido em ocasiões especiais e comemorações, como aniversários, nascimentos, jubileus e feriados.[19]

Decorações e aparência editar

Na apresentação visual do bolo, frequentemente são utilizadas fatias de frutas, frescas ou cristalizadas, sobrepostas ao creme; é comum que sejam morangos, laranjas e cerejas. No entanto, padeiros modernos também utilizam outras frutas como tangerina, abacaxi, kiwi e uvas para decorar. Chocolate em formatos distintos, rolos e lascas de chocolate e granulados também são utilizados na decoração. Em regiões com atrativos turísticos, o bolo é geralmente vendido com uma pequena bandeira da Frísia fincada em sua massa.[15][20]

Os bolos variam não só nas decorações utilizadas, mas também nos padrões do creme de manteiga ou chantili de sua superfície, que pode ter formato similar a um suspiro, ou ser pulverizado em listras ou padrões espraiados. Em 2014, as fotógrafas Tryntsje Nauta e Marijke van Ruiten lançaram um livro de fotografias chamado Oranjekoek, retratando os visuais dos tipos de oranjekoek preparados por 93 padeiros diferentes, incluindo alguns de fora da Frísia.[20]

Referências

  1. Brenk, Gerrit van den (1753). Het tweede deel der t'Zaamen-spraak tusschen een mevrouw en confiturier (em neerlandês). [S.l.]: J. van Egmont 
  2. «Oranjekoek duikt al in 1703 op». Tresoar. Consultado em 24 de maio de 2020 
  3. Oranjekoekspecialist, De (6 de maio de 2018). «Oranjekoek». De Oranjekoekspecialist (em neerlandês). Consultado em 24 de maio de 2020 
  4. a b Haagsma, Jacob (27 de agosto de 2017). «Oranjekoek al vroeg de wereld in». Leeuwarder Courant. Consultado em 24 de maio de 2020 
  5. «Schoonhovensche Courant, zaterdag 22 september 1883». Kranten Streekarchief Midden-Holland. 22 de setembro de 1883. Consultado em 24 de maio de 2020 
  6. van Vliete, Herman & Jetze (5 de março de 2019). «Zijn er nog genoeg trotse Friezen?». LOK&co (em neerlandês). Consultado em 24 de maio de 2020 
  7. «Werk» (em neerlandês). simkekloosterman.frl. Consultado em 24 de maio de 2020 
  8. «Gevonden in Delpher - Hamer». www.delpher.nl (em neerlandês). Consultado em 24 de maio de 2020 
  9. «Honderd vierkante meter oranjekoek». Bakkerswereld. 25 de outubro de 2006. Consultado em 24 de maio de 2020 
  10. «Beste oranjekoek komt dit jaar uit Sneek». www.bakkersinbedrijf.nl. Bakkers in bedrijf. Consultado em 24 de maio de 2020 
  11. Haagsma, Jacob. «Oranjekoek, dat is emotie en ambacht». Leeuwarder Courant. Consultado em 24 de maio de 2020 
  12. Hoftijzer, Paul (31 de março de 2020). «Oranjekoek, lekkere traditie uit Friesland» (em neerlandês). Het Receptenboek van Nederlands. Consultado em 24 de maio de 2020 
  13. Haagsma, Jacob. «Oranjekoek: Omhooggevallen gebak voor de armen». Leeuwarden Courant. Consultado em 24 de maio de 2020 
  14. Friesch Dagblad, 16 april 2009
  15. a b c «Heel Friesland bakt zijn eigen oranjekoek». nos.nl (em neerlandês). Consultado em 24 de maio de 2020 
  16. «Frijl Oranjekoekstukjes bestellen | Albert Heijn». www.ah.nl. Consultado em 24 de maio de 2020 
  17. «Klein gebak vers gemaakt, veel keus bij Poiesz Supermarkten». www.poiesz-supermarkten.nl. Consultado em 24 de maio de 2020 
  18. «Oranjekoek 16 stuks». hallo.jumbo.com. Consultado em 24 de maio de 2020 
  19. van der Woude, Limmie. «De "Oranjekoeke" dreigt te verdwijnen». www.dewetterhoun.nl. Fan de Frije Wetters. Consultado em 24 de maio de 2020 
  20. a b «Oranjekoek - tryntsje nauta ~ fotografie». www.tryntsje.nl. Consultado em 24 de maio de 2020